Carlos Tun, sacerdote maia, reza durante
ritual do 13º Baktun em frente à igreja
Chi Ixim, ponto sagrado para os maias
de Tactic, região de Alta Verapaz
Foto: JORGE DAN LOPEZ / REUTERS
Maias da Guatemala purificam locais à espera da mudança de era
Sacerdotes de organizações indígenas maias da Guatemala purificaram 20 locais que consideram sagrados e deram início às cerimônias para receber, na sexta-feira, a nova era que começa, segundo o calendário daquele povo, distanciados das atividades oficiais às quais denominam de "show" para atrair turistas. "O que temos visto (nos eventos do governo) é que estão fazendo um show para o turismo. Para nós não é um show e não é turismo, é algo espiritual e pessoal", disse à AFP Sebastiana Mejía, integrante da Conferência de Ministros Maias, o Oxlajuj Ajpop.
Após as purificações realizadas na quarta-feira, nesta quinta os sacerdotes maias celebravam cerimônias de "conexão e sincronização espiritual". Entre os locais purificados estão cinco sítios arqueológicos, um deles Tikal, uma das cidades mais representativas da cultura maia, onde o presidente Otto Pérez comandará a principal atividade.
Segundo Mejía, embora em alguns centros arqueológicos os sacerdotes concordem com as atividades oficiais, não participam delas, e em alguns sítios como Kaminal Juyu, a oeste da capital, coordenaram com as autoridades para alternar seu uso.
À meia-noite de quinta-feira, os descendentes dos maias iniciarão a celebração do novo ciclo e às 05h45 de sexta-feira (hora local, 09h45 de Brasília) efetuarão a "Grande Cerimônia de Recebimento do Avô Sol e do Novo Fogo Sagrado para a Humanidade", destacou, em um comunicado, o Oxlajuj Ajpop.
Em 21 de dezembro termina o último dos treze ciclos de 400 anos, denominados B'aktun que, somados, constituem uma longa era de 5.200 anos, o Oxlajuj B'aktun, segundo o calendário maia.
"O novo ciclo maia implica em harmonia, equilíbrio e reafirmação do verdadeiro sentido do ser humano para a tomada de decisões a favor da vida em todas as suas dimensões", explicou Felipe Gómez, coordenador do Oxlajuj Ajpoo, na página da organização na internet.
Após as purificações realizadas na quarta-feira, nesta quinta os sacerdotes maias celebravam cerimônias de "conexão e sincronização espiritual". Entre os locais purificados estão cinco sítios arqueológicos, um deles Tikal, uma das cidades mais representativas da cultura maia, onde o presidente Otto Pérez comandará a principal atividade.
Segundo Mejía, embora em alguns centros arqueológicos os sacerdotes concordem com as atividades oficiais, não participam delas, e em alguns sítios como Kaminal Juyu, a oeste da capital, coordenaram com as autoridades para alternar seu uso.
À meia-noite de quinta-feira, os descendentes dos maias iniciarão a celebração do novo ciclo e às 05h45 de sexta-feira (hora local, 09h45 de Brasília) efetuarão a "Grande Cerimônia de Recebimento do Avô Sol e do Novo Fogo Sagrado para a Humanidade", destacou, em um comunicado, o Oxlajuj Ajpop.
Em 21 de dezembro termina o último dos treze ciclos de 400 anos, denominados B'aktun que, somados, constituem uma longa era de 5.200 anos, o Oxlajuj B'aktun, segundo o calendário maia.
"O novo ciclo maia implica em harmonia, equilíbrio e reafirmação do verdadeiro sentido do ser humano para a tomada de decisões a favor da vida em todas as suas dimensões", explicou Felipe Gómez, coordenador do Oxlajuj Ajpoo, na página da organização na internet.
Cientistas: fim do mundo já começou, mas a agonia será lenta
Guerra nuclear, pandemia viral, mudança climática: a suposta profecia maia do fim do mundo não será cumprida, mas o Apocalipse já começou e agonia será lenta, alertam os cientistas. "A ideia de que o mundo acabará subitamente, por uma causa qualquer, é absurda", declarou David Morrison, cientista da Nasa e especialista da vida no espaço.
"A Terra existe há mais de quatro bilhões de anos e passarão muitos anos antes do Sol tornar nosso planeta inabitável", insistiu o cientista, que criticou as "ridículas" versões que preveem o fim do mundo neste 21 de dezembro de 2012, injustamente atribuído ao calendário maia.
Em quase cinco bilhões de anos, o Sol se transformará em "gigante vermelho", mas o calor crescente terá, muito antes, provocado a evaporação dos oceanos e o desaparecimento da atmosfera terrestre. O astro solar resfriará depois, até a extinção, mas isto não nos dirá respeito, explica.
