SOBRE GURUS E FALSOS GURUS-TUDO QUE VOCÊ SEMPRE QUIS SABER
O GURU VERDADEIRO E O GURU FALSO
Sim, acredito que há gurus verdadeiros e falsos . Estes últimos são os falsos profetas citados por Jesus. Na primeira categoria, estão os verdadeiros mestres , sábios e iluminados. E na segunda, os fajutos, picaretas e exploradores. Sempre existiram líderes mal intencionados em todas as épocas movimentos, organizações e religiões. Não só nas grandes religiões, mas também em pequenos movimentos alternativos e desconhecidos. Há pessoas mentirosas e hipócritas em todas as esferas da sociedade. Mas há também pessoas iluminadas, boas, sinceras e honestas em todas elas . É o tal “joio” que Jesus tanto falou. Quem é quem? Não dá pra saber. Não é nosso trabalho julgar ninguém. Minhas opiniões pessoais acerca de A ou B não são verdades absolutas e - por isso- podem estar erradas. Mas elas são baseadas naquilo que sei, leio, vejo, e analiso.
SOBRE OS GURUS ADVAITAS (Não-Dualistas)
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Esquerd.. p. direit: Ramakrishna, Ramana, Papaji, Nisargadatta |
Gosto dos gurus advaitas que não estão mais fisicamente presentes: Shankara, Ramakrishna, Ramana, Nisargadatta e Papaji. Destes, me identifico mais com Papaji tanto por sua mensagem - simples, prática e direta -quanto por sua vida. Nos relatos biográficos, dizem que mesmo depois de se “iluminar” , Papaji continuou trabalhando e cuidando do sustento de sua família. Somente depois da aposentadoria foi que ele passou a se dedicar totalmente ao trabalho espiritual. Por outro lado, não simpatizo muito com os gurus advaitas vivos- principalmente os brasileiros pois - ao contrário de Papaji - a grande maioria dos gurus advaitas vivos, tornaram a espiritualidade um meio de vida. Vivem da exploração da fé, da carência emocional e espiritual dos seus seguidores. Fortalecem e alimentam o apego e a dependência psicológica dos seus seguidores . Fazem de tudo para que eles não se libertem e assim acontecendo, deixem de ir aos tais satsangs - sua principal fonte de renda. Não vejo diferença entre isso e a venda de indulgências da Igreja Católica na Idade Média. É a mesma coisa com outra roupagem: a graça, o céu , o nirvana é para os que tem (muito) dinheiro.
SOBRE OS (FALSOS) GURUS
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Não é fácil identificar o falso guru. |
Não tenho nada contra ninguém. Acredito que mesmo os falsos gurus cumprem um papel importante no sentido de ajudar as pessoas a compreender algumas verdades- mesmo que depois se decepcionem. Mas até isso faz parte da caminhada evolutiva. Pessoalmente não tenho nada contra ninguém.Cheguei, inclusive, a visitar um guru de passagem aqui por Fortaleza, assisti sua palestra com toda atenção e respeito devido . Ao final da palestra, nos cumprimentamos e trocamos cordialidades. Sei diferenciar a "pessoa" do personagem "guru". Quando estou na frente de um guru, vejo um ser humano igual a todos os
outros -que merece meu respeito e cordialidade. Só não me peça para ser discípulo de ninguém. Ou que eu os defenda ou siga- isso não faço. Para mim todos são seres humanos- gurus e não gurus- sejam eles verdadeiros ou não. Existem dois tipos de falsos gurus: os que realmente acreditam ser iluminados porque tiveram algum tipo de experiência "mística" tal como sonho, visão, alucinação ou coisa parecida- estes são casos de psiquiatria. E há aqueles que se tornaram guru porque perceberam o quanto é fácil enganar as pessoas e por isso exploram e enganam de forma consciente e pensada- estes são casos de polícia. Difícil é diferenciar quem é quem.
SOBRE O OSHO
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Osho, polêmico na vida e na morte |
Definitivamente não tenho nada contra o Osho- lamento que tenha tido um fim tão trágico. Fui seu admirador e defensor durante boa parte de minha vida. Mas quando estouraram os fatos de Óregon, que culminaram com sua fuga, prisão e morte misteriosa, fiquei com a “pulga atrás da orelha”. Mesmo daqui de Fortaleza as notícias oficiais que nos chegavam não eram confiáveis, ao contrário eram confusas e suspeitas. Comecei a desconfiar que algo estava errado. Alguns de seus discursos dessa época destoam dos discursos do começo de sua carreira e mostram um Osho completamente diferente e estranho. Muito tempo depois desses ocorridos, descobri o artigo do Christopher Calder- um ex-discípulo do Osho que resolveu contar ao mundo uma nova versão da vida deste famoso guru. Calder esclareceu muita coisa baseado não somente em seu próprio testemunho- mas no de outros ex-discípulos, indícios, reportagens, fotos, depoimentos etc. Com este artigo, muita coisa se esclareceu. As coisas começaram a se encaixar e fazer sentido. Além do mais, comecei a desconfiar dos ensinamentos do próprio Osho . Percebi que eram palavras bonitas, belas , poéticas e de efeito, que tinham como objetivo encantar, hipnotizar, convencer e fazer discípulos. Compreendi que nem sempre as palavras bonitas- que te faz sonhar, viajar ou sentir boas sensações – são verdadeiras. E na maioria das vezes não são. Palavras verdadeiras são duras . As de Osho não tinham um fim didático. Não objetivavam a libertação: mas a prisão do leitor ou ouvinte ao seu rebanho. Hoje vejo o Osho como uma incógnita, um mistério que dificilmente será desvendado. Restam apenas dúvidas, indícios, incertezas e hipóteses.
