TOP 10: Os melhores diretores na história do cinema
Antes de mais nada, gostaria de deixar bem claro para todos os nossos leitores pessegóides, de que este post foi, possivelmente, o maior parto desde a criação deste humilde blog. O motivo é óbvio: escalar apenas 10 gênios do cinema? Juro, meu cérebro virou uma uva passa depois de tal processo.
Dentre todas as diferentes formas de expressões artística, o cinema é de longe a mais completa e fascinante, pelo simples fato de englobar todas as outras artes, seja da literatura à arquitetura, transformando-as em magia dissipada por grandes telas.
Imparcialidade nunca foi o forte do Pêssega, afinal amamos meter o pitaco em tudo! Maaaas, para mantermos uma boa coerência no nosso TOP 10, tivemos que estipular um critério muito bem definido, e partir de tal princípio. Sendo assim, optamos por selecionar diretores que, em um pouco mais de um século de história do cinema, contribuíram com um legado que revolucionou na linguagem da sétima arte e, muitas vezes, transformaram histórias banais em obras-primas.
Mas inventar a roda não é o suficiente para conseguir um lugarzito no nosso pódio... A filmografia também é fundamental! Mesmo porque, de nada adianta se um diretor foi inovador em algum aspecto, mas deixa a desejar em suas produções, quando analisamos o pacote todo. Só assim, conseguiremos colocar grandes gladiadores como Akira Kurosawa, Quentin Tarantino, Tim Burton, Alfred Hitchcock, Oliver Stone, Woody Allen, entre outros, em um coliseu, e dizer quem sobrevive.
Em suma, nossa função aqui é separar o crème de la crème do crème de la crème, para representar o crème de la crème da história do cinema. Eike loucura! Eike metalinguagem!!!
Imparcialidade nunca foi o forte do Pêssega, afinal amamos meter o pitaco em tudo! Maaaas, para mantermos uma boa coerência no nosso TOP 10, tivemos que estipular um critério muito bem definido, e partir de tal princípio. Sendo assim, optamos por selecionar diretores que, em um pouco mais de um século de história do cinema, contribuíram com um legado que revolucionou na linguagem da sétima arte e, muitas vezes, transformaram histórias banais em obras-primas.
Mas inventar a roda não é o suficiente para conseguir um lugarzito no nosso pódio... A filmografia também é fundamental! Mesmo porque, de nada adianta se um diretor foi inovador em algum aspecto, mas deixa a desejar em suas produções, quando analisamos o pacote todo. Só assim, conseguiremos colocar grandes gladiadores como Akira Kurosawa, Quentin Tarantino, Tim Burton, Alfred Hitchcock, Oliver Stone, Woody Allen, entre outros, em um coliseu, e dizer quem sobrevive.
Em suma, nossa função aqui é separar o crème de la crème do crème de la crème, para representar o crème de la crème da história do cinema. Eike loucura! Eike metalinguagem!!!
Vamos para o que interessa? Confira:
10 - Michael Haneke
A presença do diretor austríaco, provavelmente vai causar certa estranheza em alguns, mas apesar de sua curta filmografia, Haneke merece "roubar" o lugar de outros gigantes que poderiam estar por aqui.
Nossa 10ª posição é uma espécie de pitaco (quem não ama pitacar, né não!?) sobre uma futura tendência, não criada por ele, mas perfeitamente bem difundida pelo diretor.
Em grande parte, a obra de Haneke é marcada pela violência à própria representação cinematográfica e pelas críticas radicais disparadas à passividade do espectador, cada vez mais reduzido ao estatuto de um consumidor imerso em uma alienante realidade. Os filmes de Haneke desnudam friamente um humanismo exposto por traumas históricos, ressentimentos, ódio, intolerância, e inúmeras injustiças sociais, como um prelúdio do fim do mundo que escancara a agonia do termo "civilização". No entanto, o mais interessante de seus longas não são as temáticas em si, mas a relação de causa/consequência desenvolvidas com uma densidade psicológica genial.
Neste obscuro universo habitado pelo sofrimento, a anomia e a exceção, o espectador é transformado em uma testemunha ocular do que está sendo cruamente exposto. É como se estivéssemos sofrendo uma tortura poetizada! Mais ou menos parecido com a mãe te mostrando algo errado que você fez quando criança, com a chinela na mão... Só que no caso do nosso diretor-barba-branca, a chinelada é psicológica! Muito mais finesse que as tamancas de nossas progenitoras, diga-se de passagem.
