Antiga Constantinopla
A antiga capital chamada Bizantium, ou chamada ainda no Império Bizantino de Constantinopla e atualmente chamada de Istambul, foi o centro mais poderoso depois do declínio do império Romano. A cidade era considerada um ponto de vital importancia no mundo por centenas de anos com lutas sangrentas por poder e várias rebeliões. Inicialmente restringida dentro das muralhas construidas por Septimus Severus, a cidade cresceu e se expandiu até as muralhas de Theodosius. Conseqüentemente, Constantinopla, como a Roma antiga se tornou uma cidade localizada em sete colinas.
Chamavam assim a cidade de Constantino: a Maçã de Prata. Desde 11 de maio de 330, ela fora a sede máxima do Império Romano do Oriente, depois simplesmente designado de Império Bizantino. O imperador, que se convertera ao cristianismo, sentindo a decadência do lado ocidental dos seus domínios, decidira escolher um outro sítio mais seguro para servir de sua capital.
Trocou Roma por Bizâncio, abandonou o latim pelo grego e o título de imperador pelo de basileu. Mudou-se com a corte, a administração e as legiões, para aquela antiga cidade fundada pelos gregos no século VII a.C., então um pequeno porto situado no Bósforo - a passagem que ligava o Mar Negro ao Mediterrâneo
Nos onze século seguintes à sua refundação, ela, rebatizada de Constantinopla, foi uma das mais esplendorosas metrópoles da transição da Época Clássica para a Medieval. Esquina do mundo de então, vanguarda da cristandade na fronteira da Ásia Menor, para ela afluiu gente de todos os cantos. Nas suas ruas apinhadas e cheias de vida, cruzavam gregos, romanos, sérvios, búlgaros, árabes, venezianos, genoveses, godos, varegos, russos, tártaros, caucasianos, etc..., formando um burburinho permanente de vozes, de línguas e de dialetos os mais estranhos e bizarros.
De longe, tratava-se do maior centro financeiro, mercantil e cultural de toda aquela parte do globo, a referência viva de um império que no seu apogeu chegou a ter 34,5 milhões de habitantes. Viram-na como uma Segunda Roma, a Nova Roma, um chamariz para os peregrinos cristãos que vinham atrás das famosas relíquias que as coleções locais abrigavam. Por todos os lados encontrava-se uma impressionante oferta de objetos sagrados que enchiam de espanto os olhos do crente e incendiava a imaginação dos supersticiosos.
O imperador Justiniano e sua corte
Espalhadas por catedrais, igrejas, palácios ou museus de Constantinopla, encontrava-se lascas da Madeira da Cruz, o Sangue Sagrado, a Coroa de Espinhos, a Túnica Inconsútil, a Santa Lança, os Cravos que pregaram Cristo e uma série macabra de santos cadáveres (de Santo André, São Lucas, Santa Ana, Maria Madalena e Lázaro, o ressuscitado, e tantos outros mais), além das sandálias de Cristo e até os cabelos de João Batista; tal adoração supersticiosa culminava com alguns pães que teriam sobrado dos doze cestos, obra do milagre da multiplicação feita por Jesus (Mateus 14-15), e que estavam expostos numa coluna.
Desconhecia-se entre os cristãos daquela época, povo mais preocupado com as coisas da religião do que os bizantinos, assunto que os levava a travar, tanto os monges, os teólogos, o basileu e a gente comum, intermináveis discussões, geralmente estéreis ou inconclusivas, sobre temas bíblicos ou correlatos. Exemplo disso, foi a exasperante polêmica que ocorreu nos tempos da imperatriz Teodora, falecida em 548, entre os monofisistas, com quem ela simpatizava, e os ortodoxos ligados mais ao imperador Justiniano.
As relíquias que foram trazidas da Terra Santa, primeiramente por Santa Helena, a mãe do imperador Constantino, eram mantidas sob controle do clero ortodoxo, que fazia às vezes de Segundo Estado dentro do Império Bizantino. Posse que fazia inveja ao clero de Roma, de quem a Igreja Cristã Ortodoxa estava totalmente separada desde o Cisma do Oriente, ocorrido em 1054.
