Um ano depois, pai relata suicídio da filha após cyberbullying
3 abril 2014
Um ano após o suicídio da filha, vítima de cyberbullying, o canadense Glen Canning falou à BBC sobre as circunstâncias de sua morte e sobre sua luta para que crimes cometidos online não fiquem impunes.
O caso da jovem Rehtaeh Parsons, de 17 anos, que se enforcou em abril do ano passado após meses de assédio e ofensas pela internet, causou comoção nacional e motivou a aprovação de uma lei na província canadense de Nova Scotia para punir este tipo de crime.
O Estado também é o único do país a ter criado a primeira unidade de polícia que cuida exclusivamente de queixas de cyberbullying.
Dois anos antes de tirar a própria vida, Rehtaeh havia sido abusada sexualmente por quatro jovens que fotografaram o episódio e postaram imagens nas redes socais.
O assunto rapidamente ganhou os corredores da escola da jovem, que começou a ser xingada e a receber ameaças por meio de torpedos e de seus perfis nas redes sociais.
"Foi uma bomba e ela nunca conseguiu se recuperar", diz o pai.
Memórias
Em um pequeno baú ao lado da cama da jovem, Glen guarda os pertences mais preciosos da filha. Um deles, o pequeno macacão amarelo que ela vestia quando voltou para casa do hospital após o nascimento.
"Eu estava guardando isso tudo para dar para ela mais tarde", diz ele enquanto revira papéis com tintas coloridas pinceladas pela filha quando menina.
"É tão frustrante ser um pai de uma filha que foi estuprada", diz Canning.
"Você é um pai. Em tese você é o homem na vida dela que a guia, lhe ajuda e lhe salva. E quando algo assim acontece (estupro), é difícil fazer com isso não a cause mais danos ainda. É uma luta", diz Canning, que após a morte da filha chegou a ter uma audiência com o primeiro-ministro do país para pedir medidas enérgicas contra cyberbullying.
Depois da morte da jovem, dois adolescentes foram indiciados por posse e distribuição de pornografia infantil. Os meninos não foram considerados culpados e o processo continua.
Ações
A comoção que se seguiu à morte de Rehtaeh se canalizou na falta de ação da polícia em punir o suposto estupro e o assédio que se seguiu. Pressionados, parlamentares do Estado de Nova Scotia rapidamente elaboraram uma lei para punir o cyberbullying.
O Ato de Segurança Cibernética permite a vítimas prestar queixas à polícia, ganhar proteção e até levar o caso ao tribunal. Se for considerado culpado, o acusado pode ser punido com multas ou até ser preso. A legislação especifica também que posturas devem adotar educadores e pais de menores de idade.
A unidade de polícia recebe 25 telefonemas diariamente e desde sua criação, em setembro, já atuou em 153 casos.
O policial Roger Merrick, chefe da unidade, diz que o policiamento é 50% do trabalho de sua equipe. A outra metade, diz ele, é trabalho de prevenção junto a estudantes.
A legislação estipula que os pais devem "patrulhar com responsabilidade" as atividades online de seus filhos apesar de muitos deles saberem pouco sobre o que acontece nas mídias sociais.
"Nós seguramos as mãos dos nossos filhos quando atravessamos a rua, conversamos com eles sobre o perigo que estranhos representam. Não podemos mais fingir que não sabemos sobre o lado negro da internet", diz Merrick.
A nível nacional, o Ato de Proteção de Canadenses contra crimes online está sendo debatido no Parlamento e pode ser aprovado nas próximas semanas. A lei pode tornar crime o compartilhamento de imagens íntimas sem o consentimento da pessoa retratada na foto.
A lei nacional e uma resposta à morte de Rehtaeh Parsons e também à de Amanda Todd, da província de British Columbia, que se matou após ser vítima de bullying pessoal e na internet.
Fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/04/140403_bullying_suicidio_canada_fl
Vídeo no YouTubeUma página do Facebook foi criada para expor a foto da menina de topless e a imagem foi distribuída para seus colegas de escola. Amanda mudou de casa e de escola, mas o assédio continuou pela internet, o que a teria levado a se enforcar na semana passada.
A morte do rapaz, que teria sofrido com rumores de que era gay, fez com que Roger se tornasse uma figura importante nas campanhas contra o bullying no país, recebendo inclusive o prêmio de herói do ano da ONG Stonewall, de defesa de Lésbicas, Gays e Bissexuais, em 2011.A investigação sobre sua morte concluiu, esta semana, que Roger nunca havia superado a dor do suicídio de Dominic, seu filho de 15 anos, um ano e meio antes.
