A VERDADADE POR TRÁS DO GOOGLE - RESENHA DO LIVRO DE ALEJANDRO SUÁRES SÁNCHEZ-OCAÑA


A Verdade por Trás do Google


Você certamente já conhece a história de Sergey Brin e Larry Page, os dois jovens engenheiros americanos que fundaram o Google em 1998, uma das empresas mais valorizadas e admiradas da atualidade. Mas o que você não conhece é a história oculta dessa multinacional. Quais são as verdadeiras intenções do Google? E o que ele pretende fazer com todas as informações que tem a respeito de nós?
Com essas perguntas em mente, o autor de "A verdade por trás do Google" tenta descobrir tudo o que há por trás da empresa. A partir de documentos e de uma série de entrevistas com pessoas do setor e com ex-funcionários, ele analisa as agressivas práticas da empresa, sua incrível expansão e sua relação delicada com algumas concorrentes, como a Apple e a Microsoft.
Polêmico e surpreendente, este livro vai mostrar o outro lado de um dos gigantes da internet, trazendo à tona segredos que o Google não quer que conheçamos.


'Se você acha que o Google é um buscador da internet, está enganado'

Pensar que o Google é apenas um buscador da internet é um erro, defende Alejandro Suáres Sánchez-Ocaña em "A Verdade por Trás do Google". "O Google é, na realidade, uma das empresas mais ambiciosas, enormes e poderosas do mundo".

Para o autor, se confundir quanto a natureza do Google é comum. "De fato, um dia (que inocência!) cheguei a considerar essa empresa como a principal parceira ou aliada de minhas companhias", conta. "Tempos depois acordei e descobri algo muito diferente."
O livro não é sobre a história de Sergey Brin e Larry Page, jovens engenheiros que fundaram o Google em 1998, mas a respeito de práticas agressivas da companhia, expansão e controle de mercado e a relação com a Apple e a Microsoft.
Sánchez-Ocaña levanta questões sobre as intenções uma das multinacionais mais admiradas do mundo e o que ela pode fazer com as informações deixadas pelos usuários.
Com o subtítulo "A Inquietante Realidade que Não Querem que Você Conheça", o volume reúne documentos e entrevistas com pessoas do setor e com ex-funcionários da empresa.
Empresário e investidor especializado em novas tecnologias, Alejandro Suáres Sánchez-Ocaña é vice-presidentes da Associação de Investidores e Empreendedores da Internet, na Espanha, diretor de uma rede de blogs, presidente da investidora Foley, sócio conselheiro da Yes.fm, da Genotest e da Gestiona Radio. O autor também colabora com jornais e revistas espanhóis que abordam tecnologia, gestão, inovação e empreendedorismo.


"A Verdade por Trás do Google"
Autor: Alejandro Suáres Sánchez-Ocaña
Editora: Planeta
Páginas: 304


"O Google percebeu que as ideias inteligentes vinham de baixo, e não do alto", expõe "As 50 Melhores Ideias de Negócios dos Últimos 50 Anos", volume organizado por Wallis.
A proposta é inspirada no principio de Pareto, conceito atribuído ao pensamento do economista e sociólogo Vilfredo Pareto (1848-1923). A regra defende que 80% dos efeitos acontecem em decorrência de apenas 20% de causas.
Joseph M. Juran, na década de 1940, sugeriu que 80% das ideias mais produtivas vinham de 20% de seus colaboradores. Segundo o livro, "O Google levou o conceito de autonomia de funcionários a um novo patamar --e o processo começou com a nomeação de Eric Schmidt como CEO".
Quando chegou ao Google, em 2001, Schmidt era pouco conhecido fora do Vale do Silício. Larry Page e Sergey Brin o chamaram pelas ideias pouco convencionais. Nos cinco anos posteriores à sua nomeação, o movimento de vendas foi de 3,2 bilhões para 23,7 bilhões de dólares.
Ian Wallis é jornalista especialista no mundo dos negócios e editor da revista "Growing Business". "As 50 Melhores Ideias de Negócios dos Últimos 50 Anos" narra a história por trás de produtos, pessoas e empresas que inovaram o cotidiano e as relações econômicas e sociais.

As 50 Melhores Ideias de Negócios dos Últimos 50 Anos

Eric Schmidt revolucionou a maneira de incentivar a criação ao propor o princípio do 70-20-10, defende o jornalista Ian Wallis. Segundo a regra, o funcionário deve passar 70% de seu tempo realizando tarefas centrais, 20% em projetos relacionados aos negócios centrais e 10% em novos projetos, não necessariamente vinculados à tarefas diárias.