A Nova York daqueles tempos
De certo modo, Constantinopla foi no seu tempo uma espécie de mistura de Nova York com Jerusalém. Isto é, uma metrópole que conciliava perfeitamente os negócios e um intenso comércio com os assuntos da fé e da religião. Onde o luxo ostensivo da corte imperial e do patriciado local convivia com a pobreza e mesmo com a miséria, o ouro e os trapos circulando por perto um do outro.
Ao longo de uns seis século, as moedas bizantinas, o solidus ( antigo aureus romano) e o numma, foram as primeiras a ser realmente universais, sendo conhecidas, aceitas e cambiadas na maior parte dos mercados asiáticos ou europeus, enquanto o grande código jurídico do imperador Justiniano (Corpus Juris Civilis, 529-533), organizado pelo jurista Triboniano, criou os fundamentos futuros do Direito europeu e mesmo dos da Ásia Menor.
Como símbolo daquela proeminência toda, da magnificência imperial e teocrática que dela imanava (como sede oficial do autocrata do oriente e sé do patriarca ecumênico da Igreja Cristã Ortodoxa, obediente ao imperador), é que construiu-se a Hagia Sofia, a Igreja da Santa Sabedoria, aprontado em 537, templo imenso de 56 metros de altura, todo decorado internamente por belos mosaicos e incontáveis ícones bizantinos, encimada por uma estupenda cúpula redonda, erigida pelos arquitetos Antêmio de Trales e Isidoro de Mileno.
Ergueram-na bem na ponta da península, na Acrópole da cidade, local panorâmico, esplendido, que dá vistas para o mar de Mármara ao sul, e para o Chifre de Ouro ao norte, os dois lençóis de água que enlaçam Constantinopla e em cujas margens se abrigam excelentes portos como o de Eleutério, Kontoskalion e Sofía.
Por: João Paulo Souza Brighent
Império Bizantino
Alta Idade Média: Império Bizantino e Islão
1. Introdução
Após a queda do último imperador romano do ocidente, em 476, deposto pelos bárbaros germânicos, o Império do Ocidente deixou de existir. Não obstante, seu congênere oriental lhe sobreviveria por quase um milênio.
A sobrevivência do Império Romano do Oriente, ouimpério Bizantino (de Bizâncio, antigo nome de Constantinopla), pode ser explicada pela manutenção das as do comércio internacional nas mãos dos bizantinos e ela preservação de Constantinopla como um dos terminais das rotas procedentes da Ásia. Apesar da expansão islâmica, responsável por uma considerável redução de eu território, o Império Bizantino logrou manter sua importância econômica, O comércio propiciava-lhe as rendas necessárias à manutenção de um exército ainda expressivo.
Após as invasões bárbaras, o Ocidente latino foi parcialmente germanizado, ao passo que o Oriente permaneceu apegado à cultura grega e ao orientalismo.
2. O governo de Justiniano: o apogeu do Império Bizantino
O Império Bizantino atingiu o auge de seu esplendor com Justiniano (527-565). Ambicioso, aliado à camada mercantil, empreendeu a reconquista do antigo Império Romano do Ocidente. Para tanto, organizou um grande exército e uma poderosa frota.
As conquistas de Justiniano objetivavam preservar as bases econômicas do Império do Oriente e restaurar a unidade do Império Romano. As relações comerciais entre as cidades do contorno mediterrâneo foram ativadas a partir das vitórias do general bizantino Belisário, que dominou o Egito e sua enorme produção de trigo. O avanço militar prosseguiu sob a chefia de Belisário e de outro general competente, Narsés, que destruíram o Reino dos Vândalos norte da Africa) e o Reino dos Ostrogodos (Itália) e ocuparam seus territórios. O limite máximo da reconquista bizantina foi o sul da península Ibérica, tomado aos visigodos.
Mas a manutenção de tão formidável império exigia grandes sacrifícios. Por outro lado, as vitórias no Ocidente foram comprometidas por algumas derrotas ante os persas, nas fronteiras orientais. Conseqüentemente, após a morte de Justiniano, o Império Bizantino viu-se forçado a abandonar gradualmente as regiões conquistadas, perdendo inclusive territórios que lhe eram próprios, seja no Oriente Próximo (para os árabes), seja na península Balcânica (para os eslavos).
