QUIRON , O CURADOR FERIDO


Os centauros nasceram de um grande mistério. Diz a lenda que Ixion, filho de Ares, durante um banquete junto aos deuses tentou seduzir a esposa de Zeus. Percebendo as intenções de Ixion, Zeus moldou uma nuvem à semelhança de sua mulher Hera. Sem perceber, Ixion se uniu à nuvem dando origem aos centauros.


Apesar de Quíron ser o rei dos centauros, ele não era filho de Ixion. Quíron era filho de Cronos e da oceanide Filira. Conta a lenda que, para fugir da desconfiança de sua mulher, a deusa Réia, Cronos transformou-se em um cavalo para amar a bela Filira. Dessa união nasceu no monte Pélion,um menino metade homem, metade cavalo. Inconformada em ter gerado um Centauro, Filira teve repulsa do filho. Para não sofrer com a imagem do pequeno monstro, ela pediu aos deuses para que a transformassem em uma árvore.



Compadecidos, os deuses a transformam em uma Tília. Ao ver a amada imóvel em forma de árvore, só restou a Cronos protegê-la dos raios e dos lenhadores, fazendo com que a Tília exalasse para todo sempre um agradável e inebriante perfume quando floresce na primavera. Quiron foi entregue para ser educado por Apolo - o deus sol e por Ártemis, a deusa-lua. Por sua sabedoria, virtudes e grande espiritualidade, foi sagrado rei dos centauros recebendo a incumbência de educar os jovens quanto ao respeito às leis divinas.

Cronos amava o filho e decidido a evitar que ele tivesse o mesmo destino dos centauros que eram violentos e cruéis, Cronos lhe deu as suas virtudes de deus do tempo, fazendo-o o mais sábio dos Centauros. Quiron herdara de seu pai os conhecimentos da magia, da astronomia e o dom de prever o futuro. Mesmo tendo o seu lado bestial, Quiron era um Centauro sábio e gentil, conhecedor das artes e da música.

Certa vez, quando seu amigo Héracles ou Hércules ao vencer e matar a mostruosa Hidra de Lerna, mostrando-lhe suas cabeças envenenadas, acidentalmente feriu Quiron na coxa com uma das flechas impregnadas com o sangue do monstro. Quiron era um ser imortal mas não conseguia curar a si mesmo. Assim ficou condenado a viver em sofrimento, sacrificando sua felicidade terrena e devotando-a inteiramente aos ensinamentos da sabedoria espiritual.

Quiron representa a parte do ser humano que se eleva às questões do espirito para compreender o mestre espiritual que existe em cada ser humano. Era considerado como um Pontífice que significa "o construtor de pontes", que são os padres e os pastores que servem de guia espiritual, estabelecendo uma relação entre Deus e o homem. É o intérprete que esclarece a natureza das leis que regem a sintonia com o divino. As leis de Quiron, o Hierofante, dizem respeito à boa conduta aos olhos de Deus.

Quiron não representa qualquer sistema religioso. Ele é uma criatura selvagem, metade homem, metade animal, que nos transmite uma lei individual em que o homem só se encontra no seu próprio mestre interior. Por isso, as pessoas experimentam Deus de uma forma individual, com o que Ele representa para cada um.

Os ferimentos de Quiron o transformaram no curandeiro ferido, aquele que, por meio de sua própria dor, é capaz de compreender a dor dos outros. Quiron representa a parte ferida de cada um simbolizada por alguma deficiência, limitação ou problema, que o torna benevolente em relação aos que o cercam, pois entende-lhes o sofrimento com compaixão.

O paradoxo se apresenta na forma do centauro, metade deus e metade cavalo, na capacidade de compartilhar o instinto e o espírito, contendo a dualidade própria da condição humana. Nunca o ser humano será capaz de ser totalmente humano e nunca será totalmente um animal, tendo que aprender a conviver com as duas partes. Dessa mistura vem a sabedoria do centauro, que compartilha do conhecimento de Deus e do conhecimento das leis naturais.

Extraído de Mitologia Grega: Quiron, o curador ferido.





