“Por que uma garota como você decidiu
estudar o mundo da pornografia?” foi uma pergunta que a socióloga Chauntelle Tibbals ouviu diversas vezes
enquanto produzia sua tese de doutorado. O preconceito, não só no meio
acadêmico, a impulsionou ainda mais a investigar como a sociedade enxerga e
consome entretenimento adulto. Em vez de apenas se debruçar sobre artigos e
trabalhos sobre o assunto, Chauntelle quis conversar com as pessoas envolvidas
nessas indústria polêmica e bilionária - entrevistou atores e atrizes pornôs,
diretores, produtores etc. E observou centenas de cenas em sets de filmagem, em
vídeos e nos portais eróticos da internet.
Depois de dez anos, já Ph.D. em gênero
e sexualidade, ela publicou o livro “Exposure – A sociologist explores sex, society and adult
entertainment”(em
tradução livre: “Escândalo - uma socióloga explora sexo, sociedade e
entrenimento adulto”). Nele traz os bastidores da pornografia, questiona dados
e pesquisas, debate esterótipos e convida a uma reflexão mais abrangente.
Embora sua especialização cause certo receio de que sua narrativa técnica e
tediosa, Chauntelle surpreende com uma linguagem fácil e passagens
inusitadamente divertidas.
- Em seu livro, você diz que no geral as pessoas têm visões negativas a
respeito da pornografia - que ela é prejudicial, machista etc. Antes da sua
pesquisa, você também pensava dessa forma? O que mudou sua opinião?
CHAUNTELLE – Com certeza pensava assim.
Quando era jovem, essa era a única narrativa divulgada sobre pornografia, com
algumas raras exceções. O que começou a mudar minha opinião foi estudar sobre a
indústria como uma comunidade e realmente conversar com quem está nela. Percebi
que, embora pornô não seja para todo mundo (como consumidor ou profissional),
existem múltiplas formas de olhar para as coisas. Quanto mais investigava, via
erros gritantes em muitos trabalhos sobre o assunto. Parece que a visão
negativa de algumas pessoas acerca da indústria pornográfica corresponde com a
falta de metodologia em suas pesquisas e artigos. É interessante como a relação
de amor e ódio em relação ao pornô é global - ao mesmo tempo em que a sociedade
o consume, também o rejeita.
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