25/09/2015 | POR LUISA CELLA; FOTOS VICTORIA LAUTMAN
A falta de conhecimento e/ou indiferença dos turistas e da população em relação aos centenários e incomparáveis templos subterrâneos da Índia causaram um profundo estranhamento na jornalista norte-americana Victoria Lautman, durante sua primeira viagem ao país. Impressionada com a beleza e a complexidade de tais edificações, construídas para a captação e o armazenamento de água, Victoria não conseguiu digerir o fato delas estarem esquecidas, sucumbindo à ação do tempo.
A vontade de documentar tais obras antes que elas desaparecessem nasceu após essa primeira visita, três décadas atrás, e nunca mais sumiu. Nos últimos anos, a jornalista conseguiu, então, voltar ao país diversas vezes e, nas empreitadas, fotografou 120 estruturas, espalhadas por sete estados diferentes. Parte dos milhares e maravilhosos registros desta face esquecida da arquitetura indiana você confere ao longo desta matéria.
"É difícil aceitar que toda uma categoria da arquitetura fica, de certa forma, à margem da história.", revela a jornalista. Se você nunca ouviu falar das obras, junte-se ao time. "Via milhares de turistas e um número expressivo de locais atraídos pelas construções sobre o solo, entre palácios, fortalezas e túmulos, e que ignoravam os templos centenários subterrâneos, até mesmo aqueles que estavam perto ou na rota de outros destinos cobiçados, como a tumba de Humayun, em Deli, e o Taj Mahal", conta.
Tais obras foram construídas para a captação e o armazenamento da água em regiões onde o clima é seco na maior parte do ano, com algumas semanas de chuvas torrenciais, na primavera. O abastecimento hídrico servia para lavar, irrigar e até mesmo para o consumo, especialmetne nos estados áridos de Gujarat e Rajasthan, onde o lençol freático pode ficar enterrado até dez andares abaixo do solo.
Os primeiros exemplares rudimentares começaram a surgir no país a partir do século 2 e seguiram evoluindo. "No século 11, a arquitetura deles já era espantosamente complexa, em termos de engenharia, arquitetura e arte. Eles eram os monumentos públicos mais importantes das comunidades, usados por ambos os sexos, por todas as religiões e por quase todas as pessoas, exceto os hindus de castas baixas", revela Victoria.
Segundo a jornalista, os poços podem ser agrupados em diferentes categorias, de acordo com sua escala, layout, materiais e formas. "No entanto, não existem dois exemplares idênticos. Cada um tem caráter único, influenciado pela região em que foi construído. Os templos hindus subterrâneos, por exemplo, são repletos de esculturas de divindades femininas", revela.
Depois de dedicar anos ao registro e estudo de tais estruturas, Victoria atualmente realiza palestras para arquitetos e universidades sobre o tema. Ela busca também uma editora interessada em publicar um livro sobre a história, a fim de levá-la a um número maior de pessoas.
Fonte:http://casavogue.globo.com/Arquitetura/Edificios/noticia/2015/09/templos-subterraneos-em-risco-na-india.html
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