SUPORTE DA MEDITAÇÃO : BUDISMO NA PRÁTICA




Suporte da meditação

Se não estiver levando uma vida moralmente correta, não há como você esperar sentar em uma pequena almofada e se encontrar retirado dos desejos dos sentidos, retirado dos estados mentais prejudiciais. Se não houver moralidade suficiente, há muito a desejar, muito ódio ou medo, muito com o que se preocupar.
Leigh Brasington, em “A Mind Pure, Concentrated, and Bright”
(Newsletter Tricycle, 2012-08-09)


Que bem faz?
Quem bem faz meditar sobre a paciência se você não vai tolerar insulto? De que servem os sacrifícios se você não vai superar o apego e a repulsa? Que bem faz dar esmolas se você não desenraizar o egoísmo? Que bem faz dirigir um grande mosteiro se você não tratar todos os seres como seus amados pais?
The Life of Milarepa, trad. por Lobsang P.Lhalunga, de Everyday Mind (editado por Jean Smith, um livro da Tricycle). Tradução da newsletter Tricycle’s Daily Dharma, de 14 de Agosto, 2006.


Meditação e percepção


Quando meditamos, estamos criando uma situação em que há bastante espaço. Isso soa bem mas, na verdade, pode ser irritante; porque quando há bastante espaço você pode ver claramente.
Você remove seus véus, escudos, sua armadura, óculos escuros, fones, as camadas das luvas e as botas pesadas. Finalmente, está firme, tocando a terra, sentindo o sol no corpo, sentindo seu brilho, ouvindo os ruídos sem nada para embotar o som.
Você tirou o tampão do nariz e, talvez, sentirá o amável odor do ar fresco ou, talvez, esteja no meio de um depósito de lixo. Como a meditação tem essa qualidade de te trazer para mais perto de si e de sua vivência, você tende a chegar em seu limite mais rápido. Mas não é um limite que não estava lá antes. Devido ao fato das coisas estarem simplificadas e claras, você vê. Você vê clara e vividamente.
Pema Chodron, em “Tricycle: The Buddhist Review, Vol. I, #1″.Tricycle’s Daily Dharma, 10 de agosto, 2007.


Quando a percepção é mais forte que a plenitude da mente


Quando a percepção é mais forte que a plenitude da mente, reconhecemos várias aparências e criamos conceitos como “corpo”, “gato”, “casa” ou “pessoa”… Em uma noite limpa, vá para fora, olhe o céu, e veja se encontra a Ursa Maior. Para a maioria das pessoas, essa é uma constelação familiar, fácil de destacar de todas as outras estrelas. Mas há realmente uma Ursa Maior lá em cima no céu? Não há nenhuma Ursa Maior lá em cima. “Ursa Maior” é um conceito.
Humanos olharam, viram um certo padrão e criaram um conceito em nossa mente coletiva para descrevê-lo. Esse conceito é útil pois ajuda no reconhecimento da constelação. Mas também há um outro, menos útil, efeito. Ao criarmos o conceito “Ursa Maior”, separamos essas estrelas de todo o resto e, então, nos apegamos a idéia de separação, perdendo o senso da amplitude do ceú noturno, de sua unidade. A separação existe no céu? Não. Nós a criamos através de um conceito. Algo muda no céu quando compreendemos que não há nenhuma Ursa Maior? Não.
Confusão constante

Quanto menos sabemos do Dharma, mais a mente vai perseguir, continuamente, impressões mentais. Se sentindo feliz, ela sucumbe à felicidade. Sentindo sofrimento, ela sucumbe ao sofrimento. Isso é confusão constante!
Ajahn Chah, em “Food For the Heart”. Tricycle’s Daily Dharma, 9 de setembro, 2006.
Joseph Goldstein, em “Insight Meditation”. Tradução da newsletter Tricycle’s Daily Dharma, de 1º de novembro, 2006.