Você precisa ver:
- A Professora de Piano (2001)
- Cachê (2005)
- A Fita Branca (2009)
- Amor (2012)
Quando discorremos sobre o estilo interpretativo de seus atores, a qualificação costuma ser “teatral”. E quando se analisam os cenários de seus filmes, mesmo os críticos amigáveis resvalam na palavra “brega”.
Seriam estas, conclusões equivocadas e preconceituosas? Jamais! Afinal, o colorê típico dos filmes do diretor, pode facilmente ser associado às cores chamativas usadas em lojas de departamentos para anunciar liquidações.
O grande equívoco é atribuir “enredos folhetinescos”, “interpretações teatrais” e “cores de liquidação” como expressões que, dentro de resenhas, não costumam exprimir virtudes. São associadas, ao contrário, ao exagero. E talvez seja este o grande trunfo de Almodóvar: elevar o exagero ao estado da arte.
Outro ponto interessante de se analisar nos filmes do diretor, é o constante indagamento do espectador sobre a sequência de elementos exageradamente bizarros, imensos em um quase confuso dramalhão.
Em Maus Hábitos por exemplo, o espectador fica com várias dúvidas (sensação recorrente em outras produções). Por que teriam as freiras aceitado a presença de uma prostituta? Calma, esperaê, as freiras usam drogas? E quanto você acredita que nada mais pode te surpreender, eis que um TIGRE de estimação é mostrado no convento e te faz gorfar um hilário "WTF???".
Mas para quem for bom observador, o segredo está revelado nas entrelinhas, no fundo de todo aquele bolo exorbitantemente confeitado e colorido. Em Almodóvar, o folhetim nunca é simplista como, bem, o folhetim. O esclarecimento gera novas dúvidas, numa espiral de tensões que grudma nossos olhos na tela.
Pode-se dividir a carreira de Almodóvar em três fases. A primeira vai até A Lei do Desejo (1987), e compreende os filmes da época da movida madrileña. Nesse período, o diretor era conhecido apenas na Espanha e em circuitos de cineclubes. A segunda começa em Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988) e dá conta das produções que fizeram a fama internacional do diretor. A terceira se inicia em 1997, com Carne Trêmula, e mostra Almodóvar em sua maturidade. Três dos filmes lançados desde então são obras-primas, Tudo Sobre Minha Mãe, Fale com Ela e Volver. Os restantes, no entanto, não são menos do que brilhantes. A Pele que Habito se enquadra nessa categoria. Tem o roteiro com as idas e vindas que reproduzem, na linguagem do cinema, a estética do folhetim. Tem falas afiadas levadas ao limite e enredo mirabolante roçando o inverossímil, além do uso inteligente da cor, entre outros.
Atuações teatrais, flashbacks alucinantes, tensões sexuais, cores assumindo parte fundamental do "maneirismo almodovariano", tudo isso com doses nada homeopáticas do exagero de criatividade e talento, são elementos que fazem com que a obra de Almodóvar não caiba nos clichês sobre o cinema e arte. Nem mesmo em qualquer post... inclusive este!
Você precisa ver:
- Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988)
- Carne trémula (1997)
- Tudo Sobre Minha Mãe(1999)
- Fale com Ela (2002)
- Volver (2006)
9 - Pedro Almodóvar
Falar sobre o arroz-feijão ou polemizar? Não preciso nem dizer qual seria a resposta para a nossa 9ª posição, neh!?
Homossexual assumido (e não representado pelo Feliciano, afinal ele é da gringa!), Almodóvar é mundialmente conhecido por suas produções "folhetinescas", marcadas pelo exagero que deixa qualquer novela mexicana parecer produções adeptas do minimalismo. De fato, se fôssemos atribuir um prato típico de um país que metaforizasse perfeitamente a essência de cada diretor, no caso do espanhol maluquete, certamente seria representado pela emblemática mistura de cores e sabores da paella. Só que com um polvo gigante, vivo, maquiado e de salto. E de preferência travesti, é claro!Quando discorremos sobre o estilo interpretativo de seus atores, a qualificação costuma ser “teatral”. E quando se analisam os cenários de seus filmes, mesmo os críticos amigáveis resvalam na palavra “brega”.
Seriam estas, conclusões equivocadas e preconceituosas? Jamais! Afinal, o colorê típico dos filmes do diretor, pode facilmente ser associado às cores chamativas usadas em lojas de departamentos para anunciar liquidações.
