COMPLEXO DE ÉDIPO : MITO E PSICANÁLISE




O que é o mito de Édipo

O mito que ficou popularmente conhecido na psicologia pelo termo errôneo de “Complexo de Édipo” tornou-se algo tão popular que passou a ser um sinônimo para a psicanálise. Na estória, Laio, o rei de Tebas, recebe uma predição do Oráculo de Delfos, que adverte ao rei que ele seria assassinado e teria seu trono roubado pelo próprio filho. Para evitar o cumprimento da profecia, assim que a rainha dá a luz a um filho homem, este tem seus pés amarrados e é ordenado que seja abandonado num campo para morrer. Entretanto, o escravo encarregado desta função, fica com pena do bebê, e o entrega a um pastor, para que seja criado em uma terra distante sem saber de suas origens. A esta criança é dada o nome de Édipo (em grego antigo, pés inchados ou furados). Quando se torna adulto, em uma de suas viagens Édipo mata o pai sem saber quem era aquele homem com quem cruza a estrada. Quando chega a Tebas, liberta a cidade da opressão da esfinge, por conseguir resolver seus enigmas, e é aclamado rei, encantando-se pela sedução da rainha viúva que era sua mãe. Édipo nunca sabe de seu laço de sangue, até que a verdade lhe é revelada quando começa a investigar quem teria sido o assassino do antigo rei. Ao dar-se conta do que cometeu, fura os próprios olhos com as jóias da mãe, e condena-se a vagar cego e sem destino, por não querer mais ter olhos para encarar nem sua família gerada no incesto, nem seus espíritos quando se encontrarem no pós-vida do Hades.

A repulsa que qualquer leitor sente ao ser cogitado sobre a semelhança de seu desejo com a desventura do protagonista da tragédia, parece ser tão grande que só não pratica a mesma auto-punição, porque consegue senti-la como um absurdo teórico dos psicanalistas. E a constatação de que não há relação alguma entre o personagem da estória e o leitor, é bastante simples de ser demonstrada: “Sei de que se tratam esses sentimentos porque há pessoas no mundo sobre as quais poderia afirmar meu interesse sexual, bem como há outras que odiei o bastante para querer que estivessem mortas, mas de nenhuma destas duas categorias fazem parte meu pai ou minha mãe”. Além disso, é diferente possuir intenções reprimidas e realmente cometê-las. O próprio drama de Édipo acontece porque ele cometeu seus delitos ignorando completamente o que estava fazendo. Mas se um absurdo tão óbvio como esse continua a ser estudado pelos psicanalistas em sua relação com o psiquismo das pessoas nos dias de hoje, certamente é porque há outras considerações necessárias para além da simples constatação de que uma estorieta qualquer poderia dizer sobre algo presente em todo sujeito.

Uma dessas considerações adicionais já fica demonstrada numa crítica comum que as pessoas fazem ao mito de Édipo: “Se fosse verdade que todo menino tem desejo por sua mãe e ódio contra o pai, então as crianças órfãs não teriam como passar pelo ‘complexo de Édipo’, e acabariam se tornando humanos totalmente anômalos”. Uma constatação muito sensata, e que podemos elaborar ainda melhor: Se fosse verdade que o mito de Édipo necessitasse da presença física do pai e da mãe, a ausência de um deles seria catastrófica para a formação da criança. Se sabemos que isso não ocorre, então a estória do mito não precisa dessas pessoas para continuar a vigorar. Assim sendo, as denominações pai ou mãe cumprem aqui uma função simbólica, e não depende da presença física destas pessoas. 
Mas com tamanha indeterminação, pode parecer que qualquer objeto poderia vir a assumir quaisquer dos papéis do Édipo! Poderia uma vizinha estar encarnando esse papel da mãe? Poderia um irmão ser colocado nesse papel de pai? Não podemos sustentar que qualquer coisa possa ter o papel de qualquer coisa, de forma tal que se há um espaço onde o pai pode estar, há outros onde ele não pode estar ao mesmo tempo.

É utilizando outra aproximação para descrever o mesmo mito, que Jacques Lacan define um dos papéis mais importantes para compreendermos de que se trata toda essa bagunça. Trata-se de explicar com outras metáforas, o que afinal é a mãe nesta salada simbólica, onde a busca em fazer uma correspondência direta com a realidade tem um papel muito pouco expressivo. A mãe pode ser pensada como uma grande boca que nunca deixa de exibir seus dentes como prova de que jamais tem sua fome saciada, que está sempre em busca de engolir, envolver, cingir, guardar, conquistar, reintegrar aquilo que já foi dela um dia e dela foi extirpado. Seu desejo de fazê-lo é ainda clamado como um direito de recuperar o que já foi seu. Ainda que o deseje, há algo que mantém suas crias livres de serem devoradas. Trata-se de um pauzinho, que impede que esta boca se feche. Ao mesmo tempo em que impede que se complete o movimento a que se propunha, evidencia perpetuamente o desejo que não pode se concretizar graças à castração da qual esta mãe não pode fugir. Este tal pauzinho, trata-se exatamente do falo, e ali é posto com o poder da interdição paterna, que enuncia: “Não reintegrarás o produto do teu ventre”. É só por ouvir esta frase que parte do pai e se destina à mãe, que a criança pode inferir como conseqüência, uma outra tradução que se destinaria à própria criança: “Não dormirás com tua mãe”.

Aqui o desejo dos envolvidos parece ficar mais exposto. A frase destinada à mãe “Não reintegrarás o teu produto”, e a frase destinada à criança “Não dormirás com tua mãe” precisa nos levar a pensar: Qual seria a mãe que não desejaria dedicar todo seu amor para acolher o filho e protegê-lo dos males a que uma criança estaria exposta no contato com o mundo exterior? Como seria possível a uma criança, não desejar ser totalmente amparada por sua mãe, visto que sozinha não sobreviveria no mundo? E trata-se de um papel realmente impertinente, digno de aversão, esse que desempenha o pai quando vem impor que tal amor pleno não poderá realizar-se. A mesma questão vale também para elucidar que o mito não se dedica a descrever uma situação que ocorre com um filho homem e sua mãe, mas que seria estendida a todos os seres falantes.

Mais uma percepção comum neste ponto é a seguinte: “Mas então não há problemas! Pois afinal, isso que vocês psicanalistas chamam de desejo, vejo que na verdade não tem nada de sexual, pois é buscar receber carinho, atenção, aconchego”. É claro que uma criança não poderia fazer a ligação desses prazeres que busca ter no contato com a mãe, com a experiência de prazer do ato sexual, que nunca experimentou. Tal associação pode ser feita apenas por um adulto, e ele pode ser encontrado em dois lugares: um seria o adulto no qual a criança irá se transformar, e que vai poder repensar sua experiência infantil, a partir do ponto de vista de quem conhece todo o mundo que está além dos cuidados maternos. O outro adulto presente seria a mãe, que dedica-se à maternagem ao mesmo tempo em que é alguém que conhece o que é o ato sexual. Assim, a mãe estaria em posição de transmitir algo desse mundo ao filho de quem se ocupa em criar. Mostra de que isso acontece, é a culpa ou vergonha que muitas mães experimentam ao amamentarem seus bebês, como se esse ato tivesse algo de sexual a ele intrínseco. Pois sucede que realmente, nos animais mamíferos, o ato sexual não se limita à cópula, mas se estende até a amamentação, pois não existe sucesso da reprodução da espécie se algo impossibilita esse último estágio da relação sexual.

