ATABAQUE,INSTRUMENTO SAGRADO DA UMBANDA


Atabaque, Instrumento Sagrado da Umbanda
       
    Dentro de nossas Giras de Umbanda, muitas coisas nos chamam
atenção, o ritual, a caridade, o amor, o clima de luz e paz, os
cantos, as Entidades de Luz, enfim, tantas belezas, tantas coisas
maravilhosas e divinas, que até parece que estamos viajando para a
linda cidade espiritual de Aruanda. Porém, dentre tantas coisas
lindas, vamos destacar uma que é algo sem igual, algo que nos
encanta, nos faz vibrar, nos domina: O Atabaque, instrumento sagrado
de nossa amada religião.

    O Atabaque é um instrumento musical Sagrado na Umbanda, utilizado
nos trabalhos espirituais para produzir vibrações energéticas, que são
direcionadas pelo guia chefe, para determinados trabalhos realizados
no terreiro.

    Normalmente todos os Terreiros de Umbanda tem a apresentação do
Atabaque, que com seu toque, sua cadência, sua força e luz espiritual,
auxilia extremamente a concentração, vibração e incorporação dos
médiuns, que estão preparados, ou seja, desenvolvidos mediunicamente e
espiritualmente para esse trabalho, cedendo sua Coroa, seu corpo, sua
voz, para as amadas Entidades de Luz, e assim auxiliar a quem busca
um caminho para chegar aos braços do Pai Maior dentro da religião
umbandista.

Os Atabaques são tambores altos e estreitos, afunilados de um só
couro, usados para atrair as diferentes vibrações quando tocados. Os
Atabaques são usados para manter o ambiente sob uma vibração homogênea
e fazer com que todos os médiuns permaneçam em atenção mediúnica.

    Os Atabaques são um dos principais pontos de atração de vibrações
de um terreiro. A energia dos Orixás e das Entidades de Luz chamados é
captada pelos assentamentos e direcionada para o Zelador onde é
concentrada e depois lançada para os Atabaques onde é modulada e
distribuída para os médiuns da corrente.

    Os Atabaques vieram pelas mãos dos negros africanos, que foram
escravizados e trazidos para o Brasil, ele é usado em quase todos
rituais afro-brasileiro, porém é bem comum na Umbanda e no Candomblé,
mas também poderemos encontrar esse sagrado instrumento em outras
nações, influenciado pelas tradições africanas de uso tradicional na
musica ritualista religiosa, utilizados para a convocação de Entidades
de Luz e Orixás.

    Anteriormente ao Atabaque, se deu início um instrumento antigo
conhecido como "macumba", utilizado para as percussões musicais, e
esse instrumento era formado por uma casca de árvore e duas varetas de
bambu, que eram batidos sobre a casca, um tanto parecido com o
reco-reco de origem africana.

    Após o instrumento "macumba", nasceu o Atabaque pelas mãos dos
africanos, e esse é feito em madeira, e os aros de ferro que sustentam
o couro, que são esticados de uma forma na qual fique com um som limpo
e agradável.

O responsável pelos Atabaques é normalmente uma pessoa escolhida no
terreiro que conheça os ritmos aplicados para cada linha dentro da
Umbanda.

    Os Atabaques devem ser tratados com o máximo de respeito e nenhuma
pessoa desautorizada deverá tocá-los, o que poderia colocar em risco o
equilíbrio da gira e a faixa mediúnica dos médiuns da corrente.

    Quando fora de uso, os atabaques, devem ser cobertos com   pano
próprio, de cor branco, e só podem ser retirados pelos responsáveis de
cada instrumento, ou por pessoa autorizada pelo Ogã Mestre, ou pelo
Zelador de Santo da casa.

É bem   importante observar que o toque (volume) dos atabaques nunca deve
exceder as   vozes da corrente. Quando o atabaque excede a corrente se
desorganiza e o médium   perde a concentração, atrapalhando assim a
desenvoltura na incorporação ou nos trabalhos.

    Na Umbanda temos três tipos de Atabaques, que são utilizados
para dar a cadência dos toques e assim fazer com que a vibração
mediúnica dos filhos da casa se condensem com a vibração das Entidades
de luz e dos Orixás, para que a incorporação seja extremamente segura,
fazendo assim o trabalho perfeito em prol da caridade.

    Esses Atabaques são conhecidos como: Rum, Rumpi e Lê.

Rum: Significa grande ou maior.
Rumpi: Significa médio ou mediano.
Lê: Significa pequeno ou menor.