O grande equívoco é atribuir “enredos folhetinescos”, “interpretações teatrais” e “cores de liquidação” como expressões que, dentro de resenhas, não costumam exprimir virtudes. São associadas, ao contrário, ao exagero. E talvez seja este o grande trunfo de Almodóvar: elevar o exagero ao estado da arte.
Outro ponto interessante de se analisar nos filmes do diretor, é o constante indagamento do espectador sobre a sequência de elementos exageradamente bizarros, imensos em um quase confuso dramalhão.
Em Maus Hábitos por exemplo, o espectador fica com várias dúvidas (sensação recorrente em outras produções). Por que teriam as freiras aceitado a presença de uma prostituta? Calma, esperaê, as freiras usam drogas? E quanto você acredita que nada mais pode te surpreender, eis que um TIGRE de estimação é mostrado no convento e te faz gorfar um hilário "WTF???".
Mas para quem for bom observador, o segredo está revelado nas entrelinhas, no fundo de todo aquele bolo exorbitantemente confeitado e colorido. Em Almodóvar, o folhetim nunca é simplista como, bem, o folhetim. O esclarecimento gera novas dúvidas, numa espiral de tensões que grudma nossos olhos na tela.
Pode-se dividir a carreira de Almodóvar em três fases. A primeira vai até A Lei do Desejo (1987), e compreende os filmes da época da movida madrileña. Nesse período, o diretor era conhecido apenas na Espanha e em circuitos de cineclubes. A segunda começa em Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988) e dá conta das produções que fizeram a fama internacional do diretor. A terceira se inicia em 1997, com Carne Trêmula, e mostra Almodóvar em sua maturidade. Três dos filmes lançados desde então são obras-primas, Tudo Sobre Minha Mãe, Fale com Ela e Volver. Os restantes, no entanto, não são menos do que brilhantes. A Pele que Habito se enquadra nessa categoria. Tem o roteiro com as idas e vindas que reproduzem, na linguagem do cinema, a estética do folhetim. Tem falas afiadas levadas ao limite e enredo mirabolante roçando o inverossímil, além do uso inteligente da cor, entre outros.
Atuações teatrais, flashbacks alucinantes, tensões sexuais, cores assumindo parte fundamental do "maneirismo almodovariano", tudo isso com doses nada homeopáticas do exagero de criatividade e talento, são elementos que fazem com que a obra de Almodóvar não caiba nos clichês sobre o cinema e arte. Nem mesmo em qualquer post... inclusive este!
Você precisa ver:
- Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988)
- Carne trémula (1997)
- Tudo Sobre Minha Mãe(1999)
- Fale com Ela (2002)
- Volver (2006)
8 - Martin Scorsese
Filho de dois imigrantes italianos, entender parte considerável da obra do dono das sobrancelhas mais invejadas de Hollywood é entender sua vida em Little Italy, bairro italiano onde o diretor cresceu. Ali, o menino de origem ítalo-americana, tomou contato com a cultura italiana que vai muito além do que conhecemos em "Terras Nostras" por aqui na tropicália, o crime organizado e a Igreja Católica, temas que sempre aparecem em seus filmes.
Sua paixão por cinema começou por conta de uma sua asma. E não, não era consequência de atrizes gatcheenas seminuas na telona...
Por sofrer com diversas crises de asma, não podia brincar com os outros garotos, e a única maneira de Martin se divertir era ir ao cinema com o irmão. Ali, naquela salinha lindreza onde toda a mágica da sétima arte acontece, os grandes épicos foram, aos poucos, lapidando o genial diretor que hoje conhecemos.
Na década de sessenta o jovem Martin mostra que o recalque não é uma de seus atributos, e produz alguns filmes com seu colega de faculdade Harvev Keitel, incluindo “Who’s that knocking on my door?”.
A presença de colaboradores é outra das marcas registradas de Scôzinho. E na década seguinte, tivemos o maior exemplo de parceria com o ator e amigo Robert De Niro, com quem Martin fez até hoje oito filmes, incluindo os sucessos “Taxi Driver” (1976), “Touro Indomável” (1980) e “Os Bons Companheiros / Goodfellas” (1990). Impossível falar em um sem lembrar do outro! Eike amizade lindja!!!
A alternância entre blockbusters e projetos pessoais está presente desde a consagração do diretor em Hollywood. Muitas vezes ele teve críticas negativas com seus projetos pessoais, como com “A Idade da Inocência / Age of Innocence” (1993). Outras vezes ele chocou e gerou polêmica, como com “A última tentação de Cristo / The last temptation of Christ” (1988).
