O CONSELHO DAS 13 AVÓS NATIVAS DA FLORESTA AMAZÔNICA





"Hoje vivemos num mundo esquecido, cheio de ilusões e sem sentido. Tanta guerra,tanto desespero! Enquanto isso, toda a magnificência da Criação nos traz conforto e paz. Contém os elementos dos quais fomos criados e que nos tornam irmãos danatureza. Possui as quatro direções que nos guiam. 

Tão simples e linda, inspira nossa jornada aqui nos dias de hoje. E apesar de toda a guerra, um vestígio de paz expande dentro de nós, uma mensagem que vem dos nossos ancestrais, nossos avós, bisavôs, tataravôs, que nos inspiram com sua coragem e nos protegem de todo o esquecimento. 

Através do tempo, profecias foram ditas que no momento que a transmutação começasse, as mulheres estariam a frente desde processo. E aqui estamos nós,trazendo nossa semente. "

Maria Alice Campos Freire
Mapiá, Brasil Amazônia


A avó Maria Alice Campos Freire nasceu no Brasil. Ela recebeu o nome de sua avó paterna a quem muitos consideravam louca porque ela tinha problemas de memória e parecia viver em outro mundo. Maria Alice sentia-se ligada a sua avó, porque ela também se sentia mais conectada com os Seres Estelares do que com a vida na Terra. "Eu não conseguia me encaixar nas estruturas e me sentia muito longe desta realidade.", disse ela.

Quando ela cresceu, o Brasil passou por muita violência e perseguição por causa de uma ditadura militar. Aos 17 anos, grávida, Maria Alice foi presa e torturada. Sua filha nasceu depois que Maria Alice tornou-se refugiada política na Europa.

A avó Maria Alice voltou ao Brasil depois de receber anistia. Novas portas se abriram para ela. Ela foi iniciada na Umbanda, uma religião brasileira com base em ritos africanos, brasileiros, indígenas e tradições cristãs. Em um ritual, ela teve uma visão com um mensageiro chamado Mestre Irineu. Mestre Irineu era o guardião espiritual do Santo Daime, um chá sacramental usado apenas durante as cerimônias da religião do Santo Daime. Quando Maria Alice bebeu o Santo Daime pela primeira vez, sua miração lhe disse para ir para a Amazônia. Ela também percebeu que seu sofrimento passado ajudou a abrir a sua espiritualidade.

Na Amazônia, a avó Maria Alice conheceu o Padrinho que a chamou em espírito. Sebastião, um discípulo do Mestre Irineu, liderava uma comunidade espiritual no interior da Floresta Amazônica. A comunidade utilizava plantas sagradas da floresta como medicina tradicional.

Pessoas de todo o mundo vieram para conhecer o padrinho Sebastião e tomar o Santo Daime, aprendendo sobre suas vidas passadas e compromissos atuais. "Nossa comunidade é dedicada a trazer felicidade para as pessoas, para mostrar que essa alegria é possível", diz a avó Maria Alice. Também faz parte da comunidade do Santo Daime a avó Clara. Juntas, elas têm viajado o mundo para ajudar outras comunidades e igrejas em seus trabalhos de cura.

Hoje, a avó Maria Alice é uma mestre das cerimônias de Umbanda da igreja do Santo Daime, no Céu do Mapiá. Ela também é curadora, e fundadora do Centro de Medicina da Floresta e trabalha ativamente na preservação da floresta. Dirigindo-se ao Conselho das avós pela primeira vez, a avó Maria Alice falou desse momento especial:

"Eu acredito que todos nós fomos guiados para estar aqui ... Não podemos dizer que somos dessa raça ou de outra. Nós todos fomos diferentes em nossas muitas vidas, e agora nossos caminhos se cruzam para que possamos nos ligar a partir de muitos credos e culturas diferentes. Mas todos nós somos parte da mesma chama da vida. "


"Nesses temos que vivemos, quando matar parece quase natural, estamos aqui nestes dias de oração para podermos iluminar a consciência desse planeta em agonia. Dentro dos nossos corações, eu acredito que cada uma de nós presente nesse encontro sente muita esperança. Esta é uma semente sendo plantada."

Clara Shinobu Iura
Mapia Amazônia, Brasil


A avó Clara Shinobu Iura nasceu e cresceu em São Paulo, Brasil. Ela é filha de imigrantes japoneses que seguiam costumes tradicionais que eram muito repressivos, especialmente em relação às mulheres. A avó Clara não se adequava, fazia perguntas e estava muito preocupada com as injustiças sociais. Na época, ela não acredita em verdades espirituais.