As mudanças dos últimos 50 anos são imensuráveis. Muitos dos utensílios indispensáveis para nossa vida hoje, foram criados nesse período e chega a ser difícil acreditar que eles não existiam há tão pouco tempo. Mas como eles foram criados? Qual o contexto? Qual foi a aceitação do mercado e do público? E quem foram os autores dessas invenções? As 50 melhores ideias de negócios dos últimos 50 anos é um almanaque escrito de forma instigante, que conta tudo isso, em detalhes.


"As 50 Melhores Ideias de Negócios dos Últimos 50 Anos"
Organizador: Ian Wallis
Editora: Best Business
Páginas: 384


Conheça os três princípios do Google segundo ex-funcionário

Desenvolva a melhor tecnologia de busca, venda muita publicidade e evite ser passado para trás pela Microsoft. Esses eram os três princípios seguidos pelo Google, segundo o livro "Estou com Sorte".

Estou com Sorte

Escrito por Douglas Edward, ex-diretor de marketing do consumidor e gerenciamento de marca do Google, o volume conta como o Google se tornou mais que uma ferramenta de busca.
Edward não quer recontar a história da corporação, mas detalhar os hábitos de trabalho que permitiram seu desenvolvimento e de que maneira cada um dos problemas eram encarados como solucionáveis.
Segundo o próprio autor, sua vontade é contar o que gostaria de saber em seu primeiro dia de trabalho na empresa.
Publicado no Brasil pela editora Novo Conceito,

Comparar o Google a um negócio comum é como comparar um foguete a um Edsel. No seu começo, o Google abraçou extremos - dias infindáveis abastecidos com comida farta e de graça, debates infindáveis baseados em dados, e jogos de hóquei de tirar sangue. Os líderes recém-formados da empresa procuravam mais do que velhos caminhos para o sucesso; eles queriam disponibilizar toda a informação do mundo para todos instantaneamente.
O Google, como o Big Bang, era algo único, uma liberação explosiva de inteligência bruta e inigualável energia criativa, e enquanto outros descreveram o que o Google conquistou ninguém jamais explicou como era se sentir fazendo parte disso. Pelo menos até agora. Douglas Edwards, o funcionário numero 59, oferece uma primeira visão por dentro do que era ser um Googler.
Experimente a mistura enervante de camaradagem e competitividade enquanto Larry Page e Sergey Brin, os jovens e idiossincráticos parceiros da empresa, criavam uma estrutura famosa pela sua não hierarquia, pela luta contra a sabedoria convencional, e a corrida para implementar uma miríade de novos recursos, enquanto, tranquilamente enterravam ideias passadas e produtos danificados.
"Estou Com Sorte" captura pela primeira vez a cultura autoinventada da mais transformadora corporação do mundo e oferece um acesso único às emoções, particularmente as tensões, experimentadas por aqueles que construíram da noite para o dia uma das marcas mais conhecidas do mundo.

"Estou com Sorte"
Autor: Douglas Edwards
Editora: Novo Conceito
Páginas: 480



Leia trecho de 'O Filtro Invisível: O que a Internet Está Escondendo de Você'

Em "O Filtro Invisível: O que a Internet Está Escondendo de Você", Eli Pariser, presidente do conselho diretor e ex-diretor executivo do portal MoveOn.org, explica e analisa como grandes empresas --Google, Facebook, Apple e Microsoft-- criam um fluxo de dados altamente lucrativo com as informações que o usuário deposita, mesmo sem querer, na rede.

O Filtro Invisível

A fim de conhecer melhor seus usuários --e com isso conseguir vender para eles anúncios publicitários dirigidos--, as grandes corporações que atuam on-line, como Facebook, Amazon e Google, criaram algoritmos que filtram toda a informação que recebemos por meio de seus serviços. Ao registrar nosso histórico na internet, esses sites constroem perfis de cada um de nós, e, acreditando nos entregar apenas o que desejamos, nos prendem em bolhas.
Ao buscar um filme, aparece sempre o mesmo gênero; ao procurar informações sobre política, temos acesso apenas àquelas que confirmam nosso ponto de vista. A internet que resulta desse processo é cada vez menos livre, e nós nos iludimos que temos controle de nossas escolhas, quando muitas vezes são dirigidas.
Eli Pariser, no entanto, não é um cibercético. O filtro invisível explica como essas bolhas funcionam, mas também conclama usuários e empresas a lutar por uma web verdadeiramente aberta.

Abaixo, leia um trecho do exemplar.
 
