PALAVRAS DO MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

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"O ambiente em que os seres se encontram contribui muito para fazer sobressair o seu lado bom ou o seu lado mau. Por isso, eles devem procurar mergulhar o mais frequentemente possível num ambiente de paz, de harmonia, de luz. Muitas vezes, os seus efeitos não duram muito, mas, pelo menos durante alguns instantes, a natureza inferior neles fica reduzida ao silêncio, ao passo que a sua natureza superior desenvolve-se. E, com a insistente repetição dessa experiência, um dia a natureza superior acabará por impor-se.
Para alguns, adormecer a natureza inferior é sentido como um sinal de fraqueza. Eles sentem-se muito melhor deixando manifestar-se os seus instintos de domínio, de agressividade… isto é, deixando sair as suas feras. Mas essas feras não atacam somente os outros, no exterior. Quando elas deixam a jaula, começam por devorar os seus próprios filhos, ou seja, os seus bons pensamentos, os seus bons sentimentos, que eles deveriam ter protegido e fortalecido, mantendo em si próprios uma atmosfera de paz e de luz."

"Muitos espiritualistas imaginam que a clarividência é a mais invejável das qualidades! Não, e ela até os impedirá de progredir se a desenvolverem antes de se terem purificado e reforçado. Se não for assim, o que é que eles verão? Não poderão ir além das regiões do plano astral, onde só se encontram entidades impuras, malfazejas. Eles ficarão tão horrorizados que só pensarão em livrar-se dessa faculdade que lhes parecia tão desejável e que se tornou a causa dos seus tormentos.
O verdadeiro clarividente é aquele que é capaz de se elevar até à contemplação das regiões celestes e, para o conseguir, tem de se purificar. Precisa igualmente de adquirir uma grande resistência psíquica, pois terá de suportar também a visão de tudo o que de obscuro e criminoso se trama no coração e na cabeça dos humanos. Não basta “ver”, é preciso ser suficientemente puro para descobrir os esplendores do Céu e suficientemente forte para suportar os horrores do Inferno."

"É referido nas escrituras: «Nós somos o templo do Deus vivo.» Um ser humano que trabalhou para reforçar a sua vontade, para purificar o seu coração, para tornar esclarecido o seu intelecto, para alargar a sua alma e santificar o seu espírito torna-se um verdadeiro templo. O seu corpo físico é ele próprio um templo, e ele pode convidar o Senhor a vir habitá-lo. Infelizmente, a maioria dos humanos não se preocupam em tornar-se templos; ao servirem-se do seu corpo físico para satisfazer os seus instintos sem qualquer contenção, eles fazem dele mais um estábulo, uma estrebaria.
Um dia, ao entrar no pátio do Templo de Jerusalém, Jesus viu que os mercadores tinham ali instalado os seus espaços de venda de bezerros e aves de capoeira. Então, pegou em cordas para com elas fazer um chicote e expulsou-os, dizendo: «Tirai isso daqui! Não façais da casa do meu Pai uma casa de comércio.» Então, não imiteis os mercadores do Templo, não façais do vosso corpo um abrigo de animais; senão, não será o Senhor a vir habitar nele, mas sim entidades obscuras, seres indesejáveis, que gostam de se alimentar de matérias impuras. E, com tais inquilinos, como pensais vós que ireis sentir-vos?"

"Tomai como modelo o sol que expande a luz, o calor e a vida. Vós direis que se pode ter outros modelos – um cientista, um artista, um filósofo, um herói, um santo, um Mestre espiritual – e que eles parecem muito mais acessíveis do que o sol! Claro, e vós sereis sem dúvida influenciados pelas suas qualidades e pelas suas virtudes. Mas, na realidade, faltar-vos-á sempre alguma coisa: mesmo que tomeis como modelos os maiores Mestres da humanidade, também não tereis neles a imagem da verdadeira perfeição.
A imagem da perfeição é o sol; e, se o tomardes como modelo, no desejo de, como ele, iluminardes, aquecerdes e vivificardes as criaturas, transformar-vos-eis profundamente. O vosso calor, a vossa luz e a vossa vida nunca igualarão os do sol, é evidente, mas o desejo de os adquirir é suficiente para vos projetar até às regiões celestes, onde fareis maravilhas. O desejo de dar a luz, o calor e a vida do sol tornar-vos-á a vós mesmos mais luminosos, mais calorosos, mais vivos."

"A inteligência do homem depende do estado dos seus diferentes órgãos: o fígado, o estômago, os intestinos… Se todas as células do seu corpo não fazem corretamente o seu trabalho, a sua capacidade de pensar, de ajuizar, será afetada por isso: por mais que ele leia e estude, em todas as suas reflexões se projetarão tons sombrios e deformações provenientes do mau funcionamento dos seus órgãos.
Mesmo naqueles que são considerados como grandes pensadores, grandes filósofos, muitos erros foram provocados pelo estado defeituoso de certos órgãos, que era um entrave à sua atividade mental! As insuficiências do fígado, do estômago, dos intestinos, do pâncreas… criam algures no cérebro obstáculos que um homem, mesmo muito inteligente, não consegue superar. Então, como reduzir esses obstáculos? Fazendo exercícios. Sim, os exercícios preconizados por um ensinamento espiritual, mesmo apenas os conselhos relativos à respiração e à alimentação, têm precisamente o propósito de melhorar o estado das nossas células, a fim de ampliar e melhorar a nossa compreensão."

"Um Mestre espiritual tem grandes poderes, é certo, mas há coisas que ele não pode fazer. Ele não pode, por exemplo, comer por vós. Pode dar-vos alimento, mas tereis de ser vós a comê-lo. E se disserdes: «Não, não, eu quero que seja ele a comer por mim», ele é que se reforçará e vós definhareis.
Se decidirdes seguir um Mestre, não imagineis que ele vai transformar-vos ou resolver os vossos problemas. Um Mestre não fará o vosso trabalho. Fará o dele, que é o de vos dar todos os materiais necessários à construção do vosso templo interior; ele dar-vos-á inclusivamente cimento e pregos, simbolicamente falando, mas depois tereis de ser vós a trabalhar, não será ele a construir o vosso templo. Quando o discípulo de um ensinamento espiritual faz o esforço de compreender o que é o trabalho do seu Mestre e o que deve ser o seu próprio trabalho, isso já é um grande progresso."

"Nunca conseguireis produzir grandes transformações na vossa vida psíquica enquanto não tiverdes compreendido o segredo mágico da lei da afinidade. Esta lei diz-vos que, como cada um dos vossos pensamentos e cada um dos vossos sentimentos tem uma determinada natureza, vai despertar no espaço forças da mesma natureza que ele, e essas forças dirigem-se para vós. Se esses pensamentos e sentimentos forem obscuros e maldosos, atraireis influências negativas; se eles forem luminosos, generosos, atraireis bênçãos. Vós podeis realizar todos os vossos melhores desejos, mas na condição de projetardes pensamentos e sentimentos de uma natureza correspondente a esses desejos. Os vossos pensamentos e os vossos sentimentos determinam absolutamente a qualidade dos elementos e das forças que serão despertadas muito longe, algures no espaço, e que, mais cedo ou mais tarde, chegarão até nós.
A lei da afinidade é uma das maiores chaves da realização espiritual."
 
"Ao longo do dia, pensai de vez em quando em olhar para dentro de vós mesmos. E, se vos sentirdes agitados, acelerados, parai de imediato, senão esse estado prolongar-se-á indefinidamente e refletir-se-á de forma negativa em tudo o que vos preparais para fazer. Quando tiverdes parado, concentrai-vos durante alguns segundos para vos acalmardes, fazer algumas respirações profundas, e retomai depois a vossa atividade com outro ritmo.
Sob o efeito de uma má surpresa, de uma inquietação, de um agastamento, as pessoas começam a empurrar os objetos, a bater com as portas, a ir contra os móveis… Porquê? Porque, inconscientemente, procuram desembaraçar-se de uma energia que não conseguem controlar. Mas, quanto mais se agitam, mais impelidas são a agitar-se. Portanto, é preciso fazer o contrário: ficar completamente imóvel durante uns momentos. Depois de terem acalmado, continuam o seu trabalho em melhores condições."
 
"Todas as criaturas têm uma linguagem, mas só o ser humano dispõe da palavra e, para que essa palavra tenha realmente um sentido rico, deve tornar-se a expressão do Verbo divino que apoia, cura, ilumina. Se tiverdes este ideal, a primeira regra para o realizar é decidirdes não vos deixar arrastar para maledicências, calúnias, ou mesmo palavras “no ar”. Aprendei a dominar a vossa língua, dizendo: «Se eu não me controlar, nunca possuirei o verdadeiro poder do Verbo.»
Diz-se tanta coisa durante um dia! Lançam-se críticas ou acusações com ligeireza, pensando que, se se estiver enganado ou se se for longe demais, não é grave, será fácil reparar isso. Não, as pessoas não conhecem o itinerário de uma palavra, as regiões que ela atravessa e os estragos que ela pode fazer se for violenta ou mentirosa. E que não se pense que se pode reparar o mal causado pelas palavras pedindo desculpa ou pagando algumas “perdas e danos”! Face aos humanos, talvez a situação fique reparada; mas, face às leis cósmicas, nada fica reparado, a culpa mantém-se."
 