Quíron, cuja metade superior era representada pelo curador sábio, e a metade inferior, pelo animal feridoO MITO
Na mitologia grega, Quiron pertence a uma família de centauros sábios,  nobres e filósofos. Filho de Cronos (Saturno) e da ninfa Filira,filha do oceano (Netuno). Quiron foi um médico e segundo dizem, também cirurgião. Sabia de música, da arte da guerra,a caça e a moral,portanto foi mestre de herois gregos como: Aquiles,Heracles,Orfeu e tantos outros.Quiron é o pai de uma sibila,chamada Hippo,segundo algumas fontes,e Thea,en outras fontes. Hippo profetizou que seu pai, Quiron renunciaria a sua condição divina de imortal; tal profecia se cumpriu quando Hercules, durante uma batalha contra a outros centauros, acidentalmente feriu a Quiron, que estava junto a ele no combate, mas como as flechas estavam envenenadas com o sangue da Hidra não havia antídoto, ainda que Quiron tivesse tentado curar sua propria ferida, não lhe foi possível. A ferida era muito dolorosa e não podia curar-se, apesar de que Quiron era um grande curador. Um outro problema era que Quiron não podia morrer a causa de sua ferida porque era filho de um deus e portanto um imortal; tampouco podia curarse. Quiron sofria muito porque ninguém podia sanar a sua ferida e como além do mais não podia morrer, não tinha nem menos a esperança de um dia cessar a sua dor com o descanso da morte.
Estava condenado a uma dor eterna. Ele poderia ter-se amargurado fazendo assim mais penosa a sua dor;também poderia ter-se entretido com inúteis lamentações ou dirigir sua dor e sua raiva aos demais;porém não fez isso. A sua dor o fez mais sábio ainda,o fez aprender muito mais sobre a natureza da dor e isso o converteu em um dos mais grandes curadores da mitologia.
Hércules se propos a encontrar a morte para libera-lo.Assim encontrou a Prometeo,un Titã aprisionado por Zeus como castigo por ter dado o fogo aos homens. Cada dia uma águia devoraria seu figado,que logo voltaria a crescer,até que alguém tivesse compaixão por ele e aceitasse morrer em seu lugar. Quiron tomou seu lugar,morrendo e assim liberando a Prometeo de seu triste destino.
Um comentário:

Quiron representa a parte do ser humano que se eleva às questões do espirito para compreender o mestre espiritual que existe em cada ser humano. Ele é uma criatura selvagem, metade homem, metade animal, que nos transmite uma lei individual em que o homem só se encontra no seu próprio mestre interior. Os ferimentos de Quiron o transformaram no curandeiro ferido, aquele que, por meio de sua própria dor, é capaz de compreender a dor dos outros. Quiron representa a parte ferida de cada um simbolizada por alguma deficiência, limitação ou problema, que o torna benevolente em relação aos que o cercam, pois entende-lhes o sofrimento com compaixão.
O paradoxo se apresenta na forma do centauro, metade deus e metade cavalo, na capacidade de compartilhar o instinto e o espírito, contendo a dualidade própria da condição humana. Nunca o ser humano será capaz de ser totalmente humano e nunca será totalmente um animal, tendo que aprender a conviver com as duas partes. Dessa mistura vem a sabedoria do centauro, que compartilha do conhecimento de Deus e do conhecimento das leis naturais.