Mas a manutenção de tão formidável império exigia grandes sacrifícios. Por outro lado, as vitórias no Ocidente foram comprometidas por algumas derrotas ante os persas, nas fronteiras orientais. Conseqüentemente, após a morte de Justiniano, o Império Bizantino viu-se forçado a abandonar gradualmente as regiões conquistadas, perdendo inclusive territórios que lhe eram próprios, seja no Oriente Próximo (para os árabes), seja na península Balcânica (para os eslavos).
3. O Código de Justiniano
Justiniano preocupou-se com a codificação do Direito Romano. Nasceu assim o Corpus Juris Civilis, elaborado por uma comissão de juristas nomeados por Justiniano. Nesse monumento jurídico, toda a legislação romana foi revista, corrigidas as omissões e suprimidas as contradições. O jurista Triboniano dirigiu os trabalhos, que resultaram na edição de um Corpo de Direito, dividido em quatro partes: Digesto, Institutas, Novelas e Pandeclas. Essa obra sobreviveu ao Império Bizantino, servindo de base para quase todas as legislações modernas.
4. A Revolta Nika
No reinado de Justiniano ocorreu uma importante revolta popular, como reflexo da exploração econômica e opressão a que eram submetidas as camadas inferiores. O pretexto para a insurreição surgiu no Hipódromo de Constantinopla, onde os bizantinos acompanhavam com apaixonado interesse as disputas entre as equipes dos Verdes e Azuis.
A proclamação de uma vitória duvidosa, em uma das corridas, desencadeou um tumulto que logo se transformou em rebelião. Os insurretos marcharam contra o palácio imperial aos gritos de Nike! (“Vitória!”); daí o nome dado à sedição. O movimento foi esmagado graças à energia da imperatriz Teodora.
5. A religião no Império Bizantino
No Império Romano do Oriente, a autoridade temporal (isto é, política), exercida pelo imperador, sobrepunha-se à autoridade espiritual (isto é, religiosa) do patriarca de Constantinopla, o que resultava na submissão da Igreja ao Estado (cesaropapismo).
O Império Bizantino teve uma efervescente vida religiosa, em que as disputas doutrinárias eventualmente chegavam ao extremo da guerra civil. Justiniano defendeu de forma irredutível a ortodoxia cristã, combatendo com firmeza as duas heresias que lhe foram contemporâneas: no Ocidente, o Arianismo; no Oriente, o Monofisismo (este último apoiado pela própria imperatriz Teodora, esposa de Justiniano). Ambas heresias negavam a existência em Cristo de uma dupla natureza — divina e humana.
A imperatriz Teodora, que exerceu grande influência no governo de seu esposo, Justiniano.
No século VIII, irrompeu em Constantinopla o movimento iconoclasta. Seu inspirador foi o imperador Leão III, que proibiu o culto das imagens e ordenou que elas fossem destruídas. Os defensores do culto sofreram violentas perseguições, mas as imagens acabaram sendo reentronizadas nas igrejas.
Com o passar do tempo, tomou-se cada vez mais difícil ao papa (bispo de Roma) impor sua autoridade sobre a Igreja do Oriente. A crise atingiu o clímax em 1054, quando o patriarca de Constantinopla, com o apoio do imperador bizantino, recusou-se oficialmente a continuar acatando a autoridade papal. Essa ruptura, conhecida como Cisma do Oriente, deu origem à Igreja Católica Ortodoxa, cuja doutrina é basicamente idêntica à da Igreja Católica Romana, embora haja diferenças no ritual e na organização eclesiástica.
6. A crise do Império Bizantino
Os sucessores de Justiniano mostraram-se incapazes de sustentar sua herança. Além das dissensões religiosas, os conflitos políticos e os golpes palacianos dilaceravam o Império. As conquistas ocidentais foram aos poucos abandonadas. A corrupção administrativa grassava; o caos econômico ameaçava instalar-se.
Heráclio (610-641) foi o último grande imperador bizantino. Quando ascendeu ao poder, os persas haviam invadido a Síria, capturado Jerusalém e conquistado o Egito, comprometendo as rotas comerciais e as fontes de suprimentos dos bizantinos. Heráclio assumiu a ofensiva e retomou as áreas perdidas, empurrando o inimigo para trás do rio Eufrates.
