OS GÊNIOS DA SUPERAÇÃO

 

Os gênios da superação

 
Stephen Hawking, Marie Curie, Konstantin Tsiolkovsky e Michael Faraday. Estes são os nomes dos gênios que foram capazes de não abandonar seus sonhos, superar adversidades, e dar ao mundo, além das contribuições sem as quais não poderíamos nos imaginar hoje, um exemplo claro de que é possível vencer. Suas vidas, antes de tudo, são vitrines de uma superação sem tamanho, de esforço e prova de que, na vida, vencemos de diversas formas.
 
Se entre eles fosse comum somente a genialidade, já teríamos motivos suficientes para render-lhes homenagens e sermos gratos pelas suas descobertas que nos proporcionaram tantas melhorias nas condições de vida, comunicação, medicina etc.
Além da importância de suas descobertas, e a grandiosidade de seus feitos, a vida destes gênios é verdadeiro exemplo de resiliência, superando limitações físicas, preconceitos, pobreza, rejeição etc., não se renderam às circunstâncias adversas, permaneceram, todavia, firmes em suas vontades suplantando toda e qualquer previsão de fracasso.
Marie.jpgMarie Curie
Foto: Susan Marie Frontczak

Sendo a única mulher da lista, dentre as poucas nesse universo científico, podemos começar pela Maria Sklodowska, conhecida como Marie Curie - nome que assumiu após o casamento, no entanto, nem sempre, por ela ser mulher, utilizaram-se da premissa as damas primeiro.

Laureada com um prêmio Nobel de Física em 1903 – dividido com seu marido
Pierri Curie e com Henri Becquel seus companheiros de pesquisa – e outro de Química em 1911 pela descoberta dos elementos polônio e rádio, Marie Curie é a única mulher e cientista a ganhar duas vezes o prêmio Nobel na área da ciência. Nascida em 1867, em Varsóvia, Polônia, sua família, por estar envolvida nos movimentos de independência da Polônia, sofria represálias do governo russo que dominava aquela parte do país. Marie Curie teve de ir estudar em Paris na Universidade Sorbonne, formando-se em Química e Física. Se hoje falamos de preconceitos em relação às mulheres no meio acadêmico, especialmente nas áreas científicas, não é difícil de concluirmos a rejeição vivida por Currie sendo mulher, em pleno século XIX, dedicando-se à vida científica. Quando ela tentou retornar ao seu país para retomar sua pesquisa de campo, foi rejeitada pela Universidade de Cracóvia pelo simples fato de ser mulher. Assim, Marie Curie passa a viver na França e casa-se com Pierre Curie também físico.
ar136643790834573.jpgMarie Curie ao lado do seu marido Pierre Curie
Embora tenha ganhado dois prêmios Nobel, Marie Curie ainda enfrentava preconceitos, no mesmo ano em que recebeu o segundo Nobel, não foi eleita membro da Academia Francesa de Ciências por dois votos. Não se dobrando aos valores enrijecidos do seu tempo, em meio à Primeira Guerra Mundial, ela também desenvolveu aplicações médicas para a sua pesquisa, criando as chamadas petites Curies, que eram unidades móveis de radiografia. Ao final da Guerra, ela buscou recursos para fundar dois centros de pesquisa para estudo da radioatividade, um em Paris e outro em Varsóvia. Dedicando toda sua vida à pesquisa da radioatividade, ela enfrentou ainda, longos anos de solidão após a morte do seu marido ainda quando jovem, e os efeitos do contato com material radioativo, não se conhecia, pois, os perigos causados pela exposição ao material, sua pesquisa cobrou dela a própria vida, morrendo em 1934 de anemia aplástica.
170-171_Michael_Faraday.jpgMichael Faraday
Michael Faraday nascido em 1791, em Londres, de uma família pobre, teve educação fundamental precária, aos 14 anos tornou-se aprendiz de um livreiro e encadernador, nesse trabalho passou a ter contato com leituras que antes não fora possível que tivesse. Faraday frequentava as palestras de um famoso químico de Londres chamado Humphry Davy, e fazia anotações em um caderno pessoal que levava consigo. Mais tarde, Faraday enviou esse caderno com aproximadamente 300 páginas de anotações para Davy, que, surpreso e envaidecido, o convida para ser auxiliar dele no Royal Institution, o que significou o passaporte de Michael Faraday para o mundo da Química e, posteriormente, da Física.
Faraday iniciou sua carreira caracterizando substâncias, nessa época criou uma versão do Bico de Bunsen e desenvolveu o processo de eletrólise, isto é, o processo pelo qual se separa substâncias usando a eletricidade. Davy e sua família humilhavam Faraday, certa vez, em uma viajem, ele foi obrigado a ir do lado de fora da carruagem e a comer separado da nobreza. Partindo de experiências empíricas, sobretudo, Faraday desenvolveu seu próprio método de pesquisa, muito embora conhecesse não mais que álgebra básica. Com o tempo, sua pesquisa foi sendo direcionada para os campos da Física como a eletricidade e o magnetismo. Dele, temos hoje, o princípio da indução eletromagnética, descoberta feita em 1831.
Inducao_faraday.JPGA bobina de indução inventada por Faraday, em 1831, que permitia a geração continuada de corrente elétrica.
Não se deixando levar pela fama que conquistara pelas suas descobertas, Michael Faraday recusou convites para jantares de gala com a nobreza de Londres, à época, negou-se a ser o presidente do Royal Institution, e também optou por não ser agraciado com o título de cavaleiro sir. É de Faraday também o pioneirismo em relação às nanopartículas metálicas. Saindo do completo anonimato às descobertas capazes de revolucionar nossas vidas até os dias de hoje, Faraday autoeducando-se nos deixou o legado do princípio da indução eletromagnética, o que permite o funcionamento de geradores e motores elétricos, e, assim, todos os inventos modernos.
43.jpgKonstantin Tsiolkovsky
Konstantin Tsiolkovsky era filho de um polonês exilado na Rússia, contraiu escarlatina aos nove anos, recuperou-se da doença, mas ficou praticamente surdo pelo resto da sua vida. Por conta dessas circunstâncias, foi recusado em todas as escolas da região, em um gesto de perseverança, dedicou-se a estudar sozinho, frequentava uma biblioteca local, e selecionou os rumos de sua própria formação. Foi inspirado pela ficção de Júlio Verne, e decidiu dedicar-se ao estudo dos transportes aeroespaciais.
article-2104847-0030CCFA00000258-714_634x633.jpgEm 1895, Konstantin Tsiolkovsky inspirado na Torre Eiffel cria o conceito de elevador espacial
Foto: Simulação de elevador espacial feita pela NASA

