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Ao longo dos séculos foram escritos milhões de livros sobre o sucesso e como ser bem sucedido. Porém, essas narrativas ocorrem normalmente à superfície dos hábitos sociais. David Brooks procurou através da história de um casal normal mostrar o lado mais íntimo e as explicações desconhecidas para o sucesso. Uma das descobertas centrais deste estudo é que somos mais do que fruto do nosso pensamento consciente. Somos, sobretudo, resultado do pensamento que decorre abaixo do nível da consciência.
O Animal Social fala sobre a vida moderna da nossa espécie. Explora os laços, a paternidade, o ensino, o amor, a família, a cultura e a realização pessoal, o casamento, a política, a moralidade, o envelhecimento, a morte e muito mais... Brooks é um escritor sagaz, claro, e muitas vezes divertido.
Explorando as descobertas do seu livro mais recente, o colunista do N.Y. Times, David Brooks, desvenda novas perspectivas de olhar a natureza humana do ponto de vista das ciências cognitivas - perspectivas com implicações pesadas a nível económico e político, assim como no nosso próprio auto-conhecimento. Numa palestra repleta de humor, ele mostra-nos como não é possível tentarmos compreender os humanos se os considerarmos indivíduos isolados, cujas escolhas se baseiam no seu discernimento consciente.
New York Times columnist David Brooks is the author of “Bobos in Paradise,” “On Paradise Drive” -- and his new narrative of neuroscience, "The Social Animal: The Hidden Sources of Love, Character and Achievement." Full bio »
Translated into Portuguese by Mafalda Dias
Reviewed by Rafael Eufrasio
Quando consegui o meu emprego atual, deram-me um bom conselho, que consistia em entrevistar três politicos, todos os dias. E, devido a todo esse contacto com políticos, posso dizer-vos que todos eles são aberrações emocionais, de uma maneira ou de outra. Eles têm aquilo a que eu chamei de demência da logorréia, que na prática quer dizer que eles falam tanto que se deixam malucos a eles próprios. (Risos) Mas aquilo que eles têm mesmo, são competências sociais incríveis. Quando os conhecem, eles prendem-se a vós, eles olham-vos nos olhos, eles invadem o vosso espaço pessoal, eles massajam-vos a nuca.
Mas o paradoxo é, quando muitas destas pessoas deslizam para o modo da política, essa consciência social desaparece e eles começam a falar como contabilistas. Então, com o decorrer da minha carreira, cobri uma série de falhanços. Enviámos economistas com planos de privatizações para a União Soviética, quando esta se desintegrou, e aquilo que eles realmente não tinham era confiança social. Invádimos o Iraque com um exército alheados das realidades cultural e psicológica. Tivemos um regime financeiro regulador, baseados nas pretensões de que os negociantes eram criaturas racionais, que não fariam nada estúpido. Há já 30 anos que venho a cobrir a reforma escolar, e, basicamente, reorganizamos os arquivos da burocracia - parcerias, escolas privadas, patrocínios - mas tivemos resultados decepcionantes, ano após ano. E o facto é: as pessoas aprendem com as pessoas que amam. E se não estão a falar sobre a relação individual entre um professor e um estudante, não estão a falar dessa realidade, mas essa realidade é excisada pelo nosso processo de fazer política.
E então isso levou-me a uma questão: Porque é que as pessoas mais socialmente competentes da terra ficam completamente desumanizadas quando pensam em política? E cheguei à conclusão de que isto é um sintoma de um problema maior. Que, durante séculos, herdámos uma visão da natureza humana baseada na noção de que o nosso eu é dividido, que a razão está separada das emoções, e que a sociedade progride na medida em que a razão consegue subjugar as paixões. E isto levou a uma visão da natureza humana de que somos indivíduos racionais, que respondem em linhas simples a incentivos. E isto conduziu a formas de ver o mundo onde as pessoas tentam usar a presunção da física para medir como é o comportamento humano. E foi produzida uma grande amputação, uma visão superficial da natureza humana.
Somos muito bons a falar sobre coisas materiais, mas somos mesmo muito maus a falar sobre emoções. Somos muito bons a falar de competências e de segurança e de saúde, somos mesmo muito maus a falar sobre o carácter. Alasdair MacIntyre, o filósofo famoso, disse que "Temos os conceitos da moralidade antiga de virtude, honra, bondade, mas já não temos um sistema que os conecte". E então isto levou a um caminho superficial na política, mas também num leque alargado de aspirações humanas.
Podem observá-lo na maneira como criamos as nossas crianças. Vão a uma escola básica às três horas da tarde observem as crianças à saída, e elas carregarão mochilas de 36 kg. Se uma ventania as atingir, elas, quais besouros, ficarão coladas ao chão. Vêm os carros que chegam e partem - normalmente Saabs e Audis e Volvos, porque em certos bairros é socialmente aceitável ter um carro de luxo, desde que este provenha de um país hostil à política externa dos E.U.A. - isso não faz mal. As pessoas que os vão buscar são umas criaturas às quais chamei super-mães, que são mulheres com carreiras altamente bem sucedidas, que as puseram temporariamente de lado para se assegurarem que os seus filhos são admitidos em Harvard. E normalmente é possível reconhecer estas super-mães, porque elas na verdade pesam menos que os seus próprios filhos. (Risos) Então, no momento da concepção, elas fazem ginástica ao seu pequeno rabo. Os bebés começam a sair, e lá estão elas a mostrar-lhes cartões de mandarim.