A liberação de Quíron de seu sofrimento

Quíron sofreu incessantemente em conseqüência de sua ferida. Não podia morrer por ser imortal, e tampouco podia cura-la a despeito de toda a sua proficiência. Ironicamente, a sua capacidade de ajudar os outros aumentava à medida que procurava continuamente obter alívio de sua ferida incurável. Essa situação dolorosa e humilhante é quase sempre vivenciada por pessoas que trabalham em profissões relacionadas com cura, sejam elas ortodoxas ou alternativas. Descreve também os padrões repetitivos que nunca parecem ter solução, a despeito de a pessoa tentar obstinadamente “fazer o melhor” e procurar modificar-se c curar-se, embora prossiga num caminho que a leva a um desfecho progressivamente mais desastroso (a exemplo da compulsão à repetição, mencionada anteriormente). Nesses momentos, a sabedoria dos instintos poderia nos reorientar; se ao menos pudéssemos ouvi-Los, saberíamos imediatamente que estamos no caminho errado. Lamentavelmente, entretanto, uma vez rompida essa conexão, como a que ocorreu no mito de Quíron, a tentativa de humildemente reaprender a ouvir quase pode nos custar a vida. Nossa “metade superior” cheia de virtudes está ávida demais por transformar nossa dissociação em filosofia e tenta até persuadir os outros da retidão de sua atitude. Esta é uma expressão do zelo missionário associado a Quíron. O posicionamento de Quiron no mapa indica o local em que as pessoas estão sujeitas a tornar-se “possuídas” - dominadas por alguma idéia, crença ou propósito capazes de perpetuar a ferida e leva-las a tentar convencer outros de sua “verdade”, que pode não representar mais do que uma defesa desesperada contra sua própria dor interna. Isso não pretende apoucar as imensas contribuições para a humanidade feitas por pessoas motivadas e impelidas pelas suas próprias feridas, mas serve como desapaixonada imagem de nossos tempos, quando uma pletora de curas, filosofias e métodos de crescimento continuamente nos seduzem e nos levam ao sorrateiro sentimento de que “se pelo menos eu pudesse (gritá-lo alto, dissecá-lo, descobrir-lhe o sentido, entender a sua astrologia... ) então tudo estaria bem”. O mito de Quíron vem reforçar a necessidade de aceitar nossa ferida como pré-re-quisito para qualquer cura que possa advir; mostra também de que maneira a sabedoria da psique pode nos trazer a cura por caminhos que temos dificuldade em reconhecer.


QUíRON E PROMETEU

Finalmente, Quíron pôde libertar-se de seu tormento em decorrência de uma curiosa troca de destino com Prometeu que constitui-se, destarte, em elemento-chave no mito de Quiron e que também pode quiçá representar para nós um guia orientador na resolução adequada de nossos conflitos e na cura de nossas feridas. Prometeu fora acorrentado a um rochedo por Zeus como castigo por tê-lo enganado e por haver roubado o fogo. Todos os dias, um grifo, enorme ave semelhante à águia, bicava-lhe o fígado (regido por Júpiter); como, a cada noite, o fígado devorado renascia, Prometeu sofreu eterna tortura. Zeus decretara que Prometeu só poderia ser liberado se um imortal concordasse em ir para o Tártaro e lá permanecesse em seu lugar, renunciando portanto à sua imortalidade, com a condição de que Prometeu, uma vez libertado, passasse a usar para sempre uma coroa de folha de salgueiro na cabeça e no dedo um anel.

Hércules intercedeu a favor de Quíron e, por fim, Zeus concordou com a troca. Essa mediação vincula-se ao significado de Quíron no mapa: aquele que feriu Quíron é também aquele que facilitou sua cura. Nessa situação, também, Quíron (o curador/redentor) não atuou para si; em última análise, é aquilo que dentro de nós nos fere que necessita arrependerse e vir em nosso auxilio, pois, de outro modo, permaneceremos vítimas de nosso próprio destino e esquecidos de nossa própria capacidade destrutiva. Quíron tomou o lugar de Prometeu e finalmente veio a morrer; depois de nove dias, Zeus o imortalizou na forma da constelação de Centauro. Hércules, após solicitar permissão a Apolo, traspassou o coração do grifo. Esse ato também constitui uma imagem evocatória. As monstruosas aves de rapina estão quase sempre associadas ao lado destrutivo do espírito masculino - pensamentos negativos que consomem e devoram nossa criatividade e senso de valor e nos induzem a nos voltar contra a vida do corpo. Esses monstros orgulhosos que habitam a mente muitas vezes só conseguem ser apaziguados ao abrirmos o nosso coração e ao termos compaixão de nós mesmos e dos outros.