article-2104847-007DFD6300000258-845_634x409.jpgFoto do Projeto japonês para construção de um elevador espacial até 2050
Em 1903, Tsiolkovsky fez a publicação do seu mais expressivo trabalho, em que defendia o uso de foguetes para atingir o espaço, calculou a velocidade necessária para que o foguete escapasse da gravidade da Terra e entrasse em órbita. Ele também defendia o uso de veículos com múltiplos estágios, movidos a hidrogênio e oxigênio líquidos. Sem dúvida, seu pensamento estava muito à frente de seu tempo, meio século depois, serviu de base aos homens para a conquista do espaço, e tornou-se leitura obrigatória para estudiosos do gênero. É dele também o surgimento da cosmonáutica ou astronáutica. Durante toda sua vida foi apenas professor de matemática para alunos do ensino médio. Morou em uma casa de madeira, a 200 km de Moscou, recluso, era visto pelos vizinhos como uma figura estranha. Tsiolkovsky escreveu em defesa da Eugenia e, com isso, teve pouca popularidade no regime soviético. Ao fim de sua vida, pregou uma filosofia pampsiquista (em que toda matéria tem algum tipo de consciência), e ainda que a raça humana deveria colonizar a Via Láctea.
2240261-7505-in.jpgA empreiteira japonesa Obayashi Corp anunciou planos para construir um "elevador espacial" até o ano de 2050
Fonte: Terra

26189_hawking_g.jpgStephen Hawking
Stephen Hawking, além de gênio, é uma celebridade científica, vítima de uma doença degenerativa letal, contrariou as previsões dos médicos de que não sobreviveria. Acometido em 1920, quando possuía apenas vinte anos, a doença de progressão acelerada paralisa os músculos tornando a pessoa incapaz de respirar levando à morte. Seu médico previu que Hawking não viveria mais que três anos. A doença se estabilizou, no entanto, e passou a progredir de maneira lenta. Ele sofreu, sem dúvida, com a perda do controle de partes do seu corpo, mas contrariando as previsões de pouco tempo de vida, foi capaz de chegar à aposentadoria, casar-se e ter filhos. Dono de inúmeros prêmios da atualidade, seu maior feito foi em relação aos enigmáticos buracos negros, demonstrando que os buracos não são completamente negros, entretanto emitem uma pequena quantidade de radiação.
Stephen-Hawking-and-Jim-Parsons-in-THE-BIG-BANG-THEORY-Episode-5.21-The-Hawking-Excitation.jpgStephen Hawking e o ator Jim Parsons, que interpreta Sheldon em The Big Bang Theory.
Stephen Hawking é autor do best-seller Uma breve História do Tempo, 1988, e de vários outros livros de divulgação científica amplamente aceitos pelo público. Sua imagem preso a uma cadeira de rodas, e a comunicação feita por um sintetizador de voz, atraiu o olhar da mídia. Hawking soube usar a fama que tem recebido nos últimos anos a favor das causas que têm defendido, como a defesa dos deficientes físicos e a advocacia da exploração espacial. Ele também está convencido de que a humanidade precisa colonizar o cosmo. Em 1992, ele fez uma participação em um episódio da série Jornada nas Estrelas, em 1994 o grupo Pink Floyd colocou trechos de falas do sintetizador de Hawking na música Keep talking, em 2012 ele apareceu na série The Big Bang Theory e corrigiu um cálculo feito por Sheldon. Ele deseja seguir usando sua imagem para conseguir a conquista do espaço.
Música Keep talking, do grupo Pink Floyd com a participação de Stephen Hawking
physicist_stephen_hawking.jpgStephen Hawking goza de alguns momentos de falta de gravidade durante um voo a bordo do Zero Gravity Corp 's Boeing 727 modificado.
Fica a ecoar em nossas mentes exemplos de tão brilhante determinação e força de vontade diante das adversidades. Mesmo todos eles tendo sido cerceados de suas condições plenas de exercerem sua vontade, não se dobraram, mas permanecendo com a certeza de que chegariam aonde desejavam, lutaram bravamente até o fim de suas vidas fazendo com que seus nomes nunca mais fossem esquecidos. Nas palavras de Nietzsche, os homens não têm de fugir à vida como os pessimistas, mas como alegres convivas de um banquete que desejam suas taças novamente cheias, dirão à vida: uma vez mais.

Fonte:http://lounge.obviousmag.org/canteiro/2013/06/os-genios-da-superacao.html

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