Mas como nem tudo é um mar de pêssegas suculentas, Scorsese não teve só êxitos em sua carreira. Depois de um começo turbulento, as críticas negativas de “New York, New Nork” (1977) fizeram-no afundar-se na depressão, e o fio se jogou na cocaína. Mas conseguem imaginar quem o ajudou a sair dessa? Sim, senhor De Niro!
Seus filmes normalmente contam com bons banhos de sangue, protagonistas de atitudes ambíguas que muitas vezes sofrem com conflitos religiosos internos, resquício da infância de Martin. Vários de seus protagonistas passam por desilusões amorosas, talvez algo também espelhado na vida de Marty, que já está em seu quinto casamento. Outras marcas registradas do diretor são filmes que se iniciam no meio da narrativa e várias referências a faroestes e filmes de Alfred Hitchcock.
Outra paixão do diretor é o cinema clássico. Marty foi influenciado por uma série de diretores fantásticos do passado e conta mais de 13 mil filmes (!!!) assistidos em sua vida de cinéfilo. E sem dúvida sua maior ode aos pioneiros do cinema é a lindreza “A Invenção de Hugo Cabret” (2011), ganhador de cinco Oscars.
E como se essas informações já não fossem o suficiente para garantir o lugar do diretor em nosso top 10, no começo desse ano tive acesso a um pequeno dado na exposição da Cinemateca de Berlim, que aumentou minha paixão pelo titio Scorsese: Ele colocou sua M-Ã-E pra fazer uma pontinha mega emblemática do filme “Os Bons Companheiros / Goodfellas”.
Sua mãe é a maior referência de italianices que você conhece? Então bota a véia pra tabaiá!!!
Um diretor para merecer um espacinho, entre os 10 mais fodásticos de todos os tempos, no coração de cada um, precisa de uma bela filmografia, uma linguagem específica que tenha revolucionado a sétima arte, ou apenas agrade profundamente a pessoa, certo!? O que dizer de um mestre que além de tudo isso, fixou seu sobrenome na história, transformando-o em um termo etimológico para definir uma situação?
Pois bem, o termo "felliniano" pode ser utilizado com 3 significados diferentes:
1 - Para se referir à todos os fãs de carteirinha do diretor italiano.
2 - Quando se quer dizer "pertencer a Fellini"
3 - Para caracterizar o estilo bafonese do diretor, notável em todos os seus filmes (por exemplo, dizer que uma mulher possui "dimensões fellinianas" é o mesmo que dizer que a fia tem belas e robustas peitcholas)
Fellini deixou uma marca tão grande na história do cinema e das artes, de maneira geral, que se transformou em adjetivo. Ele se comunica com o público através de símbolos, investigando a realidade pelo viés oníricos. Deixemos para outros diretores reproduzirem a vida como ela é... Nossa sétima posição prefere besuntar as dramas com o surrealismo para refletirmos sobre a realidade.
Se a linguagem transparente, aquela que dá a ilusão de que o que vemos é o real, Fellini subverte isso, revolucionando o cinema como forma de expressão. Ele conseguiu explorar suas memórias, vivências e visões de mundo, misturando tudo e utilizando para isso uma imaginação que mais parece a bolsa do gato Félix.
Fellini transitou pelo Neorrealismo durante o pós 2ª Guerra Mundial, visto que o país estava carente de intelectuais que auxiliassem no processo de reconstrução moral da população. E assim foi feito, afinal ele é até hoje, um grande marco na consolidação cinematográfica da Itália no período pós guerra.
Mas não foi nesse movimento que o diretor presenteou o mundo com seu maiores feitos, e sim na libertação de ideias, sentimentos e desejos do Surrealismo. A estética onírica, bizarra adotada tem esse resultado de libertação!
Pausa dramática para o redator que vos escreve.
EU TÔ LIVREEEEEEE!!!! (Correndo com os braços abertos por um vasto campo de margaridas amarelas)
Ufa! Prontcho!!! Já posso voltar pro post.
Resumindo, Fellini não precisa dar ao público a ilusão de que o que se vê é real. Para isso, utiliza-se de uma linguagem que não esconde que está sendo utilizado o onírico e mesmo assim consegue fazer as pessoas refletirem sobre a vida, através da exposição de sucessivas atrações circenses proporcionadas pelo zoológico humano. E cá entre nós, a fauna desse zoológico já provém, por si só, material cinematográfico que milênios de anos não seriam capazes de retratar.