Ao levá-los para casa, e porque querem que sejam seres iluminados, levam-nos à companhia de gelados Ben & Jerry, com a sua própria política externa. Num dos meus livros, brinco com o facto que a Ben & Jerry deveria produzir uma pasta dentífrica pacifista - não mata os germes, apenas lhes pede para saírem. Seria um artigo com muita saída. (Risos) E vão às lojas de produtos naturais buscar a alimentação do bebé. E as lojas de produtos naturais são uma daquelas mercearias progressivas onde todos os operadores de caixa parecem emprestados pela Amnistia Internacional. (Risos) Compram lá uns lanches baseados em algas marinhas chamados Prémio de vegetais com couve, que é para os miúdos que chegam a casa e dizem, "Mãe, mãe, quero um lanche que previna o cancro do colon e do recto."
(Risos)
E então os míudos são criados de uma certa forma, saltando entre dificuldades de sucesso das coisas que podemos medir - preparação para exames, oboé, prática de futebol. Eles entram em universidades competitivas, eles conseguem bons empregos, e, por vezes, eles tornam-se pessoas de sucesso de um modo superficial, e fazem rios de dinheiro. E, por vezes, podem vê-los de em sítios destinados a férias como Jackson Hole ou Aspen. E eles tornaram-se distintos e elegantes - eles não têm coxas, exactamente; têm apenas um bezerro magro ao lado do outro. (Risos) Elas têm os seus próprios filhos, e alcançaram um milagre genético ao casarem com pessoas bonitas, onde as avós se parecem com a Gertrude Stein, e as filhas se parecem com a Halle Berry - Não sei como o conseguiram. Chegam lá e apercebem-se que agora está na moda ter cães com um terço da altura do pé-direito da vossa casa. Então elas têm uns cães peludos de 72 kg - que parecem velociraptores, todos com nomes de personagens de livros da Jane Austen.
E depois, quando envelhecem, não desenvolveram exactamente uma filosofia de vida, mas decidiram "Tive sucesso em tudo, eu não vou morrer, de todo." E então contratam treinadores pessoais, e engolem Cialis como pastilhas para o hálito. Vêm-nos ali em cima, nas montanhas. Fazem esqui de fundo pela montanha acima, com umas expressões austeras que fazem com que o Dick Cheney se pareça com o Jerry Lewis. (Risos) E à medida que eles zumbem enquanto passam por vós, é como se por vós passasse uma pequena passa de chocolate, mas de ferro, que sobe a montanha.
(Risos)
E então isto faz parte daquilo que é a vida, mas não é tudo aquilo que a vida é. E ao longo de alguns anos que passaram, penso que nos foi dada uma visão mais profunda da natureza humana, e uma visão mais aprofundada de quem somos. E não é baseado na teologia ou filosofia, é no estudo da mente, através de todas estas esferas de pesquisa, desde a neurociência aos cientistas da cognição, economistas do comportamento, psicólogos, sociologia, estamos a desenvolver uma revolução na consciência. E quando sintetizam tudo, é-nos dada uma nova visão da natureza humana. E, longe de ser uma visão da natureza friamente materialista, é um novo humanismo, é um novo encantamento. E eu penso que, quando sintetizam esta investigação, começam com três critérios chave.
O primeiro critério é que, enquanto a mente consciente escreve a autobiografia da nossa espécie, a mente inconsciente faz a maior parte do trabalho. E então, uma forma de formular isso, a mente humana pode absorver milhões de informações por minuto, das quais está conscientemente ciente de cerca de 40. E isto conduz a peculiaridades. Uma das minhas preferidas é que, pessoas com o nome Pedro, irão muito provavelmente ser pedreiros, pessoas chamadas Palhares tornam-se palhaços, porque, inconscientemente, gravitamos em torno de coisas que nos soam familiares, daí eu ter posto à minha filha o nome de Presidente dos Estados Unidos da América Brooks. (Risos) Outra descoberta é que o inconsciente, longe de ser parvo e sexualizado, é na verdade bastante inteligente. Então, uma das coisas cognitivamente mais exigentes que fazemos, é comprar mobília. É muito difícil imaginar um sofá, como se irá enquadrar na vossa casa. E a maneira como se deverá fazê-lo é estudar a mobília, deixá-la a marinar na vossa mente, distrairem-se, e, uns dias mais tarde, seguirem os vossos instintos, porque, inconscientemente, conseguiram a solução.