"Muitas pessoas lamentam que o mundo inteiro não aprecie as suas ideias, os seus projetos, as suas aspirações, sentem-se sós e dizem: «Não me compreendem, não me têm em conta, fazem como se eu não existisse.» Mas devem conformar-se! Se têm realmente nelas ideias tão boas, podem estar certas de que os anjos, os espíritos luminosos da natureza e até o Senhor as apreciam. Isso não lhes basta? Por que hão de querer absolutamente que os humanos venham em peso aplaudi-las, felicitá-las? Coitadas! Se soubessem do perigo inerente àquilo que desejam! É exatamente como se tentassem atrair moscas, que deixarão por toda a parte pequenas assinaturas, ou ladrões, que rapidamente lhes “limparão” tudo. Perguntai às pessoas célebres se a sua celebridade não tem grandes inconvenientes.
Então, não vos queixeis de ser desconhecidos, incompreendidos. Aliás, com essa atitude sois vós mesmos que impedis os outros de vos apreciarem. Ficai felizes porque o Céu vos compreende e tentai vós compreender os outros. Se tendes realmente coisas tão boas em vós, mais cedo ou mais tarde haverá quem reconheça isso."
 
"Mesmo os seres mais dotados do mundo não conseguem nada se não se exercitarem todos os dias, várias horas por dia, e muitas vezes desde a infância, para desenvolverem os seus talentos. Só o trabalho dá resultados. E isso é ainda mais verdadeiro para a vida espiritual do que para todos os outros domínios. Porquê?... Porque a vida espiritual não pode ser considerada separadamente da totalidade da existência. A vida espiritual diz respeito a todo o ser e a todos os momentos do dia.
Consideremos o caso de um músico: mesmo que ele seja um génio, não só a música não ocupa todo o seu tempo, como ele pode manifestar os seus dons mesmo deixando-se ir atrás de todas as suas más inclinações e levando uma vida caótica. O mesmo se aplica aos escritores, aos pintores, etc. É muito mais fácil cultivar um dom, qualquer que ele seja, do que superar as suas lacunas psíquicas ou morais. Isso é um trabalho de todos os instantes, dia e noite, e por isso é que não há muitos candidatos à vida espiritual."
 
"O ser humano possui uma alma que só pode desenvolver-se na imensidão, no infinito. Por isso, embora o mundo físico que ele perceciona graças aos órgãos dos sentidos lhe seja útil, indispensável, e apresente, pela sua variedade, um grande interesse, este só o satisfaz em parte, não é suficiente para preencher a sua existência.
Por que é que as crianças gostam tanto de contos? E por que é que também a maioria dos adultos, quando podem, se refugiam em universos estranhos, no fantástico, no irracional? Porque isso é uma necessidade inata do ser humano: Deus criou-o para viver nos dois mundos, objetivo e subjetivo, visível e invisível, material e espiritual. Por isso, ele tem capacidades para entrar em relação com esses dois mundos e necessita de ambos. Mas é preciso não confundir: a realidade que ele perceciona graças aos seus órgãos dos sentidos físicos (o tato, o paladar, o odor, o ouvido e a vista) não é a que ele perceciona graças aos seus órgãos dos sentidos espirituais: a aura, o plexo solar, o cento Hara, os chacras. São dois mundos diferentes cujo conhecimento exige “instrumentos” diferentes, que ele deve aprender a utilizar."
 
"Como, no passado, a Iniciação estava reservada a uma elite, uma elite moral, muitas pessoas imaginam que dela faziam parte cerimónias misteriosas durante as quais eram revelados grandes segredos. Não, a Iniciação estava reservada a alguns seres não propriamente porque lhes faziam revelações que nem todos os ouvidos deviam escutar. Então, por que era? Porque aqueles a quem se revelavam verdades espirituais tinham todas as qualidades necessárias para as fazer frutificar neles.
As verdades espirituais só enriquecem aquele que tem inteligência para compreender o uso que deve dar-lhes, um coração para as amar e desejar torná-las vivas em si próprio e, além disso, uma vontade, tenacidade para perseverar no trabalho. Aos outros, elas nada trazem, até são perigosas para eles. É como se se pusesse caixas com fósforos nas mãos de crianças. Numa Escola iniciática, o mais importante não são as verdades que lá são reveladas, mas o que vós fareis com essas verdades."

"O verão é a estação da maturidade. As árvores já floriram há muito tempo e os frutos formaram-se lentamente a partir das flores. Isso leva-nos a interrogarmo-nos sobre a natureza da flor.
O que é uma flor? Se a estudarmos bem, descobrimos que é o órgão da planta que se aproxima mais do reino animal. As flores têm sensibilidade, com algo que se aparenta ao sistema nervoso: muitas abrem-se quando há luz e fecham-se quando fica escuro. Mas podemos ir ainda mais longe e dizer que é na flor que se forma o corpo astral da planta. A flor é, de facto, o sexo da planta, é aí que tem lugar a fertilização. Em cada ano, sob o efeito da luz e do calor, as flores dão nascimento aos frutos."
 
"Coitados dos humanos! Eles são continuamente bombardeados com publicidade sobre casas, carros, eletrodomésticos, alimentos, roupas e toda a espécie de produtos, para os convencer de que necessitam realmente daquilo. Dir-se-ia que tentam impedi-los de ter contacto com o mundo espiritual, onde eles encontrariam a luz, o amor e a paz, de que têm ainda muito mais necessidade. O mundo espiritual é tão ignorado, tão desdenhado, que raros são os seres capazes de sentir que é aí que devem procurar os elementos necessários à sua sobrevivência. A maior parte deles estão a morrer asfixiados, intoxicados.
É preciso não continuar a criar ilusões. Mesmo que o progresso material facilite a vida dos humanos, ele não lhes trará a felicidade, pode até levá-los à perdição. Eles só obterão a salvação se se esforçarem por entrar em contacto com o mundo da luz, onde a sua alma e o seu espírito poderão finalmente respirar, alimentar-se. Quando nós meditamos, quando oramos, não interagimos com nada de material; aparentemente, é o vazio, mas é neste “vazio” que a nossa alma e o nosso espírito se desenvolvem e encontram a plenitude."

"Alguém agiu mal para convosco ou vos disse palavras que vos feriram e sentistes-vos ofendidos, incomodados. É normal, mas, se aceitardes entregar-vos a esse estado, eis o que se passará: começareis a recordar todas as vezes em que essa pessoa já vos ofendeu, vos contrariou. E nem sequer é garantido que fiqueis por aí: pensareis em todas as outras que foram desagradáveis convosco. No fim, sentir-vos-eis esmagados ao ponto de não conseguir respirar. Será isso inteligente?
Vou explicar-vos um método para evitardes chegar a esse ponto: apelai para o vosso intelecto e perguntai-lhe se vale a pena fixardes-vos nessa ofensa ou nessa contrariedade. Se o vosso intelecto for honesto, responder-vos-á certamente: «Não, isso não é assim tão grave! Por que é que hás de ficar nesse estado?» E assim, pouco a pouco, conseguireis dissolver essa matéria pesada e obscura que ameaçava asfixiar-vos."
 
"Do mesmo modo que o sol espalha a sua luz e o seu calor, Deus derrama o seu amor sobre todas as criaturas. Mas o homem tem o poder de aceitar ou rejeitar esse amor. Portanto, ainda que o amor de Deus seja infinito, o ser que se fecha a ele não recebe nada e tudo se passa como se Deus não o amasse. O facto de os humanos amarem ou não Deus nada muda para Ele. Mas, se não O amarem, eles é que se privam de algo muito precioso: como se fecharam, o amor de Deus não pode penetrar até eles.
O Criador fez o universo com base em leis imutáveis e implacáveis. Aqueles que alimentam a respeito d’Ele pensamentos e sentimentos de dúvida, de revolta, emanam vapores tão opacos que impedem os raios do sol divino de se infiltrarem no seu coração e na sua alma. Então, não devem ficar surpreendidos quando se sentem na escuridão e ao frio."
 