    Abaixo falaremos a diferença de cada um deles.

    Antes vamos frisar duas formações básicas na colocação dos
Atabaques e de seus atabaqueiros, para que possamos entender a
colocação desses instrumentos dentro dos Terreiros, ou lugares
apropriados para a realizações das Giras, locais como as matas, as
cachoeiras, as praias, etc.

    A primeira formação é conhecida como "Formação Horizontal", e a
segunda é conhecida como "Formação Ponta de Flecha ou em "V".

FORMAÇÃO HORIZONTAL: Essa é a formação mais utilizada, talvez por
ocupar menos espaço dentro dos Terreiros. Ela se compõe de normalmente
três Atabaques, distribuídos dentro do modo e regras do Terreiro.
Podemos também ver em algumas casas de Umbanda três ou mais linhas
horizontais de Atabaques e atabaqueiros, ou seja, uma linha de
Atabaque Rum, com três instrumentos, uma de Atabaque Rumpi, com três
instrumentos da mesma forma, e uma de Atabaque Lê, também com três
instrumentos, sendo enfileirados, conforme o espaço do Terreiro e a
determinação do Ogã Mestre ou do Zelador da casa.

FORMAÇÃO PONTA DE FLECHA OU EM "V": Essa formação é mais utilizada em
Terreiros mais espaçosos ou em Giras fora do Terreiro, como nas
praias ou cachoeiras por exemplo. Essa formação é feita por uma
colocação de um Atabaque Mestre no inicio da ponta, e vem se abrindo
em "V" com abertura em diagonal externa, sendo os Atabaques colocados
em uma distância compatível com o tamanho do local destinado aos
instrumentos. Ela tem por obrigatoriedade se iniciar com um Atabaque
Rum na ponta, podendo a partir do segundo grupo seguir dois desses
Atabaques, ou dois Atabaques Rumpi, seguindo a abertura da formação
conforme a quantidade de instrumentos que tenha na casa, e se fechando
com dois Atabaques Lê. Toda a formação deverá ser determinada pelo Ogã
Mestre ou pelo Zelador de Santo.

    Agora falaremos sobre os Atabaques.

RUM: Esse Atabaque é o maior de todos, normalmente tem 1,20 M (um
metro e vinte centímetros) de altura, fora a base. Ele que registra o
som mais grave. É através dele que as energias chegam no Terreiro, é
dele que vem a cadência mestra, ou seja, é dele que deve vir o maior
patamar de vibrações espirituais para os trabalhos mediúnicos, chamado
também de "Puxador". Normalmente esse Atabaque fica do lado direito,
de quem esteja olhando de frente para os atabaqueiros, isso em uma
colocação horizontal, porém em uma formação Ponta de Flecha, o
Atabaque Rum fica no inicio da formação (apenas um, sem pares),
podendo estar também a partir daí de dois em dois, dependendo da
quantidade de Atabaques Rum, existentes no Terreiro, sempre
verificando a distância compatível com o tamanho do local destinado
aos instrumentos.

    O Atabaque Rum sempre deverá ser tocado pelo Ogã chefe, ou Ogã
Mestre, e só poderá ser tocado por outro atabaqueiro caso tenha
permissão do Ogã chefe, fora isso, caso tenha uma Gira na qual o Ogã
chefe ou mestre não possa estar presente, esse Atabaque deverá ficar
em silêncio, coberto com seu pano branco.

    A função desse Atabaque é dar os primeiros toques nos pontos,
repicar e conduzir os trabalhos impulsionando energias, isso justifica
tamanha importância e respeito por se tratar do Atabaque do Ogã
Mestre.

RUMPI: Esse Atabaque é de tamanho médio, varia entre 80 CM à 1 M
(oitenta centímetros à um metro) de altura, fora a base. Tem o som
entre o grave e o agudo. É o Atabaque que faz a proteção, e é ele que
tem a responsabilidade de fazer a maioria de dobras, ou seja, repiques
diferenciados, com uma entonação bem forte.

    Esse Atabaque é o que fica no meio, caso a formação for em
horizontal no local onde está reservado para os médiuns atabaqueiros e
curimbeiros. Já em uma formação em ponta de flecha, ele pode ficar
após a colocação do puxador, ou seja, do Atabaque RUM, que vai
depender de cada casa, podendo o Atabaque Rumpi estar na segunda ou terceira fila em
linha diagonal aberta, frisando que deve estar sempre em pares para
essa formação.