Depois de Heráclio, o Império Bizantino iria viver uma longa agonia. No século VII, a expansão árabe sacudiu o Oriente Médio, com o pavilhão do Crescente submetendo as regiões compreendidas desde a Pérsia até ao Estreito de Gibraltar. A Palestina, a Síria e a África do Norte foram definitivamente perdidas. Enquanto isso, as migrações eslavas provocavam turbulências nos Bálcãs e os búlgaros estabeleceram-se ao sul do Danúbio.
Os séculos seguintes assistiram à luta de Constantinopla para sobreviver. Búlgaros, árabes, turcos seldjúcidas e mongóis encarniçaram-se contra o Império em crise, mas’ cuja capital ainda conservava uma incrível vitalidade econômica. Em 1204, os cavaleiros da Quarta Cruzada saquearam a cidade e fundaram um efêmero Império Latino do Oriente. Mas o Império Bizantino ainda conseguiu superar mais essa vicissitude, embora cada vez mais debilitado.
O fim veio em 1453, quando os turcos otomanos, dirigidos pelo sultão Maomé II, finalmente conquistaram a legendária Bizâncio. O último imperador, Constantino XII, pereceu enfrentando o inimigo.
7. Conclusão
A sobrevivência do Império Bizantino por todo o período medieval manteve de pé o baluarte cristão no Oriente, a despeito dos ataques de persas, muçulmanos e eslavos.
A atividade dos barcos e mercadores bizantinos garantiu para Constantinopla um esplendor invejável, com um fabuloso tesouro artístico constituído de templos, pinturas, esculturas e mosaicos. Foi ainda o Império Bizantino que preservou grande parte do acervo cultural greco-romano. Destarte, o Império Romano do Oriente constitui a grande ponte entre a Antigüidade e os Tempos Modernos.
Interior da Catedral de Santa Sofia, em Constantinopla.
330 - É fundada Constantinopla, nova capital do Império Romano
Posteriormente, cidade seria sede do poder do Império Bizantino
No dia 11 de maio do ano 330, o imperador Constantino oferece uma nova capital ao império romano: a Nova Roma. Esta cidade adotaria o nome de Constantinopla após a morte do imperador e seria sob este nome que entraria para a história.
O império romano havia atingido sua maior extensão no século anterior. Tornara-se difícil de governar e tinha dificuldades para resistir à pressão dos Bárbaros. Em 293, o imperador Diocleciano desloca a sede do governo para quatro cidades próximas às fronteiras mais expostas - Mediolanum (Milão), Nicomédia, Sirmium e Treves (Trier).
Instaura um governo colegiado para melhor proteger as fronteiras, mas sua tentativa fracassou. Seu sucessor, Constantino, estabelece-se em Nicomédia, (hoje Izmit, no mar de Mármara) depois de restabelecer a unidade do império.
Constantino busca um lugar propício para uma nova capital. Em 324 lança seus olhares sobre a cidade de Bizâncio. A escolha era judiciosa. Bizâncio havia sido fundada mil anos antes, em 667 a.C., por colonos vindos de Megare, entre os estreitos que separam a Europa da Ásia.
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A cidade estava situada sobre uma região montanhosa, à entrada do estreito de Bósforo. Esse estreito canal abre-se ao Mar Negro ao norte e ao mar de Mármara ao sul. Este mar fechado desemboca, por sua vez, no mar Egeu e no Mediterrâneo pelo estreito de Dardanelos. É delimitada a leste por um estuário estreito que remonta ao norte. Por isso que, à época, foi chamada de "Corno de Ouro", dada sua beleza.
Contantinopla domina as passagens entre Europa e Ásia e não está muito distante dos rios Danúbio e Eufrates. Situa-se, enfim, no coração das terras da antiga civilização helênica.
Como Roma em suas longínquas origens, o perímetro da cidade foi delimitado por um sulco traçado com arados. A inauguração solene foi cercada de ritos pagãos, com um sacrifício à Fortuna e uma dedicatória do filósofo neoplatônico Sopastros. No entanto, Constantinopla nasce quando o cristianismo se impunha no seio do império romano e acabou ganhando apenas templos cristãos.
Os habitantes recebem os mesmos privilégios dos romanos, em especial a isenção de impostos e a distribuição gratuita de trigo. Um senado é constituído nos moldes do SPQR, o Senatus Populusque Romanus. Constantino residiu na nova capital até sua morte, em 337.