Introdução

A morte de um esquilo na frente da sua casa pode ser mais relevante para os seus interesses imediatos do que a morte de pessoas na África.
Mark Zuckerberg, fundador do Facebook

Nós moldamos nossas ferramentas, e então nossas ferramentas nos moldam.
Marshall McLuhan, teórico da comunicação

Divulgação
Livro afirma que gigantes da internet nos 'confinam' em bolhas
 
Poucas pessoas notaram a mensagem postada no blog corporativo do Google em 4 de dezembro de 2009. Não era muito chamativa - nenhum anúncio espalhafatoso, nenhum golpe publicitário do Vale do Silício, só uns poucos parágrafos de texto perdidos em meio a um resumo semanal que trazia os termos mais pesquisados e uma atualização do software de finanças do Google.
Mas a postagem não passou totalmente despercebida. O blogueiro Danny Sullivan, que escreve sobre mecanismos de busca, esquadrinha os itens postados no blog do Google em busca de pistas que indiquem para onde se encaminha esse gigante do mundo virtual; para Danny, a postagem foi muito importante. Tão importante que, no dia seguinte, ele escreveu que aquela era "a maior mudança já ocorrida em mecanismos de busca". Segundo Danny, o título já dizia tudo: "Busca personalizada para todos."
A partir daquela manhã, o Google passaria a utilizar 57 "sinalizadores" - todo tipo de coisa, como o lugar de onde o usuário estava conectado, que navegador estava usando e os termos que já havia pesquisado - para tentar adivinhar quem era aquela pessoa e de que tipos de site gostaria. Mesmo que o usuário não estivesse usando sua conta do Google, o site padronizaria os resultados, mostrando as páginas em que o usuário teria mais probabilidade de clicar segundo a previsão do mecanismo.
A maior parte das pessoas imagina que, ao procurar um termo no Google, todos obtemos os mesmos resultados - aqueles que o PageRank, famoso algoritmo da companhia, classifica como mais relevantes, com base nos links feitos por outras páginas. No entanto, desde dezembro de 2009, isso já não é verdade. Agora, obtemos o resultado que o algoritmo do Google sugere ser melhor para cada usuário específico - e outra pessoa poderá encontrar resultados completamente diferentes. Em outras palavras, já não existe Google único.
Não é difícil enxergar essa diferença na prática. Na primavera de 2010, enquanto os escombros da plataforma de petróleo Deepwater Horizon cuspiam petróleo no Golfo do México, pedi a duas amigas que buscassem o termo "BP". As duas eram bastante parecidas entre si - mulheres com bom grau de instrução, brancas, politicamente de esquerda, vivendo na região nordeste dos Estados Unidos. Mas os resultados que encontraram foram bem diferentes. A primeira encontrou informações sobre investimentos na BP. A segunda, notícias. Para uma, a primeira página de resultados continha links sobre o derramamento de petróleo; para a outra, não havia nenhum link sobre o tema, apenas uma propaganda promocional da BP.
Até o número de resultados apresentados pelo Google variava - cerca de 180 milhões para uma delas e 139 milhões para a outra. Se os resultados eram tão diferentes entre essas duas mulheres progressistas da costa leste dos Estados Unidos, imagine a diferença entre os resultados encontrados pelas minhas amigas e, por exemplo, um homem republicano de meia-idade que viva no Texas (ou, então, um empresário japonês).
Agora que o Google está personalizado para todos, a pesquisa "células-tronco" pode gerar resultados diametralmente opostos para cientistas favoráveis à pesquisa com células-tronco e para ativistas opostos a ela. "Provas da mudança climática" pode gerar resultados diferentes para um ambientalista e para um executivo de companhia petrolífera. Segundo pesquisas, a ampla maioria das pessoas imagina que os mecanismos de busca sejam imparciais. Mas essa percepção talvez se deva ao fato de que esses mecanismos são cada vez mais parciais, adequando-se à visão de mundo de cada um. Cada vez mais, o monitor do nosso computador é uma espécie de espelho que reflete nossos próprios interesses, baseando-se na análise de nossos cliques feita por observadores algorítmicos.
O anúncio do Google representou um marco numa revolução importante, porém quase invisível, no modo como consumimos informações. Podemos dizer que, em 4 de dezembro de 2009, começou a era da personalização.

"O Filtro Invisível: O Que a Internet Está Escondendo de Você"
Autor: Eli Pariser
Editora: Zahar
Páginas: 252


Historiador americano teme que Google crie monopólio do conhecimento, leia trecho

Na obra "A Questão dos Livros" (Companhia das Letras, 2010), o historiador Robert Darnton denuncia o risco de concentração de conhecimento nas mãos de uma única empresa.
O intelectual, diretor da biblioteca da Universidade de Harvard (um dos maiores acervos do mundo), se refere mais especificamente ao Google, que atualmente negocia a digitalização das bibliotecas dos principais centros universitários dos EUA. A intenção da megacorporação é escanear as coleções e torná-las acessíveis na rede mediante assinaturas pagas.