    O Rumpi poderá ser tocado por qualquer outro filho considerado um
atabaqueiro, e autorizado pelo o Ogã chefe. A função do Rumpi é dar
somente o ritmo do toque e manter a harmonia, tendo sua importância
particular, pois ele é responsável por sustentar a energia básica
trabalhada pelo toque.

LÊ: Esse é o caçula dos Atabaques, de tamanho menor, ele pode medir
entre 45 à 60 CM (quarenta e cinco à sessenta centímetros) de altura,
fora a base. Seu som registra o tom agudo, e ele que faz a ligação
entre o som dos Atabaques e o som do canto.

    Esse instrumento é utilizado pelos aprendizes atabaqueiros e
curimbeiros, e devemos respeitá-lo da mesma forma do que os outros
Atabaques.

    Normalmente ele fica do lado esquerdo de quem olha de frente a
colocação dos Atabaques, isso em uma formação horizontal, e em uma
formação Ponta de Flecha ele ficará logo após a colocação dos
Atabaques Rumpi, e tem a finalidade de fechar a formação, sempre
claro vindo em pares, assim como toda a formação, com exceção do
Atabaque Mestre, que se inicia apenas um, na formação Ponta de Flecha.

    O Atabaque Lê, deve seguir sempre os toques do Rumpi. Pode ocorrer
de que o guia chefe indique futuros Ogãs e atabaqueiros, e o Ogã chefe
tem o direito de compartilhar ou não desta indicação. Caso seja
compartilhada, cabe a ele designar o Atabaque que será tocado pelo
iniciante.


    O trio de atabaques (no caso da formação horizontal), ou conjunto
de Atabaques (no caso da formação Ponta de Flecha) executa, ao longo da
gira, uma série de toques que devem estar de acordo com os Orixás ou
Linhas chamadas que vão sendo evocados em cada momento do trabalho,
para que assim desde a abertura até o fechamento de uma Gira, toda a
irradiação seja harmônica entre as vibrações mediúnicas e os toques
vibratórios.

Como percebemos os Atabaques e a Curimba são de suma importância para
o bom andamento de uma Gira. A Curimba é o nome que damos para o grupo
responsável pelos toques e cantos sagrados dentro de um terreiro de
Umbanda. São eles que percutem os atabaques (instrumentos sagrados de
percussão), assim como conhecem cantos para as muitas "partes" de todo
o ritual umbandista. Esses pontos cantados, junto dos toques de
atabaque, são de suma importância no decorrer da gira e por isso devem
ser bem fundamentados, esclarecidos e entendidos por todos nós.

    A Curimba também é de suma importância para a manutenção da ordem
nos trabalhos espirituais, com os seus pontos de "chamada" das linhas,
subida, firmeza, saudação, enfim, para todo andamento da Gira.

    Só para esclarecimento, muitas pessoas dizem que são os Atabaques
juntamente com seus atabaqueiros, que chamam as Entidades de Luz, isso
claro é uma inverdade, pois todas as Entidades já se encontram no
espaço físico e espiritual de um Terreiro, bem antes mesmo do começo
dos trabalhos. Os Atabaques são responsáveis pela concentração dos
médiuns, e também como uma sustentadora da manifestação dos Guias.

    O que realmente invoca os guias e os Orixás são os nossos
pensamentos e sentimentos positivos vibrados em vossas direções.
Muitas vezes ao cantar expressamos esse sentimentos, mas é o amor aos
Orixás a verdadeira invocação de Umbanda.

    Portanto não é verídico a pregação de alguns supostos Ogãs, que
dizem que são eles que trazem e levam determinada Entidade de Luz, a
seu bel prazer. Porém essa prepotência não pode ser aceita em nenhum
Terreiro. O Ogã pode sim auxiliar extremamente com seu toque no
Atabaque, mas dentro da determinação dos Zeladores e das Entidades.