Mesclando habilmente as culturas helênica e romana, a cidade se desenvolve rapidamente e ultrapassa Roma. Em 395, com a cisão do império romano, torna-se a capital do Oriente. Sua população atinge um milhão de habitantes em seu apogeu, dois séculos mais tarde, sob o reinado do imperador Justiniano.
Em 27 de dezembro de 537, Justiniano entrega à cidade de sua joia arquitetônica: a Basílica de Santa Sofia, ou Haghia Sofia como ainda a chamam os turcos. Com o imperador Heraclius, Constantinopla abandonaria suas referências latinas e se tornaria exclusivamente grega. O império passaria a se chamar bizantino, em referência ao nome grego da cidade.
Após mais de mil anos de existência, o império bizantino se incorporaria ao império otomano. Depois da tomada da cidade pelos turcos em 1453, a cidade torna-se a capital do Império Otomano e a residência oficial do califa muçulmano. Adota o nome de Istambul. Segundo uma tese bem difundida, seria uma deformação popular da expressão empregada pelos gregos para dizer “eu vou à cidade” (eis tin Polin)
POR QUE CONSTANTINOPLA É CHAMADA DE NOVA ROMA ?
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Tudo fazia parte, originalmente, do grandiozíssimo império Romano, que vou dividido em império ocidental e oriental. Portanto, Roma e Constantinopla eram as capitais, respectivamente, do ocidente e oriente. Conforme Roma declinou e, finalmente, acabou caindo, constantinopla se tornou a maior, mais rica e mais "romana" das cidades - claro que tudo foi se mesclando, mas , portanto, uma ótima candidata para ocupar o posto de capital do mundo.
História Resumida do Patriarcado de Constantinopla
Calendário Litúrgico da Igreja Ortodoxa da Polônia de 2003
Tradução do Rev. Ighúmeno Lucas
Tradução do Rev. Ighúmeno Lucas
O fundador da primeira comunidade cristã em Bizâncio (pequena cidade junto ao estreito de Bósforo, no local onde o Imperador São Constantino, o grande construiu no século IV a cidade-capital de Constantinopla) foi o apóstolo André. Como cita o texto “Milagres de Santo André” de autoria de São Gregório de Tours (538-594) ele sagrou como bispo seu discípulo Eustáquio e seguiu para o norte para os lados das terras da futura região de Kiev.
As regiões do posterior patriarcado foram cristianizadas, também, por outros apóstolos. Por lá seguiram os caminhos missionários da viagem apostólica de São Paulo e Barnabé. A Igreja de Éfeso por vários anos foi dirigida pelo apóstolo João , o teólogo. Para o desenvolvimento da Igreja contribuíram, também, fatores de natureza político-econômica. No século IV Constantinopla tornou-se a capital do império, graças a isso cresceu também significativamente o papel da Igreja local e seu bispo. A nova capital era chamada “Nova Roma” e no 2° Concílio Ecumênico (381) foi concedida ao bispo de Constantinopla a primazia de honra depois do bispo de Roma.
A Igreja de Constantinopla conquistou no mundo cristão daquele tempo ampla autoridade graças a notáveis personalidades que ocuparam sua cátedra.
Foram bispos de Constantinopla, entre outros: São Gregório de Nazianzo (379-381), São Nectário (381-397) e São João Crisóstomo (398-404).
No tempo do patriarca Nectários foram tomadas as primeiras iniciativas com o objetivo de concessão ao bispo de Constantinopla autoridade jurisdicional sobre um território maior, porque até este tempo sua jurisdição abrangia exclusivamente a região da cidade de Constantnopla,. Foi criado um sínodo fixo junto à cátedra patriarcal chamado sínodo endymes. Em sua composição entravam bispos presentes, no momento, na capital do império sem importar qual a sua jurisdição.