Você precisa ver:- A Doce Vida (1960)
- Oito e meio (1963)
- Noites de Cabíria (1957)
- A estrada da vida (1954)
- Roma de Fellini (1972)
6 - Alfred Hitchcock
Não colocar Hitchcock em um Top 10 com os diretores mais fodásticos da história do cinema, seria um sério sinal para preocupar-se com a sanidade mental...
Poderíamos considerá-lo pai de muitas coisas (quedê Ratinho pra fazer DNA?): Desde pequenos truques de filmagens, até a forma mais rebuscada do que conhecemos hoje por "Suspense".
Já dizia titio Truffaut (outra lindreza da vida!) que Hitchcock filmava cenas de amor como se fossem de assassinato, enquanto as cenas de assassinato eram filmadas como cenas românticas. E essa frase resume pra mim, se é que isso é possível com Hitch, parte importante da essência do nosso sexto colocado.
A carreira de Hitchcock se divide em dois períodos. O primeiro, na Inglaterra, e o segundo e mais famoso ($$$), na terra do Tio Sam. Em toda sua carreira, o diretor ficou conhecido pelo domínio da linguagem cinematográfica e dos recursos técnicos que dispunha, pela maneira única de conduzir à narrativa e levar o espectador pra dentro da trama, criando momentos de absoluta tensão e, obviamente, cenas do mais puro e verdadeiro suspense. E quando eu digo "verdadeiro suspense" não me refiro à trasheiras lamentáveis como o multigorfável "Atividade Paranormal" e filmecos do tipinho.
Hitchcock jamais precisou recorrer a recursos artificiais para provocar medo no espectador. Ele sabia como poucos manipular a narrativa e criar expectativa na platéia.
As produções do diretor inovaram a forma de se fazer filmes do gênero. Movimentos de câmera, edições, trilhas sonoras, construção da trama, tudo no estilo “hitchcock” contribuiu para colocá-lo entre os melhores cineastas de todos os tempos, foi inovador e peculiar.
MacGuffin, por exemplo, é um conceito aplicado no estilo do diretor, que consiste na inserção de um objeto na trama que, supostamente, não tem qualquer importância, mas que surge para que a história avance. É o caso do dinheiro roubado em “Psicose”, o roubo só serve para conduzir a personagem Marion Crane até o hotel de Norman Bates, com o desenrolar da história, a existência do dinheiro furtado acaba perdendo o significado. Ai, sabe... O que falar de um gênio que transforma umas dilminhas em link para o restante da história?
MacGuffin, por exemplo, é um conceito aplicado no estilo do diretor, que consiste na inserção de um objeto na trama que, supostamente, não tem qualquer importância, mas que surge para que a história avance. É o caso do dinheiro roubado em “Psicose”, o roubo só serve para conduzir a personagem Marion Crane até o hotel de Norman Bates, com o desenrolar da história, a existência do dinheiro furtado acaba perdendo o significado. Ai, sabe... O que falar de um gênio que transforma umas dilminhas em link para o restante da história?
Outra lindreza recorrente na obra Hitchcockiana - AMO/SOU neologismos usando o nome do fino! - são os personagens que não costumavam seguir o politicamente correto para alcançar seus objetivos. Exemplos não faltam, a começar pela dupla de assassinos em “Festim Diabólico”, que mata um colega somente para tentar realizar o crime perfeito. Em “Marnie, confissões de uma ladra”, de1964, apersonagem-título, interpretada por Tippi Hedren, é cleptomaníaca, ao passo em que “Ladrão de Casaca”, de 1955, apresenta Francie, interpretada pela linda, diva suprema Grace Kelly, que oferece ajuda a um homem que ela acredita ser um gatuno. A mesma Grace Kelly interpreta Lisa em “Janela Indiscreta”, arriscando sua vida ao entrar escondida no apartamento de um vizinho. Finalmente, em “Psicose”, Janet Leigh rouba 40 mil dólares do patrão e é assassinada por um psicopata, na famosa cena do banheirón.
E se você, querido leitor, for daqueles pentelhos que criticam o diretor usando o argumento "Ah, mas ele não fez tantos filmes com personagens bem desenvolvidos e mimimi", eu te digo que pouco me importa os seres que ele colocou para habitar seu universo (apesar de achar que ele conseguia arrancar improváveis e boas atuações)... Afinal ele CRIOU um universo, e é isso que importa!
Você precisa ver:
- Um Corpo Que Cai (1958)
- Psicose (1960)
- Janela Indiscreta (1954)
- Os Pássaros (1963)
- Intriga Internacional (1959)
5 - Quentin Tarantino
Mas é claro que o graçura do Taranta não ficaria de fora da nossa listinha marota!
