A GENEROSIDADE - LETÍCIA TOMPSON



 
                         A Generosidade


Quanto mais caminho,

mais percebo o quanto o mundo

anda sedento.

 

As pessoas correm,

sofrem,

se desesperam e continuam

buscando a felicidade como

se essa fosse apenas uma miragem

nesse imenso deserto que a vida

se transformou.

 

Há muita gente no mundo,

milhares e milhares.

Portanto,

a solidão continua
assolando vidas,

maltratando corações que,

no fim do dia e das contas acabam
desacreditando nas portas

que se abrem a elas.

 

Cada qual pensa no próprio eu
e todo mundo se isola.

 

Enquanto isso,

a vida continua,

cresce a indiferença,
cresce o desamor,

multiplicam-se as depressões

e incompreensões.

 

As pessoas
sentem-se vazias e reagem

como pessoas vazias.

Vazias,

pelo menos,

de amor e caridade,

mas cheias de tristezas e desilusões.

 

Há, portanto,

dentro de cada um de nós

um poço de possibilidades e
compartilhar de si é deixar-se

um pouquinho em cada um.

 

Só não tem nada para
oferecer quem possui

um coração vazio,

não as mãos.

E acabar com a solidão
de alguém é contribuir para

o fim da própria solidão.

 

Oferecer a esperança é
dar-se a si uma nova chance,

é reabrir portas,

é descobrir o novo e
entregar-se a ele.

 

Há melhor presente no mundo

que o dom de si?

 

Há coisa mais bonita que saciar
o coração de alguém?

 

Devolver a esperança,

por menor que seja ela,

é dar às pessoas a

oportunidade de descobrir

o outro lado da vida,

aquele que,

embora um pouco esquecido,

ainda existe.

 

O dia tem 24 horas

e parece muitas vezes que

são insuficientes para fazermos
tudo o que temos que fazer.

 

Lamentamos a falta de tempo

para isso ou aquilo
e pensamos que um dia,

quem sabe,

se atingirmos a bênção

da velhice tranqüila,

poderemos dar um pouco

mais de nós aos outros.

 

Quanto engano!!!

 

Podemos dar de nós a cada

dia e a cada hora,

agindo com o coração e tendo
uma atitude que nos torna

diferentes em qualquer lugar.

 

Pode-se resistir ao
ódio por muito tempo,

mas quem resiste à ternura,

ao afeto,

ao amor e à boa-vontade?

 

Quando as pessoas agirem com

menos egoísmo e ao invés de

ruminarem a própria
infelicidade começarem

a agir para o bem do próximo,

as doenças da alma
começarão a encontrar a cura

e o amanhecer terá para cada um

de nós um outro rosto,

mais sereno,

mais amigo e mais esperado.

 


 

Letícia Thompson

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