Shunga - desenhos eróticos japoneses
A indústria da pornografia é, provavelmente, tão antiga como o próprio mundo. Nas civilizações orientais, nomeadamente no Japão, pensa-se que a produção de desenhos eróticos remonta ao final do 1º milénio para consumo exclusivo da corte. A função primeira destes desenhos era, obviamente, a estimulação visual, mas também era utilizados para ensinar os jovens a comportarem-se em questões de sexo, desde os preliminares até à higiene. A partir do século XVI a produção e circulação de desenhos eróticos, então denominados shunga, conheceu um grande crescimento graças à técnica da gravura em madeira, tendo atingido níveis de elevada sofisticação e qualidade estética!
As gravuras shunga eram executadas e comercializadas quer isoladamente, quer em livros contendo doze imagens, denominados enpon, quer ainda em rolos, esta última forma a mais rara e também a mais cara. Os temas retratados eram variados e, por vezes, surpreendentes, uma vez que os japoneses possuíam preferências sexuais também variadas; a maior parte dos desenhos representava contudo cenas heterossexuais que podiam ir do simples amor sensual até à mais refinada pornografia. Curiosamente, devido à nudez não ter conotações eróticas no Japão, as figuras encontravam-se quase totalmente vestidas e revelavam somente os órgãos sexuais, exagerados em tamanho.
Até os maiores artistas da gravura tradicional japonesa se dedicaram a este género, à época considerado menor, tendo o cuidado de conservar o anonimato de modo a não prejudicar as suas carreiras "sérias". Nomes como Utamaro, Hokusai, Hiroshige e, sobretudo, Kunisada executaram bastantes desenhos e contribuíram para elevar a sua qualidade estética. As gravuras shunga chegaram a atingir preços elevados e os artistas, trabalhando para empresários do ramo, faziam bom dinheiro. As autoridades fizeram diversas tentativas para limitar ou mesmo banir este género, todas sem sucesso: a arte shunga continuou a florescer. Hoje em dia permanece sob a forma de mangás...
Fonte: http://obviousmag.org/archives/2007/08/shunga_desenhos.html#ixzz2ShNfi7Ie
O Shunga ou o Erotismo Japonês
Desde a antiguidade até aos nossos dias, a sexualidade e o erotismo têm sido inesgotáveis fontes de inspiração para pintores, escritores, poetas e escultores. Os artistas imortalizam o prazer com os seus lápis e pincéis colorindo o erotismo e o sexo com as cores da sua imaginação.
Do Japão chega até nós a “imagem da Primavera” tradução da palavra Shunga, que mais não é do que um delicados desenho erótico. Estes desenhos, feitos para as classes sociais altas, tiveram o seu apogeu no período Edo, entre 1600 e 1868. Eles eram feitos em livros ou gravados na madeira, chegando a atingir elevados graus de sofisticação. Eram elaborados para estimulação sexual entre os adultos de classes sociais altas, mas também para iniciação e aprendizagem dos jovens, no que diz respeito ao comportamento sexual e higiene. Estas são talvez as primeiras imagens que poderemos considerar pornográficas.
História
O Shunga japonês foi buscar as suas origens à China, onde desenhos eróticos idênticos poderão ser vistos em manuais médicos do período Muromachi (1336-1573). Em 1661 as autoridades japonesas proibiram a produção destas imagens, consideradas imorais, mas foi apenas em 1722 que, uma rígida legislação, fazem passar os Shunga definitivamente à clandestinidade.
Os Shunga eram elaborados por artistas ukiyo-e, uma nova técnica de pintura desenvolvida no período Edo e é caracterizada por se apresentar na forma de livros e estampas de cariz popular. Todos os grandes artistas desse período produziram Shunga, até porque, para muitos, era a única forma de garantirem a sua sobrevivência, visto as produções individuais serem muito bem pagas. Ultamaro (1753-1806) e Hokusai (1760-1849) foram artistas japoneses de primeiro plano e assinaram muitas “imagens da Primavera”. A impressão a cores apareceu apenas em 1765; todos os Shunga policromáticos anteriores a esta data eram feitos individualmente.
Características
Estas gravuras representam cortesãs, símbolos de beleza e sensualidade e também actores de kabuki. O tema é sempre a sexualidade, representada nas suas mais diversas vertentes : a sedução, a heterosexualidade e a homossexualidade.
É também de notar que as personagens nunca estão completamente nuas; as suas roupas permitem identificar a classe social para além de que, no Japão, a nudez não era considerada erótica. Também é de referir a desproporção dos órgãos genitais, esses sim, de um modo geral bem visíveis.
Os rostos das personagens representadas são expressivos, tanto no olhar como nos movimentos, o que revela a grande sensibilidade do artista. As posições adoptadas são fantásticas e irrealistas, assim como os orgasmos e os órgãos sexuais.
O Shunga e a Europa
A influência destas gravuras viria a influenciar, na época, os jovens pintores Europeus. De entre os artistas mais sensíveis à arte Shunga encontram-se Manet, Monet, Van Gogh, Toulouse-Lautrec e Gustave Klimt. É provavelmente na pintura deste último que vamos encontrar uma maior influência das "imagens da Primavera".
Com a chegada da fotografia e a abertura do Japão ao mundo, na época Meiji (1868-1912), chegou o fim do Shunga. Estas imagens são mais do que simples imagens sexuais, pois elas revestem-se de grande mestria e sensibilidade artística.
Fonte consultada e fotos: BNF-Bibliothèque Nationale de France
A Arte Shunga
Quando se pensa em hentais, normalmente se tem uma impressão de que esses quadrinhos eróticos surgiram apenas com a invasão americana no fim da WW2 e a introdução profunda do american way of life na sociedade japonesa. As coisas, no entanto, não são bem assim.