O diretor cool mais cool dentre todos os cool da atualidade, atingiu um nível estratosférico de receptividade com todos os nichos de cinéfilos, que vai desde o minucioso apreciador de belas e exóticas fotografia, passando pelo fio que sai do cinema direto pra Fnac mais próxima comprar a trilha sonora impecável, até os fascinados por enredos tão bem amarrados, que te impedem de sequer piscar os olhos.
O que faz o Tarantino ter toda essa carga de valores inquestionáveis é justificável pelo seu domínio da linguagem do cinema, cultivado em horas, horas e mais horas assistindo tudo que passava no cinema mais próximo. O cara é cinéfilo hardcore, sem preconceitos e com um gosto especial pelo lado mais obscuro do cinema e da cultura. Ele sempre procurou (e achou!) a agulha no palheiro, destrinchando ao máximo grandes e distintas expressões artísticas.
Suas referências são constantes e aparecem de todas as formas: a cena de dança incluída especialmente para John Travolta em "Pulp Fiction", cujo nome em si já é uma referência a certo estilo de literatura policial barata comum nos Estados Unidos; a trilha sonora anos 70, os enquadramentos típicos dos faroestes...
Na videoteca psicológica do diretor cabe de tudo! Cabem filmes policiais, animês, filmes wu-xia chineses, filmes de guerra, Hitchocok, old west, quadrinhos e tudo mais, numa feijoada suculenta que é preciso saber dosar na quantidade de linguiça e toucinho, para se ter coerência e ficar apetitosa.
Outro bom motivo para o inquestionável pedestal que Taranta conquistou, fica por conta de seus personagens anti-heróis, roteiros não-lineares, da hiper-violência de seus filmes, trilhas sonoras caralhamente marcantes e diálogos memoráveis. Ele simplesmente consegue mesclar clássicos de kung-fu com trashs/ B-Sides dos anos 70 e recriá-los de uma forma surpreendente.
Como não amar um diretor que jamais se considerou ao nível do endeusamento de genialidade e originalidade com que alguns costumam falar, pois o próprio assume que muitas das cenas e diálogos de seus filmes são cópias e plágios descarados de antigas produções?
Uma das produções mais famosas e que serve como exemplo vivo da compilação de menções honrosas tarantinescas, é o filme "Kill Bill" (Vol. 1 e 2), de 2003. Desde mestres estereotipados e templos Shaolin dos filmes de kung fu dos anos 50 e 60, aos figurinos, como por exemplo, a roupa amarela que a personagem Beatrix Kiddo (UmaThurman) utiliza na cena clássica em que luta contra os ‘88 Loucos’, idêntica a que o Bruce Lee usa no filme "No Jogo da Morte" (1978 ). São várias as fontes de pesquisa do diretor-Barsa (tô ficando velho por lembrar da mãe das enciclopédias por aqui?) como por exemplo, os splatter-movies (algo tipo "filmes que espirram sangue") geralmente produções de baixo orçamento.
Em "Bastardos Inglórios", Tarantino se inspirou em um filme de 1942, "Hitler – Vivo ou Morto", em que gangsters americanos forjam um plano para matar o ditador bigodón.
Em um exemplo mais recente ainda, temos o western spaghetti (também conhecido por "Bang-Bang à Italiana"), que pode ser visto em "Django Livre", ao misturar aulinhas de história do professor do colégio, com um certo tempero que não consta nos livros.
O mais interessante ao se falar de Quentin Tarantino, principalmente em narrativas históricas, é que ele dá a sua característica ficcional para a narrativa, fazendo assim que o filme tenha um final inesperado. O próprio diretor já comentou sobre suas recriações de fábulas históricas:
“Você põe um filme para assistir e sabe como as coisas vão acontecer na maioria das vezes. Mas de vez em quando surge um que não segue as regras. É libertador quando você não sabe o que vai acontecer em seguida”.
Assistir um filme do Tarantino, é como entrar num processo de libertação de clichês cinematográficos e mergulhar em um mundo de incertezas, proporcionado por produções que são grandes colchas de retalhos, carregadas de informações, e sempre com o toque especial do artesão.
E cá entre nós, fazer uma colcha de retalhos valer mais que os próprios tecidos originais, não é pra qualquer um!
