A Conquista do Ego
"Assim como somos,
sem rumo, o nosso interesse egocêntrico não se harmoniza com o interesse de
nosso eu mais profundo. Nós não buscamos primeiro o reino interno e somente
depois o externo; ao contrário da verdadeira ordem, nós primeiro nos esforçamos
pelo domínio do mundo. Se necessário, nós até mesmo negamos e sacrificamos o
superior pelo inferior. Mas, ‘o que aproveitará o homem, se ganhar o mundo
inteiro mas arruinar a sua vida?’¹ É o falso eu, o ego, que está obsecado
com a conquista do mundo. É este ego que devemos sobrepujar a fim de ‘nascer de
novo... do Espírito’.² A conquista do ego é na verdade a vitória sobre o
mundo psíquico abstrato, construído por nós mesmos, o qual habitamos e nos
mantém sobrecarregados e pesados. Aquele que sobrepujou o mundo é do alto e não
deste mundo; uma tal pessoa vivendo no mundo não é impelida por desejos
mundanos ou ambições. Ela faz o que lhe é exigido pelo alto, não para sua
satisfação ou glória pessoal.
Os traços distintivos do
egoísmo são o eu, separado do resto do Universo, e o meu. Estes
são o seu próprio âmago e substância, e é através destes que um homem
‘prende-se a seu eu como um pássaro em uma armadilha’.³ Estes
são os núcleos ao redor dos quais tudo no mundo revolve. Um homem do mundo diz:
eu faço isto, eu tenho aquilo; ele é autocentrado mesmo quando faz boas obras
no serviço a outros. Enquanto qualquer atividade – orar, meditar, dar esmolas –
for controlada por nosso eu, ela será uma atividade egoísta."
¹ Mateus 16:26
² João 3:7-8
³ Maitri Upanishad 3:2
(Ravi Ravindra -
Sussurros da Outra Margem - Ed. Teosófica, Brasília - p.33/34)
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