Quando uma pessoa conhece pela primeira vez o ato sexual, não importa se ela já havia sido educada para tal, se a parceira era experiente, ou se foi muito desajeitado. Como dizem os ditos, isso é uma coisa que não precisa ninguém ensinar como fazer. O que nos dá duas possibilidades: ou as pessoas possuem um instinto tal como os outros animais, que as conduz à prática sexual, ou elas captaram algo do universo dos adultos sem que esses lhes falassem diretamente sobre isso. Mas as duas opções diriam respeito a que, mesmo sem conhecer o que é o ato sexual, crianças já possuiriam a capacidade de sexualizar aquilo que antes não o era, de maneira tal que, após o desenvolvimento de seu corpo, como que por uma passe de mágica já se encontrem em condições de fazer uma coisa da qual não seria necessário que ninguém as instruísse dos detalhes.

Outro ponto que costuma causar estranhamento, viria em uma questão como: “Mas não é verdade que todo pai imponha a limitação ao desejo da mãe de manter a criança ligada a ela!” Invariavelmente a mãe não vai poder zelar por seu filho de forma ininterrupta tal como fazia enquanto o trazia dentro da barriga. A mãe vai experimentar a concorrência entre seu desejo de cuidar de seu filho e seu desejo de fazer alguma outra coisa. Nessa impossibilidade da mãe ser completa em seu cuidado com a criança, se apresentará a função paterna, que consiste na garantia de que o desejo da mãe também aponta para alguém mais, e não poderá ser lançado exclusivamente ao amor à criança, sendo falho em sua intenção, e criando a falha própria que permitirá a formação de um sujeito, sua hesitação em agir, a incompletude ao transmitir uma idéia, a incerteza das palavras, as tão absurdas formações do inconsciente.



Édipo e seus mitos
mais de um século 


Anchyses Jobim Lopes
Círculo Brasileiro de Psicánalise -Seção Rio de Janeiro
Tirésias: Verás num mesmo dia teu princípio e fim.
Édipo: Falaste vagamente e recorrendo a enigmas.
Tirésias: Não és tão hábil para decifrar enigmas?
Édipo: Insultas-me no que me faz mais venturoso.
Tirésias: Dessa ventura há de vir tua perdição.
Édipo: Mas salvei esta cidade:, é quanto basta.
Sófocles, Édipo Rei.

Introdução: Édipo e o Fulcro da Psicanálise

Mais de um século após os primeiros escritos psicológicos, tornou-se bastante claro que as idéias de Freud foram muito além de sua proposta inicial: um método científico de investigação e um tipo novo de tratamento. O pensamento freudiano consiste numa extensa articulação teórico-prática, em muito ultrapassando a proposta inicial de ser apenas uma psicologia e uma forma de terapia. A Psicanálise constituiu-se num vastíssimo sistema de pensamento e visão de mundo, possivelmente o maior e mais importante sistema de todo século XX.

Como é necessário a todos os grandes sistemas de pensamento, há de existir uma organicidade, uma coerência interna e uma unidade formal. O pensamento freudiano também se organiza a partir de um elo central. Tal fulcro ou - como poderíamos nomear a partir dos conceitos hoje clássicos de Filosofia da Ciência propostos por Thomas Kuhn (1978) em seu livro A Estrutura das Revoluções Científicas - tal foco paradigmático, constitui a postulação freudiana do Complexo de Édipo (v. Lopes, 1985).

A compreensão freudiana do drama edípico, foco paradigmático do sistema psicanalítico, articula em si: a chave para a compreensão da sexualidade infantil, sem a qual não pode ser explicada a psicopatologia psicanalítica; os conceitos de recalque e de transferência, sem os quais não é possível acesso ao inconsciente dinâmico e à terapia; bem como justifica a concepção freudiana do processo que originou o ser humano enquanto tal, o desenrolar-se de suas explicações sobre o sagrado e a história de seu desenvolvimento intelectual, expostos em Totem e Tabu, Futuro de uma Ilusão, Mal-Estar na Civilização, Moisés e o Monoteísmo ( Freud, 1978) .

Como foi assinalado pelo próprio criador da Psicanálise, críticas periféricas não abalam a solidez do sistema. Ao mesmo tempo, as mais importantes tentativas de refutação partiram sempre em tomar uma parte do sistema pelo todo, ou em tentar tornar a Psicanálise uma psicologia ou uma terapia entre outras. Em todos os casos termina-se por reduzir o Complexo de Édipo à mera particularidade de uma teoria, um cacoete dos psicanalistas. Em sentido contrário, refutar as críticas sobre a leitura freudiana do Complexo de Édipo significa refutar as principais objeções à Psicanálise.

Em relação ao mito de Édipo, com suas variantes, bem como em relação à peça de Sófocles, são encontradas com freqüência muitas críticas ao uso que deles faz a Psicanálise. Tais críticas tanto podem partir de interpretações jungianas, como sintetiza Junito Brandão em obras de peso como a Mitologia Grega (1987) e o Dicionário Mítico-Etimológico (1991,1992), quanto podem originar-se de especialistas renomados do pensamento grego tal Jean-Pierre Vernant e Pierre Vidal-Naquet em Tragédia e Mito na Grécia Antiga (1977, 1991).

O Relativismo Historicista

Vernant e Vidal-Naquet retomam um tema que lhes é anterior e que, de tempo a tempo, é sempre recuperado: a problemática questão do uso por um autor do século XX, como o fez Freud, de mitos e obras que o antecederam de mais de dois milênios. Esse tipo de objeção indaga se o uso com efeito retroativo de elementos de outra cultura, de outra época com referenciais muito diferentes, não implicaria em uma visão parcial e distorcida do passado; se a extrapolação de interpretações, construídas em um contexto sócio-cultural tão diverso, não constituiria uma violentação interpretativa falsificando os próprios fenômenos que procura compreender.

Essa primeira crítica, referente ao uso da interpretação com efeito retroativo, pode ser rebatida em dois planos. Em um plano mais genérico, por ser oriunda de uma teorização que freqüentemente possui como ponto de partida um pensamento sociologizante ou marxista: condições sócio-econômicas diferentes produzem culturas diferentes. O curioso desse tipo de idéia é que ela própria também possui por fonte a concepção de que uma teoria contemporânea - sociologia ou marxismo - serve para interpretar universalmente todos os fenômenos, mesmo de modo retroativo. Por debaixo deste tipo de pensamento podemos ainda, no caso de estudiosos e especialistas em determinada época ou autor, perceber também a tentativa de manter imaculado um idealizado objeto de estudo: uma flor mumificada em uma redoma de cristal; virgem a ser defendida do assalto bárbaro de furiosos centauros interpretativos vindos do futuro.

A objeção quanto ao uso que a psicanálise faz do mito grego deve ser rebatida também em um segundo plano, mais específico, concernente ao cerne do próprio pensamento freudiano. Torna-se necessário admitir que a psicanálise sempre possuiu algo de platônico em sua fundamentação epistemológica. Platônico na acepção de, consciente ou inconscientemente, acreditar que por detrás dos fenômenos existem essências universais e eternas, pelo menos no que concerne ao ser humano. A Psicanálise postula a universalidade e o paralelismo entre a origem do indivíduo (ontogênese) e da espécie (filogênese); postula a universalidade subjacente aos fundamentos da cultura e da sociedade. Logo a psicanálise pode ser aplicada, com o auxílio de certa flexibilidade e contribuição de outros autores além de Freud - diriam os menos ortodoxos - ao comportamento de todos os indivíduos e à compreensão de todos os fenômenos históricos e sociais, em todos lugares e épocas. Portanto a epistemologia subjacente ao pensamento psicanalítico fundamenta-se em essências universais.