A Questão dos Livros

 

"A Questão dos Livros" ainda traça um panorama da história das publicações impressas e arrisca previsões sobre qual destino terão com a digitalização.
Com um texto simples e acessível, Darnton levanta debates essenciais sobre o futuro do conhecimento em nossa sociedade, questão que envolve desde o acesso livre à obras raras e fora de catálogo, até as grandes polêmicas com direitos autorais.

Há quatro anos, o Google começou a digitalizar livros de bibliotecas de pesquisa, permitindo buscas em textos integrais e tornando obras em domínio público disponíveis na internet sem custo algum para o usuário. Agora, por exemplo, qualquer pessoa em qualquer lugar pode ler e baixar uma cópia digital da primeira edição de Middlemarch, de 1871, que pertence ao acervo da Biblioteca Bodleiana, da Universidade de Oxford. Todos lucraram, inclusive o Google, que obteve receita de discretos anúncios ligados ao serviço. A empresa também digitalizou um número cada vez maior de obras de bibliotecas que estavam protegidas por copyright, de modo a fornecer serviços de busca que exibiam pequenos trechos do texto. Em setembro e outubro de 2005, um grupo de autores e editores moveu uma ação popular coletiva contra o Google, alegando violações de copyright. Em 28 de outubro de 2008, após as negociações demoradas e secretas, os litigantes anunciaram ter chegado a um acordo, que está sujeito à aprovação do Tribunal Distrital dos Estados Unidos pelo Distrito Sul de Nova York.
O acordo cria um empreendimento chamado Book Rights Registry, um registro de direitos autorais para representar os interesses dos detentores de copyright. O Google venderá acesso a um gigantesco banco de dados composto essencialmente por livros fora de catálogo, mas ainda protegidos por copyright, digitalizados dos acervos de bibliotecas de pesquisa. Faculdades, universidades e outras organizações poderão se tornar assinantes comprando uma "licença institucional" que permitirá acesso ao banco de dados. Uma "licença de acesso público" disponibilizará esse material para bibliotecas públicas, onde o Google fornecerá acesso gratuito aos livros digitalizados num único terminal de computador. Pessoas físicas também poderão acessar e imprimir versões digitalizadas desses livros se comprarem uma "licença de consumidor" do Google, que cooperará com o registro na distribuição da receita aos detentores do copyright. O Google ficará com 37% e o registro distribuirá 63% entre os detentores dos direitos.
Enquanto isso, o Google continuará disponibilizando livros em domínio público aos seus usuários, seja para ler, baixar ou imprimir, sempre de forma gratuita. Dos 7 milhões de títulos que ele informou ter digitalizado até novembro de 2008, 1 milhão é de obras em domínio público; 1 milhão estão protegidos por copyright e em catálogo; e 5 milhões são livros sob copyright, mas fora de catálogo. Esta última categoria fornecerá a maior parte das obras a serem disponibilizadas pela licença institucional.
Muitos dos livros protegidos por copyright e ainda em catálogo não ficarão disponíveis no banco de dados, a menos que os detentores dos direitos optem por sua inclusão. Continuarão a ser vendidos de maneira tradicional, como livros impressos, e também poderão ser oferecidos a pessoas físicas em edição digital via licença de consumidor para download e leitura, talvez até mesmo em leitores de e-books, como o Sony Reader.
Depois de ler o acordo e absorver seus termos - uma tarefa nada fácil, pois são 134 páginas e quinze apêndices de juridiquês -, é bem possível que o leitor fique abismado: eis uma proposta que pode resultar na maior biblioteca do mundo. Seria, naturalmente, uma biblioteca digital, mas tão gigantesca que faria a Biblioteca do Congresso e todas as bibliotecas nacionais da Europa parecerem minúsculas. Além disso, ao fazer cumprir os termos do acordo com autores e editores, o Google poderia também se tornar a maior empresa livreira do mundo - não uma cadeia de lojas, mas um serviço eletrônico de distribuição que desmataria a Amazon.
Um empreendimento dessa escala está fadado a suscitar os dois tipos de ração que venho discutindo: por um lado, entusiasmo utópico; por outro, lamúrias sobre o perigo de concentrar poder de controlar o acesso à informação.