Os heintais têm, em sua origem, uma antiga forma de arte popular no Japão denominada shunga (春画, “imagens da primavera”). O termo “primavera” (春, ‘shun’) é um eufemismo comum para “sexo”.
Tendo sua provável origem em antigos livros de medicina chineses, o shunga atingiu seu ápice durante o período Edo (1603 – 1807). A grande maioria das produções foram feitas usando a técnica de Ukiyo-e (浮世絵, “imagens de um mundo flutuante”), conhecida também como “estampa japonesa”. Esse estilo de pintura baseada em blocos de madeira (xilogravura) desenvolveu-se fortemente também no período Edo e, devido à facilidade de produção em massa, difundiu-se rapidamente pelo Japão.
A arte shunga possui características próprias, não podendo ser simplesmente denominada como “pornográfica” pelos parâmetros ocidentais. Apesar de serem consideradas indecentes por uma parte da sociedade japonesa mais conservadora da época, o estilo era bastante popular e muitos artistas renomados japoneses desenharam shungas sem nenhum prejuízo para as suas carreiras. Dentre algumas características dos shungas, podemos citar:
- As pessoas eram desenhadas vestidas, para indicar a qual classe social pertenciam, qual era sua profissão e também para dar destaque às genitálias.
- Outro motivo dos personagens não aparecerem nus era que a nudez não era algo necessariamente erótico, visto que em banhos públicos no Japão é comum as pessoas se verem nuas.
- A genitália masculina era desenhada desproporcionalmente, de modo exagerado.
- A maioria dos shungas descrevia relações entre pessoas comuns (fazendeiros, pescadores, artesãos, trabalhadores). Ocasionalmente, europeus (Portugueses e Holandeses) eram descritos nos shungas.
- As mulheres eram ávidas consumidoras de shungas e, de acordo com alguns relatos, os shungas possuíam um certo papel instrucional para as jovens mulheres (e também para os homens) das famílias mais abastadas.
Os shungas não retratavam apenas relações heterossexuais, bem como o realismo da cena também não era um forte desse estilo. Relações homossexuais (tanto masculinas como femininas), bem como mulheres se masturbando ou feitiches sexuais eram comumente retratadas.
Apesar disso, shungas, como dito anteriormente, são alvo de uma disputa entre estudiosos em relação à classificação deles como pornográficos ou não. Um exemplo de grande pintor japonês que também pintou diversos shungas é Katsushika Hokusai (葛飾 北斎, 1760 – 1849), um dos experts da época em pintura no Japão. Seu trabalho mais famoso é “A Grande Onda de Kanagawa” (神奈川沖浪裏, ‘Kanagawa Oki Nami Ura’), onde uma enorme onda ameaça um barco de pescadores com o Monte Fuji ao fundo. Hoje modificações desse desenho são utilizadas de diversos modos, sejam em comerciais, sejam em obras artísticas (um exemplo é uma adaptação onde a mesma onda chega na cidade de São Francisco, nos EUA).
No final do período Edo (onde estrangeiros ocidentais já eram visíveis pela maioria das cidades japonesas) foram publicados diversos shungas mostrando relações sexuais entre homens ocidentais, bem como com animais, demônios e divindades (ambos masculinos e femininos). Alguns historiadores relatam que os shungas provavelmente eram usados para fins similares ao uso atual de materiais pornográficos, incluindo masturbação e apreciação junto com o/a amante. Também acredita-se que eram dados de presente de casamento para serem consumidos durante a lua-de-mel. Shungas também podiam ser alugados (sim, isso mesmo, alugados) em algumas livrarias. Em 1808 haviam 656 livrarias dessas em Edo (atual Tóquio) e 300 em Osaka. Em outras palavras, havia aproximadamente 1 livraria pra cada 1500 pessoas em Edo. Materiais não-pornográficos também eram disponibilizados nessas livrarias (normalmente desenhos de celebridades vestidas em kimono).
Após a Restauração Meiji, na segunda metade do século 19, a publicação dos shungas sofreu forte declínio graças à pressão governamental, motivada pelo medo deste de que a cultura sexual aberta e liberal do Japão pudesse ser visto como um sinal de civilização primitiva pelos ocidentais.
Exemplo 01
Exemplo 02
Exemplo 03
Exemplo 04
Exemplo 05
Com a chegada no Japão das técnicas e da cultura ocidental no começo da Era Meiji (1868 – 1912), o shunga começou a experimentar seu declínio. Os personagens começaram a ser desenhados de forma ocidentalizada, vestindo roupas e usando cortes de cabelo tipicamente ocidentais. Pouco a pouco, a xilogravura foi sendo abandonada em favor das novas tecnologias importadas e, por fim, o shunga foi abandonado por não poder competir com as fotografias eróticas trazidas do oeste.
Apesar do seu fim, o shunga deixou as sementes na cultura japonesa para o aparecimento dos hentais gerações depois. Estes, por sua vez, herdaram muitas características dos shungas, atualizando-os e modernizando-os seja por tecnologias digitais de jogos, animações, ou seja pelo estilo de desenho, hoje uma subdivisão do gênero anime.
Espero que todos tenham gostado de descobrir um pouco mais sobre a história das produções eróticas na história do Japão. Quem sabe esse estilo de desenho não possa ser revivido por algum desenhista aqui do blog de plantão. Esperamos os comentários de vocês.
Um abraço,
Takashi
Fonte:http://kawaiiconnexion.wordpress.com/2011/03/06/a-arte-shunga/
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