"Até lá, não existe nenhuma ameaça astrônomica ou geológica conhecida que poderia destruir a Terra", afirma David Morrison. A ameaça poderia vir do céu, como demonstram algumas produções de Hollywood que descrevem gigantescos asteróides em choque com a Terra?.
Uma catástrofe similar, que implica um astro de 10 a 15 km de diâmetro, caiu sobre a atual península mexicana de Yucatán, causando provavelmente a extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos. Os astrônomos da Nasa afirmam que não é provável que aconteça uma catástrofe similar, em um futuro previsível.
"Estabelecemos que não há asteroides tão grandes perto de nosso planeta como o que terminou com os dinossauros", disse o cientista, acalmando os temores de alguns sobre um fim do mundo em breve. Além disso, se um asteroide provocou a extinção dos dinossauros e de muitas espécies, não erradicou toda a vida na Terra. A espécie humana teria a oportunidade de sobreviver, destaca.
Sobreviver a uma pandemia mundial é mais complicado
Sobreviver a uma pandemia mundial de um vírus mutante, do tipo gripe aviária H5N1, poderia ser mais complicado, mas "não provocaria o fim da humanidade", explica Jean-Claude Manuguerra, especialista em virologia do Instituto Pasteur de Paris.
"A diversidade de sistemas imunológicos é tão importante que há pelo menos 1% da população que resiste naturalmente a uma infecção", afirmou o especialista da revista francesa Sciences & Vie, que consagrou um número especial ao fim do mundo.
Apesar da tese de uma guerra nuclear ter perdido força desde o fim da Guerra Fria, não desapareceu completamente. O número de vítimas dependeria de sua magnitude, mas inclusive um conflito regional - como entre Paquistão e Índia - bastaria para causar um "inverno nuclear" com efeitos em todo o planeta, como uma queda das temperaturas que impossibilitaria a agricultura.
Mas os cientistas demonstram inquietação com a mudança climática a alertam que o aquecimento do planeta é o que mais se parece com o temido fim do mundo.
E desta vez não são simples temores e hipóteses. Secas, tempestades e outras catástrofes naturais se tornariam mais frequentes e intensas com o aumento das temperaturas mundiais, que poderiam registrar alta de +2°C, +4°C e até +5,4°C até 2100. Isto equivaleria a um suicídio coletivo da espécie humana, advertem os cientistas, que intensificam os pedidos para conter o devastador aquecimento do planeta.
Acesso à montanha de Bugarach,
na França, foi fechado
Foto: BBC
Apesar de todos os desmentidos da Nasa, a agência espacial americana, e dos próprios maias, pessoas em muitos países estão se preparando para o "fim do mundo". Segundo interpretações da "profecia maia", o apocalipse está previsto para ocorrer nesta sexta-feira, dia 21 de dezembro.
A ideia de que uma hecatombe mundial de grandes proporções se abateria sobre a raça humana na entrada do equinócio de inverno, que ocorre na mesma data, vem sendo alimentada há, pelo menos, quatro décadas.
Com a aproximação da data, muitas pessoas em países como Índia, Austrália e China, entre outros, começaram a se preparar para o pior, arrumando suprimentos e abrigos. Outros preferem organizar cerimônias e até grandes festas para ter uma última noite de diversão antes do apocalipse.
Entre os que lucram com a data, estão empresas de turismo do México, Belize, Guatemala, Honduras e El Salvador, que vendem pacotes e promoções com o lema "O Fim do Mundo Como Conhecemos".
Nos antigos sítios arqueológicos da civilização maia, a sexta-feira será um dia de muitos rituais, conferências e espetáculos. Mesmo com as queixas de muitos grupos indígenas, que afirmam que suas culturas estão sendo banalizadas.
O governo mexicano também está aproveitando a profecia e há meses lançou uma campanha na Europa e nos Estados Unidos chamada de Mundo Maia. No Brasil, em lugares como Alto Paraíso, em Goiás, os moradores preparam cerimônias para esta sexta-feira.
Montanha e bunkers
No vilarejo de Bugarach, na França, a montanha do local teve seu acesso fechado. Existe uma crença de que, quando o calendário maia se encerrar nesta sexta-feira, a montanha vai se abrir, alienígenas vão aparecer e os humanos que estiverem por perto poderão ser levados por uma espaçonave.
Prevendo o aumento do movimento na cidade de cerca de 200 habitantes, centenas de policiais foram enviados para reforçar a segurança. Os moradores receberam passes especiais para transitar pelo vilarejo.
Na Rússia, um abrigo a 56 metros de profundidade, o Bunker 42, está promovendo uma festa que deve durar dois dias. O local tem espaço para 300 pessoas, mas o preço do ingresso é caro: US$ 1 mil por pessoa (mais de R$ 2 mil).