Quem não se comoveria com a perspectiva de disponibilizar virtualmente todos os livros das maiores bibliotecas de pesquisa dos Estados Unidos a todos os americanos, e talvez até mesmo a todas as pessoas do mundo com acesso à internet? A magia tecnológica do Google não apenas levará os livros até os leitores, mas também abrirá oportunidades extraordinárias para pesquisas, toda uma gama de possibilidades que vão de simples buscas por palavras até complexas garimpagens de textos. Sob certas condições, as bibliotecas participantes serão capazes de usar as edições digitalizadas de seus livros para repor obras danificadas ou perdidas. O Google também criará modos de tornar os textos mais acessíveis a leitores com deficiência.
Infelizmente, seu compromisso de fornecer livre acesso ao seu banco de dados num único terminal de computador em cada biblioteca pública é repleto de restrições: os eleitores não poderão imprimir nenhum texto protegido por copyright sem pagar uma taxa aos detentores dos direitos (embora o Google tenha se oferecido para pagar por eles de antemão); e um único terminal dificilmente será suficiente para satisfazer a demanda em grandes bibliotecas. Mas a generosidade do Google será uma dádiva para leitores de cidades pequenas com bibliotecas limitadas, que terão acesso a um número de livros maior que o acervo atual da Biblioteca Pública de Nova York. Ele pode tornar realidade o sonho do Iluminismo.
Mas será que realmente fará isso? Os filósofos do século XVIII encaravam o monopólio como um dos principais obstáculos à difusão do conhecimento - não apenas monopólios em geral, que reprimiam o comércio na visão de Adam Smith e dos fisiocratas, mas monopólios específicos como a Stationers' Company londrina e a guilda de livreiros de Paris, que sufocavam o livre comércio dos livros.
O Google não é uma guilda e não se propôs a criar um monopólio. Pelo contrário, vem buscando um objetivo louvável: promover o acesso à informação. Mas o caráter coletivo e popular do acordo torna o Google invulnerável à competição. A maioria dos autores e editores americanos que detêm copyright estão automaticamente incluídos nesse acordo. Podem escolher ficar de fora; mas, façam o que fizerem, nenhuma outra iniciativa de digitalização poderá ser iniciada sem obter seu consentimento caso a caso (uma impossibilidade prática), ou sem acabar se envolvendo em outra ação coletiva. Se aprovado pelo tribunal - um processo que pode levar até dois anos -, o acordo concederá ao Google, na prática, controle sobre a digitalização de todos os livros protegidos por copyright nos Estados Unidos.
De início, ninguém previu este resultado. Relembrando o processo de digitalização desde os anos 1990, agora se percebe que desperdiçamos uma grande oportunidade. Uma iniciativa do Congresso e da Biblioteca do Congresso, ou de uma ampla aliança de bibliotecas de pesquisa apoiada por uma coalizão de fundações, poderia ter realizado esse trabalho a um custo viável e estruturado o processo de modo a deixar o interesse público em primeiro lugar. Dividindo os custos de diversas maneiras - uma taxa de locação baseada no volume de uso de um banco de dados, ou uma linha de financiamento do National Endowment for the Humanities ou da Biblioteca do Congresso -, poderíamos ter proporcionado uma fonte de renda legítima a autores e editores, mantendo, ao mesmo tempo, um repositório de acesso livre ou com acesso baseado em tarifas razoáveis. Poderíamos ter criado uma Biblioteca Digital Nacional, o equivalente à Biblioteca de Alexandria no século XXI. Agora é tarde. Não só deixamos de reconhecer essa possibilidade como também - o que é ainda pior - estamos permitindo que uma questão de políticas públicas - o controle do acesso à informação - seja determinada por uma ação judicial privada.
Enquanto o poder público cochilava, o Google tomou a iniciativa. Não foi ele que resolveu decidir o assunto no tribunal. A empresa foi cuidando de sua vida, escaneando livros em bibliotecas; fez isso com tanta eficácia que despertou o apetite alheio por um quinhão dos lucros potenciais. Ninguém deveria questionar o direito dos autores e editores à receita de direitos que lhes pertencem; nem seria adequado fazer julgamentos superficiais sobre as partes litigantes da ação. O juiz do tribunal distrital determinará a validade do acordo, mas trata-se essencialmente de uma questão de dividir lucros, e não de promover o interesse público.
Como consequência inesperada, o Google agora desfrutará do que só pode ser chamado de monopólio - um novo tipo de monopólio, não de ferrovias ou aço, mas de acesso à informação.
 
"A Questão dos Livros"
Autor: Robert Darnton
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 168

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/2013/05/1274701

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