No 4º Concílio Ecumênico em Calcedônia (451) ratificaram finalmente o lugar da Igreja de Costantinopla entre as outras igrejas locais. Os padres do concílio com o cânon geral, deliberaram: “...reunidos no Concílio do tempo do piedoso imperador Teodósio decidimos quanto aos privilégios da Santa Igreja de Constantinopla, Nova Roma e deliberamos o mesmo. Visto que os Padres concederam privilégios à cátedra da antiga Roma, porque era a cidade do imperador. Por estes mesmos motivos 150 bispos concederam privilégios iguais à cátedra da Nova Roma, justamente tendo ponderado, que a cidade, que elevou-se em dignidade ser cidade do imperador e do Conselho Superior, assim como possui os mesmos privilégios que o antigo império romano, ficará também elevada em questões eclesiásticas de igual modo a Roma, e será a primeira imediatamente após ela...”. Este cânon provocou forte oposição da parte dos bispos de Roma, que não queriam aceita-la vendo nele ameaça à Igreja de romana. O imperador Justiniano querendo regularizar a situação entre os patriarcados (Roma e Constantinopla) e definir sua hierarquia emitiu um édito especial: “Em concordância com as decisões (dos concílios) decidimos que Sua Santidade o Papa da antiga Roma é o primeiro entre todos os bispos, enquanto o Santo Arcebispo de Constantinopla, Nova Roma, ocupa a segunda capital em hierarquia, depois da santa capital apostólica em Roma, mas que tenha primazia ante todas as outras capitais”. Finalmente afirmaram, então, que alegrando-se com a mesma honra que Roma nos dípticos eclesiásticos, Constantinopla passa a ocupar o lugar após ela.
No século VII na composição do patriarcado de Constantinopla entravam 418 bispados, 33 metropolitas e 34 arcebispos. Importantes papéis na vida da Igreja desempenharam, também, os monges. Em 536 somente em Constantinopla havia 68 mosteiros, enquanto em Calcedônia (parte da cidade do lado asiático do Bósforo) havia em torno de 40. De igual modo aconteceu em todo o território do patriarcado.
Constantinopla desenvolveu-se como centro cristão de ciência, cultura e arte, aqui ocorreram os debates do 2º, 5º e 6º Concílios Ecumênicos.
Infelizmente, também, em Constantinopla tiveram lugar os mais tristes acontecimentos da história da Igreja. No dia 16 de julho de 1054 representantes do papa Leão IX – o cardeal Humberto, o arcebispo Pedro de Analfia e Frederico de Lotaríngia excomungaram o patriarca Miguel Celulário e a Igreja do oriente. O sínodo patriarcal respondeu com igual decisão. Este cisma do ano de 1054 não foi ainda a separação definitiva da Igreja oriental e ocidental. A separação definitiva ocorreu depois da 4ª cruzada, que ao invés de libertar a Terra Santa, em 1204 invadiu e saqueou Constantinopla. Seus templos foram profanados. Milhares de moradores sucumbiram, outros tiveram que fugir da cidade. De parte do império bizantino criaram o “Império Latino do Oriente”, com patriarca latino subordinado ao papa.
O patriarca ortodoxo e autoridades civis do império transferiram-se para Nicéia. O imperador Miguel VIII Paleólogo em 25 de julho de 1261 derrotou os cruzados e recuperou Constantinopla. No renovado patriarcado foram criadas 35 metropolias, 7 arcebispados e dezenas de bispados. Havia chegado o tempo chamado de “Renascença dos Paleólogos”, que caracterizou-se não apenas por excepcional desenvolvimento da vida monástica (hesicasmo) mas também por sua influência na cultura, arte e mesmo na política. Os mais eminentes nomes deste período foram São Gregório Palamas, São Gregório, o Sinaíta, e São Nicolau Cabasilas. Não foram, entretanto, anos felizes para o império. DE todos os lados os inimigos ameaçavam-no. Os imperadores tentando salvá-lo voltavam-se com pedido de ajuda até mesmo para a cavalaria do ocidente. Em suas tentativas até mesmo concordaram com o conteúdo das decisões dos Concílios Uniatas (visavam a reunificação da Igreja) de Lion (1274) e de Florença (1431). Além da confusão religiosa e intranqüilidade interna não trouxeram nenhum efeito.
No dia 29 de maio de 1453 os turcos ocuparam Constantinopla e Bizâncio deixa de existir. A Igreja, entretanto, não foi destruída, pois as autoridades turcas permitiram às minorias religiosas conservar sua autonomia interna, e isto abrangia também os cristãos. O sultão Maomé II passou a autoridade patriarcal às mãos de Genádio II. Os patriarcas pessoalmente responsabilizaram-se pela lealdade dos cristãos face às autoridades turcas e às suas decisões no território de todo o império otomano.