O segundo critério, é que as emoções estão no centro do nosso pensamento. As pessoas que sofreram um AVC ou com lesões nos locais de processamento de emoções do cérebro não são super inteligentes, são, na verdade e algumas vezes, bastante impotentes. E o gigante no campo está na sala esta noite, e irá falar amanhã de manhã - António Damásio. E uma das coisas que ele verdadeiramente nos mostrou é que as emoções não estão separadas da razão, mas que são a base da razão, porque nos dizem o que valorizar. Então, ler e educar as vossas emoções é uma das actividades centrais da sabedoria.
Eu sou um tipo de meia idade; não estou exactamente confortável com as emoções. Uma das minhas histórias do cérebro favoritas descrevia estes tipos de meia idade. São postos num aparelho de scan cerebral - isto é apócrifo, por acaso, mas não me interessa - e depois vêm um filme de terror, e depois pede-se-lhes que descrevam o que sentem em relação às suas esposas. E os scans cerebrais deram resultados idênticos em ambas as actividades. Era puro terror, apenas. Então, eu a falar sobre emoção, é como o Gandhi a falar de gula, mas este é o processo ordenado central da maneira como pensamos. Ele diz-nos o que gravar na mente. O cérebro é o registo dos sentimentos de uma vida.
E o terceiro critério é que não somos inteiramente indivíduos independentes. Somos animais sociais, e não animais racionais. Emergimos de relacionamentos, e como que nos fundimos uns com os outros. E então, quando vemos outra pessoa, reencenamos na nossa própria mente aquilo que vemos na mente do outro. Quando vemos uma perseguição de carros num filme, é como que, de forma subtil, estivessemos envolvidos numa. Quando vemos pornografia, é um pouco como ter sexo, embora, provavelmente, não tão bom. Observamos isto quando vemos um par de namorados na rua, quando uma multidão no Egipto ou na Tunísia se vê apanhada num contágio emocional, a fusão. E esta revolução daquele que somos dá-nos, penso, uma forma diferente de ver a política, uma forma diferente, mais importante ainda, de vermos o património humano.
Somos, agora, filhos do Iluminismo Francês. Acreditamos que a razão é a maior das aptidões. Mas creio que esta investigação mostra que o Iluminismo Britânico, ou o Iluminismo Escocês, com o David Hume, o Adam Smith, de facto lidou melhor com a questão de quem somos - que a razão é, muitas vezes, fraca, os nossos sentimentos são fortes, e os nossos sentimentos são frequentemente fiáveis. E este trabalho corrige esse preconceito na nossa cultura, esse preconceito que retira a humanidade. Dá-nos uma sensação mais profunda daquilo que é necessário para que prosperemos nesta vida. Quando pensamos no património humano, pensamos nas coisas que conseguimos medir facilmente - coisas como notas, exames, títulos, o número de anos de escolaridade. O que é realmente necessário para ter sucesso, para ter uma vida com significado, são coisas mais profundas, coisas para as quais nem sequer temos palavras adequadas. Deixem-me só fazer uma lista de algumas coisas que penso que esta investigação nos incita a compreender.
O primeiro dom, ou talento, é a visão mental - a capacidade de entrar na mente de outras pessoas e perceber o que estas têm para oferecer. Os bebés nascem com esta capacidade. Meltzoff, que está na Universidade de Washington, debruçou-se sobre um bebé com 43 minutos de vida. Ele sacudiu a sua língua para o bebé. E a bebé sacudiu a sua língua, em resposta. Os bebés nascem para se fundirem com a mente da mãe e para fazerem download daquilo que encontram - os seus modelos de como compreender a realidade. Nos EUA, 55 porcento dos bebés têm uma conversação profunda, nos dois sentidos, com a mãe, e aprendem modelos de como se relacionar com outras pessoas. E essas pessoas que têm modelos de como se relacionar começam a vida com um grande avanço. Cientistas na Universidade do Minnesota fizeram um estudo onde podiam prever com 77 porcento de certeza, na idade dos 18 meses, quem iria concluir o ensino secundário, baseados em quem apresentava boa ligação com a mãe. 20 porcento dos miúdos não têm estes relacionamentos. Eles são aquilo a que chamamos ligados de forma evasiva. Eles têm problemas de relacionamento com outras pessoas Eles vivem a vida como barcos à vela à deriva no vento - querem chegar-se às pessoas, mas sem realmente ter os modelos de como fazê-lo. Esta é, então, uma competência de como sorver conhecimento, uns dos outros.
Uma segunda competência é o equilibrio igual. A capacidade de ter a serenidade para ler os preconceitos e falhas da vossa própria mente. Então, por exemplo, somos máquinas de ultra-confiança. 95 porcento dos nossos professores reportam que eles são professores acima da média. 96 porcento dos estudantes universitários dizem que têm competências sociais acima da média. A revista Time perguntou aos americanos, "Inclui-se no top do um porcento daqueles que mais auferem?" 19 porcento dos americanos encontram-se no top do um porcento daqueles que mais auferem. (Risos) Existe uma característica ligada ao género, já agora. Os homens afogam-se duas vezes mais do que as mulheres, porque os homens pensam que conseguem atravessar aquele lago a nado. Mas algumas pessoas têm a capacidade e a consciência dos seus próprios preconceitos, da sua própria ultra-confiança. Têm modéstia epistemológica. Têm a mente aberta perante a ambiguidade. São capazes de ajustar a força das conclusões com a força da sua evidência. São curiosos. E estas características estão, muitas vezes, não relacionadas e são não corretativas ao QI.
