BRAMANISMO,BUDISMO E JAINISMO NOS PRIMÓRDIOS DA NOSSA ERA



Bramanismo, Budismo e Jainismo
nos primórdios da nossa era

"Prosseguindo na política do imperador Asoka, os soberanos dos sucessivos impérios do Norte e do Sul da Índia, permitiram a coexistência do bramanismo, do budismo e do jainismo. Estas três religiões na verdade se misturavam nesta época. O budismo e o jainismo se apresentavam somente como reformas morais do bramanismo. O próprio Buda tornou-se aos olhos dos hindus vixnuístas a última "avatar" do seu deus supremo. O budismo herdou do bramanismo uma parte das suas aspirações espirituais, mas valorizando o homem que podia só com a sua força, sem a intervenção divina, ganhar a própria salvação. Permanecia essencialmente uma moral e um método de salvação. Os deuses brâmanes não foram absolutamente negados. Foram também, nos primeiros séculos da nossa era, as únicas divindades do panteão budista e jainista. Mas os próprios deuses eram considerados somente Atmans - alguns superiores - que deviam mais uma vez encarnar numa figura humana para atingir o Nirvana, isto é, o estado de "não ser" o Nada final. O fim de cada existência virtuosa, devotada ao desprendimento e à verdade, não é nada mais que a destruição integral do corpo e do Atman. Toda a doutrina de Buda é baseada na descoberta pessimista que o Grande Sábio fêz do sofrimento humano. Quando ainda era o Príncipe Siddharta, o futuro Buda encontrou um mendigo, um doente, um cadáver que era levado para a fogueira e um monge. Estas visões lhe fizeram ver a miséria humana e a vaidade de sua vida principesca. Êle seguiu a dolorosa escola do ioga e do ascetismo, desejando destruir seu corpo para libertar o espírito, mas renegou esta teoria porque compreendeu que o nascimento é a origem de toda a dor corpórea e espiritual. A primeira causa desta dor é o desejo, a avidez de empreender, de realizar e conservar. A segunda é a falta de domínio de si mesmo. A terceira é a ignorância, isto é, a recusa, a indiferença em saber que a vida terrena é apenas uma triste sucessão de provações humilhantes. Existe somente uma via de salvação: uma libertação completa, aquela que gera o Nirvana. Este segue a autoconsciência, a prática do autocontrole, que finalmente anula o desejo. A visão jainista se caracteriza também pela tomada de consciência do homem como valor espiritual, mas, contrariamente às teorias bramanistas e budistas, o Atman é eterno. Cada Atman conhece antes existências transmigratórias e pode chegar ao estadoi de alma livre. A condição para isto é uma bondade incondicional que se traduz por uma não-violência integral."

ROLLAND, Jacques-Francis. Historama. Vol.3. Buenos Aires, Editora Codex, 1972. Pág. 45-46.
 
Fonte:http://potirah.blogspot.com.br/2011/04/bramanismo-budismo-e-jainismo-nos.html

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