Depois da mal-sucedida insurreição grega em 1821, na noite de Páscoa enforcaram o patriarca Gregório V, 14 arcebispos – membros do Santo Sínodo, importantes fanares (gregos ricos do bairro de Fanar em Constantinopla), assim como limitaram os direitos do patriarca e a liberdade dos cidadãos cristãos.
Apesar de tais terríveis repressões as insurreições não eram raras. As autoridades turcas locais as provocavam porque muito frequentemente violavam os direitos dos cristãos. Felizmente, com o passar do tempo os cristãos conquistaram cada vez maior simpatia das potências européias. Em conseqüência da ação comum dos países europeus (particularmente a Rússia) e insurrectos em 1830.
A Grécia consegue a independência. Isto forçou o sultão a reformas nas relações internas dos países. Os cristãos conseguiram mais direitos e liberdade. Em 1920 termina a guerra grego-turca. Como resultado do acordo de Lausane em 1923 a população grega foi expulsa. O patriarcado perdeu em torno de 1,5 milhões de fiéis, o que levou à extinção de muitas dioceses asiáticas. A redução da Igreja de Constantinopla também estava relacionada com a independência de igrejas locais, que receberam o status de Igrejas autocéfalas - por exemplo, a Igreja da Polônia em 1925.
Os traços característicos do patriarcado de Constantinopla nos tempos atuais são a abertura para o mundo e o movimento ecumênico. Este processo foi iniciado pelo patriarca Atenágoras I. Em 1965 isto levou à remoção recíproca da excomunhão de 1054 (encontro do patriarca Atenágoras I e do papa Paulo VI em Jerusalém em 1964).
Atualmente o patriarcado compõe-se de 5 dioceses na parte européia da Turquia (aproximadamente 30 mil fiéis), 35 dioceses no norte da Grécia, ao nas ilhas gregas, assim como muitas fora da Europa, por exemplo, em ambas as Américas (acima de 2 milhões de fiéis), Austrália, Nova Zelândia, Grã-Bretanha, França, Áustria, Bélgica e Suécia. O patriarcado também possui numerosos centros monásticos, por exemplo: Athos, Pamos. Em Chambes perto de Geneve possui um centro no qual executa atividades educativas e ecumênicas. O patriarcado possui suas próprias escolas teológicas (a maioria fora da fronteiras da Turquia), editora e centros eclesiástico-ecumênicos. No mundo todo existe em torno de 5 milhões de fiéis do patriarcado de Constantinopla. Sob sua jurisdição permanece também a Igreja Autônoma da Finlândia.
Os patriarcas de Constantinopla usam o tradicional título bizantino – “Arcebispo de Constantinopla, Nova Roma e Patriarca Ecumênico”. O patriarca atual é Bartolomeu I que é o 232º patriarca de Constantinopla. Nasceu a 12 de março de 1940 na ilha de Imbros (Turquia). No dia 25 de dezembro de 1973 ocorreu a sua quirotomia parta bispo. A eleição de Bartolomeu para chefe da Igreja de Constantinopla se deu em 22 de outubro e sua entronização no dia 2 de novembro de 1991.
A residência do patriarca e sua cátedra na Igreja de São Jorge, grande-mártir situam-se em Fanar (bairro de Istambul).
No ano de 1987 o patriarca Demétrio I realizou uma visita oficial à Igreja da Polônia. O atual patriarca ecumênico Bartolomeu I visitou a Igreja da Polônia duas vezes, em 1998 2 2000.
Roma e Constantinopla
O Concílio de Constantinopla - (381)
Honra imediata
Honra imediata
Cânon 3, Mansi, III.560 C
«O bispo de Constantinopla tem a primazia de honra imediatamente depois do bispo de Roma, pois Constantinopla é a nova Roma.»
O Concílio de Calcedônia (451)
Jurisdição Paralela
Jurisdição Paralela
Cânon 9, 28. Bright, Cânones dos Primeiros Quatro Concílios Gerais, XLI, XLVIII
[Estes cânones foram denunciados por Leão e nunca foram aceitos pelo Ocidente.]