Quando a política brasileira mudou com o golpe militar, a família de Clara foi à bancarota, e a avó Clara foi finalmente autorizada a trabalhar. O trabalho lhe deu a liberdade para conduzir sua própria vida. Ela estudou filosofia e se juntou a outros que debatiam sobre o status quo. Ela começou a ter um estilo de vida radical. Em um ponto de sua vida, Clara morou em uma casa abandonada onde ela guardava suas roupas num saco e cozinhava suas refeições em latas. "Felizmente eu fui salva pela Providência Divina, quando eu fui magicamente colocada em contato com pessoas de diferentes religiões e ensinamentos espirituais", disse a avó Clara.

Pessoas ligadas a Bhagwan Rajneesh abriram as portas de suas percepções. As coisas que ela acreditava como ficção, começaram a mostrar-se como verdadeiras. Vários tipos de espíritos vieram falar com ela. O mais notável foi um encontro com seres de um planeta a uma grande distância da Terra. Sua presença durou três meses."Quando eles entraram em contato comigo, senti meu corpo alterar, e durante esses três meses eu quase não dormi ou comi. Eu não podia duvidar, porque a prova era grande."

"Os seres tinham mensagens para os povos da Terra. Nos alertam a parar de destruir nosso planeta e para lembrar de nossa ligação espiritual". Eles informaram que ela iria encontrar pessoas, como ela, que estavam em busca de consciência espiritual e de maneiras de salvar o planeta. Só muitos anos depois que Clara conheceu a religião do Santo Daime em Visconde de Mauá. "Essas eram as pessoas que eu estava procurando a mais de sete anos."

O Lider da comunidade do Santo Daime era Sebastião Mota de Melo. Logo após seu primeiro encontro, para grande surpresa de Clara, Sebastião exclamou: "Ah! Finalmente a pessoa que eles (os espíritos) disseram que iriam enviar para mim, chegou." A partir daí, as portas se abriram e a avó Clara foi levada ao Céu do Mapiá na floresta amazônica. Também faz parte da comunidade do Santo Daime a avó Maria Alice Campos Freire. Sebastião viu excepcionais poderes de cura em ambas e as chamou para fazer o seu trabalho de cura juntos.

Hoje, 18 anos depois, a avó Clara Shinobu Iura permanece na floresta amazônica, um dos maiores tesouros biológicos da Terra. Ela se sente testemunha da verdade pela escolha de seu caminho espiritual. 



“O passado não é um peso; 
é um trampolim que nos trouxe até este dia.

Somos livres para sermos quem somos -
para criar nossa própria vida 
a partir de nosso passado e do nosso presente.
Somos nossos ancestrais.
Quando podemos nos curar, também curamos nossos ancestrais, nossas avós, avôs e nossos filhos. 
Quando nos curamos, curamos a Mãe Terra.”



No outono de 2004, treze avós nativas de todo o mundo – as Américas: Norte Distante, Norte, Sul e Centro; África; e Ásia – se encontraram em um centro de retiro no estado de Nova Iorque e concordaram em formar uma aliança.
Elas declararam: NÓS, O CONSELHO INTERNACIONAL DAS TREZE AVÓS NATIVAS, representamos uma aliança de prece, educação e cura para nossa Mãe Terra, todos Seus habitantes, todas as crianças, e para as próximas sete gerações. Estamos profundamente concernidas com a destruição sem precedentes de nossa Mãe Terra e a destruição dos modos de vida nativos. Acreditamos que os ensinamentos de nossos ancestrais iluminarão nosso caminho pelo futuro incerto. Procuramos aumentar nossa visão através de projetos que protegem nossas várias culturas: terras, medicinas, língua e modos cerimoniais de prece e através de projetos para educar e nutrir nossas crianças.
O Conselho da Avós se reúne a cada seis meses, viajando o mundo para cada um dos lares para cultivar sua prece unificada pela paz. Na primavera de 2005, o Conselho da Avós se reuniu na casa da avó Maia Flordemayo no Povoado Pojoaque no Novo México. Em maio de 2006, eles visitaram a avó Mazateca Julieta Casimiro em Oaxaca, México. Se encontraram em Dharamsala, Índia, em outubro de 2006, (a casa da avó Tibetana exilada Tsering Dolma Gyaltong), e o Conselho teve uma audiência particular com Sua Santidade o Dalai Lama. Em junho, 2007, as avós se juntaram nos Montes Negros (Black Hills) de Dakota do Sul para honrar a Dança Sagrada dos Visitantes de Rita e Beatrice Long, culminando com uma Dança do Sol. No horizonte próximo, as avós viajarão ao Gabão, África, em 2008 até a casa da avó Bernadette Rebienot.
Os ensinos das avós estão rapidamente se espalhando ao redor do mundo. Seu livro, Avós Aconselham o Mundo: Anciãs Nativas Oferecem Sua Visão para Nosso Planeta (Shambhala Publications, 2006 – ainda sem tradução em português) que está em sua segunda edição. O filme documentário sobre os esforços do Conselho, “Para as Próximas Sete Gerações: A Palavra da Avós”, será lançado em 2008.
A participação em um programa de televisão da Link TV “Spacebridge” (Ponte Espacial) entre Dharamsala e a Conferência Bioneers resultou em um documentário lançado pela Link TV em julho de 2007. As avós participaram da Conferência Bioneers em outubro de 2007.