Suicídio abre debate sobre cyberbullying no Canadá
16 de outubro, 2012
A história trágica de uma adolescente canadense que se suicidou após ser vítima de uma campanha de perseguição e intimidações pela internet está causando comoção nacional e internacional - e já motivou o Parlamento do Canadá a abrir um debate sobre como lidar com o problema, conhecido como cyberbullying.
Amanda Todd, de 15 anos, teria começado a ser vítima de bullying aos 12 anos, segundo seu relato, depois de ter sido convencida a mostrar os seios para uma pessoa com quem conversava na Internet.
Vídeo no YouTubeUma página do Facebook foi criada para expor a foto da menina de topless e a imagem foi distribuída para seus colegas de escola. Amanda mudou de casa e de escola, mas o assédio continuou pela internet, o que a teria levado a se enforcar na semana passada.
No dia 7 de setembro, a adolescente publicou no YouTube um vídeo no qual relata o bullying e a depressão resultante da perseguição dos colegas.
Na gravação de nove minutos, que já foi vista por milhões de pessoas, o rosto de Amanda não aparece. A adolescente também não fala, mas conta sua história com uma sequência de mensagens escritas em pequenos cartazes, identificando-se no fim do vídeo.
Ela diz que, por causa do bullying, mergulhou em uma depressão e começou a ter medo de sair de casa, buscando conforto em drogas, álcool e antidepressivos.
Também conta que bebeu água sanitária em uma tentativa anterior de suicídio após apanhar de uma menina na escola. Nem depois disso, no entanto, teria tido o apoio de colegas.
Pelo contrário, segundo ela relata em seu vídeo, na ocasião, teria recebido mensagens pela internet de ódio incentivando seu suicídio.
"Todo dia penso por que ainda estou aqui'", a menina escreveu. "Não tenho ninguém. Preciso de alguém."
O vídeo termina com uma imagem dos braços de Amanda repletos de cortes.
No fim do vídeo, ela também explica que não fez a gravação porque queria atenção, mas para ser uma "inspiração" para outros adolescentes.
Comoção
Amanda vivia em Port Coquitlam, em British Columbia, mas a notícia de sua morte causou comoção em todo o Canadá e também em outros países - principalmente nos Estados Unidos.
Os parentes da menina criaram uma página do Facebook em homenagem a ela que já foi "curtida" por mais de 800 mil pessoas. Sua família recebeu centenas de mensagens de apoio - embora mensagens ofensivas também tenham aparecido na internet.
Manifestações e vigílias estão sendo organizadas no Canadá e em algumas cidades dos EUA para lembrar o drama de Amanda e pedir políticas contra o bullying mais firmes.
No Parlamento canadense, deputados pretendem aprovar uma moção que abra espaço para uma estratégia nacional para impedir o bullying.
Segundo a emissora CTV, o projeto, proposto pelo deputado Dany Morin, criaria um comitê multipartidário para avaliar o problema. Mas o pai de Amanda disse à emissora que o país precisa de "mais ação" e não de mais estudos sobre cyberbullying.
Alguns especialistas defendem a criminalização do bullying pela internet no Canadá e mais empenho em identificar os responsáveis por esse tipo de assédio.
Investigações
A polícia canadense continua a investigar as circunstâncias que levaram ao suicídio de Amanda e diz ter recebido "mais de 400 pistas" de pessoas querendo contribuir com as investigações.
De 20 a 25 policiais foram destacados para o caso em uma tentativa de mostrar que ele realmente está sendo levado a sério.
O objetivo da investigação seria identificar aqueles que tiveram algum contato com Amanda "antes de ela tomar sua trágica decisão", nas palavras do porta-voz da polícia local, o sargento Peter Thiessen.
Fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/10/121015_amanda_todd_ru
Inquérito apura suicídio de pai que virou ativista após filho se matar por bullying
Um pai que virou ativista contra a prática de bullying após o suicídio do filho adolescente deixou um bilhete de despedida no Facebook e também se matou, de acordo com informações obtidas durante um inquérito na Grã-Bretanha.
Roger Crouch, de 55 anos, foi encontrado pela esposa, Paola, após ter se enforcado na garagem de sua casa, no dia 28 de novembro do ano passado.
A morte do rapaz, que teria sofrido com rumores de que era gay, fez com que Roger se tornasse uma figura importante nas campanhas contra o bullying no país, recebendo inclusive o prêmio de herói do ano da ONG Stonewall, de defesa de Lésbicas, Gays e Bissexuais, em 2011.A investigação sobre sua morte concluiu, esta semana, que Roger nunca havia superado a dor do suicídio de Dominic, seu filho de 15 anos, um ano e meio antes.
