O TERRORISMO MOTIVADO PELA RELIGIÃO

O terrorismo motivado pela religião
O terrorismo produzido pela religião tornou-se um problema global. Isto é, o terrorismo religioso cresceu de modo a desafiar a estabilidade política nacional e internacional durante os anos 90 e no começo dos anos 2000. Durante este período a frequência dos ataques intolerantes e as suas vítimas cresceram rapidamente. Para piorar este facto a partir deste período muitos dos terroristas religiosos tornaram-se adeptos do recrutamento de novos elementos, organizando-se em células semi-autónomas através de fronteiras nacionais, e atacando consistentemente alvos que simbolizam os interesses inimigos.

Os atos de terrorismo religioso são actos, não apenas de destruição, mas também de derramamento de sangue, executados com intensidade e acentuando o carácter extremo e “selvagem” da violência dramática, de modo a desencadear o medo, o desespero, o horror e o pânico (quanto mais generalizado melhor), através da arbitrariedade dos atentados conjugada com a escolha de alvos simbólicos. Mark Juergensmeyer denominou de violência demonstrativa tudo aquilo que pretende obter para além da destruição e da morte, um significado simbólico, e impactos secundários e estratégicos. Segundo este mesmo autor, estes “acontecimentos dramáticos” têm de ser analisados em termos de símbolo, de mito e de ritual. Assim como os rituais religiosos públicos que parecem, ou pretendem, imitar, os actos de terrorismo religioso são, uma ”performance”, isto é, um espectáculo público executado de forma a ter um enorme impacto emocional nas diversas audiências que pretendem atingir. Por aqui podemos verificar que , eles são, ao mesmo tempo, acontecimentos de “performance” – pois querem fazer um discurso simbólico – e actos “performativos” – pois querem mudar as coisa. Por outro lado, as vítimas dos actos de terrorismo são tratadas simbolicamente – em virtude da ideologia religiosa legitimadora desses actos – como animais ou seres corruptos e despezíveis, vítimas expiatórias (in. R. Girard) pois são arbitrárias e recolhem a unanimidade violenta e reforçam os laços da comunidade que apoia esses actos. Além disso, o “palco” (o lugar), o tempo e, por vezes, o alvo humano, são escolhidos de modo a ter um significado simbólico. O terrorismo é uma “linguagem para ser noticiada”, sem a qual ele perde a sua dimensão, ou a dimensão pretendida, não porque precise de publicidade (para atrair adeptos ou membros, dessa maneira), mas porque necessita de espalhar o choque o terror e o pânico.
Para os terroristas religiosos, eles vivenciam estes actos como se tratando de “guerra histórica/lendária” , que se reflecte num confronto mostroso entre as forças do Bem e do Mal que exige o martírio e o sacrifício dos seus actores. A religião é um meio privilegiado como agente de honra – que vinga a dignidade (religiosa, política, social, nacional, económca, etc.) e afirma a identidade, passando simbolicamente da humilhação à afirmação identitária absoluta, sagrada (Jacob Pandian, 1991) - e também de legitimação da resistência, da luta, da guerra – que é tremenda e fascinante. Segundo Benjamin Beit-Hallahmi (2004), “se a honra é mais importante que a vida, ela inspirará a violência e o auto-sacrifício”, “ isto é o martírio justificado por um sistema de crenças religioso assenta na imortalidade assim como “a morte violenta sacralizada atinge um significado universal. Como e quando é que uma confrontação é caracterizada como sendo uma “guerra universal”.
  1. quando a luta é concebida como uma defesa da identidade e da dignidade básicas de todo um universo, de toda uma religião (p. ex.: da Nação Islâmica), quer no que diz respeito à vida, quer no que diz respeito à cultura, religiosa e particular.
  2. quando, pelo facto de haver dificuldades em conceber a vitória no plano da realidade, se desloca a luta para um plano meta-físico, onde se verifica uma sacralização e deificação dessa luta, cujas possibilidades de vitória estão agora nas mãos de Deus.
Aqui se inclui, o auto-sacrifício, o martírio suicida, o suicídio terrorista, pois, neste contexto, não só a violência é legitimada pela sacralização da luta, como também a morte é sempre heróica e conduz a uma transformação da derrota em vitória. O martírio é a morte mais honrosa num quadro religioso. O auto-sacrifício e o idealismo suicidário dos jovens militantes radicais islâmicos que praticam o terrorismo suicida, as suas mensagens de despedida e de auto-justificação da “guerra santa”, e os funerais-celebrações, todos eles, dão um sentido religioso e celebram a morte e o martírio, transformando os actores do terrorismo religioso, de assassinos em mártires e justificando, moral e religiosamente, esses actos terroristas. Outro exemplo é a fatwa de Fevereiro de 1998, de Ossama Bin Laden, segundo a qual, a “guerra defensiva” é realizada por nobres guerreiros que, ou sobrevivem e são heróis, ou morrem e são mártires. Por exemplo, “O líder supremo dos “estudantes de Teologia”, o Mullah Omar declarou que as milícias “taliban” «beneficiam da intervenção de Deus» e prometeu «a felicidade eterna no paraíso aos que morrerem mártires contra a agressão americana». Citado pela Agência oficial de Cabul (…), o Mullah Omar concluiu: «Se pudermos fazer a “jihad” com a espada, os canhões, ou a caneta, então a “jihad” é o dever de todos os muçulmanos e eles devem cumprir essa obrigação divina (in “Publico”)
Durante os actos de terrorismo religioso, os candidatos a suicidas, têm preferencialmente de cumprir o critério
Caso: no mercado central de Telavive, realizado por um jovem suicida de 16 anos: As Brigadas Abu Ali Moustapha, o ramo militar da FPLP, conseguiram atingir o coração do inimigo sionista (…). O nosso camarada Amer al-Fahr, do campo de Askar, em Nablus,, tornou-se mártir ao fazer explodir o seu corpo puro entre os ocupantes (sionistas) e infringindo-lhes perdas ; os desadaptados sociais são, como os jovens, bons candidatos à santidade – eles têm de ser concebidos como excêntricos de modo a que o seu martírio e auto-sacrifício seja visto com o puro.
Concluindo quando se fala de terrorismo na religião não se esta apenas a falar de um sacrifício que os torna divinos, mas é também a sua determinação e objectivos delineados para este que os tornam autênticos atentados com um grande objectivo afirmação.

Bibliografia

Beit-Hallahmi, B. (2004). The Return of Martyrdom: Honour, Death and Immortality. In L. Weinberg, & A. Pedahzur, Religious fundamentalism and political extremism (pp. 23-26). Londres: Frank Cass. disponivel em: http://books.google.pt/books?id=plFlJ-

Pandian., J. (1991). Culture, religion, and the sacred self . Englewood Cliffs, N.J . : Prentice Hall.

Fonte:http://olharespsicologicos.blogspot.com.br/2010/05/o-terrorismo-motivado-pela-religiao.html

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