Tenho algumas hipóteses sobre ele:
1.Osho não era iluminado mas apenas um homem muito inteligente, hipnotizador e ótimo orador - isso explicaria toda sua história de extravagância, ganância, megalomania e as tragédias de sua vida: o fracasso da comuna , o suicídio de Vivek- seu grande amor- e seu suposto suicídio um mês depois.
2. Osho era iluminado, mas se perdeu ao longo de sua trajetória. Ou seja, era iluminado mas se perdeu, fraquejou, caiu- como aconteceu no mito bíblico da queda dos anjos.
3. Osho era iluminado e continuou iluminado até sua morte trágica. O que aconteceu é que mesmo os iluminados podem enlouquecer- e mesmo assim continuar sendo iluminado.
4. Foi tudo mentira do Calder, do Milne e dos outros ex-discípulos que o denunciaram. Todas as provas e indícios foram uma farsa montada pelo governo americano para destruí-lo e matá-lo- juntamente com sua amada Vivek.
Que ninguém me “apedreje” por ter uma opinião, uma hipótese… mas fico com a primeira. E aceito que discordem de mim. E também defendo o direito de cada um ter a sua. Mas registro aqui que reconheço a importância do Osho no que tange à espiritualidade humana moderna- ele ajudou a abrir e expandir os horizontes espirituais de muita gente- inclusive do meu.
SOBRE GURDJIEFF
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George I. Gurdjieff |
Um grande líder e divulgador dos ensinamentos espirituais das sociedades secretas com os quais tivera contato – mas não era um "desperto". E se era- caiu , desvirtuou-se ao longo do caminho. Suas ações estavam longe de manifestar o que pregava. Ele mesmo confessou ter usado seus poderes de telepatia e hipnose para tirar vantagens pessoais e seduzir mulheres . No final da vida, se arrependeu , entrou em crise existencial e acabou tendo um fim trágico. Sua vida e ensinamentos influenciaram várias pessoas- inclusive o Osho. Ele foi um grande divulgador das Verdades Eternas mas estas não eram suas e ele próprio não conseguiu vivê-las.
SOBRE JIDDU KRISHNAMURTI
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J. Krishnamurti: um iluminado, apesar dos deslizes |
J.Krishnamurti foi um verdadeiro "guru" no sentido estricto do termo: "aquele que dissipa a escuridão" - não no sentido em que ela é atualmente usada .Ele foi um dos mestres que mais me influenciou. Nos piores momentos de minhas crises existenciais foram às suas palavras que recorri- encontrando de pronto a resposta e a luz que eu precisava. Acho que Krishnamurti foi um iluminado, apesar de seus defeitos e deslizes- como o caso amoroso com a esposa do seu secretário particular. Apesar de considerá-lo o mestre que mais revolucionou a história da espiritualidade humana moderna- não sou seguidor- nem muito menos "krishnamurtiano". Desde muito tempo que o tenho como um dos referenciais espirituais mais seguro e confiável . Tenho ainda muita admiração e gratidão por ele, por seu trabalho, ensinamentos e por tudo que ele representa . Apesar disso, tenho minhas próprias opiniões sobre uma série de coisas que com certeza K. reprovaria. Ele não se arvorava em autoridade nenhuma- deixou para nós a liberdade para investigar a Verdade por nós mesmos, acreditando em nossa própria capacidade e luz interior. Se hoje sou procuro manter-me independente, autônomo e livre- agradeço principalmente a sua influencia e a de Buda.