Três Objeções Jungianas

Uma vez consideradas as críticas mais genéricas do historicismo sobre o uso de mitos por um sistema psicológico contemporâneo, podemos refletir sobre críticas mais específicas à interpretação do mito de Édipo. Quanto à utilização feita por Freud do ciclo tebano devem ser consideradas três objeções à leitura psicanalítica. São críticas feitas por autores jungianos de peso, como o já mencionado Junito Brandão, um dos maiores conhecedores e pensadores brasileiros sobre a Grécia Antiga.

São estas objeções: primeiro, que Édipo tivesse assassinado Laio como fruto de simples coincidência ou que nada diferente poderia ter feito, pois seu destino era apenas joguete da cega fatalidade; segundo, que Édipo tivesse se casado com Jocasta ou por mero dever das funções de chefe de estado ou porque o mito teria suas origens ainda em tempo que a sucessão ao poder passaria por uma linha matriarcal; e, em terceiro, que Édipo, ao contrário do ódio que os psicanalistas dizem que teria de seu pai, não teria raiva de Jocasta, apesar de que ela era tão culpável pela tentativa de assassinato quanto o primeiro marido, muito pelo contrário, o casamento harmonioso de Édipo e Jocasta resultara em quatro filhos. Não por acaso, as três críticas à interpretação freudiana do mito de Édipo representam três principais críticas ao cerne da Psicanálise.

Édipo e Laio: Resposta à Primeira Objeção

Vejamos a primeira crítica. Acreditando que os Reis de Corinto - Pólibo e Mérope - fossem seus pais verdadeiros, Édipo fugira em uma tentativa extrema de evitar que a profecia a que estava destinado fosse cumprida. A primeira crítica é a de que o assassinato de Laio e de sua comitiva, cometido por Édipo na tríplice encruzilhada da estrada que o levaria a Tebas, foi fruto de mero azar, apenas uma funesta coincidência serem pai e filho, sem que nenhum dos dois soubesse. Ora Édipo fôra abandonado quase recém-nascido, como poderia ter alguma noção de que Laio e Jocasta eram seus pais verdadeiros?

A resposta a essa crítica, que também é a crítica a um dos pilares da psicanálise - a existência de um inconsciente dinâmico que guarde marcas mnêmicas desde o nascimento -, é a de que passou por cima de várias das sutilezas e nuances do mito e da peça de Sófocles. Édipo, sem saber exatamente por quê, sentira-se estranhamente abalado quando um bêbado numa festa o xingara de enjeitado. Por ter percebido que algo o atingira, além do racionalmente explicável, ou além do que seria razoável em virtude da simples ofensa por um despeitado, é que Édipo dirigira-se ao oráculo e dele obtivera a resposta terrível de que estava destinado a matar seu pai e casar com sua mãe.

Édipo conscientemente acreditava serem os reis de Corinto seus pais verdadeiros e questionados a esse respeito eles confirmaram que de fato era seu filho. O herdeiro do trono de Corinto, percebera que o xingamento ecoara de forma exagerada, sem que soubesse o motivo. Surgira o sintoma de que dentro de si algo se ocultava. A própria consulta ao oráculo revela no mito e na peça a percepção de que existem conhecimentos e conhecimentos, isto é, possui-se apenas uma vaga intuição, um desconforto - o sintoma - sem se saber de onde, nem por que ou para que, mas revelador de que há algo oculto dentro de nós mesmos, algo que nos é impedido conhecer mesmo que tentemos.

Todas as crianças, em intensidade variável, criam fantasias de adoção: os pais ruins, que a obrigam a dormir cedo e impedem que coma todos doces e sorvetes de uma vez só, além de possuírem inúmeros outros defeitos e falhas, devem tê-la raptado dos pais verdadeiros, provável e mui narcisicamente um rei e uma rainha belos e perfeitos. O trágico em Édipo é que realmente possuía dois pares de pais. Um par que sem qualquer remorso aparente ordenara além de sua morte também uma mutilação prévia. Outro par que o amara e criara como filho verdadeiro. Pólibo e Mérope afetivamente são os verdadeiros pais de Édipo e assim se sentem. De forma simbólica responderam ao filho a verdade. Ou seria mentira o que disseram os Reis de Corinto, quando questionados pelo filho. Sua resposta pode ser vista como uma representação mítica da dúvida se alguém pode amar os que não sejam da mesma carne: se o amor entre pais e filhos é inato ou adquirido, se passa pelo sangue ou é conquistado? Perplexo, Édipo indaga ao Mensageiro de Corinto, que lhe revelara ser adotado, sobre a dedicação de quem sempre conscientemente tivera por pai:

E ele me amava tanto, a mim, que lhe viera
de mãos estranhas? É plausível esse afeto?


Apesar de ter ocorrido em uma época em que Édipo ainda não podia falar, a tentativa de assassinato ficara inscrita no próprio corpo do bebê, por meio da mutilação dos pés, dondeOedipous = pés inchados. A arte grega antiga sempre representava Édipo com um grande chapéu de peregrino viajante, apoiando-se em um bastão por causa de sua dificuldade de andar. Também é um tema simbólico a ser aproveitado por todo o pensamento psicossomático contemporâneo.

Além da marca em seu próprio corpo, também ficara gravada em sua mente - de forma não verbal - a lembrança oculta de um pai filicida. Pode-se supor o ódio gerado na indefesa vítima. Adulto, Édipo não sabia que aquele Laio da encruzilhada era seu pai verdadeiro. O trágico está na coincidência articulada pelo Destino. Mas, tendo em si a imago de um pai filicida, produzindo ódio na mesma proporção, Édipo estava destinado a matar qualquer um que se encaixasse em sua imago paterna, eventualmente até mesmo o próprio Pólibo, o pai conscientemente amado. Por isto Édipo fugira, mas carregando consigo sua neurose.

Na tríplice encruzilhada - ao mesmo tempo símbolo do Destino e da liberdade de escolha - Laio comportara-se como um pai autoritário, arrogante e cruel. Viajava sem trajes reais e sem grande comitiva: não podia ser reconhecido como um rei a ter sempre direito de passar primeiro. Por uma mera briga de trânsito, Laio agredira Édipo no rosto com um bastão. Não tão estranho se lembrarmos que Laio, antes de seu casamento com Jocasta, seduzira um adolescente - que se suicidaria - contra a vontade do pai do menino ( a pederastia era aceita na Grécia Antiga, quando autorizada pelo pai, desrespeitar a autoridade paterna jamais ) e subira ao trono de Tebas matando seu tio, que de fato era um usurpador. Sem falar no filicídio posterior.

Questionar que Édipo pudesse ter em si a lembrança, mesmo que inscrita de modo pré-verbal, do que lhe sucedera após o nascimento equivale a questionar se é possível lembrarmos de algum modo de tudo, a vida toda, mesmo sem possuir acesso voluntário a esse conhecimento. Equivale a questionar também se essas inscrições podem produzir efeitos, mesmo que distorcidos da causa original, ao longo da vida, além de questionar se todo relacionamento também não é uma reedição dos relacionamentos passados. Isto é, equivale a questionar a existência de um inconsciente dinâmico, a existência do recalque, os efeitos concretos da transferência: a não aceitar o de onde, o pôrque e o para quê dos sintomas.