A terceira característica é a metis, a que podemos chamar esperteza de rua - É uma palavra grega. É uma sensibilidade ao ambiente físico, a capacidade de descobrir padrões num ambiente - deduzir uma essência. Um dos meus colegas no Times escreveu um artigo excelente, sobre soldados no Iraque que, olhando para uma rua, conseguiam detectar se haveria uma bomba improvisada ou uma mina terrestre, na rua. Eles não sabiam dizer como o faziam, mas conseguiam sentir frio, sentiam uma frialdade, e estavam mais vezes certos do que errados. O terceiro é o que se pode chamar compaixão, a capacidade de trabalhar em grupos. E isto dá um jeito tremendo, porque os grupos são mais inteligentes do que os indivíduos - e os grupos face-a-face são muito mais inteligentes do que grupos que comunicam electronicamente, porque 90 porcento da nossa comunicação é não-verbal. E a eficácia de um grupo não é determinada pelo QI do grupo, é determinada por quão bem eles comunicam, por quantas vezes mudam de interlocutor.
Depois, poderiam falar de uma característica como a combinação. Qualquer criança pode dizer, "Eu sou um tigre", e fazer de conta que é um tigre. Parece tão elementar. Mas, de facto, é fenomenalmente complicado pegar no conceito "eu" e no conceito "tigre" e combiná-los. Mas esta é a fonte da inovação. O que Picasso fez, por exemplo, foi pegar no conceito arte ocidental e no conceito máscaras africanas e combiná-las - não apenas a geometria, mas os sistemas morais neles envolvidos. E estas são competências, uma vez mais, que não podemos contar ou medir.
E então a última coisa a que me referirei é algo a que podem chamar limerância. isto não é uma capacidade, é um impulso e uma motivação. A mente consciente tem fome de sucesso e prestígio. A mente inconsciente tem fome de momentos de transcendência, quando a fronteira do crânio desaparece e nos perdemos num desafio ou uma tarefa - quando um artesão se perde na sua arte, quando um naturalista se sente uno com a natureza, quando um crente se sente uno com o amor de Deus. É isso de que a mente inconsciente tem fome. E muitos de nós sentiu-o no amor, quando os amante se sentem fundidos.
Uma das descrições mais bonitas com que me deparei nesta investigação, de como as mentes se fundem, foi escrita por um grande teórico e cientista chamado Douglas Hofstadter, na Universidade do Indiana. Ele era casado com uma mulher chamada Carol, e eles tinham uma relação fabulosa. Quando os seus filhos tinham cinco e dois anos, a Carol teve um AVC e um tumor cerebral, e morreu repentinamente. E Hofstadter escreveu um livro chamado "Sou uma Espiral Estranha". No decurso do livro, ele descreve um momento - apenas meses depois da morte de Carol - ele depara-se com a fotografia dela na cornija da lareira, ou numa cómoda no seu quarto.
E eis o que ele escreveu: "Olhei para o rosto dela, e olhei tão profundamente, que senti que eu estava por trás dos olhos dela. E de repente dei por mim a dizer, enquanto as lágrimas escorriam, 'Sou eu. Sou eu.' E essas palavras simples trouxeram de volta muitos pensamentos que já havia tido sobre a fusão das nossas almas numa entidade de nível superior, sobre o facto da essência de ambas as nossas almas reflectirem esperanças e sonhos idênticos para os nossos filhos, sobre a noção de que essas esperanças não eram esperanças separadas ou distintas, mas eram apenas uma esperança, uma coisa clara que nos definia a ambos, que nos uniu num só - o tipo de unidade que só vagamente imaginei antes de me ter casado e ter tido filhos. Compreendi que, embora a Carol tivesse falecido, essa parte da essência dela não tinha morrido de todo, mas tinha continuado a viver muito determinada no meu cérebro."
Os gregos dizem que sofremos o nosso caminho para a sabedoria. Através deste sofrimento, Hofstadter compreendeu quão profundamente fundidos estamos. Através dos falhanços políticos dos ultimos 30 anos, viemos a apercebermo-nos, creio, o quão superficial a nossa visão da natureza humana tem sido. E agora, ao confrontarmos essa falta de profundidade, e os falhanços que têm origem na nossa falta de capacidade para percebermos a profundidade de quem somos, vem esta revolução na consciência - estas pessoas em tantos campos, que exploram a profundeza da nossa natureza e surgem com este novo humanismo, mágico. E quando Freud descobriu o seu sentido do inconsciente, isto teve um efeito vasto no pensamento da altura. Agora estamos a descobrir uma visão mais precisa do inconsciente - de quem somos bem lá no fundo. E vai ter um efeito maravilhoso e profundo e de humanização na nossa cultura.