"Sempre que agis com a sabedoria (a luz) e o amor (o calor), colocais-vos sob a autoridade do espírito, e assim, pouco a pouco, formais em vós a pedra filosofal que transmuta todas as matérias em ouro. Não deveis, pois, procurar a pedra filosofal fora de vós próprios, pois não existe pedra filosofal mais poderosa do que o espírito. Esforçai-vos por atingir o estado de consciência em que sentis que o vosso espírito, o vosso Eu superior, é um princípio imortal, eterno, uma entidade indestrutível que viaja no espaço e penetra em todos os lugares. Compreendereis então que nada é mais importante do que utilizar esse poder para trabalhar sobre a matéria, a vossa própria matéria, para a purificar, a vivificar, a ressuscitar. É isso a verdadeira alquimia.
A pedra filosofal é a quinta-essência espiritual que transforma tudo em ouro, em luz, primeiro em vós mesmos, mas também em todas as criaturas que vos rodeiam, pois tudo se propaga. É esta a dimensão sublime da pedra filosofal."

"Os humanos julgam tudo segundo os seus critérios e, como imaginam que esses critérios são excelentes, não veem que descuram certos valores e sobrestimam outros. Por isso, aos olhos da Inteligência Cósmica, os valores humanos raramente são verdadeiros valores.
Pensemos na instrução, que geralmente é tão valorizada, e com razão, claro. Mas, se se perguntar a alguém quantos anos demorou para obter um diploma, a pessoa dirá: três anos, cinco anos, ou mais ainda, se for um médico; e isso parece muito. Mas, para se adquirir virtudes como a paciência, a sabedoria, a força anímica… alguns anos não são suficientes, são precisas várias incarnações. Adquirir conhecimentos livrescos é muito mais fácil do que desenvolver qualidades morais! Quando um ser possui essas qualidades, é porque trabalhou séculos para as obter. Então, porquê subestimá-las?"

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV


"O silêncio é a expressão da paz, da harmonia, da perfeição, e proporciona as melhores condições para a atividade psíquica e espiritual. «Aprendei a fazer o silêncio em vós», dizem-nos os sábios. Mas o silêncio só por si não traz grande coisa; na vida espiritual, ele não pode ser um fim em si mesmo, a sua verdadeira função é permitir a expressão do pensamento, da imaginação criadora.
Sempre que vos é dado viver momentos de verdadeiro silêncio, em vós ou na natureza, esforçai-vos por criar, pelo pensamento, algo puro, caloroso, luminoso, poderoso. No dia em que conseguirdes fazer vibrar a atmosfera em torno de vós, todos os que vierem visitar-vos ou que passarem por esses lugares receberão um impulso para o bem. Limitar-se a ficar imóvel não serve para nada. É preciso aprender a ser vivo e criador, mesmo na imobilidade e no silêncio."

"O Senhor convida-nos todos os dias para a sua mesa, onde faz banquetes em companhia dos arcanjos. Mas, como na parábola evangélica do banquete de núpcias, só somos aceites se estivermos vestidos com a roupa de festa. Essa roupa, evidentemente, é simbólica, é a aura, uma aura pura e luminosa, como são simbólicas as joias – colares, braceletes, diademas, etc. – mencionadas na Bíblia e em todos os Livros sagrados. As pedras preciosas e as pérolas com que elas são feitas têm a função de representar as virtudes divinas.
E, se isso vos agradar, fazei vós mesmos colares. O número de pérolas também pode ser simbólico: 22, 24, 36, 108, 144, etc., mas não é isso o mais importante. O essencial é compreender que fazer um colar é um ato pleno de sentido: o fio é o pensamento que deve ligar entre si as poderosas entidades representadas pelas pérolas; a agulha é a vontade que impele o pensamento. E quando usais um colar, quer ele tenha sido feito por vós, quer não, tende consciência de que trazeis convosco um objeto cheio de significado espiritual."

"Alguém diz: «Eu sou sincero, digo o que penso, sobretudo aos meus amigos», e o que se vê é que ele destrói tudo à sua passagem! A sinceridade é certamente uma qualidade, mas não há razões para se ficar muito orgulhoso de si próprio com este tipo de sinceridade. Terá essa pessoa, ao menos, colocado a si própria a questão: «Será que a minha opinião é justa?» Não, por que é que ela havia de fazer isso? Ela dir-vos-á que é livre de pensar o que lhe apetece: a liberdade de pensamento é uma grande conquista da humanidade.
De acordo, a liberdade de pensamento é uma coisa preciosa. Mas na condição de se saber realmente o que é o pensamento. Quantas pessoas chamam “pensar” a uma qualquer agitação do seu intelecto a propósito de tudo o que lhes convém ou lhes desagrada! É um erro: o verdadeiro pensamento não está ligado ao prazer ou ao desprazer, nem sequer começa com o plano mental, com o intelecto, mas com o plano causal, isto é, ele supõe o conhecimento das grandes leis cósmicas. A primeira opinião que surge não é um pensamento. Muitos afirmam que dizem o que pensam, mas, se pensassem verdadeiramente, calar-se-iam. Ou só falariam depois de se terem questionado sobre o que vale a sua opinião e quais serão as consequências de eles exprimirem essa opinião."

"Consoante os casos, o orgulho e a humildade são considerados como qualidades ou defeitos. Mas, do ponto de vista espiritual, pode-se dizer que o orgulho empobrece os humanos, ao passo que a humildade os enriquece. Observai a atitude do orgulhoso: ele fica inchado, cheio de si próprio, ao passo que o homem humilde é vazio. Sim, mas é este vazio que atrai a plenitude, a plenitude espiritual, pois, assim que surge um vazio algures na natureza, há uma força que se apressa a ir preenchê-lo. É preciso ser humilde para atrair o Senhor, pois Ele não pode encontrar lugar onde os recipientes já estão cheios: é preciso ter feito o vazio em si próprio para Ele poder entrar.
Se disserdes: «Meu Deus, eu sou insensato e Tu és a sabedoria, eu sou pobre e Tu és a riqueza, eu sou fraco e Tu és a força…», estareis a criar o vazio em vós e então a Divindade apressar-se-á a vir preencher-vos. Ao passo que, se vos vangloriardes das vossas virtudes e das vossas capacidades, o senhor dirá: «Como estás tão contente contigo próprio, continua assim, não necessitas de Mim.» "

"Quando meditais, esforçai-vos por elevar-vos muito alto em vós mesmos e, depois, por manter-vos o máximo de tempo possível nessas alturas. Elevar-se e permanecer nas alturas significa nunca deixar de ser nobre, justo, generoso, o que supõe saber também “descer” para ajudar os seus irmãos humanos.
Embora vivendo e trabalhando na terra entre os humanos, é interiormente que é preciso evitar descer, isto é, ir atrás das suas tendências inferiores ou participar em ações egoístas, desonestas. Permanecer nas alturas não é imitar as pessoas altivas, inacessíveis e duras que pensam que se rebaixariam se estendessem a mão aos que são mais fracos, menos dotados, menos instruídos ou de uma condição social inferior. Pelo contrário, e também neste caso, nós devemos seguir o exemplo do sol. O sol desce até nós, por intermédio dos seus raios ele aquece-nos, ilumina-nos, transmite-nos a sua vida, envia-nos as suas mensagens, mas permanece eternamente nas alturas."
 
"Aquele que compreende o significado e o objetivo da sua existência terrestre deixa a vida com a sensação de ter cumprido a tarefa para a qual veio e sabe que continuará o seu trabalho no outro mundo. É por isso que a morte não o assusta: ele sente, sabe, que vai continuar a viver e a trabalhar algures.
A luz e o conhecimento suprimem o medo. As pessoas têm medo da morte porque não a conhecem. É necessário, pois, familiarizarem-se com a ideia desta passagem que é, na realidade, a continuação da vida sob uma outra forma. Em todo o universo, só existe a vida, a vida sem limites. Por isso, não deveis orar para ser salvos da morte, mas para viver. Não digais que ides morrer, mas que ides continuar a viver. Introduzi no vosso espírito o pensamento de não prolongar esta vida na terra, mas sim o de entrar numa vida nova."
 
"Judeus, cristãos, muçulmanos, etc., há imensos crentes que se limitam a glorificar o fundador da sua religião: Moisés, Jesus, Maomé… e a proclamar por toda a parte a sua superioridade sobre todos os outros! Mas Moisés é Moisés, Jesus é Jesus, Maomé é Maomé… e eles, os crentes, o que são? Muitas vezes, ignorantes, preguiçosos, que nada fazem para os imitar. E há tantos discípulos que se comportam do mesmo modo em relação ao seu Mestre! Eles dizem: «Ah, o nosso Mestre é único!» Põem a sua fotografia por toda a parte e iriam até ao ponto de lutar para defender a ideia de que têm o melhor Mestre, o maior, o mais poderoso. Mas não pensam em aceitar a sua filosofia e em imitá-lo no seu comportamento: um Mestre é feito para ser glorificado, não para ser imitado!
Pois bem, ficai a saber que um Mestre não fica nada satisfeito por ter discípulos desses, pois não precisa de ser glorificado. Ele prefere que os seus discípulos levem as suas ideias a sério e decidam pô-las em prática. Seria muito melhor para eles… e também para ele."
 