Na Turquia, no vilarejo de Sirìnche, os moradores estão promovendo um novo vinho local, que traz o número 2012 no rótulo. É um vinho tinto e seco com teor alcoólico mais alto, feito especialmente para esta sexta-feira.
Prisões e esferas
A polícia na China prendeu membros de um culto apocalíptico acusado de espalhar boatos sobre o fim do mundo. Segundo a imprensa estatal do país, quase mil integrantes do grupo cristão Deus Todo Poderoso foram presos. A seita prevê que, a partir desta sexta-feira, vão ocorrer três dias de escuridão e pediu que seus membros derrubem o governo comunista chinês.
A crença de que o fim do mundo chegaria nesta sexta-feira se popularizou nos últimos anos na China. O filme 2012 foi um grande sucesso no país.
Um agricultor da província de Hebei, Liu Qiyan, não apenas acredita como construiu sete esferas de fibra de vidro, com capacidade para receber 14 pessoas cada uma. O agricultor afirma que elas também poderão boiar em caso de inundação e estão equipadas com tanques de oxigênio e suprimentos. "Se realmente acontecer algum tipo de apocalipse, então você pode dizer que fiz uma contribuição para a sobrevivência da humanidade", disse Liu à Agência France Presse.
Maias comemoram o fim de uma era em meio a temores apocalípticos
Na sala de estar da casa de Hirota, é possível ver fotos do Sol
reveladas em negativo que ele diz serem noturnas e da manifestação
de um "espírito de luz"
Foto: Diogo Alcântara / Terra
Com exatos 70 anos, o japonês Masuteru Hirota faz "revelações" e "alertas" sobre o "fim do mundo" por meio de palestras e de uma página na Internet. Desde os seis anos, ele acredita ter o dom de se comunicar com uma força sobrenatural que ele denomina “Energia de Luz” e fazer a intermediação com essa manifestação, levando a cura de pessoas - e tem muita gente que acredita em Hirota. No Brasil desde os 20 anos de idade, Hirota ficou conhecido em Atibaia (SP) pelo suposto dom da cura.
O guru, que prefere não atribuir a si próprio nenhum título, vive desde julho na cidade goiana de Pirenópolis, região que acredita que resistirá a uma grande inundação que devastará quase todo o planeta. Em entrevista ao Terra, ele explicou as "revelações" que diz receber.
Abaixo, os principais momentos da entrevista:
Terra – De que maneira o mundo vai acabar?
Masuteru Hirota – Uma onda de 1,5 mil m vai destruir quase toda a Terra. No Brasil, só a região central vai escapar. A região onde fica Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará.
Terra – E no resto do planeta?
Hirota – O centro da África, parte da Austrália e parte do Japão.
Terra – Mas há lugares mais de relevo mais elevado, como o Himalaia ou os Andes, por exemplo...
Hirota – Tudo vai afundar e acabar. O mundo já acabou antes. Há mais de 1 milhão de anos, Atlantis afundou. Cerca de 500 mil anos atrás, acabou de novo.
Terra – Por que o mundo vai acabar?
Hirota – O egoísmo humano não tem fim. O pensamento negativo e sujo que atrai o fim do mundo. Já chegou a vassoura para limpar o mal. O propósito do fim do mundo é a limpeza.
Terra – Mas algumas pessoas vão sobreviver, já que nem tudo será devastado?
Hirota – Ainda que sobrem humanos, não haverá comida e haverá matança de humanos para alimentação. O ser humano vai virar – na verdade já virou – demônio.
Terra – Por isso o senhor recomenda em suas palestras que as pessoas estoquem comida por dois anos?
Hirota – Sim, até que a agricultura seja restabelecida.
Terra – Alguém mais no mundo recebeu as revelações que o senhor recebeu?
Hirota – Como eu, não existe ninguém no mundo. Eu não tenho egoísmo comigo. Os profetas maias e Nostradamus não tinham nada de egoísmo.
Terra – E como o senhor se comunica com essa energia de luz?
Hirota – O profeta não pensa: ‘eu quero saber o futuro’. Todos os profetas são assim, sem querer nem saber, as revelações chegam à cabeça.
Terra – Muitas pessoas são céticas a seus ensinamentos e suas palavras são motivo de zombaria...
Hirota – São seres não evoluídos, por isso não entendem. Há 108 dimensões, o ser humano ainda está na terceira, abaixo dele só os animais.
Terra – O senhor não tem medo da morte?
Hirota – Não. O que o humano leva da vida de material? Nada. Uma coisa só dá para levar: sua beleza e a limpeza do seu espírito.
Especialistas criticam ignorância em torno do mito do fim do mundo
A ideia de que uma hecatombe mundial de grandes proporções se abateria sobre a raça humana na entrada do equinócio de inverno, que ocorre na mesma data, vem sendo alimentada há, pelo menos, quatro décadas.