Obrigado.
(Aplausos)
Fonte:http://www.ted.com/talks/david_brooks_the_social_animal.html
Reviewed by Rafael Eufrasio
David Brooks: O animal social
Quando consegui o meu emprego atual, deram-me um bom conselho, que consistia em entrevistar três politicos, todos os dias. E, devido a todo esse contacto com políticos, posso dizer-vos que todos eles são aberrações emocionais, de uma maneira ou de outra. Eles têm aquilo a que eu chamei de demência da logorréia, que na prática quer dizer que eles falam tanto que se deixam malucos a eles próprios. (Risos) Mas aquilo que eles têm mesmo, são competências sociais incríveis. Quando os conhecem, eles prendem-se a vós, eles olham-vos nos olhos, eles invadem o vosso espaço pessoal, eles massajam-vos a nuca.
Jantei com um senador republicano há alguns meses atrás que manteve a sua mão na parte interna da minha coxa durante a refeição inteira - apertando-a. Uma vez - isto foi há anos - vi o Ted Kennedy e o Dan Quayle a encontrarem-se no poço do Senado. E eles eram amigos, e eles abraçaram-se mutuamente e eles estavam a rir, e os seus rostos estavam a isto de distância. E eles andavam e roçavam-se movendo os seus braços para cima e para baixo, um no outro. E eu pensava, "Arranjem um quarto. Não quero ver isso." Mas eles têm aquelas competências sociais.
Outro caso: No último ciclo eleitoral, eu seguia o Mitt Romney por New Hampshire. E ele fazia campanha com os seus cinco filhos perfeitos: o Bip, o Chip, o Rip, o Zip, o Lip e o Dip. (Risos) E ele vai a um restaurante. E ele entra no restaurante, apresenta-se a uma família e diz, "De que aldeia de New Hampshire são vocês?" E depois ele descreve o lar que possuia na aldeia deles. E assim continua pela sala, e depois, enquanto deixa o restaurante, ele trata pelo primeiro nome quase toda a gente que acabara de conhecer. Eu pensei, "Sim senhor, aquilo é competência social.". Mas o paradoxo é, quando muitas destas pessoas deslizam para o modo da política, essa consciência social desaparece e eles começam a falar como contabilistas. Então, com o decorrer da minha carreira, cobri uma série de falhanços. Enviámos economistas com planos de privatizações para a União Soviética, quando esta se desintegrou, e aquilo que eles realmente não tinham era confiança social. Invádimos o Iraque com um exército alheados das realidades cultural e psicológica. Tivemos um regime financeiro regulador, baseados nas pretensões de que os negociantes eram criaturas racionais, que não fariam nada estúpido. Há já 30 anos que venho a cobrir a reforma escolar, e, basicamente, reorganizamos os arquivos da burocracia - parcerias, escolas privadas, patrocínios - mas tivemos resultados decepcionantes, ano após ano. E o facto é: as pessoas aprendem com as pessoas que amam. E se não estão a falar sobre a relação individual entre um professor e um estudante, não estão a falar dessa realidade, mas essa realidade é excisada pelo nosso processo de fazer política.
E então isso levou-me a uma questão: Porque é que as pessoas mais socialmente competentes da terra ficam completamente desumanizadas quando pensam em política? E cheguei à conclusão de que isto é um sintoma de um problema maior. Que, durante séculos, herdámos uma visão da natureza humana baseada na noção de que o nosso eu é dividido, que a razão está separada das emoções, e que a sociedade progride na medida em que a razão consegue subjugar as paixões. E isto levou a uma visão da natureza humana de que somos indivíduos racionais, que respondem em linhas simples a incentivos. E isto conduziu a formas de ver o mundo onde as pessoas tentam usar a presunção da física para medir como é o comportamento humano. E foi produzida uma grande amputação, uma visão superficial da natureza humana.
Somos muito bons a falar sobre coisas materiais, mas somos mesmo muito maus a falar sobre emoções. Somos muito bons a falar de competências e de segurança e de saúde, somos mesmo muito maus a falar sobre o carácter. Alasdair MacIntyre, o filósofo famoso, disse que "Temos os conceitos da moralidade antiga de virtude, honra, bondade, mas já não temos um sistema que os conecte". E então isto levou a um caminho superficial na política, mas também num leque alargado de aspirações humanas.
Podem observá-lo na maneira como criamos as nossas crianças. Vão a uma escola básica às três horas da tarde observem as crianças à saída, e elas carregarão mochilas de 36 kg. Se uma ventania as atingir, elas, quais besouros, ficarão coladas ao chão. Vêm os carros que chegam e partem - normalmente Saabs e Audis e Volvos, porque em certos bairros é socialmente aceitável ter um carro de luxo, desde que este provenha de um país hostil à política externa dos E.U.A. - isso não faz mal. As pessoas que os vão buscar são umas criaturas às quais chamei super-mães, que são mulheres com carreiras altamente bem sucedidas, que as puseram temporariamente de lado para se assegurarem que os seus filhos são admitidos em Harvard. E normalmente é possível reconhecer estas super-mães, porque elas na verdade pesam menos que os seus próprios filhos. (Risos) Então, no momento da concepção, elas fazem ginástica ao seu pequeno rabo. Os bebés começam a sair, e lá estão elas a mostrar-lhes cartões de mandarim.
