© Pixabay A maioria dos donos tem a sensação de que
seu cão entende todo o que lhe diz.
Como falar com seu cão, segundo a ciência
Os cães são especiais. Qualquer pessoa que tem
um como animal de companhia
sabe disso. Além disso, a maioria dos donos tem a sensação de que seu cachorro entende tudo o que
eles dizem e qualquer gesto que fazem. As pesquisas realizadas nas
últimas duas décadas demonstram que os cães são capazes de entender a
comunicação humana como nenhuma outra espécie. E agora um novo estudo confirma
que, se alguém quer adestrar um filhote e ter o máximo de possibilidade para
que o animal faça o que se pede dele, é preciso
falar com ele de uma determinada maneira.
As pesquisas já trouxeram uma boa
quantidade de evidências de que a forma como nos comunicamos com os cães é
diferente de como fazemos isso com os seres humanos. Quando falamos com um cachorro utilizamos o que se denomina “linguagem
dirigida aos cães”. Isso quer dizer que mudamos a estrutura das
frases, encurtando-as e simplificando-as. Também costumamos adotar um tom de
voz mais agudo. Fazemos o mesmo quando não estamos certos de que alguém nos
entende ou quando nos dirigimos a crianças
pequenas.
O novo estudo descobriu que,
quando falamos com um filhote de cachorro, empregamos um tom ainda mais agudo,
e que essa tática, de fato, ajuda os animais a prestar mais atenção. O estudo,
publicado na revista Proceedings of the Royal
Society B, mostrou que quando se fala com filhotes usando a
linguagem dirigida aos cães, eles reagem e atendem melhor o instrutor humano do
que quando se utiliza a linguagem normal.
Para comprovar isso, os
pesquisadores utilizaram os chamados experimentos em playback. Gravaram pessoas
dizendo a frase “Olá! Olá, meu querido! Quem é bonzinho? Vem cá! Muito bem! Bom
menino! Isso! Vem cá, meu amor! Que menino bonzinho!” várias vezes. A cada vez,
uma pessoa olhava fotos de filhotes, de cães adultos e de cães idosos, ou que
não olhassem para foto alguma. A análise das gravações mostrou que os
voluntários mudavam a forma com que falavam aos cães de diferentes idades.
Em seguida, os pesquisadores
reproduziram as gravações a vários filhotes e cães adultos e registraram o
comportamento de resposta. Notaram que os filhotes reagiam mais intensamente às
gravações feitas enquanto os voluntários olhavam imagens de cães adultos (a
linguagem dirigida aos cães).
O estudo não comprovou o mesmo
efeito quando se tratava dos cachorros adultos escutando as mesmas gravações.
Mas outras pesquisas que
registraram a reação dos animais em interações humanas cara a cara, incluindo o que foi feito na
minha própria pesquisa, indicam que a linguagem dirigida aos cães
pode ser útil para se comunicar com esses animais, qualquer que seja sua idade.
Seguir um dedo que aponta
Também foi demonstrado que
podemos nos comunicar com esses animais através de gestos. Desde que são
filhotes, os cães reagem a gestos humanos, como o de apontar, de uma maneira
que outras espécies não conseguem. A experiência é muito simples. Coloque diante
de seu cão duas vasilhas idênticas cobrindo pequenas porções de comida, e
certifique-se de que o animal não pode enxergar o alimento e não tem nenhum
tipo de informação sobre o conteúdo das vasilhas. Em seguida, aponte com o dedo
para um dos recipientes enquanto estabelece contato visual com o cachorro. Ele
seguirá seu gesto até a vasilha para a qual está apontando e a examinará na
esperança de encontrar algo sob ela.
Isso ocorre porque o cão entende
que a ação do dono é uma tentativa de se comunicar. Trata-se de algo fascinante
porque aparentemente nem chimpanzés, que são nossos parentes vivos mais
próximos, entendem a intenção de comunicação dos humanos nessa situação. Nem mesmo os lobos –
os parentes vivos mais próximos dos cães -, mesmo quando foram criados em um
entorno humano.
Isso levou cientistas a pensarem
que, na realidade, as habilidades e o comportamento dos cães nesse terreno são adaptações ao ambiente
humano. Ou seja, viver em estreito contato com os seres humanos
durante mais de 30.000 anos fez com que os cachorros desenvolvessem aptidões
comunicativas praticamente iguais às das crianças.
No entanto, existem diferenças
significativas entre a maneira com que os cães percebem nossa comunicação e
como a realizam as crianças. Segundo a teoria, diferentemente das crianças, os
cães entendem o gesto de apontar como uma espécie de ordem suave
que lhes indica para onde se dirigir, mais do que uma forma de transmitir
informação. Por outro lado, quando esse gesto é feito para uma criança ela
pensa que estamos informando-a sobre algo.
Essa capacidade dos cães de
reconhecer as “diretrizes espaciais” poderia ser a adaptação perfeita à vida
com os humanos. Por exemplo, durante milhares de anos esses animais foram
usados como uma espécie de “ferramenta social” para ajudar no pastoreio e na
caça. Nessas ocasiões era necessário conduzi-los por longas distâncias mediante
instruções gestuais. As últimas pesquisas confirmam a ideia de que os cães não
só desenvolveram a capacidade de reconhecer gestos como também uma
sensibilidade especial para a voz humana, o que os ajuda a distinguir quando
têm que responder ao que lhes é dito.
Juliane
Kaminski é professora de Psicologia na
Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, e consultora da Dognition.
Este artigo foi publicado
originalmente em inglês no site The
Fonte:http://www.msn.com/pt-br/noticias/ciencia-e-tecnologia/como-falar-com-seu-c%c3%a3o-segundo-a-ci%c3%aancia/ar-AAlYszw?li=AAggXC1
Comentários
Postar um comentário