Com a aproximação da data, muitas pessoas em países como Índia, Austrália e China, entre outros, começaram a se preparar para o pior, arrumando suprimentos e abrigos. Outros preferem organizar cerimônias e até grandes festas para ter uma última noite de diversão antes do apocalipse.
Entre os que lucram com a data, estão empresas de turismo do México, Belize, Guatemala, Honduras e El Salvador, que vendem pacotes e promoções com o lema "O Fim do Mundo Como Conhecemos".
Nos antigos sítios arqueológicos da civilização maia, a sexta-feira será um dia de muitos rituais, conferências e espetáculos. Mesmo com as queixas de muitos grupos indígenas, que afirmam que suas culturas estão sendo banalizadas.
O governo mexicano também está aproveitando a profecia e há meses lançou uma campanha na Europa e nos Estados Unidos chamada de Mundo Maia. No Brasil, em lugares como Alto Paraíso, em Goiás, os moradores preparam cerimônias para esta sexta-feira.
Montanha e bunkers
No vilarejo de Bugarach, na França, a montanha do local teve seu acesso fechado. Existe uma crença de que, quando o calendário maia se encerrar nesta sexta-feira, a montanha vai se abrir, alienígenas vão aparecer e os humanos que estiverem por perto poderão ser levados por uma espaçonave.
Prevendo o aumento do movimento na cidade de cerca de 200 habitantes, centenas de policiais foram enviados para reforçar a segurança. Os moradores receberam passes especiais para transitar pelo vilarejo.
Na Rússia, um abrigo a 56 metros de profundidade, o Bunker 42, está promovendo uma festa que deve durar dois dias. O local tem espaço para 300 pessoas, mas o preço do ingresso é caro: US$ 1 mil por pessoa (mais de R$ 2 mil).
Na Turquia, no vilarejo de Sirìnche, os moradores estão promovendo um novo vinho local, que traz o número 2012 no rótulo. É um vinho tinto e seco com teor alcoólico mais alto, feito especialmente para esta sexta-feira.
Prisões e esferas
A polícia na China prendeu membros de um culto apocalíptico acusado de espalhar boatos sobre o fim do mundo. Segundo a imprensa estatal do país, quase mil integrantes do grupo cristão Deus Todo Poderoso foram presos. A seita prevê que, a partir desta sexta-feira, vão ocorrer três dias de escuridão e pediu que seus membros derrubem o governo comunista chinês.
A crença de que o fim do mundo chegaria nesta sexta-feira se popularizou nos últimos anos na China. O filme 2012 foi um grande sucesso no país.
Um agricultor da província de Hebei, Liu Qiyan, não apenas acredita como construiu sete esferas de fibra de vidro, com capacidade para receber 14 pessoas cada uma. O agricultor afirma que elas também poderão boiar em caso de inundação e estão equipadas com tanques de oxigênio e suprimentos. "Se realmente acontecer algum tipo de apocalipse, então você pode dizer que fiz uma contribuição para a sobrevivência da humanidade", disse Liu à Agência France Presse.
Maias comemoram o fim de uma era em meio a temores apocalípticos
Os descendentes maias da América Central e do México se despedirão neste 21 de dezembro, com rituais cerimoniais, de uma era de 5.200 anos em seu calendário, uma data marcada pela controvérsia que trouxe interpretações catastróficas sobre um possível fim do mundo. O novo solstício representa o último de treze ciclos de 400 anos, denominados B'aktun, que, somados, constituem uma longa era de 5.200 anos, o Oxlajuj B'aktun, segundo o calendário maia.
"Para os maias, o início de uma nova era implica mudanças profundas no âmbito pessoal, familiar e comunitário para a verdadeira harmonia e equilíbrio entre os seres humanos e a natureza", segundo Felipe Gómez, diretor de Oxlajuj Ajpop, um ente que reúne várias organizações indígenas.
Contudo, fora dessa esfera de espiritualidade, a data foi aproveitada para mover lucrativos negócios que vão desde o turismo arqueológico até a exploração de fantasias apocalípticas em todo o mundo, alimentadas globalmente por filmes de Hollywood.
Na Guatemala, onde se concentra a maior população de origem maia, assim como no México, Honduras, Belize e El Salvador, haverá comemorações oficiais e de empresas privadas, dirigidas principalmente a desatar um boom turístico.
O presidente guatemalteco, Otto Pérez, estará à frente do principal ato da comemoração, que começará na noite de quinta-feira e terminará na manhã amanhecer do dia 21 no majestoso centro arqueológico Tikal, uma das cidades mais representativas da cultura maia, que teve seu momento de esplendor entre os anos 250 e 900 da era cristã.