Édipo e Jocasta: Resposta à Segunda e à Terceira Objeções

A segunda crítica é a de que Édipo casara-se com Jocasta por mera obrigação. Parece-nos pouco provável que os cidadãos de Tebas, desesperados pela peste representada pela Esfinge, e agora ainda por cima sem um rei, decidissem premiar seu salvador, outorgando-lhe o poder e a mão da rainha, se ela não fosse uma mulher ainda atraente. Um pouco mais velha que o salvador de Tebas, é verdade, mas para os gregos, cuja polis era sempre orgulho máximo, não é plausível que oferecessem Jocasta como prêmio se não a considerassem à altura. O mais curioso é que noÉdipo Rei de Sófocles, apesar de ser uma versão tardia do mito, não há menção do casamento ter sido por imposição. Ao contrário, o trágico ateniense não mencionando o motivo, faz supor Édipo ter desposado Jocasta por sua livre escolha. De qualquer modo tratou-se de uma relação suficientemente satisfatória, tanto que foi consumada com o nascimento de quatro filhos.

Questionar que Édipo tivesse alguma atração por Jocasta, tratando-se de um casamento por razões de estado, equivale a questionar o próprio desejo edípico como sexual. Equivale também questionar a própria existência da sexualidade infantil, que constitui outro dos pilares téorico-práticos de Freud. Sem a sexualidade infantil, que possui como fulcro o Complexo de Édipo, não existe articulação possível entre o campo das neuroses e perversões e o campo da sexualidade adulta.

A terceira crítica curiosamente opõe-se de modo ilógico à segunda: aceita-se que Édipo até mesmo tenha tido desejo de matar o pai, mas não possuía raiva alguma de Jocasta, tão filicida quanto o primeiro marido, tanto que um casamento harmonioso resultara em quatro filhos. Ora, se por um lado Édipo mata Laio com as próprias mãos, por outro, embora não tenha sido fisicamente o autor da morte de Jocasta, foi o responsável. Pouco antes Jocasta implorara que Édipo não prosseguisse em sua busca. Lembremos ainda os famosos versos ditos pela Rainha de Tebas, que também mostram seu desdém pelo o sonho e a revelação do desejo incestuoso:
O medo em tempo algum é proveitoso ao homem.
O acaso cego é seu senhor inevitável
e ele não tem sequer pressentimento claro
de coisa alguma; é mais sensato abandonarmos
até onde podemos à fortuna instável.
Não deve amedrontar-te, então, o pensamento
dessa união com tua mãe; muitos mortais
em sonho já subiram ao leito materno.
Vive melhor quem não se prende a tais receios.


Instantes depois, do pouco caso pelo sonho e o incesto, Jocasta, em pânico, conduz-se ao oposto: implora para que Édipo cesse a investigação, por que antes do próprio filho-esposo concluiu o início e o final da trama.

Peço-te pelos desuses! Se ainda te interessas
por tua vida, livra-te destas idéias!


Édipo simboliza o filósofo: semelhante ao neurótico obsessivo procura pela verdade a qualquer preço, só que ao invés de encobri-la dentro da busca obsessiva em um labirinto sem fim, como faz o neurótico, a encontra. Jocasta, que no primeiro momento representava o desdém pelo inconsciente, agora representa o papel da acomodação, do vamos ficar por aqui por que ir além é perigoso, do desde que ninguém mais saiba a verdade tudo pode ficar como está. Édipo busca a verdade a qualquer preço, que difere do conhecimento fáustico a qualquer preço, porque crê na existência de um princípio ou origem (arché) unificando Destino e Cosmos, neste princípio ancora-se a verdade (aletheia): o Sentido do Ser e a Verdade do Ser são um. Se este princípio provém dos deuses ou da vontade humana, não há como inferir. Para Jocasta, ao contrário, há apenas o acaso cego, a fortuna instável, a necessidade sem propósito outro que si mesma, logo o oportunismo é a conduta que lhe parece mais sensata. Sem dúvida, eticamente trata-se de um papel deplorável, embora bastante coerente com a misoginia e a perspectiva patriarcal da cultura grega antiga.

O resultado concreto da conduta de Édipo é o suicídio de sua esposa-mãe. Lembremo-nos de outra tradição cultural, que resultou nas Tábuas da Lei, em que um dos mandamentos é Honrarás Pai e Mãe. As ações de Édipo são fruto de uma agressividade que expressa-se junto com o amor, assim como um ódio que utiliza-se da sexualidade para poder expressar-se. Não pode existir maior desrespeito ao pai que fisicamente eliminá-lo, nem à mãe que consumar o ato sexual.

Questionar que Édipo tivesse algum ódio de sua mãe fIlicida equivale a questionar a importância da agressividade humana e seus múltiplos disfarces. De modo mais simbólico, equivale também a questionar a ambivalência e a destrutividade contidas na sexualidade infantil. Podemos ir um pouco além, supondo que também equivale questionar os motivos que obrigaram Freud dirigir-se, a partir de 1920, à segunda teoria das pulsões. Aceitemos ou não essa teoria, uma justificativa para a agressividade e o prazer em executá-la torna-se essencial para qualquer tentativa de compreensão do comportamento humano. Tanto do ponto de vista clínico, quanto da necessidade de conseguir explicar a orgia de destrutividade que consistira na Primeira Guerra Mundial ( à época apenas A Guerra Mundial ), o véu que há mais de um século Sade, Sacher-Masoch, Dostoievski, Nietzsche, entre outros, vinham retirando das idealizações iluministas da natureza humana, não podia mais ser recolocado. A não ser que, como as religiões mais primitivas, justificasse a destrutividade humana ao preço de maciça negação e projeção: coisa do demônio. A imagem poética do mito e da peça de Sófocles completa-se com sua segunda mutilação. Nada mais cruel e doloroso que furar os olhos. Cena que tanto na Antigüidade quanto hoje produz catarse no espectador ou no leitor. Culpa e castração, binômio imprescindível tanto para a compreensão da neurose, da perversão e da sexualidade adulta, quanto para a compreensão da auto-destrutividade humana.

Édipo: o Mito do Filósofo

Deve-se assinalar que embora o destino de Édipo seja terrível, sua imagem aos gregos antigos possuía características muito positivas. Simboliza a busca da verdade a qualquer preço que, como vimos, ao contrário da busca de conhecimento a qualquer preço, possui sempre um caráter ético. Por existir uma origem unindo o sentido à verdade, o conhecimento deixa de existir apenas como um amontoado de informações, passa a ter coerência orgânica, a ter um propósito, e que este propósito esteja em consonância com a natureza e caráter humanos (ethos, donde o ethos antropoi daimon do fragmento 119 de Heráclito, [Kahn, 1981] e que pode toscamente ser traduzido como o caráter é o destino do homem).

Édipo também simboliza o ser humano e seu logos como um poder mais forte que o sobrenatural, único capaz de vencer o medo. O Senhor de Tebas funda um racionalismo, mas um racionalismo iluminista e humanista, não a cega crença no poder da razão; um racionalismo pelo qual, quinze séculos mais tarde, Freud tanto buscou para explicar o aparente irracionalismo do ser humano. É notável o contraste entre a irracionalidade e a violência de Édipo quando defrontou-se com Laio e sua comitiva - que atingem em cheio sua neurose -, com sua atitude tranqüila diante da Esfinge. Criatura sobrenatural representando - assim como as sereias - almas dos mortos retornando para buscar os vivos, Édipo permanece impassível diante da ameaça da morte. Enquanto outros heróis - Ulisses, Perseu, Hércules - fazem uso de talismãs sobrenaturais ou até mesmo possuem a seu lado a presença de algum deus, Édipo soluciona o enigma apenas por meio do uso da razão. O futuro sempre aparece como enigma: o medo da morte que todo novo contém em si, que se não for decifrado também impedirá trazer o que o novo possui de bom.