Ao levá-los para casa, e porque querem que sejam seres iluminados, levam-nos à companhia de gelados Ben & Jerry, com a sua própria política externa. Num dos meus livros, brinco com o facto que a Ben & Jerry deveria produzir uma pasta dentífrica pacifista - não mata os germes, apenas lhes pede para saírem. Seria um artigo com muita saída. (Risos) E vão às lojas de produtos naturais buscar a alimentação do bebé. E as lojas de produtos naturais são uma daquelas mercearias progressivas onde todos os operadores de caixa parecem emprestados pela Amnistia Internacional. (Risos) Compram lá uns lanches baseados em algas marinhas chamados Prémio de vegetais com couve, que é para os miúdos que chegam a casa e dizem, "Mãe, mãe, quero um lanche que previna o cancro do colon e do recto."
(Risos)
E então os míudos são criados de uma certa forma, saltando entre dificuldades de sucesso das coisas que podemos medir - preparação para exames, oboé, prática de futebol. Eles entram em universidades competitivas, eles conseguem bons empregos, e, por vezes, eles tornam-se pessoas de sucesso de um modo superficial, e fazem rios de dinheiro. E, por vezes, podem vê-los de em sítios destinados a férias como Jackson Hole ou Aspen. E eles tornaram-se distintos e elegantes - eles não têm coxas, exactamente; têm apenas um bezerro magro ao lado do outro. (Risos) Elas têm os seus próprios filhos, e alcançaram um milagre genético ao casarem com pessoas bonitas, onde as avós se parecem com a Gertrude Stein, e as filhas se parecem com a Halle Berry - Não sei como o conseguiram. Chegam lá e apercebem-se que agora está na moda ter cães com um terço da altura do pé-direito da vossa casa. Então elas têm uns cães peludos de 72 kg - que parecem velociraptores, todos com nomes de personagens de livros da Jane Austen.
E depois, quando envelhecem, não desenvolveram exactamente uma filosofia de vida, mas decidiram "Tive sucesso em tudo, eu não vou morrer, de todo." E então contratam treinadores pessoais, e engolem Cialis como pastilhas para o hálito. Vêm-nos ali em cima, nas montanhas. Fazem esqui de fundo pela montanha acima, com umas expressões austeras que fazem com que o Dick Cheney se pareça com o Jerry Lewis. (Risos) E à medida que eles zumbem enquanto passam por vós, é como se por vós passasse uma pequena passa de chocolate, mas de ferro, que sobe a montanha.
(Risos)
E então isto faz parte daquilo que é a vida, mas não é tudo aquilo que a vida é. E ao longo de alguns anos que passaram, penso que nos foi dada uma visão mais profunda da natureza humana, e uma visão mais aprofundada de quem somos. E não é baseado na teologia ou filosofia, é no estudo da mente, através de todas estas esferas de pesquisa, desde a neurociência aos cientistas da cognição, economistas do comportamento, psicólogos, sociologia, estamos a desenvolver uma revolução na consciência. E quando sintetizam tudo, é-nos dada uma nova visão da natureza humana. E, longe de ser uma visão da natureza friamente materialista, é um novo humanismo, é um novo encantamento. E eu penso que, quando sintetizam esta investigação, começam com três critérios chave.
O primeiro critério é que, enquanto a mente consciente escreve a autobiografia da nossa espécie, a mente inconsciente faz a maior parte do trabalho. E então, uma forma de formular isso, a mente humana pode absorver milhões de informações por minuto, das quais está conscientemente ciente de cerca de 40. E isto conduz a peculiaridades. Uma das minhas preferidas é que, pessoas com o nome Pedro, irão muito provavelmente ser pedreiros, pessoas chamadas Palhares tornam-se palhaços, porque, inconscientemente, gravitamos em torno de coisas que nos soam familiares, daí eu ter posto à minha filha o nome de Presidente dos Estados Unidos da América Brooks. (Risos) Outra descoberta é que o inconsciente, longe de ser parvo e sexualizado, é na verdade bastante inteligente. Então, uma das coisas cognitivamente mais exigentes que fazemos, é comprar mobília. É muito difícil imaginar um sofá, como se irá enquadrar na vossa casa. E a maneira como se deverá fazê-lo é estudar a mobília, deixá-la a marinar na vossa mente, distrairem-se, e, uns dias mais tarde, seguirem os vossos instintos, porque, inconscientemente, conseguiram a solução.
O segundo critério, é que as emoções estão no centro do nosso pensamento. As pessoas que sofreram um AVC ou com lesões nos locais de processamento de emoções do cérebro não são super inteligentes, são, na verdade e algumas vezes, bastante impotentes. E o gigante no campo está na sala esta noite, e irá falar amanhã de manhã - António Damásio. E uma das coisas que ele verdadeiramente nos mostrou é que as emoções não estão separadas da razão, mas que são a base da razão, porque nos dizem o que valorizar. Então, ler e educar as vossas emoções é uma das actividades centrais da sabedoria.
