O mineiro Markito foi um dos primeiros estilistas brasileiros a ter projeção internacional. |
“Eu sou um costureiro que gosta de mulher.”
A frase é do estilista mineiro Markito, responsável pela internacionalização da
moda brasileira. Primeiro estilista brasileiro
a exportar para Nova York, ele abusava dos decotes nos vestidos que desenhava. Em 4 de junho, completam-se 30 anos que a moda brasileira perdeu um de seus expoentes. Para relembrar a história desse mineiro que fez história na moda, diversos eventos estão sendo realizados em todo o Brasil. Lantejoulas, tules, e decotes eram sua marca registrada, o que o alçou ao posto de estilista mais renomado da era Disco. A inspiração eram as divas de Hollywood, como Marylin Monroe e Rita Hayworth.
Ao longo da carreira, ele desenhou mais de 3 mil croquis, chegando no auge da fama a produzir cerca de 500 vestidos por mês. A carreira de estilista decolou quando foi para São Paulo, mas embora mantivesse ateliê lá, nunca perdeu o vínculo com Uberaba. Os seus vestidos eram trabalhados por bordadeiras da cidade mineira. “Todas as peças eram bordadas. Ele ajudou a organizar muitas cooperativas. Muitas das equipes que ele montou trabalham até hoje.” Markito foi um dos primeiros estilistas a usar jersey, paetê e miçanga. “Ele fazia roupa para mulheres sexies e sedutoras”, lembra a irmã do estilista, Mônica Resende, que é a responsável pelo acervo deixado.
Quando foi para a capital paulista, não demorou para cair no gosto de atrizes e socialites, o que lhe deu projeção em todo o Brasil e no jet set internacional. Os jornais na época estampavam a lista de brasileiras que vestiam Markito, entre as quais Carmem Mayrink Veiga, Ionita Guinle, Tânia Caldas, as cantoras Fafá de Belém e Gal Costa e as atrizes Beth Faria e Zezé Mota. Entre as internacionais, Dianna Ross, Liza Minelli e Bianca Jagger. Markito era um defensor da sensualidade feminina. “Não aprovo os designers tiranos com o corpo da mulher, que tiram dele toda a sensualidade, desvalorizando suas formas.” Ele defendia a roupa como arma para conquistar o homem. Afirmava que a mulher deveria deixar de ser um “bibelô de porcelana” para ser proativa, usando de sua sensualidade e determinação.
Mônica lembra que a família não se surpreendeu quando Markito, ainda muito jovem, já havia conquistado lugar de destaque na moda. “Ele teve uma carreira meteórica. Ele era muito comunicativo, muito alegre e humanista. Dançava bem e falava várias línguas. Tudo isso fez com que passasse a ser admirado.” O primeiro trabalho de criação foi realizado quando ainda morava em Uberaba. Markito fez camisetas de algodão, bordadas com filó e cetim. “Ele vendeu as camisetas de uma vez na Rua Augusta”, diz.
O sucesso na Augusta, que era um dos mais badalados pontos da moda de São Paulo, abriu portas para o jovem mineiro. Foi convidado por Eugênia Fleury para assinar coleção dela no Shopping Iguatemi. Tornou-se o favorito de formadoras de opinião sobre moda. Bastante criativo, ele por conta própria era o responsável pelo stylist do desfile. Também criava as trilhas sonoras e ambientação para a passarela. Descobriu modelos que se tornaram ícones da época.
A personalidade alegre era demonstrada na forma de se vestir. Costumava aparecer com smoking e com botinas. “Por ser de Uberaba, ele fazia questão de manter as botinas.” Criou a etiqueta Lipstick by Markito, com uma variedade de produtos. Foi um dos primeiros a criar modelos unissex e deu destaque em suas coleções para a minissaia. Trabalhava com alta-costura, pret-à-porter e lançou infinidade de produtos com o seu nome: perfumes, óculos, jeans, roupas de cama e acessórios. Fez parcerias com os principais nomes da moda nas décadas de 1970 e 1980, de modo que foi um dos primeiros a ter seus vestidos comercializados em dezenas de pontos de vendas nas principais capitais brasileiras.
Muito de seus trabalhos foram inspirados na art déco. As formas geométricas eram bastante presentes em suas roupas. Os museus em Paris, Nova York eram fonte constante de inspiração, mas estava atento a tudo. “Fez toda uma coleção a partir das referências do fundo do mar”, lembra. O acervo com seus trabalhos é itinerante.
De Uberaba para o mundo Marcus Vinícius Resende Gonçalves completaria 61 anos em 5 de abril. Markito, como ficou conhecido, nasceu em Uberaba e tornou-se referência internacional no mundo da moda antes mesmo de completar 30 anos. Desde muito cedo, ele e a irmã, Mônica Resende foram incentivados a desbravar o mundo. “Nossos pais nos levavam para cinemas e teatros. Tínhamos coleções de moedas e selos. Vivíamos na fazenda, junto a vários primos”, diz. A família também costumava viajar muito para Belo Horizonte e Ouro Preto.
Na opinião de Mônica, esse ambiente favorável foi fundamental para que ele se interessasse pela criação. “Foi um garoto gênio. Aos 3 anos de idade, Markito já falava todas as capitais do Brasil e muitas do mundo.” Os primeiros desenhos foram feitos ainda na infância e, ao contrário das crianças de sua idade, Markito já demonstrava sofisticação nos traços, que eram todos esfumaçados.