O diretor do Instituto Guatemalteco de Turismo (Inguat), Pedro Duchez, calcula um crescimento de 8% no fluxo de turistas para este ano - cerca de 200.000 a mais-, induzido pelas comemorações da mudança de era.
Contudo, essa comunidade indígena não se identifica com o enfoque comercial que o governo e os empresários imprimiram à data.
Oxlajuj Ajpop anunciou sua própria agenda de atividades em cinco cidades consideradas sagradas e em seis lugares naturais relacionados com a cosmovisão maia.
"Há duas comemorações aqui. A autêntica dos maias, essa não será vista pelo mundo, é parte de nossa vida particular dos maias. Nós vamos nos despedir do avô sol e de distintas e milhares de formas", afirmou à AFP a Prêmio Nobel da Paz, a guatemalteca Rigoberta Menchú, descendente maia.
No México, as atividades se concentrarão em sítios arqueológicos como Chichén Itzá (Yucatán, sudeste), onde o governo do estado tem várias atividades culturais, mas, no restante do país, a expectativa em torno da data vem diminuindo.
Na Riviera Maia, um distrito costeiro que inclui o balneário de Cancun, as autoridades deixaram a iniciativa para os empresários turísticos.
Na Playa del Carmen, nessa mesma área, os hotéis trabalham na construção de uma estrutura piramidal de 18 metros de altura, armada com 700.000 garrafas de plástico, dentro da qual serão colocadas mensagens de consolo para o mundo de diferentes personalidades.
Na zona hoteleira de Cancun, uma rede de hambúrgueres anuncia sua oferta especial do fim do mundo e prepara um show gratuito com o popular cantor mexicano Juan Gabriel, com o tema "O renascimento do mundo maia".
Em Copán, principal centro arqueológico em Honduras, foi organizada uma cerimônia que contará com a presença do presidente Porfirio Lobo, após o jogo de pelota (bola), um elaborado esporte praticado pelos ancestrais maias, considerado um componente muito característico de sua cultura.
No sítio El Tazumal de El Salvador, o Ministério do Turismo anuncia na sexta-feira um espetáculo de luzes. Belize terá atividades culturais no sítio arqueológico Caracol, onde está localizada a estrutura maia mais alta do país - 46 m -, e no Altun Ha, centro cerimonial onde foi encontrada a famosa Cabeça de Jade do deus Sol Kinich Ahau.
Enquanto isso, a paranoia da catástrofe que prega o fim do mundo para essa data se propaga por todo o planeta. Na província argentina de Córdoba (centro), as autoridades fecharam na terça-feira os acessos à montanha Uritorco, tradicional sítio de meditação, assim que surgiu no Facebook uma convocação para um "suicídio espiritual em massa" para sexta-feira.
Na China, centenas de membros da seita cristã Deus Todo Poderoso foram detidos por fazer propaganda ilegal sobre cataclismos relacionados à mudança da era maia. Nos Estados Unidos, algumas empresas dedicadas à venda de bunkers e materiais de sobrevivência para casos de catástrofe registraram um aumento de seus negócios nos últimos dias.
"A ideia de que o mundo acabará subitamente, por uma causa qualquer, é absurda", afirmou o cientista da NASA David Morrison. Para os líderes maias, é lamentável tanta especulação e manipulação comercial de uma data que para seu povo está associada apenas à espiritualidade e à esperança de um mundo melhor.
Mais lamentavelmente ainda, opinam, é o estado de miséria e prostração em que vivem cerca de nove milhões de pessoas, herdeiros da civilização maia que deu ao mundo maravilhas nos campos da ciência, da arte e da cultura em geral.
"Fim do mundo": guru fala em Atlantis, tsunami e "energia de luz"
"Para os maias, o início de uma nova era implica mudanças profundas no âmbito pessoal, familiar e comunitário para a verdadeira harmonia e equilíbrio entre os seres humanos e a natureza", segundo Felipe Gómez, diretor de Oxlajuj Ajpop, um ente que reúne várias organizações indígenas.
Contudo, fora dessa esfera de espiritualidade, a data foi aproveitada para mover lucrativos negócios que vão desde o turismo arqueológico até a exploração de fantasias apocalípticas em todo o mundo, alimentadas globalmente por filmes de Hollywood.
Na Guatemala, onde se concentra a maior população de origem maia, assim como no México, Honduras, Belize e El Salvador, haverá comemorações oficiais e de empresas privadas, dirigidas principalmente a desatar um boom turístico.
O presidente guatemalteco, Otto Pérez, estará à frente do principal ato da comemoração, que começará na noite de quinta-feira e terminará na manhã amanhecer do dia 21 no majestoso centro arqueológico Tikal, uma das cidades mais representativas da cultura maia, que teve seu momento de esplendor entre os anos 250 e 900 da era cristã.