"Se quereis ser visitados pelas entidades que descem das regiões celestes, preparai-lhes condições. Essas entidades estão sempre prontas a visitar-vos, a ajudar-vos, mas é preciso que elas sintam que há no vosso coração, na vossa alma, um lugar onde elas poderão instalar-se, trabalhar e colocar as suas riquezas.
A única coisa que pode afastar essas entidades é a negligência dos humanos, o pouco caso que eles fazem da sua presença e da sua ajuda. Elas já sabem que eles são imperfeitos, fracos, pueris, e até os desculpam, não se focam nisso. Pelo contrário, elas dizem: «Oh, em que estado eles estão, coitados! É preciso socorrê-los!» Mas, se veem que eles não apreciam o que elas lhes trazem, abandonam-nos. Não é que essas entidades tenham necessidade da consideração ou do reconhecimento dos humanos, mas elas sabem que a negligência e a ingratidão os impedirão de beneficiarem do seu apoio."
 
"Nada daquilo que acontece aos humanos surge por acaso. Por intermédio dos seus pensamentos e dos seus sentimentos, eles entram em relação com as entidades, as correntes e os elementos do espaço que correspondem a esses pensamentos e a esses sentimentos e acabam por atraí-los. É assim que se explicam a saúde e a doença, a força e a fraqueza, a inteligência e a cegueira, a beleza e a fealdade, etc. Portanto, são-lhes oferecidas todas as possibilidades, mas na condição de eles saberem que existe uma lei das correspondências e de a respeitarem em cada ato da vida quotidiana.
Se encontrais grandes dificuldades nesta existência, é porque, no passado, por causa da vossa ignorância, atraístes elementos malsãos, defeituosos. Agora que sabeis a verdadeira causa de tudo o que acontece na vossa vida, decidi-vos a trabalhar sobre os vossos pensamentos e os vossos sentimentos: ligar-vos-eis assim às entidades e às regiões mais puras e luminosas do universo e recebereis delas todas as qualidades de que necessitais para vos reconstruir."

"Jesus veio revelar aos homens que Deus é o seu Pai; mas, em vez de refletirem e de procurarem profundamente neles mesmos para encontrarem as marcas dessa filiação divina, os cristãos limitam-se a fazer dela uma interpretação pueril. Comportam-se como crianças caprichosas, exigentes, inconsequentes, e imaginam que, façam o que fizerem, Deus é indulgente e perdoa-lhes as suas falhas. Chegam junto d’Ele todos sujos, cobertos de lama, e creem que, se Lhe disserem: «Senhor, andei metido em pântanos, mas sei que Tu és bom e misericordioso. Lamento o que fiz e peço perdão», isso será suficiente. Mas não, não é suficiente, e o Senhor começa por mandá-los eliminar a sujidade.
O que significa “eliminar a sujidade”? Reparar os seus erros. É esse o verdadeiro arrependimento que leva até junto de Deus. Acreditar que Deus nos perdoa simplesmente porque Ele é bom, misericordioso, e nós temos fé, é uma ilusão. Só somos perdoados se tivermos consciência dos nossos erros e os repararmos."
 
"A prática da vida espiritual começa por afinar a perceção que tendes do vosso ser interior e é normal que nem sempre fiqueis contentes com aquilo que descobris: limitações, lacunas, fraquezas. Mas isso não é razão para desanimardes e parardes o trabalho; pouco a pouco, ireis ganhar forças e alargar, enriquecer, o vosso domínio.
Alguém que está sentado numa cadeira pode imaginar que é capaz de realizar as maiores façanhas. Mas, se tenta levantar-se, caminhar, correr, saltar, mede o verdadeiro estado das suas forças; aí, é forçado a perder as suas ilusões. Na sua deceção, vai julgar-se mais fraco do que é, mas essa tomada de consciência é, na realidade, o começo da sua força. Sentis dificuldade em vos afastar do vosso modo de existência passado? Isso é a prova de que tentais avançar, esforçar-vos. Vós direis: «Sim, mas faz-me sofrer.» Vós sofreis, é certo, mas isso acontece porque tendes perceções novas, porque vos dirigis para um mundo novo."
 
"Quer tenha uma religião quer não tenha, quem age em relação aos outros com benevolência, compreensão, paciência, generosidade, manifesta a sua fé num princípio superior que lhe dita o modo como deve agir e o Céu concede-lhe a sua ajuda e a sua proteção. Ao passo que o crente que imagina que a sua fé desculpará os seus erros aos olhos de Deus engana-se duplamente. Em primeiro lugar, a lei não apaga os seus erros. Depois, ele evidencia uma desonestidade que até os agrava, pois está a zombar do Senhor ao afirmar que acredita n’Ele mas, na verdade, não respeita as Suas leis e engana os outros ou maltrata-os.
Os únicos verdadeiros critérios relativos à fé são os atos, o comportamento na vida quotidiana. É por isso que um Ensinamento iniciático se preocupa com todas as faculdades do ser humano e as diferentes atividades nas quais ele as aplica, não só no plano psíquico mas também no plano físico."
 
"As pessoas ainda não sabem o que é a verdadeira beleza de um ser, porque se detêm demasiado na forma. Se a forma é harmoniosa, agradável, elas exclamam: «Que beleza!» mas, por detrás da forma, há outra coisa para conhecer: os eflúvios, as emanações que vêm do mais profundo desse ser, a vida que corre… E, se se pudesse ir mais além para ver a parte dele que vive nas regiões celestes, descobrir-se-ia uma beleza ainda maior: o esplendor do espírito. Mas o esplendor do espírito é de uma essência demasiado subtil para encontrar uma expressão física.
A verdadeira beleza não pode ser descrita: é a vida pura, a vida jorrante… Se olhais para um diamante sobre o qual vem incidir um raio de sol, ficais deslumbrados por aquela cintilação, aquelas cores brilhantes… É isso a verdadeira beleza! Quanto mais um ser consegue captar a luz para se impregnar com as suas vibrações, as suas cores cintilantes, mais se aproxima da verdadeira beleza."
 
"Enquanto entidade consciente, o ser humano está colocado na fronteira entre o mundo inferior e o mundo superior. Se ele não está vigilante, há forças obscuras que o atraem a si para o desfazer e o comer; e, depois de devorado, é eliminado, só ficam uns resquícios dele. Ao passo que, se se deixar atrair, absorver, pelas forças do mundo superior, tudo se ilumina nele e ele torna-se um foco de correntes luminosas, poderosas, benéficas.
Mas, do mesmo modo que se esforça por escapar à atração do mundo inferior, o ser humano não deve abandonar-se completamente à atração do mundo superior. Ele tem por missão trabalhar na terra com os meios do Céu e, para isso, encontrar maneira de manter o equilíbrio entre a terra e o Céu, a matéria e o espírito. Estando na terra, ele não deve descurar os deveres da terra. Se romper esse equilíbrio, talvez viva na imensidão, na luz, mas não terá cumprido a sua missão. "
 
"Os crentes não têm uma ideia mais ajustada da religião do que os não crentes: imaginam que lhes bastará ajoelharem-se numa igreja ou num templo e recitarem algumas orações para sentirem que estão em presença do Senhor. Mas não é assim, só pode sentir a presença do Senhor quem se lavou interiormente. Um vidro onde o pó e a sujidade se acumularam não deixa passar a luz do sol; do mesmo modo, um ser que não eliminou as suas impurezas não pode deixar-se penetrar pela presença divina.
Há sempre um trabalho a fazer: é todos os dias, de manhã, à noite, que é preciso pensar nesta limpeza. Analisando os vossos estados interiores, os vossos pensamentos, os vossos sentimentos, esforçando-vos por dominá-los, por orientá-los na via do bem, tornar-vos-eis como um cristal transparente que deixa passar a luz celeste. Nesse momento, sim, sentireis a presença do Senhor."
 

"Enquanto se contentar com a imagem que tem de si neste momento, o ser humano fica retido nos níveis inferiores da sua consciência, pois essa imagem tão medíocre, tão prosaica, influencia-o e limita-o. Ele tem de trabalhar para formar uma ideia mais bela, mais nobre, mais luminosa, de si mesmo. Ao agir sobre ele, esta imagem produzirá outras vibrações, mais subtis, e suscitará nele impulsos mais nobres, mais generosos: ele sentirá a necessidade de se assemelhar a essa imagem e será assim que avançará, que se elevará. Sem essa imagem, a única capaz de o impulsionar para o alto, o ser humano está condenado a estagnar e nunca conhecerá a sua própria realidade.
Vós direis: «Mas que realidade? O que eu sou agora é que é a realidade!» Não, esta realidade não é verdadeiramente real. A vossa verdadeira realidade é o vosso Eu superior. O resto, aquilo que considerais como uma realidade, é uma ilusão, uma mentira. Por isso, deveis procurar elevar-vos até ao vosso Eu superior, ao vosso eu divino, o único que é real, e esforçar-vos por identificar-vos com ele."
 