Você precisa ver:- Cães de Aluguel (1992)
- Pulp Fiction - Tempo de Violência (1993)
- Kill Bill Vol. I e II (2003 e 2004)
- Bastardos Inglórios (2009)
- Django Livre (2012)
4 - Roman Polanski
Nossa quarta posição pode gerar certa polêmica, visto que Roman Polanski teria abusado sexualmente de uma jovem de 13 anos de idade em 1977... Mas como não pretendo encarnar Xeçãs e julgar se o fio vai ganhar as tijolinha no céu, ou se vai arder no mármore do inferno; julgarei aquilo que está ao meu alcance: Filmes.
E nesse quesito, não existe um juri sequer que não reconheça tio Polanski como um dos maiores diretores na história da sétima arte.
Provavelmente muitos já sabem, mas o diretor é um sobrevivente do holocausto. Sua mãe, no entanto, sucumbiu ao terror de Hitler. Polanski desde muito cedo, como pode ser atestado em uma recente, completa e demolidora biografia (Polanski: uma vida), teve que construir sua identidade. E, pelo menos sexualmente, ela sempre foi muito predadora. Entre viagens pela França, outros países da Europa e Estados Unidos, Polanski colecionou namoradas, quase todas foram traídas por um homem que, vira e mexe, era acusado de misoginia. Roman Polanski era, além de tudo, um buatero dos mais fervidos. Sexo, bebidas e lealdade aos amigos – gostava particularmente de exibir-se com dinheiro – são outras características atribuídas à personalidade do franco polonês. O cinismo emanado nos filmes de Polanski advogam essas memórias, vem do estilo de vida do diretor que, entre outros hábitos socialmente questionáveis, costumava manter parceiras fixas, ocasionais e esporádicas com desenvoltura.
São famosos os casos, não totalmente desvinculados de uma conflituosa aura sexual, envolvendo Roman Polanski, a polícia e a opinião pública. Desde o assassinato de sua mulher Sharon Tate por maníacos liderados por Charles Manson, em 1969, até a relação sexual com a menor Samantha Geimer na casa de Jack Nicholson, em 1977, pela qual foi condenado e é, até hoje, foragido da justiça americana.
Essa faceta sexualmente caótica é verificada em alguns de seus filmes. Especialmente o sensacional “Repulsa ao sexo” (1965) e “Lua de fel” (1992). No primeiro, Polanski se vale de toda a sexualidade em ebulição da diva francesa Catherine Deneuve, a quem fotografou para a Playboy com o intuito de promover o filme para explorar o contingenciamento sexual da sociedade de sua época – em especial das mulheres. Frigidez, tesão e opacidade emocional são aspectos sublinhados pelo filme que foi louvado por sua acuidade teórica por psiquiatras de toda parte do mundo.
Juntamente com “O Bebê de Rosemary” (1968) e “O Inquilino”(1976); "Repulsa ao Sexo" compôs parte da famosa Trilogia do Apartamento. Nesse gênero, a ameaça não vem do ambiente exterior - monstros, brinquedos assassinos, serial killers, ETs, demônios e afins - mas sim da própria mente do indivíduo. Ou seja: o tormento do personagem é representado justamente por alguém de quem ele não pode fugir: ele mesmo. Como não amar? Como???
Se com os filmes citados acima Polanski já se mostrou um felodaputamente talentoso e promissor cineasta, com Chinatown ele resolve brincar de ser ignorante, ao alcançar todo o seu potencial artístico, e realiza uma obra perturbadora, instigante, elaborando um suspense dos melhores já vistos. Resumindo? Chinatown teve onze indicações ao Oscar de 1975, e a primeira nomeação de Polanski a categoria de melhor diretor. Bêja pro mundo!
Roman (eike íntimo que eu sou!) explorou temas de loucura e paranoia na trilogia dos apartamentos, porém eles aparecem em outros de seus filmes também, junto com a sua visão de mundo um tanto incomum. Afinal, o médico vivido por Harrison Ford em “Busca Frenética” (1988), o autor em “O Escritor Fantasma” (2010) e mesmo o músico Spillman no premiado “O Pianista” são figuras amedrontadas e perseguidas, arremessadas em circunstâncias que não compreendem. São personagens que têm muito em comum com Carol, Rosemary e Trelkovski, e até mesmo o mais recente filme do diretor, “Deus da Carnificina” (2011), baseado numa peça teatral, se passa num apartamento e é uma comédia de humor negro sobre a loucura absurda do ser humano.