O diretor do Instituto Guatemalteco de Turismo (Inguat), Pedro Duchez, calcula um crescimento de 8% no fluxo de turistas para este ano - cerca de 200.000 a mais-, induzido pelas comemorações da mudança de era.
Contudo, essa comunidade indígena não se identifica com o enfoque comercial que o governo e os empresários imprimiram à data.
Oxlajuj Ajpop anunciou sua própria agenda de atividades em cinco cidades consideradas sagradas e em seis lugares naturais relacionados com a cosmovisão maia.
"Há duas comemorações aqui. A autêntica dos maias, essa não será vista pelo mundo, é parte de nossa vida particular dos maias. Nós vamos nos despedir do avô sol e de distintas e milhares de formas", afirmou à AFP a Prêmio Nobel da Paz, a guatemalteca Rigoberta Menchú, descendente maia.
No México, as atividades se concentrarão em sítios arqueológicos como Chichén Itzá (Yucatán, sudeste), onde o governo do estado tem várias atividades culturais, mas, no restante do país, a expectativa em torno da data vem diminuindo.
Na Riviera Maia, um distrito costeiro que inclui o balneário de Cancun, as autoridades deixaram a iniciativa para os empresários turísticos.
Na Playa del Carmen, nessa mesma área, os hotéis trabalham na construção de uma estrutura piramidal de 18 metros de altura, armada com 700.000 garrafas de plástico, dentro da qual serão colocadas mensagens de consolo para o mundo de diferentes personalidades.
Na zona hoteleira de Cancun, uma rede de hambúrgueres anuncia sua oferta especial do fim do mundo e prepara um show gratuito com o popular cantor mexicano Juan Gabriel, com o tema "O renascimento do mundo maia".
Em Copán, principal centro arqueológico em Honduras, foi organizada uma cerimônia que contará com a presença do presidente Porfirio Lobo, após o jogo de pelota (bola), um elaborado esporte praticado pelos ancestrais maias, considerado um componente muito característico de sua cultura.
No sítio El Tazumal de El Salvador, o Ministério do Turismo anuncia na sexta-feira um espetáculo de luzes. Belize terá atividades culturais no sítio arqueológico Caracol, onde está localizada a estrutura maia mais alta do país - 46 m -, e no Altun Ha, centro cerimonial onde foi encontrada a famosa Cabeça de Jade do deus Sol Kinich Ahau.
Enquanto isso, a paranoia da catástrofe que prega o fim do mundo para essa data se propaga por todo o planeta. Na província argentina de Córdoba (centro), as autoridades fecharam na terça-feira os acessos à montanha Uritorco, tradicional sítio de meditação, assim que surgiu no Facebook uma convocação para um "suicídio espiritual em massa" para sexta-feira.
Na China, centenas de membros da seita cristã Deus Todo Poderoso foram detidos por fazer propaganda ilegal sobre cataclismos relacionados à mudança da era maia. Nos Estados Unidos, algumas empresas dedicadas à venda de bunkers e materiais de sobrevivência para casos de catástrofe registraram um aumento de seus negócios nos últimos dias.
"A ideia de que o mundo acabará subitamente, por uma causa qualquer, é absurda", afirmou o cientista da NASA David Morrison. Para os líderes maias, é lamentável tanta especulação e manipulação comercial de uma data que para seu povo está associada apenas à espiritualidade e à esperança de um mundo melhor.
Mais lamentavelmente ainda, opinam, é o estado de miséria e prostração em que vivem cerca de nove milhões de pessoas, herdeiros da civilização maia que deu ao mundo maravilhas nos campos da ciência, da arte e da cultura em geral.
"Fim do mundo": guru fala em Atlantis, tsunami e "energia de luz"
Na sala de estar da casa de Hirota, é possível ver fotos do Sol
reveladas em negativo que ele diz serem noturnas e da manifestação
de um "espírito de luz"
Foto: Diogo Alcântara / Terra
Com exatos 70 anos, o japonês Masuteru Hirota faz "revelações" e "alertas" sobre o "fim do mundo" por meio de palestras e de uma página na Internet. Desde os seis anos, ele acredita ter o dom de se comunicar com uma força sobrenatural que ele denomina “Energia de Luz” e fazer a intermediação com essa manifestação, levando a cura de pessoas - e tem muita gente que acredita em Hirota. No Brasil desde os 20 anos de idade, Hirota ficou conhecido em Atibaia (SP) pelo suposto dom da cura.
O guru, que prefere não atribuir a si próprio nenhum título, vive desde julho na cidade goiana de Pirenópolis, região que acredita que resistirá a uma grande inundação que devastará quase todo o planeta. Em entrevista ao Terra, ele explicou as "revelações" que diz receber.