SOBRE UG KRISHNAMURTI
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U. G. : ex-ouvinte e admirador de JK. |
Muita gente o considera um imitador do Jiddu. Mas a verdade é que Upalluri Gopalla Krishnamurti sempre teve sua vida ligada de alguma forma ao J.K. Quando nasceu, seu pai -teosofista e espiritualista -deu-lhe este nome em homenagem ao grande J.K. Quando cresceu, tornou-se ouvinte assíduo das palestras do J. Krishnamurti até que um dia se “iluminou” durante uma de suas conferências. Diz-se que Upalluri alcançou um estado diferenciado de consciência. O próprio UG o denominou de “Calamidade”- devido a natureza dolorosa do misterioso fenômeno. Não teve discípulos nem criou nenhuma organização, movimento ou sociedade. Tudo indica que realmente se libertou da opressão dos pensamentos. Através de UG, podemos perceber que o fenômeno da iluminação não pode ser descrito, idealizado ou imaginado- é algo sempre novo, diferenciado, subjetivo e singular. J. Krishnamurti já afirmava isso usando outras palavras. Penso que UG realizou em vida os ensinamentos de JK. Depois teve que se libertar do mestre, cortando totalmente as ligações com o passado- pelo menos no nível consciente. Inconscientemente, seus ensinamentos são ecos dos de JK. Há algumas diferenças apenas na forma de expressão. Gosto do UG e acho que sua experiência pode ajudar na compreensão de nossa própria jornada espiritual.
SOBRE A DEPENDÊNCIA DOS GURUS
Isso sim sou contra. Sejam eles verdadeiros ou não. A relação de dependência e obediência cega ao guru é uma das fases da jornada que deve ser ultrapassada se a pessoa quiser crescer e evoluir. Do contrário o próprio guru - que um dia lhe tirou da prisão da mente, da depressão, ou ego- se torna, ele próprio, outra prisão. Todavia, não sou contra a gratidão, o reconhecimento etc. Pelo contrário, acho importante a gratidão e o reconhecimento àqueles que gratuitamente ajudam as pessoas que ainda penam e tateiam ao longo do caminho espiritual.
SOBRE AS RELIGIÕES TRADICIONAIS E SEUS LÍDERES
Apesar de achar que todo mundo deva ser livre, sei que as religiões tradicionais, com seus líderes religiosos, padres e pastores- cumprem uma importante missão no mundo: ajudar as pessoas a sair de uma vida desregrada e materialista, apontando-lhes os primeiros sinais da luz espiritual. Sei que sem essa ajuda muita gente estaria no crime, nas drogas ou depressão. Compreendo que cada um cumpre um papel importante- todos sem exceção. Inclusive este blogueiro. Mas isso não livra ninguém da parcela de culpa que lhe convém. Cada líder religioso deve responder por seus atos e atitudes perante o tribunal da consciência. Em todo lugar existe gente boa e bem intencionada- assim como pessoas desonestas e falsas.
SOBRE O DISCURSO ADVAITA ( NÃO-DUALISTA)
Sou a favor da visão advaita com algumas reservas- mas sou totalmente contra sua manipulação por parte de pessoas que se apoderam do discurso, tornando-o apenas mais uma “coisa” vendável. Usam-no mais como uma forma de aparecer e se projetar socialmente- do que uma prática de vida. Falta vivência, sobram os discursos e a deplorável exploração comercial dos satsangs.
SOBRE SATSANGS
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Nas tradições hindus é comum a adoração ao guru |
Sou à favor de satsangs ( encontro com a "verdade") gratuitos ou com contribuições voluntárias. Sou contra satsangs pagos e caros. Compreendo os de preço justo. Todavia o que se vê atualmente é a espiritualidade sendo transformada em negócio e – em alguns casos- exploração. Satsang não é show e guru não é celebridade- apesar de todo esforço de seus colaboradores de querer transformá-los em mega-stars e mitos espirituais, essa prática mercantilista reduz a espiritualidade a uma mercadoria de luxo acessível apenas aos "eleitos" que podem pagar. Cria-se assim a indústria dos satsangs, que precisa lucrar cada vez mais para expandir e crescer. Os seguidores dos gurus se justificam dizendo que tem que cobrir os custos da viagem, hospedagem etc etc. Ora, é só não viajar. Fazer em casa mesmo, como fazia Nisargadatta e Ramana. Pra que viajar ? Não faz sentido. "Tudo já é perfeito e nada precisa ser mudado. Não há nada a ser ensinado e não existe ninguém aí para aprender"… então pra que cobrar tão caro?
Espero que agora tenha ficado clara minha posição sobre os assuntos mais polêmicos ao longo desses anos. Só me resta agradecer a todos que participaram do blog com perguntas, comentários e críticas. Não tenho a Verdade absoluta e não julgo ninguém em particular. Deus é que conhece o coração de cada um. Mas também não podemos fechar os olhos aos fatos ou à Verdade-seja ela qual for, seja ela sobre quem for. Não há ninguém acima do bem e do mal. Todos estão sujeitos a falhas, quedas, deslizes e erros- inclusive eu.
Um fraterabraço a todos!
Muito obrigado!
Namastê!
Alsibar
Fonte:http://alsibar.blogspot.com
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