Uma versão mais apurada do mito relata que, quando questionado pela Esfinge sobre qual o animal que de manhã anda de quatro (tetrapous), ao meio-dia em duas (dipous) e a tarde com três patas (tripous), Édipo não respondera o homem, mas apenas golpeou com o punho seu próprio peito (afinal, ele era Oedipous). Ninguém decifrava a Esfinge por que o enigma proposto possuía sempre uma resposta muito simples e muito difícil: o próprio sujeito e não algo externo a si. A imagem de Édipo diante da esfinge - imagem que acompanhou Freud até à urna onde repousam suas cinzas - simboliza que toda época em que se procurar pela solução dos grandes problemas, a partir de próprio ser humano e não de alguma entidade externa, será uma época de humanismo, conhecimento e prosperidade. A imagem positiva de Édipo fez com que no ciclo épico mais antigo, que muito antecede a versão de Sófocles, fosse relatado um segundo casamento, bem como sua permanência no trono até morrer em combate (v. Grimal, 1963). Só quem buscou a verdade e encontrou-a pode ser um governante justo. Motivo pelo qual Sófocles, em sua variante patriótica ateniense, completada principalmente por Édipo em Colona, exila Édipo mas descreve o lugar de seu desaparecimento como abençoado pelos deuses. Fazendo com que Édipo misteriosamente termine seu destino próximo de Atenas, o trágico ateniense procurou justificar sua cidade como capital da Grécia Clássica, polis de Sócrates e Platão.

Conclusão: Édipo e o Destino da Psicanálise

Sem dúvida, é curioso que as três críticas diretas à interpretação do mito de Édipo em seu bojo reflitam a crítica aos principais fundamentos da psicanálise: a existência do inconsciente dinâmico, do recalque e dos efeitos concretos da transferência; a existência da sexualidade infantil; bem como os motivos que levaram Freud a postular a segunda teoria das pulsões. Também é curioso que o ciclo mítico seja freqüentemente associado a algo nefasto, quando em realidade possui também características auspiciosas e toda uma discussão sobre liberdade e destino, amor e ódio, verdade e encobrimento.

Desde a primeira carta de 1897, quando Freud, a partir de sua auto-análise, faz a primeira menção a Édipo, passando pela Interpretação dos Sonhos até os últimos escritos de 1938-39, o destino da Psicanálise está atrelado ao mito e à tragédia de Sófocles. A orientação teórica e a prática clínica do saber psicanalítico contrastam tanto contra o dogmatismo religioso, ancorando a essência do ser humano fora de si mesmo, quanto contra o pseudo-liberalismo do vale-tudo e do imediatismo de resultados, que desconhecem qualquer propósito ético, ancorando A essência do ser humano no acaso cego e na lei do mais forte.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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GRIMAL, P. Dictionnaire de la Mythologie Grecque et Romaine. Paris, Presses Universitaires de France, 1963.
HEIDEGGER, M. Introduction à la Metaphysique. Paris, Gallimard, 1983.
KAHN, C. H. The Art and Thought of Heraclitus. Cambridge, London, etc. Cambridge University Press, 1981.
KUHN, T. S. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo, Editora Perspectiva, 1978.
LOPES, A. J. A Psicanálise Como Revolução Científica e Mito. Dissertação de Mestrado em Medicina (Psiquiatria), Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1985.
SÓFOCLES. A Trilogia Tebana. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1990.
SOPHOCLES. The Three Theban Plays (Antigone, Oedipus the King, Oedipus at Colonus), translated by Robert Fagles. Harmondsworth, Pinguin, 1984.
VERNANT, J.-P. e VIDAL-NAQUET, P. Mito e Tragédia na Grécia Antiga, 2 vol. São Paulo, Duas Cidades, 1977 (1ºvol.) e São Paulo, Editora Brasiliense, 1991 (2ºvol.).