Eu sou um tipo de meia idade; não estou exactamente confortável com as emoções. Uma das minhas histórias do cérebro favoritas descrevia estes tipos de meia idade. São postos num aparelho de scan cerebral - isto é apócrifo, por acaso, mas não me interessa - e depois vêm um filme de terror, e depois pede-se-lhes que descrevam o que sentem em relação às suas esposas. E os scans cerebrais deram resultados idênticos em ambas as actividades. Era puro terror, apenas. Então, eu a falar sobre emoção, é como o Gandhi a falar de gula, mas este é o processo ordenado central da maneira como pensamos. Ele diz-nos o que gravar na mente. O cérebro é o registo dos sentimentos de uma vida.
E o terceiro critério é que não somos inteiramente indivíduos independentes. Somos animais sociais, e não animais racionais. Emergimos de relacionamentos, e como que nos fundimos uns com os outros. E então, quando vemos outra pessoa, reencenamos na nossa própria mente aquilo que vemos na mente do outro. Quando vemos uma perseguição de carros num filme, é como que, de forma subtil, estivessemos envolvidos numa. Quando vemos pornografia, é um pouco como ter sexo, embora, provavelmente, não tão bom. Observamos isto quando vemos um par de namorados na rua, quando uma multidão no Egipto ou na Tunísia se vê apanhada num contágio emocional, a fusão. E esta revolução daquele que somos dá-nos, penso, uma forma diferente de ver a política, uma forma diferente, mais importante ainda, de vermos o património humano.
Somos, agora, filhos do Iluminismo Francês. Acreditamos que a razão é a maior das aptidões. Mas creio que esta investigação mostra que o Iluminismo Britânico, ou o Iluminismo Escocês, com o David Hume, o Adam Smith, de facto lidou melhor com a questão de quem somos - que a razão é, muitas vezes, fraca, os nossos sentimentos são fortes, e os nossos sentimentos são frequentemente fiáveis. E este trabalho corrige esse preconceito na nossa cultura, esse preconceito que retira a humanidade. Dá-nos uma sensação mais profunda daquilo que é necessário para que prosperemos nesta vida. Quando pensamos no património humano, pensamos nas coisas que conseguimos medir facilmente - coisas como notas, exames, títulos, o número de anos de escolaridade. O que é realmente necessário para ter sucesso, para ter uma vida com significado, são coisas mais profundas, coisas para as quais nem sequer temos palavras adequadas. Deixem-me só fazer uma lista de algumas coisas que penso que esta investigação nos incita a compreender.
O primeiro dom, ou talento, é a visão mental - a capacidade de entrar na mente de outras pessoas e perceber o que estas têm para oferecer. Os bebés nascem com esta capacidade. Meltzoff, que está na Universidade de Washington, debruçou-se sobre um bebé com 43 minutos de vida. Ele sacudiu a sua língua para o bebé. E a bebé sacudiu a sua língua, em resposta. Os bebés nascem para se fundirem com a mente da mãe e para fazerem download daquilo que encontram - os seus modelos de como compreender a realidade. Nos EUA, 55 porcento dos bebés têm uma conversação profunda, nos dois sentidos, com a mãe, e aprendem modelos de como se relacionar com outras pessoas. E essas pessoas que têm modelos de como se relacionar começam a vida com um grande avanço. Cientistas na Universidade do Minnesota fizeram um estudo onde podiam prever com 77 porcento de certeza, na idade dos 18 meses, quem iria concluir o ensino secundário, baseados em quem apresentava boa ligação com a mãe. 20 porcento dos miúdos não têm estes relacionamentos. Eles são aquilo a que chamamos ligados de forma evasiva. Eles têm problemas de relacionamento com outras pessoas Eles vivem a vida como barcos à vela à deriva no vento - querem chegar-se às pessoas, mas sem realmente ter os modelos de como fazê-lo. Esta é, então, uma competência de como sorver conhecimento, uns dos outros.
Uma segunda competência é o equilibrio igual. A capacidade de ter a serenidade para ler os preconceitos e falhas da vossa própria mente. Então, por exemplo, somos máquinas de ultra-confiança. 95 porcento dos nossos professores reportam que eles são professores acima da média. 96 porcento dos estudantes universitários dizem que têm competências sociais acima da média. A revista Time perguntou aos americanos, "Inclui-se no top do um porcento daqueles que mais auferem?" 19 porcento dos americanos encontram-se no top do um porcento daqueles que mais auferem. (Risos) Existe uma característica ligada ao género, já agora. Os homens afogam-se duas vezes mais do que as mulheres, porque os homens pensam que conseguem atravessar aquele lago a nado. Mas algumas pessoas têm a capacidade e a consciência dos seus próprios preconceitos, da sua própria ultra-confiança. Têm modéstia epistemológica. Têm a mente aberta perante a ambiguidade. São capazes de ajustar a força das conclusões com a força da sua evidência. São curiosos. E estas características estão, muitas vezes, não relacionadas e são não corretativas ao QI.