    O Atabaque antigamente era visto como um instrumento de
feiticeiros, pelo fato de que foram os negros escravizados que os
trouxeram para nosso país. Primeiramente os Atabaques surgiram na
região Nordeste, provavelmente na Bahia, e nessa região os
Atabaques sempre foram alvo da polícia baiana, pois estava
terminantemente proibido de serem tocados durante o Estado Novo. E
assim para serem tocados somente seria feito na clandestinidade. Esse
fato foi terminado apenas quando em certa ocasião, em uma viagem ao
Rio de Janeiro, Mãe Aninha, fundadora do Ilê Axé do Opô Afonjá , em
São Gonçalo do Retiro, usou de sua influência e conseguiu uma
audiência com o presidente Getúlio Vargas . Ela só queria cultuar a
religião dos seus antepassados e Getúlio não teria como resistir ao
pedido legítimo de uma criatura tão doce. O encontro de Aninha com o
presidente do Brasil resultaria no Decreto 1.202, que permitiu o uso
dos atabaques nos terreiros. O acontecimento é considerado um passo
importante para a liberação definitiva do controle policial sobre os
candomblés, o que só ocorreu em 1976, no governo de Roberto Santos.
Na ocasião, a notícia foi recebida com entusiasmo pelo povo de santo
da Bahia, em plena festa da "Lavagem do Bonfim ."

    E assim temos até hoje essa maravilhosa vibração provinda da
energia dos amados Ogãs, da força mediúnica dos médiuns e do Sagrado
som do toque dos Atabaques, sendo eles para Umbanda, Candomblé, ou
qualquer outra religião afro-brasileira existente.

    Para entendimento e esclarecimento, vamos descrever o porque o
Atabaque tem toda essa ligação espiritual e divina com as religiões
afro-brasileiras, frisando que isso tem muito a ver com a sua
confecção, e claro com o material empregado nessa confecção, conforme
descrevemos abaixo.

    O Atabaque é composto por 3 elementos naturais, que são: A
madeira, o ferro e o couro.

    A madeira, que é regida por Xangô, tem a função de equilibrar a
vibração do som e sustentar o cumprimento da justiça divina durante os
trabalhos.

    O ferro, que é regido por Ogum, tem a função de fortalecer o
trabalho realizado no Atabaque, dando garra e força ao Ogã e demais
atabaqueiros, para enfrentar as dificuldades que ocorrerem durante os
trabalhos, e energeticamente garantir a ordem.

    O couro, que é regido por Exú, tem a função de atrair parte das
energias condensadas trabalhadas dentro do Gongá, auxiliando na
limpeza das mesmas, e quando o Ogã toca o couro do Atabaque, a
vibração produzida pelo toque, quebra a contra parte etérea destas
energias, dissolvendo-as no astral.

    Sendo assim, o Atabaque é responsável, juntamente com as
Entidades, pela manipulação de três energias básicas, que são:
sustentação, ordem e movimento.

    Vamos agora resumidamente demonstrar as ações do som do Atabaque
dentro de uma Gira de Umbanda, ou seja, como acontece toda essa
vibração, e claro mostrar a importância do sagrado instrumento.

    Para que seja produzida a energia necessária dentro de uma Gira, é
provocado, pelos atabaqueiros, um atrito no couro do Atabaque, e com
isso atingimos níveis de calor e vibrações sonoras que vão diretas
para os campos celulares dos médiuns. Os médiuns se eletrizam ao som
dos atabaques. Portanto sem os Atabaques essa eletrização é muito
menor. E pelo campo magnético do atabaqueiro que absorveu as energias
que vieram do Zelador, são projetadas as vibrações dos nossos
assentamentos para os demais médiuns. Assim a corrente magnética se
espalha pelo recinto de trabalho.

    O atabaqueiro, ao tocar, aguça sua captação de energias, recebe de
um Guia uma certa carga de vibrações que se infiltra nos seus planos
material e espiritual iniciando, depois, um ciclo que terá término em
suas mãos. Com a produção de energia calorífica, através do toque no
couro, o atabaqueiro fará a mistura com as vibrações das entidades e
as vibrações naturais dos médiuns, a sua energia e a do Guia irão
circular na corrente mediúnica começando dos médiuns mais preparados e
passando para os iniciantes. Essa energia, quando enfraquecida, volta
para as mãos do atabaqueiro, onde será fortificada e voltará a fazer o
ciclo na corrente.

    Percebe-se que tanto a presença física dos atabaques quanto a dos
atabaqueiros é de suma importância para a atração e distribuição das
energias dentro da gira.

    Quando não temos a possibilidade de termos em uma Gira o Atabaque,
ou o atabaqueiro, algumas pessoas pregam que poderia ser utilizados
aparelhos eletrônicos para que assim se tenha o som e os toques do
Atabaque, porém isso é uma inverdade, pois não teria essa corrente de
energização contida e necessária aos trabalhos.

    Nesse caso a melhor coisa a se fazer é apenas trabalhar com preces
e a concentração extrema para obter maior eficiência em todo andamento
da Gira.

