
Persona
Por: Hellen Reis Mourão
A persona é um arquétipo, que possui como função básica a adaptação do indivíduo com o mundo externo. É uma função psíquica que ajuda na adaptação social, nos relacionamentos e nos intercâmbios entre as pessoas.
Seu nome é inspirado pelo termo romano para designar máscara. A máscara que os atores utilizavam no antigo teatro greco-romano.
Portanto, é o rosto que usamos para o encontro com o mundo que nos cerca.
Podemos ver essa definição em Arquétipos e o inconsciente coletivo, p.43:
“A palavra persona é realmente uma expressão muito apropriada, porquanto designava originalmente a máscara usada pelo ator, significando o papel que ia desempenhar. Como seu nome revela, ela é uma simples máscara da psique coletiva, máscara que aparenta uma individualidade (grifo do autor), procurando convencer aos outros e a si mesma que é uma individualidade, quando, na realidade, não passa de um papel, no qual fala a psique coletiva.”

A persona é muito importante e não significa necessariamente falsidade. Afinal de contas nós não podemos nos comportar no trabalho da mesma forma que nos comportamos em um barzinho com os amigos. Se fizéssemos isso, perderíamos nossos empregos.
Essa instância psíquica só passa a ser prejudicial quando o ego se identifica apenas com um papel. Se afastando a ponto de se esquecer de sua verdadeira essência.
Um exemplo disso é o homem de negócios que leva trabalho para a casa e não dá a devida atenção a família, a ponto de terminar sendo abandonado por ela.
Novamente em Arquétipos e o inconsciente, pg.79, Jung deixa isso mais claro:
“A persona é um complicado sistema de relação entre a consciência individual e a sociedade; é uma espécie de máscara destinada, por um lado, a produzir um determinado efeito sobre os outros e por outro lado a ocultar a verdadeira natureza do indivíduo. Só quem estiver totalmente identificado com a sua persona até o ponto de não conhecer-se a si mesmo, poderá considerar supérflua essa natureza mais profunda. No entanto, só negará a necessidade da persona quem desconhecer a verdadeira natureza de seus semelhantes. A sociedade espera e tem que esperar de todo indivíduo o melhor desempenho possível da tarefa a ele conferida; assim, um sacerdote não só deve executar, objetivamente, as funções do seu cargo, como também desempenhá-las, sem vacilar a qualquer hora e em todas as circunstâncias.”
Enquanto arquétipo, a persona está contida no inconsciente coletivo. Portanto, ela possui certa autonomia em relação ao ego, podendo “engoli-lo”, a ponto de fazer o individuo se comportar de uma forma unilateral em todas as situações externas, o que gera grandes problemas de adaptação social.
Outro equivoco bastante comum, encontrado no meio “junguiano” é dizer que a persona faz um par de opostos com a sombra.
Como mediadora entre o ego e o mundo externo a persona forma um par de opostos com a anima (ou animus), que são os mediadores entre o ego e o mundo interno. A persona se ocupa com a adaptação do indivíduo ao coletivo, já a anima/animus estão ocupados com a adaptação àquilo que é pessoal, interior e individual.
A sombra ao contrário do que se imagina, não faz oposição a persona, mas sim ao ego. Isso só vai ocorrer, caso o ego esteja fortemente identificado com a persona.

Faz parte do processo de individuação reconhecer as máscaras que usamos em cada momento, mas também devemos buscar aquilo que há de mais individual em nós, aquilo que ninguém pode copiar, pois é único e exclusivo.
A palavra de ordem, então, para o ego passa a ser flexibilidade. Flexibilidade para colocar a devida máscara no momento certo e aprender a tirá-la quando devido e relaxar dos papéis sociais.


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