"Quando chega o outono, as folhas caem das árvores e colhem-se os frutos maduros. Alguns, como as nozes e as castanhas, perdem o seu invólucro. O outono é o período da separação.
E, do mesmo modo que o fruto se separa da árvore e que o caroço ou a semente se separam do fruto, um dia a alma humana separar-se-á do corpo. No outono, o espetáculo da natureza e a atmosfera que dela emana convidam-nos a meditar nesta separação. No momento próprio, a alma humana tem de deixar o seu corpo, o seu invólucro, e do mesmo modo que a semente é guardada no celeiro até ser semeada no inverno, a alma é guardada no Céu. Mais tarde, tal como a semente, ela é de novo semeada, isto é, enviada à terra para aí se reincarnar. E isso será o inverno para ela: sofrerá lembrando-se com nostalgia do lugar que deixou, esse lugar onde reinavam a paz e a luz. Mas ela trabalhará e dará frutos, pensando nos dias felizes em que retornará à sua pátria celeste."
 
"Atualmente, põe-se no Ocidente a questão de saber se é melhor enterrar os mortos ou cremá-los.
Qualquer destes dois ritos é bom, mas é necessário saber uma coisa: quando uma pessoa é declarada morta, continua a haver ligações entre a sua alma e o seu corpo físico. Se este for posto na terra, esses laços desfazem-se lentamente. Se ele for cremado, a separação é extremamente rápida e pode ser sentida como uma dilaceração, uma violência, sobretudo se a pessoa nunca teve consciência de que a sua verdadeira existência não se limitava à do seu corpo físico. O que pode sentir a alma de um ser que nunca acreditou na sua sobrevivência após a morte?... Ele não percebe onde está, não compreende nada do que está a acontecer-lhe; precisa de tempo para se desligar tranquilamente. Neste caso, o enterro é preferível. "
 
"Sementes, caroços, tudo aquilo que se semeia ou planta acaba por crescer e dar frutos. E acontece o mesmo com os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, os nossos desejos… O Mestre Peter Deunov, na Bulgária, pedia-nos que não deitássemos fora os caroços dos frutos que comíamos, mas que os plantássemos. E eu aconselho-vos a mesma coisa. Se não tiverdes um terreno onde fazer isso, enterrai-os onde puderdes; o essencial é que tomeis consciência de que um caroço é uma criatura que necessita de fazer nascer o germe vivo que traz nela.
O objetivo principal deste exercício é fazer-vos tomar consciência de que tendes interiormente outros caroços para plantar: ideias, pensamentos, sentimentos. Quando eles produzirem frutos, vós vivereis na abundância e podereis alimentar imensas criaturas."
 
"Em que é que devemos alicerçar a nossa esperança? Na certeza de que o futuro pode sempre ser melhor. Mesmo que o presente não seja famoso, os poderes da vida e do bem são tais que podem sempre vencer o mal, desde que decidais associar-vos a eles.
Alguém dirá: «Mas que esperança posso eu ter? Todas as minhas iniciativas falham, não tenho qualquer futuro!» Evidentemente, isso depende daquilo a que chamais o vosso futuro. Se só perspetivais esse futuro como sucesso material, social, ou como um romance de amor digno dos contos de fadas, talvez o vosso futuro esteja realmente tapado. Mas o vosso verdadeiro futuro, o vosso futuro de filhos e filhas de Deus, está escancarado diante de vós. Os dias são diferentes uns dos outros. Hoje não vistes o sol? Amanhã ele voltará a brilhar. Nada está definitivamente fechado para aqueles que sabem onde alicerçar a sua esperança."

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

"Conta-se que, um dia, Moisés passeava pela montanha e encontrou
um pastor que lhe mostrou a refeição que tinha preparado. Ele
convidara o Senhor para partilhar aquela refeição com ele e
tinha a certeza de que Ele viria. «Como é que podes acreditar
numa coisa dessas?», perguntou-lhe Moisés. «Jamais alguém viu
Deus e tu imaginas que Ele virá partilhar a tua refeição?»
Depois, satisfeito por ter mostrado a sua grande sabedoria,
continuou o seu caminho, deixando o pobre do pastor muito
infeliz. De repente, sentiu uma mão invisível bater-lhe na
cara. Era Deus que lhe dava uma bofetada: «Insensato! –
disse-lhe Ele. Por que é que introduziste a dúvida no coração
daquele homem? Ele acreditava que eu iria comer com ele e eu
dispunha-me a fazê-lo. Que isto te sirva de lição.»
Assim como o pastor acreditava que Deus viria partilhar da sua
refeição, se nós acreditarmos que podemos convidar o sol a
tomar o pequeno-almoço connosco, ele virá, e acompanhar-nos-á
durante o dia inteiro. Vós direis que isto são histórias para
crianças… É possível. Mas há uma verdade a aprender com as
crianças: aquilo em que nós acreditamos torna-se realidade, de
uma forma ou de outra."

"Não vos faltam ocasiões, todos os dias, para ficardes irritados
com o comportamento de alguém que vos rodeia. Nesses momentos,
deveis questionar-vos se vale a pena fixardes-vos nessa
contrariedade. Se fordes honestos, muitas vezes sereis obrigados
a responder: «Não!». E assim dispersareis essa matéria pesada
e obscura que ameaçava esmagar-vos.
Analisai-vos, observai como as coisas se passam geralmente quando
vos deixais ir atrás da irritação por causa daquilo que
alguém disse ou fez: automaticamente, esse estado atrai a
recordação de todas as outras experiências negativas,
começais a lembrar-vos de todas as outras vezes em que o
comportamento da mesma pessoa vos pareceu insuportável. E,
muitas vezes, até nem ficais por aí: começais a pensar em
todas as outras pessoas que sentis como desagradáveis,
antipáticas ou mesmo odiosas, e acabais por ter a sensação de
estar afogados, asfixiados, ao ponto de já não conseguirdes
respirar. Dizei-me: isso é inteligente? "

"Vós fizestes mal a alguém e pedis-lhe desculpa. Isso está
muito bem, mas só ficareis com a situação reparada depois de
também reparardes os estragos. Dizer à pessoa que lesastes:
«Lamento imenso, desculpe-me…» não é suficiente e a lei
divina perseguir-vos-á até terdes reparado o mal. Vós direis:
«E se a pessoa que eu lesei me perdoar?» Não, a questão não
fica regularizada assim tão facilmente, pois a lei é uma coisa
e a pessoa é outra. A pessoa pode ter-vos perdoado, mas a lei
não vos perdoa, persegue-vos até terdes reparado o que fizestes.
Evidentemente, quem perdoa mostra nobreza, generosidade, não
fica preso aos rancores, aos tormentos que o teriam mantido nas
regiões inferiores do plano astral. Se Jesus nos pede que
perdoemos aos nossos inimigos é para que consigamos libertar-nos
dos pensamentos e sentimentos negativos que nos desagregam. Mas o
perdão não resolve a questão: o perdão liberta as vítimas,
aqueles que foram maltratados, lesados, mas não liberta os
culpados, aqueles que cometeram as faltas. Para se libertar, o
culpado tem de reparar."

"Há pessoas que, quando encontram alguém, só sabem falar do seu
cansaço. É simples: tudo as cansa. Elas não se apercebem de
que estão a sugestionar-se e de que acabarão, um dia,
completamente extenuadas. Ora, aqueles que se queixam de cansaço
são muito raramente aqueles que trabalham mais. O seu cansaço
advém, muito simplesmente, do facto de eles ruminarem
pensamentos e sentimentos que os esgotam. Não se pode negar que
eles estão cansados, não se trata de um cansaço imaginário,
não, ele é bem real, tão real que é contagioso, e, quando
encontramos essas pessoas, após alguns minutos com elas nós
próprios ficamos cansados.
Um dos métodos mais eficazes para alguém se ver livre dessa
fadiga psíquica é uma boa fadiga física; ela é que lhes
trará descanso e os curará da sua fadiga psíquica. Os humanos
têm recursos de que não fazem ideia e que devem aprender a
explorar por um esforço da vontade. Quantos não há que estão
cansados porque se deixam arrastar para uma vida de estagnação!"

"Nós não viemos à terra para ver os acontecimentos
desenrolarem-se conforme os nossos desejos (sobretudo porque os
desejos de uns raramente estão em sintonia com os desejos dos
outros!), mas para aprender a tirar lições de tudo, a
raciocinar, a analisar e a descobrir as leis que regem a
criação e as criaturas. Devemos aceitar sentar-nos nos bancos
desta universidade que a vida é e que nos oferece todas as
possibilidades: bibliotecas, laboratórios, jardins botânicos e
zoológicos, e tudo aquilo de que necessitamos para nos
instruirmos, se quisermos observar bem, tomar notas… E,
regularmente, é também a vida que nos faz passar por exames
para verificarmos em que ponto estamos.
Todos são chamados a passar por provas nas escolas celestes,
como acontece nas escolas humanas, e por isso não se deve
descurar nenhum exercício. Mesmo as preocupações, os
desgostos, as deceções… são uma matéria sobre a qual se
deve trabalhar para se ser forte e poderoso."