ALGUMAS VARIANTES DO MITO DE ÉDIPO
Dando continuidade à nossa programação Rumo ao Teatro, estamos fazendo a leitura  da peça Édipo Rei, de Sófocles, privilegiando a tradução de Mário da Gama Kury, em A Trilogia Tebana, embora outras traduções, também, estejam sendo utilizadas por alguns dos participantes. Paralelamente à leitura da peça, resenhas de outras leituras relacionadas com o tema da tragédia grega estão sendo discutidas na Oficina, objetivando melhor compreensão do mito.
Nesse texto são enfocadas as variantes do mito de Édipo.
ÉDIPO (Oidípus)– Segundo versão do mito, ele era assim chamado porque tivera “os pés furados e atados” o que provocara a tumefação dos mesmos, derivando-se, pois, o antropônimo do verbo (oideîn)”inchar” e de (pus, podós), pé, donde “o de pés inchados”, conforme etimologiza Sófocles no diálogo entre o Mensageiro e Édipo.
Assim está no Dicionário Mítico-Etimológico de Junito Brandão. Do mesmo autor, no livro de Mitologia Grega, V.III, consta que “Os pés inchados ou furados”, até Sófocles, não haviam sido mencionados como sinal de identificação de Édipo. E cita Homero, naOdisseia, Canto XI quando em dez versos, hexametros, Odisseu relata ter visto Epicasta (Jocasta) no Hades e relata o mito de Édipo (270/279), sem se referir à caracterização etimológica ou à sua deformidade:
Vi,depois dela (de Mégara), a mãe de Édipo, a bela rainha Epicasta.
A quem o filho, assassino do pai, por esposa tomara.
Nesse atrocíssimo crime a mãe dele insciente foi cúmplice.
Em breve os deuses, porém, aos mortais o ocorrido contaram.
Ele, trabalhos bastantes em Tebas sofreu primorosa,
Quando dominava os Cadmeios, pelos desígnios dos deuses.
Ela, tomada de dor indizível, em trave elevada
Corda sinistra passou e desceu para o de Hades palácio
De solidíssimas portas. Ao filho legou sofrimentos
Inumeráveis, que Erínias maternas a ponto executam.
Na Ilíada, no canto XXIII, verso 680, Homero refere-se “aos jogos fúnebres realizados em Tebas em memória do herói,” o que mostra que ele sobreviveu a Jocasta (Epicasta), e que permaneceu naquela cidade. Não chegaram até nós os poemas épicos do “ciclo tebano”, dia Junito Brandão, cabendo-nos as versões constantes em Sófocles, em suas três (3) peças (Édipo Rei, Édipo em Colono e Antígona); em Ésquilo, na peça Os sete contra Tebas ; e em Eurípides, nas Fenícias. Outros autores gregos revelaram ecos da tradição tebana: Píndaro, Heródoto, Apolodoro, Pausânia.
Outra parte do mito não justificada refere-se, ainda, aos pés furados. Qual a razão? Há uma versão que diz terem os pais de Édipo o mutilado para que ele não fosse recolhido e educado por ninguém, porque na época histórica, pessoas às quais não se podia atribuir qualquer intenção filantrópica recolhiam entre os meninos abandonados os que lhe pareciam perfeitos e robustos, e entre as meninas as que prometiam ser belas. (MITOLOGIA GREGA, 243).
Junito Brandão considera absurdo o sinal dos pés inchados ou perfurados de Édipo, como fator de reconhecimento, de identificação, porque Jocasta estava casada com ele há tantos anos e nunca teria se dado conta dessa particularidade dele. De qualquer forma, ele acredita que “quando um grande artista ou dramaturgo como Sófocles repete um episódio simultaneamente absurdo e supérfluo como este, é que o fato lhe deve ter sido imposto por uma mitopéia anterior”.
Assim, para o Mito Édipo existem muitas versões, não apenas aquela que Sófocles imortalizou em sua tragédia Édipo Rei. Jocasta, por exemplo, surgiu com Sófocles. Segundo as variantes que são os pulmões do mito, ela não foi a primeira esposa de Laio. Antes ele casara com Euricléia, filha de Ecfas, e dela nascera Édipo. Dessa forma, ele não casara com a mãe, e sim com a madrasta. Em Homero não consta que Édipo furou os olhos, nem que ele teve todos aqueles filhos com Jocasta, menos ainda que Antígona o tivesse levado para o bosque das Eumênides, em Atenas. Vimos em Homero que continuou a reinar após a morte da mãe/esposa.
Junito Brandão fala de algo muito interessante. Ele diz que na Grécia, o elo entre mito e literatura era muito forte, que a literatura sempre buscou no mito a sua matéria-prima, às vezes até de forma obrigatória. O poeta ao plasmar elementos míticos, não se limitava ao aspecto religioso, mas se deixava levar principalmente pelos ditames estéticos. Os riscos de reduzir um mito à uma obra literária são o de desprezar a documentação mitológica, porque a obra de arte necessariamente contemplará apenas a uma de suas variantes, deixando de lado as demais. E dependendo da força e do prestígio do poeta junto ao público, e da beleza da sua versão, ela se sobrepõe, na consciência pública, às demais variantes do mito, passando a ser o próprio mito.
Segundo Junito Brandão foi o que aconteceu com o mito de Édipo após a bela tragédia de Sófocles, Édipo Rei. A autoridade olímpica de Sófocles, o mito por ele poetizado passou a ser a cartilha por onde se reza e se psicanalisa!. Ao dizer isto ele ressalva que não está querendo condenar a obra de arte, pelo contrário, reconhece que ao passar pela ourivesaria das musas sofocleanas, o mito do filho de Laio tornou-se mais uma pedra preciosa que se engastou no anel urobórico do mitologema de Édipo. Apesar disso, ele não se baseará apenas nessa versão para expor o mito, pois seria reduzir o mitologema a uma única variante, por sinal vestida a rigor pela arte incomparável de Sófocles, incluirá as demais, mesmo que menos poéticas, talvez por isso mesmo tão ou mais importantes.
Assim, Laio, rei de Tebas, após a morte da primeira esposa, une-se a Epicasta. Em Sófocles, vamos encontrá-lo casado com Jocasta. A partir desse momento, o mito de Laio e Jocasta confunde-se com o de Édipo, que está condenado antes mesmo de nascer, ao menos nas tradições anteriores a Sófocles, a matar o pai e desposar a própria mãe.
LABDÁCIDAS
Os labdácidas, descendentes de Lábdaco, reinaram em Tebas, ininterruptamente, até a morte de Laio. Para se chegar até aos labdácidas, Junito sugere recuar um pouco no tempo para entender o que se passou.
Tudo começou com o rapto de Europa por Zeus. Agenor, rei da Fenícia, mandou os três filhos (Fênix, Cílix e Cadmo) à procura da irmã, com a ordem de não regressarem sem Europa. Depois de algum tempo, percebendo que aquela busca não iria render frutos, e impedidos de voltarem para casa pelo próprio pai, eles decidiram fundar colônias para se estabelecerem.
Cadmo fixou-se na Trácia, com sua mãe Telefassa. Após a morte desta, ele foi consultar o oráculo e este lhe ordenou a iniciar viagem. Quando ele encontrasse uma vaca marcada nos flancos com um disco branco, em configuração de lua, seguisse a vaca até ela cair de cansaço, aí seria o local para a fundação de uma cidade.Quando ele atravessava a região da Fócida, encontrou a citada vaca e seguiu- a- por toda a Beócia e, quando o animal se deitou de fadiga, ele compreendeu que ali se cumpria o oráculo. Ao buscar água numa fonte para as abluções, os companheiros de Agenor encontraram um dragão que os matou, sendo morto por ele, e a conselho de Atená, semeou os dentes do monstro dos quais nasceram gigantes ameaçadores aos quais foi dado o nome deSpartói, os Semeados. Cadmo, assustado, atirou pedras entre eles e os gigantes começaram a brigar entre si acusando um ao outro pelas pedras, e acabaram se matando. Apenas cinco sobreviveram: Equíon (que mais tarde se casou com Agave, filha de Cadmo), Udeu, Ctônio, Hiperenor e Peloro, os quais, junto com Cadmo, diz Junito, formaram o núcleo ancestral da aristocracia tebana.
O Dragão, todavia, símbolo do próprio deus Ares, com a sua morte provocada por Cadmo, fez este expiar o seu crime: durante oito anos ele serviu como escravo ao deus. Terminado o rito iniciático, Zeus lhe deu com esposa Harmonia, filha do mesmo Ares, nascendo do enlace Ino, Agave, Sêmele e Polidoro. Bem idosos, Cadmo e Harmonia abandonaram Tebas de forma misteriosa, sendo o trono ocupado por Polidoro. Do casamento deste como Nicteis nasceu Lábdaco, pai de Laio e avô de Édipo.
Quando Lábdaco morreu, Polidoro tinha apenas 01 ano de idade, sendo o trono ocupado interinamente por Nicteu que se suicidou, ficando o trono para o seu irmão Lico.
Quando Lábdaco cresceu e assumiu o trono, o seu reinado foi marcado por guerra sangrenta contra o rei de Atenas, Pandíon I. Consoante uma tradição conservada por Apolodoro, Lábdaco foi despedaçado pelas Bacantes, por se ter também oposto à introdução do culto de Dioniso em Tebas.
Com a morte violenta de Lábdaco, Laio também não pode assumir as rédeas do governo e, mais uma vez, Lico tornou-se regente, mas dessa feita, por pouco tempo, porque foi assassinado por seus sobrinhos Anfião e Zeto. Com a morte violenta do tio, Laio fugiu de Tebas e foi pedir asilo na corte de Pélops, o amaldiçoado filho de Tântalo.
Junito observa que Laio era herdeiro do trono de Tebas, e herdeiro, também, de muitas mazelas de “caráter religioso” de seus antepassados, em particular, de Cadmo, que matou o Dragão de Ares, e de Lábdaco, por ter contrariado o deus do êxtase, Dioniso. Achando pouco, ainda cometeu grave hamartia na corte de Pélops, ao desrespeitar a sagrada hospitalidade, cujo protetor era Zeus, e ofender severamente Hera, guardiã dos amores legítimos, raptando o jovem Crísipo, filho de Pélops. Agindo contrariamente ao que é justo e legítimo, para empregar a expressão de Heródoto, o futuro rei dos Tebanos acabou ferindo os deuses e praticando um amor contra naturam. Miticamente a pederastia se iniciava na Hélade. Crísipo, envergonhado, suicidou-se. Pélops execrou solenemente a Laio, e junto com a cólera incontida de Hera, foi gerada a maldição dos Labdácidas.
Junito diz, ainda, que segundo uma variante do mito, o crime de Édipo foi passional pois matara o pai, conscientemente, porque ambos disputavam o belo filho de Pélops.
Quando Laio, finalmente, assume o reino de Tebas, casa com Epicasta, conforme se viu na Odisseia de Homero, já descrita como a infortunada mãe e esposa. O nome de Jocasta, filha de Meneceu, foi criação de Sófocles em Édipo Rei.
As tradições arcaicas relativas ao oráculo que anunciava a morte de Laio por Édipo são desconhecidas. A primeira citação está  em  Os sete contra Tebas,  deÉsquilo,  peça muito anterior a Édipo: …por três vezes em Pito, seu santuário profético, centro do mundo, Apolo revelara a Laio que ele deveria morrer sem filhos, se quisesse salvar a cidade (Tebas). Na peça de Sófocles, consta a informação pela boca de Jocasta: um falso oráculo predissera a Laio que ele seria assassinado pelo próprio. Filho.  E Édipo também revela que Febo Apolo lhe vaticinara que ele desposaria a mãe e mataria o pai.
Embora três vezes ameaçado pelo Oráculo de Delfos, Laio desafia as vaticinações e tem um filho com Jocasta. Nascido o menino, o rei lembra-se do veto de Apolo e apressa-se em dar um fim ao filho. Há duas versões sobre esse momento, segundo Junito Brandão. Na primeira, a mais antiga, inclusive bem atestada na cerâmica, num escólio aos versos 26 e 28 das Fenícias de Eurípedes e na fábula 66 de Higino, a criança é colocada num cofre e jogada no mar, mas se salva porque o cofre chega a Corinto ou Sicione. Na outra versão, ele é simplesmente abandonado no monte Citerão.
Foi na literatura, na peça de Sófocles, em Édipo Rei, no verso 718 e seguintes que Laio ligou os pés do menino e mandou expô-lo num monte deserto, que sabemos ter sido o Citerão.
O curioso da história é que Sófocles não justifica a exposição, mas Ésquilo e Eurípides o fazem. Em Os sete contra Tebas, Ésquilo fala da falta antiga e Eurípides diz com clareza tratar-se do amor criminoso de Laio por Crísipo.
Criado por um pastor de Corinto, segundo uma variante, após ter recebido de outro pastor que o recebera do próprio Laio no monte Citerão; ou ainda, encontrado por Peribéia junto às praias do mar em Corinto e levado para a corte de seu marido, o rei Pólibo, ou em outra versão, levado pelo pastor Forbas, Édipo foi criado e ducado na corte de Corinto como filho do rei Pólibo e da rainha Mérope (nome de Peribéia, na versão de Sófocles).
Infância e adolescência tranquilas na corte. Na maioridade ele resolve abandonar os pais e ir embora. Segundo a versão arcaica, Édipo saíra de Corinto em busca de cavalos furtados do seu reino’. Segundo Sófocles, em Édipo Rei, num banquete, um dos convidados visivelmente embriagado, chamou Édipo de filho postiço. Apesar da indignação dos pais, Édipo resolve ir consultar um oráculo em Delfos. Ao invés de lhe tranquilizar, a sacerdotisa de Apolo o expulsa de lá, vaticinando-lhe matar o pai e casar com a mãe. Aterrorizado com essa vaticinação, Édipo foge para longe de Corinto, tentando escapar à Moira.
Quando passava pela encruzilhada de Pótnias, fronteira entre Delfos e Dáulis, Édipo encontra uma carruagem que vinha em sentido contrário ao dele. Segundo a versão de Sófocles, em Édipo Rei, o cocheiro e o próprio rei, tentaram afastá-lo do caminho usando de muita violência. Profundamente irado com a atitude deles, Édipo usa o bastão em que se apoiava por conta dos pés deformado e golpeia o cocheiro. O rei sai em defesa dele e dá dois golpes no herói com o aguilhão que reage imediatamente e com um só golpe de bastão prostra Laio, em seguida, liquida os outros componentes da comitiva do rei, pelo menos ele assim pensava, mas um deles escapou, segundo a versão, o que escapou foi justo aquele que havia levado Édipo, bebê, para o Citerão. Envergonhado por ter fugido, ele conta ao voltar que a comitiva havia sido alvo de salteadores. O remorso lhe pesou tanto que ele pediu à rainha que o mandasse para o campo, para cuidar do rebanho, que ele não queria mais servir no palácio. Na versão de Sófocles, Jocasta diz que ele ao ver Édipo no trono, pede para ir trabalhar no campo. Nesta passagem, fica a impressão de que entre a morte de Laio e Édipo assumir o poder foi muito curto o tempo.
A cidade de Tebas estava vivendo momentos de horror por conta de uma Esfinge que, postada no monte Fíquion, às portas da cidade, devorava a todos os que não lhe decifrassem o enigma. Muitos jovens tebanos, inclusive Hêmon, filho de Creonte, irmão de Jocasta e regente do trono quando Laio morreu, “servira de pasto à cruel cantora”. Sófocles já havia usado Hêmon como personagem de Antígona. Fora esse o motivo da viagem de Laio a Delfos: consultar o oráculos sobre como se livrar daquele flagelo. Depois de ter assassinado Laio, Édipo ao chegar às portas de Tebas derrota a esfinge, decifrando o seu enigma ao responder que era o homem, aquele que ao nascer tinha quatro pernas (ao engatinhar), ao meio dia, duas, e à noite, três (apoio do cajado).
Jaboatão dos Guararapes, 16 de abril de 2013
Lourdes Rodrigues