Meditação no amor


Levar bem-estar aos seres,
Isso é chamado de amor.
A definição de amor é “um estado mental que aspira à felicidade dos seres sencientes”. Combine isso com a mente de iluminação [bodhicitta] pensando: “Vou fazer com que minhas bondosas mães possuam a causa da felicidade”.
Combine isso com a intenção pensando: “Ah, como eu desejo que elas pudessem ter a causa da felicidade!”. E combine isso com a aspiração pensando: “Que elas possam ter a causa da felicidade”. Dessa maneira se engaje em meditação sem distração, e expresse esses pensamentos também em palavras.
Assim como você reconhece sua mãe verdadeira como sua mãe, relembre a bondade dela, e cultive o amor por ela. Mude o foco e faça o mesmo com pessoas neutras em sua vida, com seus inimigos e finalmente com todos os seres sencientes. Quando você estiver bem treinado na meditação no amor, o poder disso fará a compaixão surgir. Por isso, é dito:
O amor é a seiva da compaixão.
Künga Lekpai Rinchen (Tibete, séc. 15)
“Guia conciso para ‘Abandonando os Quatro Apegos’”
Mind Training”



Compaixão na meditação


[...] o melhor de tudo é que não importa quanto tempo você vai meditar, ou o método que vai utilizar, toda técnica de meditação budista acaba gerando compaixão, independentemente de estarmos conscientes ou não dela. Sempre que observar sua mente, você não tem como deixar de reconhecer a semelhança com as pessoas que o cercam.
Quando vê seu próprio desejo de ser feliz, você não tem como evitar ver o mesmo desejo nos outros e, quando observa claramente o próprio medo, raiva ou aversão, você não tem como evitar ver que todos a seu redor sentem o mesmo medo, raiva ou aversão.
Quando observa a própria mente, todas as diferenças imaginárias entre você e os outros automaticamente se dissolvem e a antiga prece dos Quatro Imensuráveis se torna tão natural e persistente quanto as próprias batidas de seu coração:
Que todos os seres sencientes tenham felicidade e as causas da felicidade.
Que todos os seres sencientes se vejam livres do sofrimento e das causas do sofrimento.
Que todos os seres sencientes tenham alegria e as causas da alegria.
Que todos os seres sencientes permaneçam em grande serenidade, livres do apego e da aversão.
Yongey Mingyur Rinpoche, em “A Alegria de Viver”.


Amor natural

Podemos ver que as pessoas que são mais abertas aos outros são também aquelas às quais os outros são mais amigáveis. Alguém que fica mau humorado o tempo todo, pensando apenas em sua felicidade imediata, não pode esperar que alguém sorria para ele como se fosse um vizinho ou um amigo. Ao se fechar aos outros, fecha-se a porta para a sua própria felicidade. A ternura, o amor e a bondade não são qualidades que precisamos fabricar, pedaço por pedaço, como se fossem novos fatores que devemos introduzir em nosso ser. A experiência mostra que eles são parte da natureza essencial de todos os seres vivos. Precisamos apenas deixar este potencial, inerente dentro de nós, se desenvolver e se expressar livremente.
Shechen Rabjam Rinpoche, em “Bodhicitta, A Mente da Iluminação”.


Sofrimento e amor

O amor, contudo, não pode existir sem sofrimento. Na verdade, o sofrimento é a base de onde nasce o amor. Quem não sofreu, se não vê o sofrimento das pessoas ou de outros seres vivos, não terá amor nem o compreenderá. Sem sofrimento, não é possível existirem compaixão, amabilidade, tolerância e compreensão. Vocês querem mesmo viver em um lugar onde não exista sofrimento? Nesse caso, não serão capazes de saber o que é amor. O amor nasce do sofrimento.
Vocês sabem o que é sofrimento. Não desejam sofrer nem fazer com que outros sofram; por isso, o seu amor existe. Desejam ser felizes e trazer felicidade aos outros. Isto é amor. A existência do sofrimento ajuda no nascimento da compaixão. Precisamos do sofrimento para a compaixão nascer e ser nutrida. É por isso que o sofrimento desempenha um papel tão importante até mesmo aqui no paraíso. Já estamos em uma espécie de paraíso, cercados de amor, mas ainda existem inveja, ódio, raiva e sofrimento ao nosso redor e dentro de nós.
A luta para nos livrarmos do aperto do sofrimento e da aflição nos ensina a amar, a não infligir a nós mesmos e a outros mais sofrimento e incompreensão. Amar é uma prática, e a não ser que saibam o que é sofrimento não se sentirão motivados a praticar compaixão, amor e compreensão.
Thich Nhat Hanh (Vietnã, 1926 ~)“Jesus e Buda – Irmãos”



Fonte:http://darma.info/trechos/2010/08/meditacao-no-amor/


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