Depressão
Segundo a esposa de Roger e mãe de Dominic, Paola Crouch, o marido continuou a sofrer variações de humor e surtos de depressão devido ao suicídio do filho.
"Havia muita morte em sua vida", disse ela.
Ao ouvir o depoimento de psiquiatras que disseram que seu marido havia sido "tomado pela dor", Paola disse: "Acho que é o que se poderia chamar, de uma forma antiquada, de um coração partido."
Antes de se enforcar, Roger deixou uma mensagem no Facebook que dizia: "Au Revoir (Até a vista, em francês), Adeus - ou talvez À Bientôt (Até logo, em francês)."
Durante a audiência sobre a morte dele, o responsável pelo inquérito, David Dooley, mencionou a campanha de Roger Crouch contra o bullying.
"Claramente, ele se dedicou muito à campanha por seu filho e por outros que teriam sofrido com bullying. Mas, no fim, ele acabou tomado pela dor devido à morte de seu filho. De acordo com as evidências, tenho certeza de que ele decidiu por fim à própria vida."
'Verdade ou consequência'
Em maio de 2010, Dominic Crouch pulou de um prédio de seis andares, perto da escola onde estudava.
Uma investigação, seis meses depois, revelou que durante um jogo do tipo "verdade ou consequência", em uma viagem escolar, Dominic havia beijado outro menino. Acredita-se que, depois disso, um vídeo do jogo tenha sido circulado na escola.
Dominic não havia mencionado para a família que estava sendo atormentado pelos colegas, mas em um dos bilhetes que deixou, o jovem escreveu: "Querida família, Sinto muito mesmo pelo que estou prestes a fazer. Eu tenho sofrido muito com bullying ultimamente e muita coisa foi dita sobre mim que não é verdade."
Fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/02/120222_pai_suicidio_is.shtml
Adolescente de 14 anos cria software para reduzir cyberbullying
Uma adolescente de 14 anos de idade criou um projeto que tem o potencial de diminuir em mais de 90% o bullying pela internet, ou cyberbullying.
O software Rethink (Repense), da americana Trisha Prabh, é um dos 15 projetos finalistas da Feira de Ciências do Google, cujos vencedores serão anunciados em setembro.
O conceito é interessante: o programa alerta os adolescentes sobre o conteúdo ofensivo das mensagens que eles ainda estão pensando em postar, amparado na descoberta científica de que a parte do cérebro que controla a tomada de decisões e ajuda a pensar antes de agir não está completamente formada antes dos 25 anos.
Assim, o Rethink funciona como um "anjinho bom" que sussurra nos ouvidos dos jovens que postar aquela mensagem pode não ser boa ideia.
Para os testes, Trisha criou dois softwares. Um deles mostrava mensagens ofensivas aos internautas e perguntava se eles as republicariam em suas redes sociais.
No outro software, Rethink, os adolescentes que respondiam sim à pergunta recebiam uma mensagem de alerta: "Essa mensagem pode ser ofensiva para os outros. Você gostaria de parar, revisar e repensar antes de postar?".
Entre os usuários do Rethink, 93% desistiram de postar as mensagens quando receberam o alerta para repensar.
Os testes foram feitos com 300 alunos da escola de Trisha.
Influenciando decisões
A partir daí, a menina criou um protótipo de software que filtra o conteúdo das mensagens de redes sociais e alerta os usuários antes que eles republiquem as mensagens.
A ideia, disse ela em sua apresentação do projeto, é "criar um produto de grande escala que funcione com as redes sociais, sites e aplicativos e que possa se adaptar facilmente a novos sites ou aplicativos que surjam no futuro".
Para ela, os mecanismos que existem hoje e tentam impedir o bullying cibernético são ineficientes porque bloqueiam o conteúdo após ele ter sido postado, e não antes.
"Além de prevenir o cyberbullying, o Rethink pode ter também um efeito positivo sobre a capacidade dos adolescentes de tomar decisões, ajudando-os não só nas mídias sociais mas também no mundo real", afirma.
Trisha está na 8ª série de uma escola em Naperville, no estado americano de Illinois, e quer ser neurocientista.
No ano passado, ela apresentou um projeto de software para evitar que os motoristas se distraiam ao volante motivada pela morte de uma tia em um acidente.
A menina conta que, aos seis anos, ganhou um livro sobre aquecimento global e se apaixonou por ciência. "Passei semanas trabalhando no projeto de um carro que usaria apenas vento e água", disse.
Hoje, gosta de psicologia, psicobiologia e ciências cognitivas.
Seu ídolos na ciência, conta, são Charles Darwin, o pai da teoria da evolução, e Louis Pasteur, que criou o processo de pasteurização.
Fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/08/140819_menina_bullying_lab
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