A terceira característica é a metis, a que podemos chamar esperteza de rua - É uma palavra grega. É uma sensibilidade ao ambiente físico, a capacidade de descobrir padrões num ambiente - deduzir uma essência. Um dos meus colegas no Times escreveu um artigo excelente, sobre soldados no Iraque que, olhando para uma rua, conseguiam detectar se haveria uma bomba improvisada ou uma mina terrestre, na rua. Eles não sabiam dizer como o faziam, mas conseguiam sentir frio, sentiam uma frialdade, e estavam mais vezes certos do que errados. O terceiro é o que se pode chamar compaixão, a capacidade de trabalhar em grupos. E isto dá um jeito tremendo, porque os grupos são mais inteligentes do que os indivíduos - e os grupos face-a-face são muito mais inteligentes do que grupos que comunicam electronicamente, porque 90 porcento da nossa comunicação é não-verbal. E a eficácia de um grupo não é determinada pelo QI do grupo, é determinada por quão bem eles comunicam, por quantas vezes mudam de interlocutor.
Depois, poderiam falar de uma característica como a combinação. Qualquer criança pode dizer, "Eu sou um tigre", e fazer de conta que é um tigre. Parece tão elementar. Mas, de facto, é fenomenalmente complicado pegar no conceito "eu" e no conceito "tigre" e combiná-los. Mas esta é a fonte da inovação. O que Picasso fez, por exemplo, foi pegar no conceito arte ocidental e no conceito máscaras africanas e combiná-las - não apenas a geometria, mas os sistemas morais neles envolvidos. E estas são competências, uma vez mais, que não podemos contar ou medir.
E então a última coisa a que me referirei é algo a que podem chamar limerância. isto não é uma capacidade, é um impulso e uma motivação. A mente consciente tem fome de sucesso e prestígio. A mente inconsciente tem fome de momentos de transcendência, quando a fronteira do crânio desaparece e nos perdemos num desafio ou uma tarefa - quando um artesão se perde na sua arte, quando um naturalista se sente uno com a natureza, quando um crente se sente uno com o amor de Deus. É isso de que a mente inconsciente tem fome. E muitos de nós sentiu-o no amor, quando os amante se sentem fundidos.
Uma das descrições mais bonitas com que me deparei nesta investigação, de como as mentes se fundem, foi escrita por um grande teórico e cientista chamado Douglas Hofstadter, na Universidade do Indiana. Ele era casado com uma mulher chamada Carol, e eles tinham uma relação fabulosa. Quando os seus filhos tinham cinco e dois anos, a Carol teve um AVC e um tumor cerebral, e morreu repentinamente. E Hofstadter escreveu um livro chamado "Sou uma Espiral Estranha". No decurso do livro, ele descreve um momento - apenas meses depois da morte de Carol - ele depara-se com a fotografia dela na cornija da lareira, ou numa cómoda no seu quarto.
E eis o que ele escreveu: "Olhei para o rosto dela, e olhei tão profundamente, que senti que eu estava por trás dos olhos dela. E de repente dei por mim a dizer, enquanto as lágrimas escorriam, 'Sou eu. Sou eu.' E essas palavras simples trouxeram de volta muitos pensamentos que já havia tido sobre a fusão das nossas almas numa entidade de nível superior, sobre o facto da essência de ambas as nossas almas reflectirem esperanças e sonhos idênticos para os nossos filhos, sobre a noção de que essas esperanças não eram esperanças separadas ou distintas, mas eram apenas uma esperança, uma coisa clara que nos definia a ambos, que nos uniu num só - o tipo de unidade que só vagamente imaginei antes de me ter casado e ter tido filhos. Compreendi que, embora a Carol tivesse falecido, essa parte da essência dela não tinha morrido de todo, mas tinha continuado a viver muito determinada no meu cérebro."
Os gregos dizem que sofremos o nosso caminho para a sabedoria. Através deste sofrimento, Hofstadter compreendeu quão profundamente fundidos estamos. Através dos falhanços políticos dos ultimos 30 anos, viemos a apercebermo-nos, creio, o quão superficial a nossa visão da natureza humana tem sido. E agora, ao confrontarmos essa falta de profundidade, e os falhanços que têm origem na nossa falta de capacidade para percebermos a profundidade de quem somos, vem esta revolução na consciência - estas pessoas em tantos campos, que exploram a profundeza da nossa natureza e surgem com este novo humanismo, mágico. E quando Freud descobriu o seu sentido do inconsciente, isto teve um efeito vasto no pensamento da altura. Agora estamos a descobrir uma visão mais precisa do inconsciente - de quem somos bem lá no fundo. E vai ter um efeito maravilhoso e profundo e de humanização na nossa cultura.
Obrigado.
(Aplausos)
Fonte:http://www.ted.com/talks/david_brooks_the_social_animal.html
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