Abaixo, os principais momentos da entrevista:
Terra – De que maneira o mundo vai acabar?
Masuteru Hirota – Uma onda de 1,5 mil m vai destruir quase toda a Terra. No Brasil, só a região central vai escapar. A região onde fica Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará.
Terra – E no resto do planeta?
Hirota – O centro da África, parte da Austrália e parte do Japão.
Terra – Mas há lugares mais de relevo mais elevado, como o Himalaia ou os Andes, por exemplo...
Hirota – Tudo vai afundar e acabar. O mundo já acabou antes. Há mais de 1 milhão de anos, Atlantis afundou. Cerca de 500 mil anos atrás, acabou de novo.
Terra – Por que o mundo vai acabar?
Hirota – O egoísmo humano não tem fim. O pensamento negativo e sujo que atrai o fim do mundo. Já chegou a vassoura para limpar o mal. O propósito do fim do mundo é a limpeza.
Terra – Mas algumas pessoas vão sobreviver, já que nem tudo será devastado?
Hirota – Ainda que sobrem humanos, não haverá comida e haverá matança de humanos para alimentação. O ser humano vai virar – na verdade já virou – demônio.
Terra – Por isso o senhor recomenda em suas palestras que as pessoas estoquem comida por dois anos?
Hirota – Sim, até que a agricultura seja restabelecida.
Terra – Alguém mais no mundo recebeu as revelações que o senhor recebeu?
Hirota – Como eu, não existe ninguém no mundo. Eu não tenho egoísmo comigo. Os profetas maias e Nostradamus não tinham nada de egoísmo.
Terra – E como o senhor se comunica com essa energia de luz?
Hirota – O profeta não pensa: ‘eu quero saber o futuro’. Todos os profetas são assim, sem querer nem saber, as revelações chegam à cabeça.
Terra – Muitas pessoas são céticas a seus ensinamentos e suas palavras são motivo de zombaria...
Hirota – São seres não evoluídos, por isso não entendem. Há 108 dimensões, o ser humano ainda está na terceira, abaixo dele só os animais.
Terra – O senhor não tem medo da morte?
Hirota – Não. O que o humano leva da vida de material? Nada. Uma coisa só dá para levar: sua beleza e a limpeza do seu espírito.
Especialistas criticam ignorância em torno do mito do fim do mundo
A euforia e a incerteza alimentadas pelo mito de uma suposta profecia maia sobre o fim do mundo na próxima sexta-feira surgem de uma excessiva credulidade, ignorância, sensacionalismo e um desmedido afã por lucro, disseram especialistas consultados pela Agência Efe.
"Estas versões apocalípticas derivam de uma ignorância, mas em algumas ocasiões também de um afã por um lucro desmedido do qual se aproveitam para escrever livros, fazer filmes ou outras formas de expressão", comentou o arqueólogo Eduardo Matos.
Por sua parte, Alfredo López Austin, um historiador especialista em religião mesoamericana e em povos indígenas do México, explicou que "se a um dado curioso do calendário maia é acrescentado o sensacionalismo, o mercantilismo dos meios de comunicação, um notável nível de ingenuidade generalizada e muita vontade de aceitar o inexplicável e o catastrófico, se forma um coquetel complexo".
Matos afirmou que o "pensamento religioso sempre se nutriu de fábulas ou mitos por meio dos quais se tenta explicar diversos fenômenos para os quais o homem, em sua ignorância, não tem resposta".
Muitas pessoas interpretaram que a mudança de uma era que começou no ano 3.114 antes de Cristo em um ciclo do calendário maia significa uma "profecia" sobre o fim do mundo; no entanto, esta ideia é "completamente alheia e estranha ao pensamento maia antigo", declarou o arqueólogo.
Este mito, detalhou, "só pode ser compreendido no marco de nossa própria concepção apocalíptica ocidental, de nossos próprios temores e superstições, assim como de ideologias ecléticas pós-modernas que não carecem de interesses de lucro comercial".
López Austin, por sua parte, assinalou que a maioria das pessoas admira os maias como uma civilização notável, mas "ignoram sua história e boa parte de seu pensamento".
"A admiração mais o desconhecimento generalizado conduzem facilmente à fantasia. Quando algo não sabe, é mais fácil imaginar que ir às fontes de conhecimento", advertiu.
O arqueólogo Matos lembrou que em muitas religiões existe a gênese do mundo e de tudo que nos rodeia, mas também prevê um final.
Acrescentou que as ideias religiosas do Apocalipse estão presentes no pensamento cristão e abriram passagem ao milenarismo ocidental que se manifesta em muitos campos, onde o tempo se apresenta de uma maneira linear e sem repetições.