Complexo de Édipo




Complexo de Édipo

Depois de ver nos seus clientes o funcionamento perfeito da estrutura tripartite da alma conforme a teoria de Platão, Freudvolta à cultura grega em busca de mais elementos fundamentais para a construção de sua própria teoria.


No centro do "Id", determinando toda a vida psíquica, constatou o que chamou Complexo de Édipo, isto é, o desejo incestuoso pela mãe, e uma rivalidade com o pai. Segundo ele, é esse o desejo fundamental que organiza a totalidade da vida psíquica e determina o sentido de nossas vidas. Freud introduziu o conceito no seu Interpretação dos Sonhos (1899). O termo deriva do herói grego Édipo que, sem saber, matou seu pai e se casou com sua mãe.

 

Freud atribui o Complexo de Édipo às crianças de idade entre 3 e 6 anos. Ele disse que o estágio geralmente terminava quando a criança se identificava com o parente do mesmo sexo e reprimia seus instintos sexuais. Se o relacionamento prévio com os pais fosse relativamente amável e não traumático, e se a atitude parental não fosse excessivamente proibitiva nem excessivamente estimulante, o estágio seria ultrapassado harmoniosamente. Em presença do trauma, no entanto, ocorre uma neurose infantil que é um importante precursor de reações similares na vida adulta. O Superego, o fator moral que domina a mente consciente do adulto, também tem sua parte no processo de gerar o Complexo de ÉdipoFreud considerou a reação contra o complexo de Édito a mais importante conquista social da mente humana. Psicanalistas posteriores consideram a descrição de Freudimprecisa, apesar de conter algumas verdades parciais.

