Ano do Brasil
O Brasil não se divide em partidos. Não temos essa tradição. Essa linha não divide o nosso campo. Por isso deveríamos focar mais nas largas pontes que nos unem do que nos estreitos pleitos que nos separam. Temos muito a fazer. O jogo é de campeonato mundial.
2014 será um ano pleno: de Copa do Mundo, de eleições, de tensões no mercado financeiro.
É um tsunami de fatos e fotos que permanecerão na consciência -e na inconsciência- do Brasil e do mundo por décadas. Até hoje lambemos nossas feridas pela derrota na final da Copa de 1950 no velho Maracanã. A final no novo Maracanã, em 13 de julho de 2014, também será lembrada por décadas.
Esse engajamento nacional precisa de divergências, uma vez que somos uma democracia vibrante e complexa, e precisa também de convergências, para aproveitar todo o nosso potencial.
Os pessimistas precisam ser mais realistas. Os otimistas, também. O ano do engajamento será mais produtivo se for também o ano do entendimento.
Nesse sentido, Nelson Mandela, o grande líder africano, que em vida mostrou a importância da tolerância e do entendimento, na morte deu a nós, brasileiros, uma oportunidade especial de reconciliação, no mínimo fotográfica e fotogênica.
Seu funeral uniu numa emblemática viagem à África a presidente Dilma Rousseff e todos os ex-presidentes vivos do país (Lula, Fernando Henrique, Sarney e Collor). As imagens e os relatos do voo presidencial mostram como o Brasil fica bem na foto com as forças políticas
reunidas num mesmo propósito.
Mandela passou 37 anos na prisão e saiu de lá com a mão estendida para seus impiedosos carcereiros. Rechaçou uma bipolaridade destrutiva em nome de uma transição pacífica do regime racista para o regime democrático. Deu certo, e muito sangue não foi derramado.
Quanto mais amarrados estivermos nas disputas que nos separam, menos avançaremos.
Precisamos focar nas soluções, nos consensos. Foram eles que nos trouxeram até aqui.
Os tremendos avanços socioeconômicos, políticos e mesmo psíquicos dos últimos 20 anos no Brasil vieram desses consensos libertadores em torno da democracia e da economia de mercado.
Eles devem ser apenas o começo de uma nova trajetória, mais assertiva, mais justa, mais próspera, que dê no mínimo oportunidades para o desenvolvimento de cada mulher e cada homem desse país.
Como tem acontecido nas vésperas de ciclos eleitorais, tenho sido procurado por políticos de diversas linhas para fazer campanha.
A lembrança me honra, mas lembro a eles que estou focado na construção de um grande grupo de comunicação. E, com toda a humildade que Deus não me deu, sugiro que pensem menos em marketing político, que foca só no eleitor, e mais em marketing público, que pensa também no cidadão.
2014 será um ano especial depois de um ano especial. 2013 teve também muitas emoções, no Brasil e no mundo. Como hoje é Natal, queria lembrar de Francisco, o novo papa, sul-americano como nós, que num nome disse tudo.
Uma grande lição de marketing espiritual porque por trás do nome existem verdades e valores.
Tenho fé na fé, e Francisco a renova. Foi escolhido o homem do ano pela revista "Time", o que, no século da web, é bastante significativo.
Já disseram que a grande rede mundial é o que mais chega perto do divino. É a minha conexão favorita. Que aflora nesse coletivo natalino.
Em tempos cínicos, acreditar é ser rebelde, revolucionário. Sem Jesus, Papai Noel seria ridículo. O Natal não nasceu na Macy's, ele nasceu em Belém.
Que em 2014 o que nos une se imponha sobre o que nos separa. Será o ano do Brasil. O mundo todo estará de olho, e a bola vai rolar.
Feliz Natal a todos e um ano novo repleto de produtividade.
Por Nizan Guanaes*
*Nizan Guanaes publicitário baiano, é dono do maior grupo publicitário do país, o ABC. Escreve às terças-feiras, a cada duas semanas, no caderno 'Mercado'.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/nizanguanaes/2013/12/1389561-ano-do-brasil.shtml
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