A DEUSA DA MAGIA E TECELÃ DO DESTINO : UTTU,A FACE REGENTE DO MÊS DE NOVEMBRO


UTTU - A face regente deste mês.
A deusa da magia e tecelã do destino.


Filha da deusa da montanha e de um Teraf (semi-deus) que se manifesta no silêncio que antecede ao barulho do trovão... entre o momento em que surge o raio e o som do trovão. Filha da deusa da sabedoria.
O nome “Uttu” quer dizer tecido – ou o movimento do tecido quando você o sacode no ar... e a nuvem rasteira que se parece com um véu e que desce das montanhas.

Uttu é a deusa da magia, tecelã do destino.
Innanah, a grande mãe geradora, elege o destino dos deuses e Yihaweha o destino de toda criatutura manifesta
E a maneira como esse destino se constrói, como esse destino se monta, é Uttu quem rege.
Imagine que o destino seja um tapete:
Inannah diz - é preciso que haja um tapete verde;
Yihawera diz: assim será esse tapete;
E Uttu escolhe como serão os fios que formarão esse tapete “verde” dentro das possibilidades de verde: os tons que formarão as tramas e texturas e a qualidade desses fios. 
E qual a nossa participação nessa trama? O acabamanento.
Se o tepete será bem feito ou mau feito, somos nós quem determinamos, e como usaremos esse tapete. Se será enrolado e o carregaremos como um grande fardo em nossas costas ou se daremos um significado, um sentido a esse tapete.

Uttu é a deusa da comunicação, é ela quem estabelece a comunciação entre todos os seres.
Uttu é aquela leve nuvem rasteira que se avista em regiões altas, de montanhas - geralmente no amanhecer, no anoitecer, em períodos pós chuvas. E nos surge à vista como um tapete, uma trama próxima ao solo. É a bruma que sai da terra. 

Enki, o deus da oratória, casou-se com muitas deusas e teve filhos e filhas com muitas delas, e todas aceitaram isso, exceto Uttu, porque Uttu foi seduzida por Enki pela mentira. Com todas as outras deusas, Enki as seduziu também pela palavra, mas por coisas verdadeiras, mas com Uttu ele usou da mentira, da falácia.
E Uttu teve com Enki uma única noite de amor, e nessa noite, engravidou dele... e ao acordar pela manhã, Uttu puxa o fio de sua vida e descobre que ele mentiu – mas Uttu está gravida. Ela então arranca os filhos de seu ventre e os coloca no ventre de Ninhursag, a deusa da montanha, sua mãe. E foi a própria Ninhursag quem lhe pediu que fizesse isso. E esses filhos são gerados pela avó, e se transformam em todas as plantas de poder do mundo. Plantas que nos fazerm mergulhar em sabedoria e aprendizado, em abertura de visão. 

Por conta deste episódio com Enki, Uttu torna-se a protetora das mulheres, do feminino ferido, e estabelece a medida de fidelidade. E guarda esse principio, que é um principio fundamental dentro de nossa tradição, tanto dos homens como das mulheres.
O adultério no mundo antigo era punido com o banimento, e o banimento era a pior punição dentro do contexto tribal, como nos mostram os textos bíblicos.

Uttu nos ensina ensina a costura, a confecção de roupas e sua estética, a forma como as pessoas se apresentam. Assim como colares, cordões, brincos narineiras e toda forma de adornos.

Quem criou as franjas que protegem nossas portas é Ianat, mas quem cria a beleza de sua confecção é Uttu.

Também é Uttu quem rege a magia das tranças – trançar os cabelos é uma forma de magia. As mulheres, no mundo antigo, trançavam o cabelo uma das outras, evocando forças, e essa trança ficava impregnada dessas forças evocadas. 
Em casamentos, trançavam o cabelo da noiva com energia de amor. 
Em uma mulher doente, trançavam seus cabelos com energia de cura, e era uma grande magia de cura. 
Trançavam couro e lã impregnando nessa trança força e k’haila espiritual, que eram entregues aos seus guerreiros para que levassem em suas guerras e caçadas como talismãs, a energia que foi impregnada, entre cantos e vocalizações no momento de confeccionar a trança.
E também nos trouxe a magia da trança no pão que comemos ainda hoje no rito de Ashuat – a trança do pao é uma magia de Uttu. As mulheres cantavam enquanto trançavam o pão, o que impregnava da energia desse canto o pão. 

Bilk’há (Bilá) mulher de Yakub (Jacó, do mito bíblico) foi devota de Uttu.

A aranha é o animal de Uttu, em ikle aranha é "ash’lakush".
O escorpião também é uma representação de Uttu no reino animal.

Uttu além de estabelcer a comunicação entre os seres, rege também os encontros.


Sh’lama Uttu!

Texto e trasncrição de Carmem K'hardana, a partir de seminário que aconteceu nos dias 01 e 02 de novembro, na Tribo Naví, "O sagrado feminino em 12 faces" com Marú Meir

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