    É importante ressaltar que o Atabaque é um instrumento sagrado, e
como tal temos que ter todo o respeito ao manuseá-lo.


    Antes de usar o atabaque deve-se pedir permissão, tocando o couro
e dizendo a seguinte prece:


"Dai-me licença Pai Oxalá. Dai-me licença ...(Entidade dona do
Atabaque). Dai-me força e dignidade para esse instrumento eu tocar."


    Quando o atabaque for guardado, deve-se agradecer da seguinte
forma:


"Obrigado meu Pai Oxalá. Obrigado .....(Entidade dona do Atabaque).
Obrigado por ter-me permitido cumprir a minha missão."


    E assim são os preceitos do Atabaque, que falamos resumidamente
nesse texto.

    Saravá os Atabaques e seus atabaqueiros!

    Que a força, a justiça e a proteção de Xangô, Ogum e Exú estejam
com todos os filhos de Umbanda e principalmente com os Atabaqueiros,
os Curimbeiros e os Ogãs mestres.

    Caô Cabecile Xangô!

    Patacori Ogum!

    Laroiê Exú!



Carlos de Ogum

Fonte:http://umbandayorima.blogspot.com.br/2016/08/atabaque-instrumento-sagrado-da-umbanda.html


Os atabaques na Umbanda.




Quando fundada por Zélio Fernandino de Moraes, a Umbanda contava apenas com os cânticos e com as palmas dos trabalhadores. Em um segundo momento, conforme algumas linhas de estudos, os Pretos Velhos pediram para que os atabaques fossem incluídos no ritual de Umbanda, visto que alguns deles participavam, enquanto encarnados, dos cultos africanos que se utilizavam desses instrumentos.

Curimba:

Esse é o nome dado ao grupo responsável pelos toques e cantos sagrados dentro de um terreiro de Umbanda.Os atabaques são os principais instrumentos da Curimba, sendo sua formação mais tradicional composta por três desses instrumentos:
  • Rum:    Atabaque de som grave.
  • Rumpi:  Ataque de som médio.
  • Lê:      Atabaque de som agudo.
As funções da Curimba:

"Preparação energética dos médiuns e do ambiente do Terreiro para facilitar a incorporação dos guias. Os Guias Espirituais que trabalham na Umbanda quando vêm para o Terreiro para incorporar em seus médiuns trazem junto consigo grande quantidade de energia imantada dos Tronos de Força ao qual estão ligados. O Ogã ao puxar determinado Ponto de Chamada invoca, através do Toque de seu Tambor, do “jeito” como o Ponto é cantado e das palavras que são invocadas, a energia desses Tronos de Força, trazendo essa energia para dentro do ambiente do Terreiro, sensibilizando os Médiuns e preparando a chegada do Guia que vem trabalhar".

Fonte:   Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada - Rubens Saraceni. 

Além disso, tanto o toque dos atabaques, quanto os cantos sagrados, quando ecoam pelo ambiente, tem forte atuação nos campos da limpeza e da concentração. O toque envolve a mente dos médiuns trabalhadores de forma a não permitir desvios de pensamento, induzindo o cérebro emitir ondas cerebrais diferentes das habituais, facilitando o fenômeno da incorporação.

As ondas energéticas/sonoras emitidas pela Curimba, vão tomando todo o centro de Umbanda e vão dissolvendo formas negativas criadas através do pensamento, energias pesadas agregadas nas auras das pessoas, diluindo miasmas, limpando e criando toda uma atmosfera psíquica com condições ideais para a realização das práticas espirituais. 

Os toques de Atabaque:

São cinco os toques de atabaque que acompanham os pontos cantados nos trabalhos de Umbanda:
  • Nagô – Toque com certa levada afro, é um dos toques mais utilizados.
  • Ijexá – Muito utilizado na Linha das Águas.
  • Barravento – Com características militares, ligado ao Orixá Iansã.
  • Angola – Primeiro toque introduzido na Umbanda, a maior parte dos Pontos é tocado nesse toque, tem certa semelhança com o Samba.
  • Congo – Com levada Afro e normalmente tocado rápido e com muita energia.
Por fim, vale a pena dizer que há uma infinidade de lições aguardando por um aspirante a curimbeiro. Esse deve ter firme em sua mente que a Umbanda tem fundamento e que para desenvolver um trabalho sério e eficaz, é imperativo que se estude a fundo tais fundamentos. Habitualmente tais conceitos eram passados de geração para geração, o que demonstrou-se um bom método para a manutenção da cultura, porém vale lembra que hoje em dia temos escolas de Curimba espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, assim como também já contamos com cursos universitários focados na Umbanda.

