BIRMÂNIA UM PAÍS QUE MANTÊM INTACTA GRANDE PARTE DE SUAS TRADIÇÕES

Desde 1989, o nome oficial do país passou a ser Myanmar (Reprodução / Nostalasie)

Desde 1989, o nome oficial do país passou a ser Myanmar 

(Reprodução / Nostalasie)


Birmânia, um país que mantêm intacta grande parte de suas tradições


Quem pretende viajar à Birmânia pode se questionar: “É prudente ir para lá?” Em 1996, um boicote contra o turismo estrangeiro foi iniciado com a prisão de Aung San Suu Kyi, uma ativista ganhadora do Nobel da Paz que se opunha ao repressivo governo birmanês.
Certamente, os acontecimentos recentes da tímida abertura, porém gradual, dão sinais de esperança por mais transformação. A icônica ativista Aung San Suu Kyi foi libertada após 15 anos de prisão e exílio, se candidatou e foi eleita representante no Parlamento da Birmânia. E desde então o governo começou a libertar centenas de presos políticos.
Por essas razões e também porque o turismo é uma das mais poderosas forças a favor da tolerância e da democracia é que eu viajei à Birmânia anonimamente. Declarar-me como escritor ou jornalista seria atrair atenção desnecessária.
Mesmo contando com uma calma aparente, certa tensão sempre é sentida no ar. Porém, os turistas que se atrevem a visitar este belo país necessitam de informações sobre suas peculiaridades, que são muitas. É difícil dar uma descrição melhor da Birmânia do que a feita por Rudyard Kipling: “Uma terra totalmente diferente de qualquer outra conhecida.”
Para Rudyard, que visitou mais de uma centena de países, a Birmânia é um dos mais fascinantes que conheceu. É fácil sentir-se dentro de um sonho mágico ou numa fábula de contos de fada. É como se você estivesse completamente fora do mundo que nós ocidentais conhecemos.
Para começar, os birmaneses não têm apelidos. Nenhum deles toca em alguém do sexo oposto em público. É o único povo do sudeste asiático que conserva sua vestimenta tradicional, o olongyi, uma túnica de algodão que vai até os pés, a qual é amarrada na cintura e é utilizada por ambos os sexos, portanto, há poucas calças, exceto para os militares.
A maioria de seus habitantes, especialmente as mulheres, unta o corpo e o rosto com Tanaka, uma espécie de maquiagem da cor da pele que os protege do sol e tem um aroma agradável. Isto é só um breve exemplo das várias surpresar que aguardam um visitante que chega à Birmânia.
Este país é realmente especial por muitas outras razões: ética, cultura, religião, paisagens e monumentos. Portanto, se você puder, conquiste-o como fez William Faulkner: com a sola de seus sapatos.
O Buda reclinado ‘Naung Daw Gyi Mya Tha Lyang’ em Bago na Birmânia (Asfouri/AFP/Getty Images)
De volta ao passado
O isolamento social e político enfrentado pelo governo diante da comunidade internacional devido à detenção de Aung San Suu Kyi converteu a Birmânia num país hermético e conservador. Por isso, eles valorizam suas tradições intactas, pois há ainda pouca influência estrangeira a nível cultural.
Uma prova disso é que na Birmânia não há operadora de telefones celulares. Podem-se realizar somente chamadas por meio dos telefones de hotéis (que na maioria certamente pertence ao governo). A Birmânia é uma parte da Ásia onde quase nada mudou desde a época da colonização britânica. Em nenhum outro país da região pode-se ver tantas saias, turbantes e trajes exóticos, os quais permitem identificar os vários grupos étnicos que povoam o território birmanês. Aromas e cores se misturam num cenário perfeito que nos transporta para outros tempos.
O ambiente dinâmico de Yangon
O itinerário básico pelo país deve incluir pelo menos essas quatro interessantes cidades: Bagan, Amarapura, Mandalay e Yangon. Esta última, que foi a capital até 2006, é uma cidade colorida e caótica. Porém, a vida urbana é muito bonita devido a seu cosmopolitismo e riqueza étnica.
O ícone desta visita à ex-capital é o templo de Shwedagon Pagoda, o maior do país, considerado uma das maravilhas do mundo. Sua grande cúpula dourada de quase 100 metros de altura é visível por toda a cidade. Vale a pena reservar um tempo para apreciar esta impressionante obra de 2.500 anos. Não fazer esta visita é o mesmo que ir a Paris e não ver a Torre Eiffel. Este é o lugar mais sagrado para os budistas. Curiosamente, para eles, a verdadeira identidade sexual do Buda continua sendo um mistério. Realmente, algumas figuras monumentais mostram um rosto afeminado.
Passeando pelo centro de Yangon, a pessoa também pode visitar vários monumentos budistas, como o Pagode Chauk Htat Gyi. Esta é a famosa imagem do Buda deitado de 65 metros. Também pode-se ir ao famoso mercado de Bogyoke Aung San, um paraíso com 2.000 barracas. Neste mercado deve-se praticar a negociação obrigatória (até 50%); o turista fará bem em comprar chinelos para satisfazer o protocolo local cada vez que visitar um monumento budista.
Entre as lembranças que a pessoa pode levar da Birmânia estão os típicos longyis, artigos de artesanato, guarda-chuvas, fantoches, joias, pedras de jade, etc. Porém, o mais importante é o que se leva na memória. Provavelmente, você nunca conseguirá apagar da lembrança  a estranha sensação de ter ido a outro planeta.
Birmânia, um país diferente de qualquer outro (Reprodução / Nostalasie)
Birmânia, um país diferente de qualquer outro (Reprodução / Nostalasie)
Bagan, coração da Birmânia
Outra cidade importante para visitar é Bagan. Esta cidade é um dos sítios arqueológicos mais ricos da Ásia. Situada no meio oeste ao longo do famoso rio Irawadi (“O mais belo rio do mundo”, segundo Pablo Neruda), ela nos surpreende com milhares (sim, milhares) de templos construídos entre os séculos XI e XIII. Dentro deles sempre há estátuas de Buda. Alguns Budas estão sentados e sorridentes, atitude serena de quem alcançou o nirvana. Esta grande quantidade de templos, muito próximos entre si, é uma visão que impressiona. É como se não houvesse nenhum outro aspecto mais vital e importante do que o budismo no país, que obviamente é a religião majoritária. A pessoa encontrará monges servindo sopa (para os birmaneses, ser monge é um “serviço social” quase obrigatório) e vivendo de caridade.
Com a cabeça raspada e usando túnicas vermelho-alaranjadas, levando nas mãos uma tigela para mendigar, diariamente eles pedem arroz e outros alimentos nos mercados. Os sentimentos que as pessoas têm em relação aos monges são uma mistura de pena e admiração. As pessoas não conseguem encontrar um significado mais profundo para este estilo de vida guiado pelo autosacrifício e devoção.
Certos monumentos como o Pagode Shwezigon são realmente surpreendentes, porque contêm autênticas relíquias de Buda, e sua cúpula de ouro em forma de sino é o mais belo símbolo da Birmânia.
A pessoa pode completar a aventura com um passeio pelo rio Irawadi dentro de majestosos barcos, provando a cozinha local e visitando algumas aldeias como Taungoo e Namhsan, localizadas entre campos de arroz.
Fonte:http://www.epochtimes.com.br/birmania-um-pais-diferente-de-qualquer-outro/#.Uy4hYPldXd0

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