"Quando ides contemplar o nascer do sol, deixai-vos impregnar pela
pureza da atmosfera, por aquela claridade que aparece pouco a
pouco no horizonte, anunciando a vinda de um novo dia. Na
verdade, a vida na terra são perpétuos recomeços. «Não há
nada de novo sob o sol», dizia Salomão no Eclesiastes, e esse
eterno recomeço parecia-lhe fastidioso. Ele tinha conhecido
tudo, experimentado tudo, possuído tudo, e acabara por concluir
que isso não passava de «vaidade e corrida atrás do vento.»
Sim, talvez não haja nada de novo sob o sol, mas por que se há
de ficar sob o sol? Se subirmos até ao sol, se entrarmos em
sintonia com o seu coração, tudo nos parecerá novo em cada dia."


"Como se manifesta a graça divina? Por que é que parece que ela
só vai para alguns? Ela é injusta? Não, ela funciona segundo
uma outra justiça, que escapa à compreensão vulgar.
Suponhamos que iniciastes a construção de uma casa. Passado
algum tempo, apercebeis-vos de que vos falta dinheiro para a
terminar. Pedis um crédito a um banco e este (que não é
estúpido) informa-se para saber se tereis possibilidade de
reembolsar o dinheiro que estais a pedir emprestado. Se as
informações forem boas, o banco entrega-vos a soma necessária.
Pois bem, é desta forma que age a graça divina. Ela desce a
vós depois de se ter informado: ela viu que, noutras
incarnações, vós trabalhastes para o bem. Momentaneamente,
estais limitados, num impasse, mas, tendo em consideração as
vossas incarnações passadas, ela concede-vos crédito,
empresta-vos capital. A graça não é injusta nem cega como
muitos imaginam: para se poder recebê-la um dia, é preciso ter
trabalhado durante muito tempo para a merecer."

"A meditação pode ser comparada à mastigação dos alimentos.
Quando pomos alimentos na boca e os mastigamos, as glândulas
salivares atuam e nós absorvemos pela língua as energias mais
subtis. A meditação é também uma espécie de mastigação,
uma mastigação dos pensamentos, pela qual absorvemos as
quintessências do mundo espiritual para fazer delas nosso alimento.
Então, meditai sobre a sabedoria, sobre a luz, a luz que vos
protege, vos conduz e vos abre o caminho para o mundo divino…
Meditai no amor como fonte da alegria, da riqueza e da beleza
para todos… Meditai na verdade que nos conduz à liberdade…"

"Cada sentimento pode exprimir-se por um sorriso. O desânimo, a
renúncia, ou, pelo contrário, a esperança e a decisão de
recomeçar a trabalhar… a abnegação ou o desejo de se
vingar… por vezes são acompanhados de sorrisos. Mas observai
como cada um deles é diferente! O sorriso trocista expressa uma
certa acrimónia. O sorriso da sabedoria é muito subtil,
dificilmente percetível, mas pleno de sentido. E não direi nada
sobre o sorriso da estupidez.
É também pelo seu sorriso que podemos reconhecer as criaturas
perversas. Mesmo que elas tenham um bom aspeto, uma boa cara,
traços finos e regulares, o seu sorriso – algo de retorcido
que aparece no canto dos lábios – trai a sua degradação
moral. Aconteceu-me encontrar seres assim e foi o seu sorriso que
me revelou a sua verdadeira natureza. Por isso, eu sei que só
posso formar uma ideia exata de uma pessoa quando vejo como ela sorri."

"O futuro contém sempre uma grande dose de incerteza, é verdade.
Tudo pode acontecer. Então, para prevenir os acidentes que podem
ocorrer na vida, criou-se aquilo a que se chama “seguros”.
Eu não direi que os seguros são uma coisa má, mas eles
desenvolveram nas pessoas a tendência para pensarem que podem
pôr no seguro tudo aquilo a que dão valor. E assim acham que,
mesmo que estejam desatentas e sejam imprudentes, isso não é
grave, pois têm seguros! E, enquanto põem no seguro a sua casa,
o seu carro, as suas joias, e algumas até as suas pernas e as
suas mãos, esquecem-se de cultivar as suas qualidades mais
preciosas: a atenção, a vigilância, o sentido das
responsabilidades e tudo o que faz a riqueza da sua alma e do seu
espírito. Mas disso elas não têm consciência, e então
recebem lições, pois na terra nada está, nunca, em segurança.
Nenhum seguro compensa o que elas perdem continuando a ser
fracas, negligentes, preguiçosas. "

"As entidades luminosas só intervêm naqueles que lhes pedem que
o façam. Se não se lhes pede nada, elas não entram. Mesmo que
estejais a ser uma presa de entidades tenebrosas, os anjos, que
por vezes lançam um olhar sobre os humanos, dizem: «Não temos
o direito de nos impor a esta criatura: ela não nos pediu nada e
nós devemos respeitar a sua liberdade.»
Só os espíritos maléficos se permitem entrar sem
autorização. É precisamente isso que diferencia os espíritos
luminosos dos espíritos tenebrosos. Os espíritos tenebrosos
não respeitam nada. Os espíritos luminosos, pelo contrário,
aguardam até vos abrirdes a eles. E quando se sentem convidados,
que alegria a sua! Eles veem em vós um ser desperto e cantam:
«Finalmente, nós, as forças celestes, podemos entrar nestas
almas. Ajudá-las, trabalhar com elas», e inspiram os vossos
pensamentos, os vossos sentimentos, os vossos atos, as vossas palavras."

"Saber respirar contribui muito para a harmonia e o equilíbrio
interiores, mas para isso é preciso conhecer certas regras. Em
primeiro lugar, não respirar pela boca, apenas pelo nariz.
Depois, inspirar o ar muito lentamente e mantê-lo nos pulmões
durante o máximo de tempo possível. A expiração pode ser
rápida e forte. Quando sentis um mal-estar, como se fôsseis
invadidos por presenças obscuras, fazei este exercício:
inspirai o ar lentamente e depois eliminai-o de uma só vez
pensando que expulsais também essas presenças que criam
perturbações em vós.
E quando tiverdes a sensação de estar finalmente libertos
desses intrusos, chamai até vós presenças benéficas. Imaginai
que o vosso coração está cheio de uma luz dourada como se ele
fosse um pequeno sol de onde emanam raios. Como poderiam os
espíritos angélicos não se sentir atraídos por uma tal morada?"

"Os órgãos genitais não permitem unicamente aos humanos
assegurar a perpetuação da espécie, dão-lhes também a
possibilidade de participar na vida divina. Mas o cristianismo
nunca quis, ou nunca soube, de facto, falar corretamente a este
respeito. Desde logo, ao retirar a Jesus a condição humana,
declarando que ele nascera de uma virgem por intervenção do
Espírito Santo. Assim, toda a questão essencial do amor e da
sexualidade se encontra obscurecida e a própria palavra
“pureza” só pode ser compreendida de um modo muito limitado.
Como é possível não se ver que a pureza, tal como foi
apresentada aos cristãos, só pode ser uma inimiga da vida? Ora,
a vida defende-se. E se as pessoas se esforçam por reprimir a
energia sexual em vez de compreenderem porquê e como
canalizá-la para conseguirem as maiores realizações
espirituais, um dia acontecem fenómenos análogos à rutura de
uma barragem. Não há que ficar surpreendido, pois, se essa
“rutura” trouxer consigo toda a espécie de excessos e acabar
por impelir os homens e as mulheres a cometer atos insensatos, criminosos."

"Vós dizeis que quereis tomar o vosso Mestre como modelo. Mas um
verdadeiro Mestre dir-vos-á que tomeis antes como modelo o sol,
como ele próprio faz. Ele olha para o sol e estende os braços
na sua direção para que todos vão até ele e se impregnem da
sua vida, do seu calor e da sua luz, a fim de se tornarem
semelhantes a ele. Em relação ao vosso Mestre, retende
sobretudo que ele é como um marco de sinalização: mostra-vos o
caminho para irdes até ao sol.
O que respondeu João Batista aos seus discípulos que o
interrogaram sobre Jesus? «Eu batizo-vos com água, mas aquele
que vem depois de mim é mais poderoso do que eu e eu não sou
digno de apertar as suas sandálias. Ele batizar-vos-á com o
Espírito Santo e o fogo.» Depois, um dia, vendo Jesus
dirigir-se a ele, disse: «Eis o cordeiro de Deus, que tira os
pecados do mundo. Foi dele que eu disse: “Depois de mim virá
um homem que me precedeu, pois ele existia antes de mim.» Do
mesmo modo, um verdadeiro Mestre diz-vos: «Ali está o sol! Ide
ao seu encontro. Ele tem muito mais grandeza do que eu!»"