Em outras culturas, como as mesoamericanas, se aprecia uma visão cíclica, repetitiva do tempo, devido principalmente a sua observação da natureza e do movimento dos astros, indicou.
Matos ressaltou que a ciência avançou muito em elucidar diversos aspectos do surgimento do universo, da vida, da morte e outros mistérios, mas sempre permanecem crenças sem sustentação que as religiões, em geral, mantêm.
Por sua vez, López Austin insistiu que para os que se regem por crenças e não pelo exercício do pensamento crítico, "as falhas de uma crença podem ser substituídas pelas promessas de outra; as crenças velhas e inúteis são simplesmente substituídas pelas inovadoras e promissoras".
Salientou que no dia seguinte, ao comprovar que a profecia não se cumpriu, os adeptos a este tipo de crença assegurarão que "a profecia não foi plenamente realizada", que há "outras explicações ou esperarão que alguém lhes sirva outro prato com uma nova profecia".
Além disso, apontou que os "meios de comunicação sensacionalistas não fazem mais que aproveitar a situação para fomentá-la e lucrar".
López Austin considerou que "é falso" pensar que no século 21 o mundo vive em uma era científica, e assinalou que não se deve confundir a ciência com a técnica. "Vivemos uma época obscura, supersticiosa, acrítica", lamentou o historiador.
Fonte:http://noticias.terra.com.br/ciencia/
"Estas versões apocalípticas derivam de uma ignorância, mas em algumas ocasiões também de um afã por um lucro desmedido do qual se aproveitam para escrever livros, fazer filmes ou outras formas de expressão", comentou o arqueólogo Eduardo Matos.
Por sua parte, Alfredo López Austin, um historiador especialista em religião mesoamericana e em povos indígenas do México, explicou que "se a um dado curioso do calendário maia é acrescentado o sensacionalismo, o mercantilismo dos meios de comunicação, um notável nível de ingenuidade generalizada e muita vontade de aceitar o inexplicável e o catastrófico, se forma um coquetel complexo".
Matos afirmou que o "pensamento religioso sempre se nutriu de fábulas ou mitos por meio dos quais se tenta explicar diversos fenômenos para os quais o homem, em sua ignorância, não tem resposta".
Muitas pessoas interpretaram que a mudança de uma era que começou no ano 3.114 antes de Cristo em um ciclo do calendário maia significa uma "profecia" sobre o fim do mundo; no entanto, esta ideia é "completamente alheia e estranha ao pensamento maia antigo", declarou o arqueólogo.
Este mito, detalhou, "só pode ser compreendido no marco de nossa própria concepção apocalíptica ocidental, de nossos próprios temores e superstições, assim como de ideologias ecléticas pós-modernas que não carecem de interesses de lucro comercial".
López Austin, por sua parte, assinalou que a maioria das pessoas admira os maias como uma civilização notável, mas "ignoram sua história e boa parte de seu pensamento".
"A admiração mais o desconhecimento generalizado conduzem facilmente à fantasia. Quando algo não sabe, é mais fácil imaginar que ir às fontes de conhecimento", advertiu.
O arqueólogo Matos lembrou que em muitas religiões existe a gênese do mundo e de tudo que nos rodeia, mas também prevê um final.
Acrescentou que as ideias religiosas do Apocalipse estão presentes no pensamento cristão e abriram passagem ao milenarismo ocidental que se manifesta em muitos campos, onde o tempo se apresenta de uma maneira linear e sem repetições.
Em outras culturas, como as mesoamericanas, se aprecia uma visão cíclica, repetitiva do tempo, devido principalmente a sua observação da natureza e do movimento dos astros, indicou.
Matos ressaltou que a ciência avançou muito em elucidar diversos aspectos do surgimento do universo, da vida, da morte e outros mistérios, mas sempre permanecem crenças sem sustentação que as religiões, em geral, mantêm.
Por sua vez, López Austin insistiu que para os que se regem por crenças e não pelo exercício do pensamento crítico, "as falhas de uma crença podem ser substituídas pelas promessas de outra; as crenças velhas e inúteis são simplesmente substituídas pelas inovadoras e promissoras".
Salientou que no dia seguinte, ao comprovar que a profecia não se cumpriu, os adeptos a este tipo de crença assegurarão que "a profecia não foi plenamente realizada", que há "outras explicações ou esperarão que alguém lhes sirva outro prato com uma nova profecia".
Além disso, apontou que os "meios de comunicação sensacionalistas não fazem mais que aproveitar a situação para fomentá-la e lucrar".
López Austin considerou que "é falso" pensar que no século 21 o mundo vive em uma era científica, e assinalou que não se deve confundir a ciência com a técnica. "Vivemos uma época obscura, supersticiosa, acrítica", lamentou o historiador.
Fonte:http://noticias.terra.com.br/ciencia/
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