O MAGO E "A ESPIÂ" - LIVRO EM LANÇAMENTO MUNDIAL DO ESCRITOR PAULO COELHO

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O mago e a espiã


Em novo livro, Paulo Coelho reconta a vida de Mata Hari – a dançarina acusada de espionagem durante a Primeira Guerra Mundial – para falar de liberdade, intolerância e injustiça

Apenas uma figura extraordinária como Mata Hari – talvez a mulher mais desejada e temida de sua época – poderia balançar Paulo Coelho a ponto de levá-lo a embarcar em um gênero literário inédito em sua carreira. Com “A Espiã” (Editora Paralela), que chega às lojas dia 15, o escritor mais traduzido do mundo acrescenta à sua extensa obra uma “ficção histórica”. Sem a intenção de ser uma biografia de Margaretha Zelle, nome de batismo da dançarina holandesa que seria fuzilada na França durante a Primeira Guerra sob acusação de espionagem, o livro é apenas “baseado em fatos reais”. Na nota em que lista as principais fontes que consultou para compor sua versão de Mata Hari, o autor adverte: “Fui obrigado a criar alguns diálogos, fundir certas cenas, alterar a ordem de alguns poucos eventos e eliminar tudo aquilo que julguei não ser relevante para a narrativa”. Quem quiser ir mais fundo na história real pode consultar o “Dossiê Mata Hari”, escrito pelo serviço de inteligência britânica e tornado público em 1999. O documento está na página de Paulo Coelho na web.
O mago e a espiã
PODEROSA A dançarina que abalou a Paris da belle époque: seu crime foi ser uma mulher livre
O que teria levado o autor de “O Alquimista” a escrever sobre Mata Hari? A resposta está em parte nas entrelinhas do texto pontuado por aforismos como os que ajudaram o escritor a se tornar um sucesso global. “Quando não sabemos aonde a vida está nos levando, nunca estamos perdidos”. A frase com jeito de provérbio parece ter sido escolhida para dar ao leitor uma “pílula de sabedoria”. Esse recurso estilístico tem sido uma marca de Paulo Coelho desde “O Diário de um Mago” (1987). No caso de “A Espiã”, as frases de efeito entremeiam a jornada de aventuras e escolhas de uma mulher à frente de seu tempo. “Sou uma mulher que nasceu na época errada e nada poderá corrigir isso. Não sei se o futuro se lembrará de mim, mas, caso isso ocorra, que jamais me vejam como uma vítima, mas sim como alguém que deu passos corajosos e pagou sem medo o preço que precisava pagar”, diz a Mata Hari de Paulo Coelho.
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INOCENTE
A dimensão heroica da personagem é outra razão que justifica o interesse em revisitá-la. Uma mulher assim merece ser lembrada – tanto pelo que ela fez quanto pela forma como foi compreendida. A estrutura de “A Espiã” é basicamente a de uma carta. Na verdade, duas. Na primeira, escrita por Mata Hari, o destinatário é o advogado que pode livrá-la da sentença de morte. Escrita na cadeia, nos dias que precederam seu julgamento, a carta não só relembra tudo o que ela viveu como apela para sua inocência. “Olho para minha vida e entendo que a memória é um rio que corre sempre para trás. Memórias são cheias de caprichos”, afirma. Ela então descreve a infância na Holanda calvinista, o abuso sexual imposto pelo diretor da escola, o casamento com um militar que a levaria a viver na Indonésia, o arrebatamento causado pelas danças sagradas das tribos de Java, a visão terrível do suicídio de uma amiga e, finalmente, a fuga para a França com nome falso. Em plena belle époque, ela se tornaria um mito, conhecendo os mais influentes artistas, empresários e políticos de Paris e Berlim. As cenas ajudam a entender a personalidade de Mata Hari e criam a expectativa quanto ao que a levaria ao fuzilamento.
A segunda carta, datada de 14 de outubro de 1914, traz a resposta do advogado, afirmando que o pedido de perdão fora negado pelo presidente francês. O livro insiste na tese da completa inocência de Mata Hari, afirmando que seu único crime foi ser uma mulher livre. Por esse ângulo, “A Espiã” é também o retrato de uma era de injustiças.
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PAULO COELHO EM NÚMEROS
O autor foi traduzido para 80 idiomas, um recorde mundial
“O Alquimista” está entre os mais vendidos do “New York Times” há mais de 400 semanas
Sua obra foi publicada em 170 países
Seus livros venderam 210 milhões de exemplares
Fonte:http://istoe.com.br/o-mago-e-espia/

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