MESTRE OMRAAM MIKHAEL AIVANHOV

 
"Fazei esta experiência: durante pelo menos uma semana, procurai,
em todas as ocasiões, comportar-vos com autodomínio, sabedoria,
bondade, generosidade. Após esses poucos dias, sentireis que
adquiristes a capacidade para enfrentar a existência em melhores condições.
Quando conseguis melhorar o vosso comportamento, sois habitados
por uma força nova que protege e sustenta o vosso sistema
nervoso; sois mais capazes de assumir as vossas responsabilidades
e de enfrentar as diferentes situações que se vos apresentam.
Sentis que, interiormente, se está a construir e a consolidar
uma estrutura, que ela vos mantém com mais firmeza, vos dá a
possibilidade de resistir às provações e aos obstáculos.
Então, mesmo que vos aconteça ficar perturbados, fatigados,
desanimados, isso não durará: após uma oração, um momento de
recolhimento, muito rapidamente essa força se põe novamente a
trabalhar em vós para restabelecer tudo."

"Provavelmente, vós tendes familiares e amigos que não estão de
acordo com a via espiritual que decidistes seguir. Não deixeis
de falar com eles, procurai fazê-los compreender por que razão
escolhestes esta via. Não é necessário dar-lhes lições de
moral ou fazer-lhes grandes discursos, mas, de vez em quando,
durante a conversa ou a propósito de um acontecimento, deixai
cair algumas palavras. Mesmo que eles protestem ou finjam que
não ouviram, o pensamento que formulastes
deixará neles um registo benéfico.
Senão, sabeis o que pode acontecer? Quando esses seres tiverem
deixado a terra, continuarão a querer desviar-vos do vosso ideal
e virão até junto de vós apresentando os seus argumentos. E
aí, quando eles tiverem conseguido criar-vos dúvidas, vós
pensareis que essas dúvidas vêm de vós e acabareis por
capitular."

"Há imensas pessoas que procuram um Mestre sem saberem o que
devem esperar dele. Em algumas palavras, pode-se dizer que um
Mestre verdadeiro é um ser que trabalhou durante milénios para
vencer todas as paixões humanas. Por isso, emana dele algo de
luminoso, de puro, e, ao virem junto dele, ao escutarem as suas
palavras, os seus discípulos, que recebem uma pequena parcela da
sua vida, evoluem muito mais rapidamente.
De outro modo, para que pensais que pode servir um Mestre? Ele
não se ocupa de vos dar riquezas, nem uma situação, nem
mulheres ou maridos; a sua preocupação é a de vos transmitir
partículas de uma natureza superior que vibram em harmonia com o
Céu. E se vós conseguirdes receber essas partículas, se
conseguirdes conservá-las e até amplificá-las, com o tempo
sentireis que os vossos pensamentos, os vossos sentimentos e
mesmo a vossa vontade melhoram, tudo em vós melhora. Junto de um
Mestre, só deveis procurar condições para viver a vida divina."

"Conta-se que, num dia em que o profeta Maomé caminhava na cidade
em companhia de um dos seus discípulos, um homem surgiu de
súbito diante deles e atacou verbalmente o discípulo em termos
muito grosseiros. O discípulo começou por escutar com calma,
esforçando-se por conter a cólera, mas foi incapaz de se
controlar e depressa começou a ripostar. Depois de se terem
ameaçado mutuamente e de terem chamado todos os nomes um ao
outro, acabaram por se separar, mas o discípulo apercebeu-se de
que o Mestre já não estava ali e foi procurá-lo...
Quando o encontrou, mais adiante, sentado no canto de uma rua, o
discípulo disse a Maomé: «Ó Mestre, por que é que me
deixaste?» E Maomé respondeu-lhe: «É perigoso ficar entre
dois animais furiosos. Enquanto aquele homem te injuriava e tu te
mantiveste calado, estavas rodeado por entidades invisíveis que
respondiam por ti e te protegiam. Mas, quando começaste também
a gritar querendo defender-te por ti próprio, essas entidades
abandonaram-te e eu também, pois, pelo teu comportamento, tu
revelavas que não precisavas de nós"

"Enquanto os humanos não tiverem compreendido que devem ter um
alto ideal, uma ideia divina que ilumina e purifica a sua
atmosfera interior, o que quer que eles façam estarão sempre
insatisfeitos. Isso vê-se: mesmo em férias, mesmo nas melhores
condições, no campo, à beira do mar, na montanha, falta-lhes
qualquer coisa. Sim, mesmo fora dos escritórios, das oficinas,
das fábricas, eles sentem-se infelizes. Enquanto não tiverem
uma ligação ao mundo espiritual, nenhum meio material poderá
reconfortá-los; façam o que fizerem, sofrerão.
Evidentemente, ninguém pode afirmar com razão que a existência
dos operários, por exemplo, é magnífica, e que não existem na
sociedade enormes injustiças que é preciso remediar. Mas isso
é outra questão. A verdade é que, da forma como se encara
estes problemas, mesmo que haja grandes melhorias no plano
material, continuará a haver os mesmos descontentamentos ou
ainda piores. Eis a prova: nos últimos anos foram resolvidas
imensas questões materiais, mas as pessoas não se dizem mais
felizes nem mais satisfeitas. Isso mostra bem que o que lhes
falta é de outra natureza."

"As nossas fraquezas, tal como as nossas virtudes, são entidades
vivas que estabeleceram domicílio em nós. À medida que fazemos
esforços para nos melhorarmos, as entidades tenebrosas são
obrigadas a deixar-nos, pois a nossa atmosfera interior torna-se
irrespirável para elas. Elas não suportam a pureza e a luz que
nos esforçamos por introduzir em nós e põem-se em fuga. Mas,
quando já estão fora de nós, procuram novos domicílios
introduzindo-se noutras pessoas e é através delas que então
procuram fazer-nos mal.
Vós direis: «Mas, então, de que serve expulsar essas entidades
se elas irão continuar a perseguir-nos?» Na realidade, os
prejuízos causados são menores do que se elas habitassem em
nós; e, como vencemos esses inimigos no interior, estamos mais
fortes para os vencer no exterior. E ver-nos-emos livres deles
definitivamente? Não; enquanto estivermos na terra,
encontraremos dificuldades e adversários."

"Em certas regiões do mundo, há árvores de fruto plantadas nos
cemitérios e é permitido a quem os visita colher os frutos para
os comer. Podereis pensar: «Comer frutos das árvores que
crescem no meio de cadáveres? Que horror!» Mas de onde pensais
vós que vêm os frutos que comeis? Ao longo de milhares e
milhares de anos, quantas gerações de seres humanos se
sucederam na terra...? E onde pensais que estão os seus
corpos...? A terra inteira é um cemitério. Por toda a parte
onde andemos, caminhamos sobre cadáveres, e a maioria dos
alimentos que comemos cresce sobre cadáveres. Só que as plantas
são grandes alquimistas, elas transformam tudo. Quer lhes deem
adubos químicos, detritos ou cadáveres, elas fazem disso flores e frutos.
Então, quando vedes árvores cobertas de frutos maduros, pensai
nesse trabalho que elas são capazes de fazer. Aproximai-vos
delas e pedi-lhes que vos ajudem a realizar também esse trabalho
em vós mesmos, a fim de dardes frutos perfumados e saborosos:
pensamentos luminosos e sentimentos calorosos."

"Contrariamente ao que muitos imaginam, a espiritualidade não se
limita aos chamados exercícios espirituais: a meditação, a
oração... Na realidade, qualquer atividade da vida quotidiana
pode ser espiritualizada se se souber introduzir nela um elemento
divino. E, infelizmente, a oração, a meditação ou qualquer
outra atividade dita “espiritual” pode tornar-se extremamente
prosaica se não for animada, se não estiver apoiada, por uma
ideia sublime, por um ideal superior.
A espiritualidade não consiste em negligenciar ou menosprezar o
mundo material, mas sim em esforçar-se sempre por agir com a luz
e para a luz. A espiritualidade é sabermos utilizar qualquer
atividade, mesmo a mais vulgar, a mais prosaica, para nos
elevarmos, nos harmonizarmos e nos ligarmos a Deus. "

"Enquanto criaturas, todos nós necessitamos, para subsistir, de
receber elementos da criação: os alimentos, a água, o ar, o
Sol, etc., assim como de nos servir de todas as riquezas que a
matéria pode fornecer-nos. Só o Criador escapa a esta lei: Ele
não precisa de nada exterior a Ele. Sim, mas, como Ele deixou
algo da sua quinta-essência em cada criatura, uma centelha, um
espírito, que é da mesma natureza que Ele, por intermédio do
seu espírito cada ser humano pode, ele próprio, tornar-se criador.
Então, pensai nisso daqui em diante. Em vez de esperardes sempre
tudo do exterior, esforçai-vos por agir interiormente, por
intermédio do vosso pensamento e da vossa vontade, para
captardes o maior número possível de elementos de que
necessitais para vos alimentardes fisicamente e psiquicamente. O
ensinamento dos Iniciados sempre foi o ensinamento do espírito
criador, e aqueles que aceitam este ensinamento serão sempre
fortes e livres, estarão acima das circunstâncias."