Saravá.

Fonte:http://www.memoriasdeumpretovelho.com/2014/11/os-atabaques-na-umbanda_17.html


  A história do atabaque

Em nossas giras de Umbanda, é muito comum se ter presente o atabaque, um instrumento lendário e de origem afro. Esse instrumento dá ritmo e axé aos cultos, possibilitando uma melhor incorporação e dando maior energia aos trabalhos.


O atabaque é um instrumento Sagrado, Consagrado e Firmado por Orixás e Guias e tem uma força poderosa, que em uma gira faz toda a diferença. Para aprendermos um pouco mais sobre o atabaque e seus fundamentos, trago algumas informações interessantes sobre o mesmo, relacionado aos cultos afro religiosos, dentre eles, Umbanda e Candomblé.

Segundo a Wikipédia, “O Atabaque de Origem Africana, hoje muito utilizado nos cultos aos orixás, de religiões também de origem afro, “E na verdade o caminho e a ligação entre o homem e seus orixás, os toques são o código de acesso e a chave para o mundo espiritual.
Há três tipos de atabaque: Rum, Rumpi e o Lê. O Rum é o atabaque maior, o Rumpi seria o segundo atabaque maior, tendo como importância responder ao atabaque Rum, e o Lê seria o terceiro atabaque onde fica o Ogã que está iniciando ou aprendiz que acompanha o Rumpi. O Rum também é usado para dobrar ou repicar o toque para que não fique um toque repetitivo. Importante saber que cada atabaque tem suas obrigações a serem feitas, pois o atabaque praticamente representa um Orixá.
Existem vários tipos de toques, Angola que se toca com mão e Ketu que se toca com a varinha. Na Angola existem vários tipos de toques, onde cada toque é destinado a um Orixá, por exemplo, Congo de Ouro, Angolão que seria destinado a Oxóssi, Ygexá que seria destinado a Oxum, etc. O mesmo acontece com Ketu, que se toca com varinha de goiabeira ou bambu, chamada aguidavi.
O couro também merece cuidados, como passar dendê e deixar no sol para que ele, o couro, fique mais esticado e possa produzir um som melhor.
Um Ogã seria como um Tatá da Casa e na maioria das vezes seu conhecimento é quase superior a um Zelador de Santo. Para ser um Ogã não basta saber tocar, e sim, saber o fundamento da Casa, salientando que saber o canto na hora certa, é de grande importância para um Terreiro.
Existem também outros tipos de componentes que se usam junto com os atabaques, como por exemplo, o agogô, chocalho, triângulo, pandeiro, etc.
Existe também o Abatá, que seria um tambor, com os dois lados com couro, que se usa muito no Rio Grande do Sul e na nação Tambor de Mina.
Os tambores começaram a aparecer nas escavações arqueológicas do período neolítico.
O tambor mais antigo foi encontrado em uma escavação de 6.000 anos A.C.
Os primeiros tambores provavelmente consistiam em um pedaço de tronco de árvore oco. Estes troncos eram cobertos nas bordas com peles de alguns répteis, e eram percutidos com as mãos, depois foram usadas peles mais resistentes e apareceram as primeiras baquetas. O tambor com duas peles veio mais tarde, assim como a variedade de tamanho.
De origem africana, o atabaque é usado em quase todos os rituais afro-brasileiros, típico do Candomblé e da Umbanda e de outros estilos relacionados e influenciados pela tradição africana. De uso tradicional na música ritual e religiosa são empregados para evocar os Orixás.
Os Pontos cantados são evocações, em forma de orações ou pequenas histórias, louvando um Orixá ou contando quem é o Guia, sua forma de atuação, sua força diante das dificuldades, sua relação com os Orixás, um chamamento de um filho que procura ajuda ou proteção, entre outras colocações de festividade e manifestação de fé. Os pontos têm sua associação, digamos assim, com os mantras indianos, com os Cantos Gregorianos da Igreja Católica, ou com os Cantos de Louvor à Deus dos Protestantes.Outra função dos pontos, ao serem cantados, é fazer descarregar e fluir as emoções dos médiuns e dos que procuram ajuda na casa, em vibrações relacionadas com os Guias e Orixás, permitindo assim, um perfeito entrosamento e equilíbrio do médiuns em seu trabalho e o alcance da graça solicitada.Fonte:https://lilamenez.wordpress.com/tag/atabaques/


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