Os primeiros passos na arte foram conduzidos pela professora particular de pintura, a holandesa Elizabeth von Hilke. Antes de se dedicar à alta-costura e por gostar de desenhar, Markito iniciou o curso de engenharia. “Os nossos tios trabalhavam com construção civil, então era um caminho natural. Ele iria se formar e trabalhar com eles”, lembra Mônica. Mas Markito rapidamente percebeu que não encontraria o sucesso em projetos de construção de pontes e edifícios.
Desde a infância, já opinava sobre as roupas usadas pela irmã e amigas e foi na área da moda que encontrou realização. Na época em que começou a despontar, Markito falou sobre sua paixão por desenho em diversas entrevistas. “A ideia de partir para a engenharia surgiu porque eu gostava muito de desenhar, mas de repente percebi que não era nada disso”, declarou na época.
Depois de cursar um tempo, ele quis seguir novos rumos, pediu à mãe um tempo e suspendeu o curso. “Ele disse a ela que iria para Itaparica e na volta decidiria o que iria fazer.” Depois de um ano viajando, retornou a Uberaba e recebeu convite do prefeito na época para desenhar carros alegóricos e roupas de rainha para o desfile no carnaval.
O sucesso de sua criação fez com que ele tivesse certeza de que iria trabalhar com estilo e moda. Para complementar o talento, resolveu fazer cursos em São Paulo e Paris. Morou nos principais centros de cultura e moda do mundo, como São Paulo, Nova York e Paris.
Nunca viveu em Belo Horizonte, mas sempre manteve relação de amizades na cidade, que visitava desde a infância com os pais. Na juventude e na adolescência, era convidado para todas as festas. “Ele tinha um ciclo de amizades infinito.” Markito faleceu em 4 de junho de 1983.
Sensualidae e feminilidade
Markito era amado por celebridades, como a cantora Gal Costa, a atriz Beth Faria e a jornalista Marília Gabriela. Na
década de 1980, vestiu as mulheres mais bonitas e em destaque no Brasil. Entre as internacionais, Dianna Ross,
Liza Minelli e Bianca Jagger usaram vestidos criados por ele.
Fonte:http://impresso.em.com.br/app/noticia/toda-semana/feminino-e-masculino/2013/05/19/interna_femininoemasculino,77234/produtor-de-divas.shtml
Lantejoulas e paetês
Markito: estilista mineiro que despontou nos anos 80 ganha exposição no @parkshoppingbsb com peças de socialites brasilienses
ParkShopping homenageia
Markito com exposição
Markito com exposição
Após mostrar os trabalhos de Dener Pamplona e Clodovil, Mariza de Macedo-Soares e Theodoro Cochrane seguem o trabalho de retrospectiva da moda brasileira com o glamour do designer Markito. A mostra tem entrada franca e fica em cartaz até o dia 12 outubro, próximo à portaria E no ParkShopping.
Sua notoriedade chegou à cena carioca dos anos 70, quando ficou conhecido por passear com sua bolsa de pele de carneiro e sungas cavadíssimas, um choque para a época.
Influenciado pelo glamour hollywoodiano de Marilyn Monroe e Rita Hayworth, as roupas do estilista valorizavam as formas femininas com decotes e fendas ousadas. O brilho foi uma marca registrada no design de Markito, um apaixonado assumido da cultura disco. Os paetês, tafetás e jérseis eram seus materiais preferidos.
Você consegue reconhecer a jornalista Glória Kalil na foto?
O estilista frequentava o lendário Studio 54 em Nova York. Em plenos anos 80, personalidades como Diana Ross, Liza Minnelli, Bianca Jaegger e Farrah Fawcett vestiam as exuberantes peças de Markito.
No Brasil, sua amiga Marília Gabriela usou uma de suas criações na capa de seu álbum, lançado em 1982. Além da jornalista, Markito vestia Sonia Braga, Xuxa Meneghel, Christiane Torloni, Marília Pêra, Gal Costa e Ney Matogrosso.
Reconhecidamente workaholic, quando visitava o Rio de Janeiro, o estilista atendia cerca de 30 clientes em sua suíte. Mas o cansaço do trabalho nunca foi empecilho para Markito saborear o que a vida noturna tinha para lhe oferecer.
“Ele era referência quando o assunto era glamour noturno em Brasília… Infelizmente morreu muito cedo, mas suas roupas são um legado belíssimo”, contou Moema Leão, uma das organizadoras da Casa Cor Brasília e grande admiradora do trabalho do designer.
O legado do estilista também está na sétima arte. A convite do cineasta Neville D’Almeida, Markito criou figurinos para o filme “Rio Babilônia”, de 1982. A cena final do longa que retrata uma festa, por exemplo, mostra 150 vestidos assinados por Markito.
O ano de 1983 marca o fim da cruta trajetória de Markito. Aos 31 anos de idade, ele foi a primeira personalidade brasileira a falecer vítima da aids. Na época, o designer estava em Nova York em busca de tratamentos para a doença.
: : Exposição “Marcus Vinícius Resende Gonçalves – Markito”
ParkShopping – Primeiro piso, próximo à portaria E
De 20 de setembro a 12 de outubro de 2011
Em cartaz de segunda a sábado, das 10h às 22h e domingo, das 14h às 20h
Entrada franca
Fonte:http://finissimo.com.br/2011/09/22/markito-expo/
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