TUK TUK DE RICKSHAW : VEÍCULO TÍPICO DA ÍNDIA



Imagine um veículo que anda bem, é estável, confortável e fácil de dirigir. Pois é… o tuc-tuc é exatamente o contrário de tudo isso. Em uma viagem à Índia, experimentamos um dos meios de transporte mais populares por aquelas bandas (e em outros países asiáticos). Descobrimos algo que desafia as leis da física mas, por mais paradoxal que seja, é extremamente divertido de se pilotar. Dá vontade de ter um!
Nossa intenção era dirigir um tuc-tuc nas ruas indianas. Mas isso exigiria um curso de “desaprendizado” das regras básicas de direção: além de ser em mão inglesa, o trânsito lá é absurdamente confuso e tem normas próprias, como a substituição dos retrovisores pelo uso contínuo da buzina ou a absoluta inexistência do respeito às faixas de rolamento. No meio disso tudo, motos e motonetas se amontoam e as ruas são despreocupadamente atravessadas por pedestres, vacas e, eventualmente, elefantes e macacos.
Tuc tuc (Fotos: Roberto Dutra/ O Globo)
Tuc tuc (Fotos: Roberto Dutra/ O Globo)

Pegamos, então, um modelo TVS King 200 novinho, para avaliar na pista de testes da poderosa fábrica TVS Company, que também faz motos e motonetas. Na Índia, eles chamam o tuc-tuc de rickshaw, referência ao riquixá original, de tração humana. Por fora, só exotismo. O mais parecido que tivemos no Brasil foram os triciclos Vespacar na década de 60 (em 2001, a Kasinski também tentou vender veículos assim).
Seu arremedo de carroceria é uma cabine sem portas, de cantos arredondados e com um enorme para-brisa. Há um banco na frente e outro atrás, separados por uma barrinha de ferro. Em um crash-test, os bonecos virariam sardinhas em lata…
QUANTOS CABEM EM UM TUC-TUC?  - Teoricamente, o tuc-tuc é feito para levar um piloto na frente e até três passageiros, meio espremidos, atrás. Mas, na Índia, é comum ver esses triciclos se arrastando, apinhados com seis pessoas.
Os faróis são até elegantes e a traseira, com lanterninhas pequenas, lembra uma Kombi conversível em miniatura. Sobressaem as três pequeninas rodas com 12 polegadas de diâmetro. Todos os freios são a tambor. Visualmente, nada passa muita confiança…
Com turbante e tudo, H. S. Goindi, presidente de marketing da TVS Company, nos leva de carona em uma voltinha e explica os comandos básicos. Depois, é nossa vez. Ligamos o bichinho por meio de um botão no painel, que parece um pequeno interruptor de parede. O motorzinho monocilíndrico de quatro tempos, refrigerado a ar, tem 199cm³ de cilindrada e rende 7,2cv. Acorda num estalo e sem muito barulho. Na Índia, esse motor pode usar gasolina, gás natural ou gás liquefeito de petróleo - caso deste que avaliamos. Com gasolina, faz 30km/l.
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No punho direito fica o acelerador, como numa moto. No esquerdo, aperta-se o manete de embreagem e vira-se o próprio punho para trocar as marchas (quatro). O freio é acionado por um pedal no assoalho, pelo pé direito. Parece complicado, mas logo nos habituamos - na prática, é tudo como nas antigas Vespa. Os espelhos ficam no alto das colunas dianteiras. Meros enfeites na Índia…
Engatamos a primeira e saímos. A segunda custa a entrar: o câmbio é impreciso e engata com um “clunk” que chacoalha o veículo. Aceleramos tudo, subimos para a terceira, chegamos aos 40km/h e… ficamos aí! Passar disso é difícil - somente com muita paciência alcançamos a máxima de 50km/h, condizente com um veículo para cidades superpovoadas.
Na reta, e com apenas duas pessoas, o tuc-tuc sacoleja pouco. Mas vem a primeira curva e nosso guia indiano sugere reduzirmos. Baixamos a marcha e entramos numa curva aberta a uns 30km/h. O tuc-tuc rebola como um dançarino de Bollywood. Para compensar a inclinação, pede destreza do piloto com o esterço do guidom, virando a rodinha dianteira para o lado de fora da curva.
O comportamento é razoável nas retas e vacilante nas curvas. Mas é gostoso pilotar o tuc-tuc, principalmente por ser algo diferente de tudo o que já havíamos experimentado. E, importante destacar: o tuc-tuc é ágil: manobra rapidamente em espaços mínimos, inclusive porque o esterço da rodinha dianteira é igual ao de uma moto - ele praticamente gira sobre seu próprio eixo. Por Ganesha: é quase uma moto com teto!
Quer saber? Seria um bom veículo para levar turistas por orlas de cidades litorâneas brasileiras - embora os passageiros fiquem mais vulneráveis do que num táxi ou ônibus. Mas teria que ter preço atraente. Na Índia, o TVS King custa a partir de 90 mil rúpias (cerca de R$ 3.500). Isso sem opcionais como coberturas especiais nas rodas, rádio, relógio, para-choque traseiro reforçado e até suporte de console para botar uma estatuazinha de Ganesha. Importado, custaria pelo menos o dobro. Aí, não seria tão interessante. Mas está lançada a ideia…
FICHA TÉCNICA
PREÇO: 90 mil rúpias (equivalente R$ 3.500)
ORIGEM: Índia
MOTOR: Motor: a gasolina, GNV ou GLP, quatro tempos, 199cm³, refrigerado a ar, potência máxima de 7,2cv e torque de 1,9kgfm
TRANSMISSÃO: Quatro marchas à frente e uma ré. Tração traseira
DIMENSÕES E PESO: Comp.: 2,64m; entre eixos: 1,98m; peso: 345 quilos


Fonte:http://www.zap.com.br/revista/carros/tag/india/

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