“O que você está fazendo para participar da criação da realidade que todos nós compartilhamos?”
Quando o matemático John von Neumann teorizou que a consciência provoca o “colapso” da onda de possibilidade quântica ao escolher e concretizar uma de suas facetas, tal ideia levou o físico Fred Alan Wolf a afirmar: “Nós criamos a nossa própria realidade”. Porém, as imagens que a frase evocou geraram muitos desencontros.
As pessoas abraçaram o conceito de criação quântica da realidade, sem dúvida, mas as tentativas de criação produziram resultados confusos e deturpados porque os “criadores” não estavam cientes de uma sutileza: nós criamos nossa própria realidade, mas não a criamos a partir de nosso estado ordinário, e sim sob um estado não ordinário de consciência.
As contradições que certamente se manifestariam no campo da decisão individual – duas escolhas diferentes não podem se materializar ao mesmo tempo – se desfazem à luz da seguinte constatação: o que permite à consciência ser livre agente de causa sem nenhum paradoxo é sua natureza unitiva, não local e cósmica. A consciência é uma e única para todos nós.
E um dos aspectos mais importantes dessa concepção é o poder da nossa intenção. Mas como desenvolvê-lo? O fato é que todos nós desejamos coisas por meio das nossas intenções; algumas vezes funciona, mas geralmente não. Isso ocorre porque estamos no nosso ego quando desejamos. Mas como mudar isso?
Uma intenção deve começar com o ego; é o ponto em que estamos originariamente, local, egoísta. No segundo estágio, desejamos por todos nós, indo além do egoísmo. No terceiro, permitimos que nossas intenções tornem-se uma oração: se a minha intenção ressoa com a intenção do todo, da consciência quântica, então deixe vir à tona a realização. No quarto estágio, a oração passa a ser silêncio, transformando-se em meditação.
Portanto, desejar não apenas nos mobiliza a ter uma intenção, mas também nos ensina a esperar passivamente. Por outro lado, se esperamos demais, esquecemos o que havíamos planejado. Então cessamos a espera e nos colocamos ativos novamente. Assim, o segredo real da manifestação revela-se na alternância entre o fazer e o ser, ao que chamo estilo de vida “do-be-do-be-do” (fazer-ser-fazer-ser-fazer).
Há um segredo final: como sabemos com qual intenção da consciência podemos alinhar a nossa intenção? A resposta é evolução criativa – a intenção da consciência caminha no sentido de evoluirmos juntos em direção a um bem maior para todos.
Amit Goswami
Fonte: Universo Natural
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