O CONSELHO DAS AVÓS - Elas se uniram com um objetivo comum: curar o mundo. Treze avós indígenas procedentes de todos os cantos da Terra

Não é tarde para curar o mundo



"A terra e os elementos têm capacidade para curar-se. Quem sabe isto não ocorra durante nossa vida, mas tudo leva seu tempo e vai ser necessário um bom grupo de pessoas que creiam nisso".
(Flordemayo - Avó Maya)


Treze avós indígenas procedentes de todos os cantos da Terra, desde as tribos norte-americanas até a Índia, passando pelo Brasil, África e selva amazônica. Elas se uniram com um objetivo comum: curar o mundo.

Houve um tempo, não faz muitos anos, em que os anciões eram respeitados e admirados pela sua experiência. A eles recorria-se para pedir conselho; eles tinham quase a última palavra dentro das famílias. Mas hoje, na maioria das sociedades ocidentais, a estrutura familiar mudou: se reduziu drasticamente e é cada vez mais rara a convivência de três(ou mais) gerações em um mesmo espaço. O papel dos avós se limita, em muitos casos, a cuidar dos netos que seus próprios filhos não podem atender devido às extensivas jornadas de trabalho. Nossa sociedade rende culto à juventude (aparente ou real) e à novidade, em detrimento à experiência e sabedoria. Quem nos orienta então? Como encontrar esta voz da experiência?

A resposta chega dos que seguem vivendo em contato estreito com a Natureza: os grupos indígenas. Entre os índios americanos, as tribos africanas e da Amazônia, os povos do Ártico ou as comunidades espirituais do Tibet, os anciões são um exemplo, apoio e comando. Dentre estes anciões, têm sido as mulheres as que têm se colocado em marcha para o que consideram uma tarefa de vital importância: aportar sua experiência para curar um mundo que vem sofrendo com a fome, as doenças, as guerras, a falta de diálogo e a morte lenta da Natureza. As "GrandMothers" (ou Avós) são um conselho de treze mulheres indígenas de todo o mundo reunidas para uma múltipla reivindicação: pelo valor dos anciões, pelo respeito à mulher, pela preservação de suas culturas e pela salvação da Terra e de todos os seres que a habitam. Contam para isso, com meios quase exclusivamente espirituais: as Avós possuem a sabedoria que pode nos curar, baseada em seu contato direto com a Natureza e os ensinamentos transmitidos de geração a geração. Ensinam a fazer frente ao desequilíbrio atual e à doença com a fé, a tradição e a medicina natural. Desde sempre, fazem-no desde suas zonas de origem; há apenas um ano, trabalham para todo o planeta no Congresso Internacional das Treze Avós.

Quem são elas:

Aama Bambo - Nepal
Margaret Behan - Cheyenne-Arapahoe 
Rita Pitka Blumenstein -Yupik 
Julieta Casimiro - Mazateca 
Maria Alice Campos Freire - Brasil
Flordemayo - Maya
Tsering Dolma Gyalthong - Tibet
Beatrice Long Visitor Holy Dance - Lakota 
Rita Long Visitor Holy Dance - Lakota 
Agnes Pilgrim - Takelma Siletz 
Mona Polacca - Hopi/ Havasupai 
Bernadette Rebienot - Bwiti 
Clara Shinobu Iura - Brasil

Biografias podem ser vistas no site do conselho


A profecia do Tambor

O Tambor da Avó é um dos instrumentos do Conselho. Foi construído no ano de 2000 a partir de uma visão das indígenas do Alaska para convertê-lo no símbolo de sua missão. Têm 200 cristais em sua base e viaja por todo o mundo como um símbolo da união universal. Dizem que seu som move almas e corações. Seu centro de pele de búfalo emite um estrondo grave para curar o mundo na próxima década. As Avós percorrem com ele o Anel de Fogo geológico do nosso planeta, um fogo que se ativar, segundo a profecia das Avós, renovará a vontade global de reconciliação e de paz.

Nota: (Texto traduzido livremente por Tatiana Menkaiká.
Veja a matéria original na íntegra em nossa seção de Textos em Espanhol
Página do Conselho das Treze Avós www.grandmotherscouncil.com
Foto: Marisol Villanueva)





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