Primeiramente ocorre a chamada fase oral, quando a criança focaliza seu desejo e prazer no seio materno e na ingestão dos alimentos. Posteriormente ocorre a fase anal, quando o desejo e o prazer são focalizados nas fezes e excreções. Por último, ocorre a fase fálica, quando o desejo e o prazer são focalizados nos órgãos genitais.

Na fase fálica surge o Complexo de Édipo, também chamado de complexo nuclear das neuroses. Nesse período os meninos focalizam o seu desejo e prazer na mãe e as meninas no pai. É nessa fase também que a criança distingue a diferença dos sexos masculino e feminino e determina sua fixação pela pessoa mais próxima do sexo oposto.

Quando a criança percebe que não é mais o centro do universo, e se dá conta das distinções entre ela e seus genitores, ela ingressa em uma das várias fases de passagem em sua vida, talvez a mais importante, porque definirá seu comportamento na idade adulta, principalmente o referente à sua vida sexual. Geralmente, a criança sente uma forte atração pelo sexo oposto – a menina pelo pai, o menino pela mãe – e hostiliza, ao mesmo tempo em que ama, seu adversário – no caso da garota, a figura materna; no do garoto, a imagem paterna -, sentimentos conflitantes que configuram o Complexo de Édipo.

A criança, ao desejar o pai ou a mãe, alimenta um conjunto de pulsões formadas pelo id. O superego, que é formado pela razão, pela moral, pelas regras e normas de conduta; busca censurar tais pulsões fazendo com que o id seja impedido de incentivar a satisfação plena da criança. O ego, por sua vez, que é a consciência humana, é incentivado pelos impulsos do id e limitado pelas imposições do superego, o que torna necessário buscar formas de satisfazer o id sem transgredir o superego.

Complexo de Édipo em meninos surge pelo desejo sexual pela mãe, a criança vê o pai como ameaça e deseja se livrar dele buscando ainda se identificar com o mesmo. Em meninas, o complexo surge com o desejo de ganhar um bebê do pai e como não consegue se desilude.

Complexo de Édipo é derrubado nos meninos pela ameaça da castração, onde pensa que perderá seu pênis. A menina acredita que a castração já ocorreu, já que não mais possui o membro, descartando assim a ameaça.


Complexo de Édipo - Conceito em psicanálise

Complexo de Édipo é um conceito fundamental para a psicanálise, entendido por esta como sendo universal e, portanto, característico de todos os seres humanos. O Complexo de Édipo caracteriza-se por sentimentos contraditórios de amor e hostilidade. Metaforicamente, este conceito é visto como amor à mãe e ódio ao pai (não que o pai seja exclusivo, pode ser qualquer outra pessoa que desvie a atenção que ela tem para com o filho), mas esta idéia permanece, apenas, porque o mundo infantil resume-se a estas figuras parentais ou aos representantes delas. Uma vez que o ser humano não pode ser concebido sem um pai ou uma mãe (ainda que nunca venha a conhecer uma destas partes ou as duas), a relação que existe nesta tríade é, segundo a psicanálise, a essência do conflito do ser humano.

A idéia central do conceito de Complexo de Édipo inicia-se na ilusão de que o bebê tem de possuir proteção e amor total, reforçado pelos cuidados intensivos que o recém nascido recebe por sua condição frágil. Esta proteção é relacionada, de maneira mais significativa, à figura materna. Em torno dos três anos, a criança começa a entrar em contato com algumas situações em que sofre interdições, facilmente exemplificadas pelas proibições que começam a acontecer nesta idade. A criança não pode mais fazer certas coisas porque já está maior, não pode mais passar a noite inteira na cama dos pais, andar pelado pela casa ou na praia, é incentivada a sentar de forma correta e controlar o esfíncter, além de outras cobranças. Neste momento, a criança começa a perceber que não é o centro do mundo e precisa renunciar ao mundo organizado em que se encontra e também à sua ilusão de proteção e amor total.

Complexo de Édipo é muito importante porque caracteriza a diferenciação do sujeito em relação aos pais. A criança começa a perceber que os pais pertencem a uma realidade cultural e que não podem se dedicar somente a ela porque possuem outros compromissos. A figura do pai representa a inserção da criança na cultura, é a ordem cultural. A criança também começa a perceber que o pai pertence à mãe e por isso dirige sentimentos hostis a ele.

Estes sentimentos são contraditórios porque a criança também ama esta figura que hostiliza. A diferenciação do sujeito é permeada pela identificação da criança com um dos pais. Na identificação positiva, o menino identifica-se com o pai e a menina com a mãe. O menino tem o desejo de ser forte como o pai e ao mesmo tempo tem “ódio” pelo ciúme da mãe. A menina é hostil à mãe porque ela possui o pai e ao mesmo tempo quer se parecer com ela para competir e tem medo de perder o amor da mãe, que foi sempre tão acolhedora. Na identificação negativa, o medo de perder aquele a quem hostilizamos faz com que a identificação aconteça com a figura de sexo oposto e isto pode gerar comportamentos homossexuais.

Nesta fase, a repressão ao ódio e à vontade de permanecer em “berço esplêndido” é muito forte e o sujeito desenvolve mecanismos mais racionais para sua inserção cultural.

Com o aparecimento do Complexo de Édipo, a criança sai do reinado dos impulsos e dos instintos e passa para um plano mais racional. A pessoa que não consegue fazer a passagem da ilusão de super proteção para a cultura se psicotiza.




Complexo de Édipo - Édipo Rei (Mitologia)

Édipo Rei - Laio, rei de Tebas, é amaldiçoado e avisado pelo oráculo de Delfos que seria morto pelo filho e este desposaria a própria mãe. Temendo o destino e buscando revertê-lo, o rei fura os pés do bebê (daí o nome Édipo, pés inchados) e ordena que o jogue de um penhasco, Jocasta, sua esposa, entrega o filho a um pastor. Este agindo piedosamente entrega o bebê a Políbio, rei de Corinto, que o cria como filho...
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Complexo de Édipo - A Casa de Édipo (Mitologia)

Édipo, o trineto de Cadmo, é hoje talvez o herói grego mais famoso depois de Hércules; ele é famoso por ter resolvido o enigma da Esfinge, mas ainda mais notório por sua relação incestuosa com sua mãe. Na antiga Grécia era famoso por ambos os episódios, mas o maior significado era como o modelo do herói trágico, cuja estória incluía os sofrimentos universais da ignorância humana - a falta da compreensão da pessoa sobre quem ela é sua cegueira em face do destino...
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Complexo de Édipo - Édipo e o Ciclo Tebano (Mitologia)

Édipo e o Ciclo Tebano

O ciclo de mitos que tratam das sortes da cidade de Tebas e sua família real é certamente tão antigo quanto as estórias que compõem a Ilíada e a Odisséia, mas chega até nós através de fontes muito posteriores. Enquanto a fundação de Tebas é principalmente conhecida a partir de autores romanos como o poeta Ovidio, as estórias de Penteu e Édiposão contadas pelos dramaturgos atenienses, Ésquilo, Sófocles e Eurípedes...
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Complexo de Édipo - Resumo - Édipo Rei, Sófocles (Mitologia)

Um clássico da literatura ocidental, Édipo Rei de Sófocles é considerada uma das mais perfeitas tragédias da Grécia Antiga. Abaixo um pequeno resumo de Édipo Rei.

Édipo é filho de Laios, rei de Tebas que foi amaldiçoado de forma que seu primeiro filho tornar-se-ia seu assassino e desposaria a própria mãe. Tentando escapar da ira dos deuses, Laios manda matar Édipo logo de seu nascimento..
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