9. O clérigo que tiver uma demanda contra outro clérigo não pode deixar o fórum de seu próprio bispo nem recorrer a tribunais seculares. Levará sua causa, em primeira instância, ao próprio bispo ou, com vênia deste, a árbitros aceitos por ambas as partes... Mas, se um clérigo tiver uma demanda contra seu bispo ou algum outro bispo, seja esta enviada ao sínodo de sua própria província1. Se um bispo ou um clérigo tiver uma demanda contra seu metropolitano, a envie ao exarca da diocese (ao metropolitano mais elevado de um grupo de dioceses) ou à cátedra da cidade imperial de Constantinopla, e aí pleiteie-se a causa.
28. Fiéis em tudo à determinação dos santos pais apostólicos e reconhecendo os cânones dos 150 bispos mais piedosos [reunidos no Concílio de Constantinopla, em 381] que acabamos de ler, determinamos e decretamos idênticas prerrogativas e privilégios a favor da santíssima cidade de Constantinopla, a nova Roma. Os pais tinham concedido por justas razões privilégios ao trono da velha Roma, pois era cidade imperial. Pelas mesmas ponderações, os 150 bispos estenderam esses privilégios ao santíssimo trono da nova Roma; estimaram com toda razão que a cidade, ilustrada pela monarquia e pelo senado, e adornada com os mesmos privilégios da velha cidade imperial, deveria receber igual distinção em assuntos eclesiásticos e, depois dela, ocupar o segundo lugar.
Semelhantemente, decretamos que os metropolitanos, e somente eles, das dioceses do Ponto, da Ásia e da Trácia (juntamente com os bispos das dioceses estabelecidas entre os bárbaros) sejam ordenados pela mencionada santíssima cátedra da santa Igreja de Constantinopla. Cada metropolitano dessas dioceses ordenará os bispos de sua província, como estabelecido pelos divinos cânones...
Nota:
1Naquele tempo, a unidade de organização, tanto eclesiástica como imperial, era a província, sendo a diocese um grupo de províncias. Posteriormente, estes termos foram invertidos, tomando o sentido que conservam até hoje.
Fonte:
Documentos da Igreja Cristã, Bettenson, Henry (Editor) - Ed. Aste/Simpósio - São Paulo, 1998 - nº 122/3 - Pág. 146-147
«As três Romas e a unificação do cristianismo» em Constantinopla-Istambul
Na noite de ontem, na antiga igreja de Santa Irene, em Constantinopla – Istambul, (hoje, museu) foi realizado o grande concerto da Orquestra Nacional Russa e do Coral Sinodal do Patriarcado de Moscou, na presença de Sua Santidade Bartolomeu I, Patriarca Ecumênico, e demais autoridades. A interpretação ficou a cargo de 150 músicos que executaram o Oratório «A Paixão segundo São Mateus», de autoria do Metropolita Hilarion de Volokolamsk, presidente do Departamento de Relações Exteriores do Patriarcado de Moscou, sob a regência do maestro Matthew Volokolamsk. Foram especialmente convidados para o concerto, além do Patriarca Bartolomeu de Constantinopla e do Metropolita Hilarion de Volokolamsk, o Metropolita Athanasios de Calcedônia, o clero local da Igreja de Constantinopla, o Embaixador russo para a Turquia, Sr. Ivanovsky, os Embaixadores sérvio, russo, ucraniano e georgiano, o cônsul venezuelano e os demais diplomatas de vários países ortodoxos presentes em Istambul, bem como representantes da comunidade grega e do público em geral. Mais de 500 pessoas prestigiaram o concerto que cumpre um roteiro que inclui os três centros geográficos mais importantes para a história do cristianismo. Sua primeira apresentação aconteceu no último dia 25 em Moscou – Rússia, seguindo agora para o vaticano. As relações entre os Patriarcados de Constantinopla e Moscou, especialmente após a eleição do Patriarca Cirilo ao trono de Moscou, foram retomadas. A visível demonstração desta nova página nas relações entre Moscou e Constantinopla será a visita oficial que o Patriarca Ecumênico fará à Rússia em maio próximo e, logo depois, em junho, o Patriarca Cirilo I visitará o Patriarca Ecumênico na Capadócia, atendendo a um convite de peregrinação feito por Bartolomeu I . [Fontes e fotos: Fanarion | Trad. Pe. Pavlos]
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