Com o interesse nas décadas passadas e ainda atualmente sobre o Arcano ou Maithuna, o ritual tântrico de características eróticas e sexuais, muito material encontra-se disponível em sites e mesmo em perfis de facilitadores, magos, tantrikas e esoteristas.
Sem me ater sobre a autenticidade de cada escola ou Ritual mágico, gostaria de focar nas diferentes aplicações do Ritual, levando-se em conta o máximo de respeito à cada linhagem, Kula, escola mágica ou família espiritual. Mesmo aquelas que estão apoiadas ou centradas no discurso de Osho e dos neo-tântricos.
Fazendo uma breve e rápida análise destas experiências coletivas, percebo e compartilho que as estéticas ritualísticas são bem diversas, algumas tem aquelas nuances e indumentárias mais “exóticas”, e espero que esta palavra não soe de maneira pejorativa, porque não é mesmo a minha intenção.
Exemplifico com os trabalhos mágicos de estudantes da bruxaria, da Alta Magia, de escolas herméticas associadas ou não com os escritos de Aleister Crowley e outros magistas mais ou menos afamados. Estas escolas tenderão a experiências mais ritualísticas, com Invocações e objetos mágicos – fetiches, que podem soar temerosos ou até mesmo, malignos para pessoas muito supersticiosas ou que fogem de qualquer elemento que tenha alguma semelhança com a tal da “magia negra”, conceito por demais preconceituoso e limitado.
Indumentárias que já revelam um total desprezo por convencionices santarronas e com as estéticas mais “boazinhas”. Nestes círculos de praticantes, teremos capas negras, velas pretas e vermelhas, pentagramas, vinho e consumo de secreções sexuais, deidades furiosas ou sombrias, como no caso do Bode de Memphis ou Baphometh, espadas e/ou adagas, entre outros objetos. Elementos realmente herméticos e de compreensão difícil para quem não está habituado com a linguagem crepuscular ou secreta.
De outro modo, teremos rituais mais brandos, com a construção de um espaço metageográfico mais intimista e até mesmo romântico. Ambiente perfumado, flores, velas, oferendas de frutas, também, não raro, o consumo de vinho, sedas e outros ornamentos que inspiram afeto e proximidade entre os praticantes!
Nesta abordagem, pode-se estar presente um altar devocional, com deidades hindus ou outras ligadas aos ritos de fertilidade ou com o bom e velho paganismo!
Desta estética pode-se aproximar-se ainda mais das culturas que servem de berço ao Tantra, com a aplicação e prática de Kirtan ou Bhajan (Canto devocional), exercícios de contemplação meditativa, de Yoga, kriya Pranayamas, Vikalpa (visualização), Sankalpa (afirmação positiva), etc. O que não significa que todos estes elementos e práticas supracitadas, não estão presentes nas versões mais, digamos, “góticas” ou “hadcore” do Tantra!
Ainda existem aquelas práticas com influência estética do Vajrayana ou Budismo Tântrico. Contudo, na maioria dos casos isto trata-se de licença poética e interpretação pessoal da práxis tântrica do Vajrayana, já que os exercícios de ordem sexual na maioria das escolas budistas, é secreta e são aplicadas pontualmente dentro de um ciclo profundo e extenuante de treinamento na Meditação Budista, muitas vezes, destinada apenas aos lamas, monges e a um seleto grupo de leigos!
No centro das atenções, por força de propaganda e marketing feroz, temos as aplicações de ordem sexual dos neo-tântricos, que contemplam o Maithuna e alguns exercícios de ordem sexual como terapia. Neste caso cada terapeuta segue uma norma de atendimento e de elaboração estética de suas atividades.
E existem ainda, praticantes e transcendentalistas que se servem do sexo como ferramenta de alteração e expansão de energia, sem qualquer tipo de elemento que faça menção ao Tantra Hindu ou Budista. Nestes casos o sexo serve a função de “método de fricção”, e entenda essa “fricção” como austeridade e exercício espiritual, não apenas como a fricção das carnes, mas como estímulo psíquico!
Como disse, não pretendo me estender muito aqui, ainda que o tema mereça e seja realmente vasto. Também, como disse no início de meu texto, de modo algum pretendo dizer o que é válido e autêntico, tampouco arrotar aqui o que não serve aos princípios originais do Tantra. Mas de outro modo, contemplar aquilo que é comum em todas esta diversidade de aplicações e entendimentos.
Seja no Ritual de Alta magia, seja nas práticas do Neo-tantrismo, das estéticas budistas ou hindus, e mesmo na prática psiconáutica, em todas elas, independente da forma e mesmo do conteúdo, TODAS elas possuem um mesmo elemento:
O corpo, os sentidos, a libido.
E um mesmo objetivo:
A sensibilização, alteração, expansão e elevação da Consciência!
Outros critérios e objetivos poderiam ser abordados obviamente, mas fico com isto que nos irmana, que nos fortalece em nossa caminhada, e mesmo quando não em absoluto acordo, podemos sim, dialogar, debater, refletir, aprender!
Críticas construtivas são muito bem-vindas, de todas as partes, de todos as percepções, e que nesta grande teia (Tantra), possamos fluir e expandir, mais e mais lucidez!
Dedico estas palavras aos muitos amigos e amigas, de diferentes linhagens e caminhos!
Dakshina Marga, Vama Marga, kaula Marga, Ananda Marga, Neo-tantrikas, Magistas, Budistas, Shaivas, Shaktas, Aghoris, Yoginas, Sahajiyas, enfim à todas as vertentes do Tantra e a todos os Tantrikas, meu voto de amizade e Unidade!
Jaya Tantra Marga!
Jaya Prema Marga!
Prema Seva!
Fonte:http://circulotifoniano.blogspot.com/2014/10/a-magia-sexual-e-seus-elementos.html
Comentários
Postar um comentário