Toda grande obra de arte,revela algo sobre o artista. E no caso de Polanski, não deixa de ser reconfortante o fato de que ele conseguiu transformar tanta dor pessoal em grandes e envolventes filmes, além de disseminar complexos questionamentos sobre assuntos polêmicos.
É aquela eterna quetão: Fico revolts com a vida, ou canalizo tudo e produzo finesses?
Como a segunda opção é pra pouquíssimos, 4º lugar pra ele!
Você precisa ver:
- O Pianista (2001)
- Chinatown (1974)
- Repulsa ao Sexo (1965)
- O Bebê de Rosemary (1968)
- A Faca na Água (1962)
3 - Woody Allen
Destaque para a cara de "Não sei o que eu tô fazendo no TOP 3 - Melhores Diretores do pêssega!", pois imagino que se o Woody tivesse acesso à nossa lista, provavelmente deixaria toda sua modéstia - que quase beira o irritante - falar mais alto, e se mostraria não merecedor da posição.
Prova do que acabamos de falar, fica por conta da frase:
"As pessoas sempre se enganam em duas coisas sobre mim: pensam que sou um intelectual (porque uso óculos) e que sou um artista (porque meus filmes sempre perdem dinheiro)."
Tal peculiaridade pode ser vista no diretor, que também escreve e atua na maioria de seus filmes, ao encarnar, na maioria das vezes, um judeu nova-iorquino neurótico e fracassado. Com alguns filmes otimistas e outros nem tanto, o cineasta consegue como ninguém ser repetitivo sem parecer. Dessa forma que proporcionou filmes lendários como: 'Sonhos Eróticos Numa Noite de Verão' , 'Crimes e Pecados' , 'Um Misterioso Assassinato em Manhattan', 'Todos Dizem Eu te Amo' , 'Desconstruindo Harry', 'Tiros na Broadway' , 'A Rosa Púrpura do Cairo', além de muitos outros.
Os filmes de Woody Allen ficaram famosos, em um primeiro momento, por ilustrarem as neuroses da alta sociedade de Nova Iorque, grupo ao qual ele pertence. Muitos de seus trabalhos, anteriores aos anos 2000, são sobre um diretor de filmes e quase todos têm como personagem principal um escritor. Allen costuma atuar como personagem principal, frequentemente protagonizando um nova-iorquino neurótico e fracassado.
Neurose e fracasso, neurose e fracasso, neurose e fracasso... Estaria Woody tentando se conhecer? Não perca o próximo episódio de "Casos de Família"!
Woody já mereceria facilmente um lugar na nossa listinha pessegal, mesmo se sua filmografia fosse até 2004 com "Melinda e Melinda"... Mas teve mais! E esse "mais" - que para alguns xiitas significa uma desvirtuação no trabalho do diretor - significou para nós do Pêssega, uma mudança fundamental para que ele atingisse toda a magnitude necessária para adentrar ao hall dos 3 diretores mais bafônicos na história da nossa terrinha.
Todos nós já sabemos que NY serviu como cenário de grande parte de seus filmes. Mas foi em 2005 que o diretor mostrou de fato suas garrinhas, no que diz respeito a sua invejável capacidade de fazer com que a cidade em que se passa o filme, deixe de ser apenas plano de fundo da história e se torne um dos protagonistas da narrativa. Atualmente, Allen divorciou-se dos States e o trocou pela Zorópa, como podemos ver em "Match Point" (2005), "Vicky Cristina Barcelona" (2008), "Meia Noite em Paris" (2011) e "Para Roma com Amor" (2012). Nos filmes citados, é impressionante analisar a sensibilidade do diretor ao retratar a essência de cada cidade, na forma de tramas que te prendem desde o primeiro minuto de filme, até os créditos finais.
E o que dizer das musas de seus longas? Parece que, ao entrar em contato com o mesmo ar que Woody respira, as atrizes se tornam monstros com sede de auto-superação. Vide Mia Farrow, Diane Keaton, a quase-morninha-porém-feladaputa-junto-do-tio-údi Scarlett Johansson, Penélope Cruz, entre outras.
Woody Allen é uma das lendas vivas do cinema mundial. Ele não apenas criou obras primas do cinema, como também foi pioneiro atuando em seus filmes e, muitas vezes, “falando com o público” durante a narrativa. Esperamos que ele continue lançando mais e mais filmes que se diferem das películas comerciais criadas ultimamente, e que nos façam rir, chorar, nos maravilhar e pensar, pois, como ele mesmo diz “O cérebro é o meu segundo órgão favorito”.
Bronze pro vovô Woody!
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