Fim de ano em família
Festas, lágrimas de alegria e de emoção, presentes, amigo secreto, inimigo secreto, religião, festa da firma, depressão, melancolia, tristeza, alegria, reencontros, ansiedade, saudade, votos, anseios, vontade de mudança etc. Tudo isso faz parte do Natal e do Ano-Novo. E um dos ingredientes mais frequentes dessas datas é a família.
Independentemente de religião, aos poucos o Natal passou a fazer parte das tradições familiares. A data passou a ser um pretexto para reunir parentes que, muitas vezes, devido à correria cotidiana e à distância, não costumam mais se ver com frequência.
Família não se escolhe, me disse um dia um amigo. Mas algumas pessoas, que por problemas diversos não mais têm contato com a família de origem, acabaram por construir sua própria família, esta sim escolhida, formada por pessoas próximas e com afetos recíprocos. Como se vê, fazer parte de uma família é realmente importante.
Aliás, é bom lembrar sempre que a família é o único grupo ao qual se pertence de fato. De outros grupos, participamos apenas. A família é o único grupo permanente em nossas vidas. Os demais grupos são sempre temporários.
Os mais novos precisam sentir que têm família, e isso não significa a presença das figuras do pai e da mãe –estejam eles casados ou não– avós, tios etc.
Eles precisam sentir, perceber, vivenciar que fazem parte de um grupo que ali está para cuidar deles, escolher e decidir por eles enquanto eles não podem fazer isso por conta própria, protegê-los de riscos evitáveis, encorajá-los quando se defrontam com obstáculos, baixar a bola deles quando ficam cheios de si, por exemplo.
Eles precisam saber o que é viver em família. Ter família dá um trabalho danado, não é verdade, caro leitor? Todos os integrantes da família estão sujeitos, por exemplo, às emoções intensas do relacionamento familiar. Ora amor, ora raiva, ora sentir falta, ora querer dispensar uma presença momentaneamente indesejada...
Todos os integrantes da família têm obrigações. Tais obrigações não são apenas objetivas e práticas, como ter de colaborar nas tarefas domésticas e na administração da casa com seus integrantes. Há obrigações morais e afetivas, o que exige muito de todos nós.
Toda família apresenta contradições, conflitos, inseguranças, receios, passa por altos e baixos em todos os sentidos, muda de rumo e, principalmente, sofre a cultura da sociedade que, muitas vezes, se choca com os valores daquele grupo, o que exige mais energia para seguir o caminho escolhido.
Apesar dos ônus que ter uma família acarreta, há muitos benefícios, principalmente para os mais novos. Para a criança e para o adolescente, sentir que integram esse grupo lhes dá coragem para enfrentar as vicissitudes da vida e energia para viver, por saberem que sempre podem contar com o acolhimento familiar. Essa panelinha, que às vezes perturba os mais novos, lhes dá estrutura e ensina o que é a vida.
Desejo a todos muita energia e força para investir na vida familiar e muita paciência para dar toda a atenção necessária aos mais novos.
Saio em férias e volto a publicar minha coluna no dia 4 de fevereiro. Agradeço muito sua companhia e desejo boas-festas e um ano melhor para todos nós. Tim-tim!
Por Rosely Sayão*
*Rosely Sayão, psicóloga e consultora em educação, fala sobre as
principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar e
dialoga sobre o dia-a-dia dessa relação. Escreve às terças na versão impressa de
"Cotidiano".
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