"Os cânticos místicos que nós cantamos com a consciência do
seu poder e o desejo de nos harmonizarmos com a ordem cósmica
atraem os anjos. Eles aproximam-se e dizem: «Eis um lugar para
nós.» Começam a instalar-se nas regiões superiores do nosso
cérebro, para onde trazem também os seus instrumentos, os seus
violinos, as suas harpas... e misturam-se com as nossas vozes.
Então, quando sentem a presença desses visitantes reais, as
entidades obscuras que andavam por aí compreendem que já não
há lugar para elas e afastam-se.
Eu recordo-me da época em que, nas cidades e vilas da Bulgária,
ainda havia músicos e cantores de rua. Quem passavam dava-lhes
algum dinheiro; e, por vezes, também se abria uma janela na qual
se via aparecer o rosto de uma jovem bela, que atirava umas
moedas e sorria. É uma imagem daquilo que se passa no mundo
espiritual. Nós cantamos debaixo das janelas dos palácios
celestes e os anjos atiram-nos “moedas”, que são alegrias, luzes."

"Quando assistis ao nascer do Sol, concentrai-vos nele e dizei:
«Assim como o Sol se ergue sobre o mundo, que o Sol espiritual
do amor, da sabedoria e da verdade se erga no meu coração, na
minha alma e no meu espírito.» Estas palavras pronunciadas
favorecem a realização: assim como o Sol nasce na natureza, o
Sol espiritual nascerá em vós. Durante o período da Lua
crescente, à noite, antes de adormecerdes, dizei: «Tal como a
Lua se enche, que o meu coração se encha de amor, que o meu
intelecto se encha de luz, que a minha vontade se encha de força
e que o meu corpo físico se encha de saúde e de vigor.» E na
primavera, quando surgem as primeiras folhas e as primarias
flores, dizei: «Tal como a natureza desabrocha, que todo o meu
ser desabroche e floresça, que toda a humanidade
viva na eterna primavera!»
A verdadeira magia branca é isto: estar atento à vida da
natureza, associar-se a ela e pronunciar este tipo de fórmulas.
E assim tornar-vos-eis filhos e filhas de Deus, pois, pela
palavra criadora, pela palavra que criou o mundo, criareis
incessantemente, por toda a parte, um mundo novo."

"Vós dizeis que é impossível ajudar o mundo inteiro, levar a
harmonia e a paz a todos os humanos, porque eles são muito
numerosos! Evidentemente, se apresentardes o problema deste modo,
é impossível fazer o que quer que seja. Mas, se conhecerdes
certos métodos, tornar-se-á possível.
Tentai, por exemplo, imaginar a humanidade como um único ser.
Sim, imaginai o mundo inteiro como um ser que está ali perto de
vós e que lhe estendeis a mão enviando-lhe muito amor... Nesse
momento, há pequenas partículas da vossa alma que partem em
todas as direções do espaço e aquilo que vós fazeis por esse
ser reflete-se em todos os homens e mulheres do mundo que, pouco
a pouco, começarão a ter outros pensamentos e outros desejos,
melhores, mais generosos. Se fôssemos centenas ou milhares a
fazer este exercício, um novo sopro, um sopro divino, passaria
através de todas as criaturas e, um dia, elas despertariam
verdadeiramente transformadas."

"Por estarem habituados a esperar tudo do mundo exterior, seja dos
seres ou das coisas, os humanos têm sempre necessidade de
receber... E mesmo de se apropriar, pois, quando não recebem
aquilo que esperam, procuram obtê-lo por todos os meios, mesmo
os mais ilícitos. E é esse o lado negativo deste hábito de
esperar tudo do exterior. Quem consegue sentir que possui tudo
nele mesmo acha-se tão rico que sente necessidade de dar aos
outros alguns desses tesouros que já não pode conter.
Aprendei, pois, a procurar a riqueza em vós mesmos. No começo,
talvez não encontreis grande coisa, mas, pouco a pouco, ficareis
deslumbrados pela abundância e pela beleza do que conseguireis
descobrir. Então, não pensareis em mais nada senão em
partilhá-lo com os outros e, graças a essa necessidade de dar
sempre, aproximar-vos-eis da Divindade."

"Uma das funções da mão é a de nos permitir entrar em contacto
com os seres. Quando encontramos pessoas que conhecemos ou mesmo
desconhecidos, nós dirigimos-lhes uma saudação ou damos-lhes
um aperto de mão. Mas a mão não é apenas um meio para
estabelecermos relacionamento com os seres humanos, graças a ela
nós também podemos entrar em relação com a natureza.
Habituai-vos a fazer uma saudação ao céu, ao Sol, às
árvores... quando, de manhã, abris a vossa janela ou a vossa
porta. Dizei «Bom dia!» a toda a criação. Perguntar-me-eis:
«Mas isso é útil? Serve para alguma coisa?» Sim, serve para
começar o dia com um ato essencial: ligardes-vos às fontes da
vida. Em resposta à vossa saudação, toda a natureza se abrirá
também a vós, ela enviar-vos-á energias para todo esse dia que
começa e vós sentir-vos-eis mais vivos."

"Há imensos problemas que podem ser resolvidos graças a métodos
muito simples! E esses métodos muito simples são, geralmente,
os que os sábios ensinam. Mas quem é que os toma a sério? Eles
são mesmo muito simples e os humanos só acreditam em soluções
complicadas. Se, para os libertar dos seus tormentos, um sábio,
um Iniciado, lhes disser: «Fechai os olhos... acalmai-vos...
respirai... enviai o vosso amor a toda a humanidade, a toda a
natureza, harmonizai-vos com o universo...», eles não lhe
darão ouvidos. Em vez de porem estes métodos em prática para
verificarem a sua veracidade, eles irão procurar supostos magos
para que estes lhes ensinem fórmulas cabalísticas, lhes
preparem talismãs ou lhes revelem alguns segredos herdados dos
Tibetanos ou dos Aztecas. Mas pode suceder que esses talismãs e
esses segredos não tenham qualquer eficácia ou até sejam nocivos.
Para se obter grandes resultados e adquirir grandes riquezas
espirituais é preciso ter consideração por métodos e regras
aparentemente insignificantes. Sim, aparentemente insignificantes,
mas, na realidade, os mais eficazes, porque
estão baseados num conhecimento exato do ser humano."

"Quando vós despertais, todas as manhãs, tendes imediatamente
consciência de que sois privilegiados? Vós tendes braços,
pernas, mãos, boca, ouvidos, olhos... Imaginai que uma manhã,
ao despertar, vos apercebíeis de que já não conseguíeis ver,
nem ouvir, nem mexer um membro... Isso pode suceder (e também
pode suceder não acordardes sequer!)... Mas todas as manhãs
vós despertais com todas as vossas faculdades e nem sequer
tendes consciência disso, não ficais reconhecidos por isso.
Vós tendes tesouros, tendes possibilidades extraordinárias e,
por vos faltar um dinheirito ou por não terdes obtido o sucesso
que esperáveis, estais sempre a queixar-vos, a revoltar-vos e a
tornar-vos infelizes. Refleti um pouco e percebereis até que
ponto estais a ser ingratos e pouco inteligentes.
Aprendei a agradecer diariamente. Logo desde o começo do dia,
quando despertais e vos apercebeis de que estais ali, intactos,
com todas as vossas faculdades, prontos a começar uma nova
jornada, agradecei, e sentir-vos-eis bem-aventurados..."

"Para apreciar o valor de alguém, a maioria das pessoas têm em
conta a sua situação social, a sua fortuna, os seus diplomas,
as suas maneiras mais ou menos sofisticadas, e é em função
dessas vantagens exteriores que lhes atribuem responsabilidades
ou lhes concedem privilégios. É por isso que elas se enganam
muitas vezes, porque não tiveram em conta o essencial, o caráter.
Um Iniciado, pelo contrário, para se pronunciar só tem em conta
o caráter. Tudo o que uma pessoa adquiriu ou recebeu de exterior
não o impressiona, pois é fácil adquirir o talento, as
habilidades, a erudição ou até a fortuna: bastam alguns anos
ou até alguns meses, conforme os casos. Mas são necessárias
vidas e vidas de trabalho, de esforços, para desenvolver o
altruísmo, a lealdade, a bondade, a generosidade, a coragem... E
os Iniciados só têm consideração por estas qualidades."

Fonte:http://naluzdamanu.blogspot.com.br/search?q=PENSAMENTOS+DE+MESTRE+OMRAAM+MIKHAEL+AIVANHOV

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