Analisemos mais atentamente o mito de Prometeu. Filho de Japeto (um Titã) e de Climene, é tido como criador dos primeiros mortais feitos de argila e água, nos quais a deusa Atena teria insuflado a alma, dando-lhes vida. A princípio Prometeu é descrito como primitiva personificação do trapaceiro, empenhado em ludibriar os deuses. Posteriormente, Esquilo transforma-o em herói da cultura, figura que suporta sofrer por uma causa nobre, paladino e salvador da humanidade, à qual transmite os ensinamentos necessários para sua evolução. Zeus estava aborrecido e contrariado com a raça humana; desejava eliminá-la e criar algo melhor, talvez enciumado do papel de Prometeu na criação. O lamento do coro em Prometeu Acorrentado de Ésquilo expressa esse dilema:
Você é arrogante, Prometeu, e seu espírito,
A despeito de todo o sofrimento, não cede nunca. Mas há liberdade demais em suas palavras.
Mais tarde Prometeu responde:
Sim! é fácil para quem está fora
Do muro da prisão de dor exortar e ensinar aquele que sofre.


Certa vez pediram a Prometeu que atuasse como mediador numa disputa para saber que partes de um boi sacrificado deveriam ser reservadas aos deuses e que partes o homem tinha permissão de comer. Prometeu tirou a pele do boi e, com o couro, fez duas bolsas. Numa pôs a melhor carne, mas escondida sob o estômago. Na outra colocou os ossos e miúdos, ocultos sob uma camada suculenta de gordura. Prometeu riu a valer quando Zeus caiu no embuste. O deus do Olimpo ficou com muita raiva e castigou Prometeu privando a humanidade do fogo. Prometeu viu-se então obrigado a recuperá-lo e devolvê-lo, porquanto era criador da raça humana. Para isso, -se com todo o sigilo ao Olimpo, roubou novamente o precioso tição, escondeu-o num talo de funcho e o trouxe furtivamente para devolvê-lo aos homens.

Ao descobrir a façanha de Prometeu, Zeus vingou-se modelando em argila uma linda mulher chamada Pandora, com sua famosa caixa cheia de infortúnios para a humanidade. Enviou-a a Epimeteu, irmão de Prometeu, que a recusou, tendo sido aconselhado pelo irmão a jamais aceitar qualquer presente de Zeus. Mais uma vez derrotado, Zeus ficou ainda mais enfurecido e, através de um ato de supremacia, acorrentou Prometeu a um rochedo e lançou sobre ele o grifo para torturá-lo. Prometeu ali permaneceu inflexível até o momento em que foi feita a troca com Quíron.

Embora o roubo do fogo seja um tema mitológico famoso, a primeira parte do mito talvez não seja tão bem conhecida. Com demasiado simplismo, Prometeu é quase sempre considerado como “aquele que trouxe iluminação para a consciência da raça humana”. Entretanto, como mostra a primeira parte do mito, trata-se de uma figura de significado um tanto mais complexo. Além de rebelar-se saudavelmente contra a autoridade desumana ou egoísta, ele também revela falta de respeito pelos deuses e uma perigosa tendência a enganá-los e humilhá-los, recusando-se a reconhecer seus direitos. A história de Prometeu ilustra a situação paradoxal em que, embora pareça ser próprio da natureza do ser humano buscar o autodesenvolvimento e a consciência, tentando pois adquirir para si a melhor parte do boi, por assim dizer, se ele o fizer sem reverenciar os deuses pelo que está roubando, poderá sofrer “castigo” na forma de doença física ou mental.

Eis por que ao procurar o sentido de seu sofrimento o homem procura o sentido de sua vida. Almeja encontrar o padrão mais elevado de sua vida, o que vem mostrar por que o curador ou médico ferido é o arquétipo do self- um dos seus aspectos mais comuns - e encontra-se na essência de todo procedimento genuíno de cura.'

Prometeu também personifica o processo de crescimento da alma que desabrocha à medida que corajosamente desmascaramos nossa falsa semelhança com os deuses, descobrindo e abandonando nossa enfatuação e identificação com imagens arquetípicas. A dor que inevitavelmente nos aflige durante esse processo nos torna mais humildes e também mais condoídos diante do sofrimento, tanto nosso quanto alheio, tornando-nos mais humanos. Todavia, em certos momentos, podemos incidir na enfatuaçào e na arrogância e ter de “combater os deuses” a fim de dignificar nossas necessidades e sentimentos humanos, limitações e fraquezas. É também possível que tenhamos de lutar contra os valores dos pais e da sociedade para honrar nossa condição humana e nossa própria alma.

O ato de perceber arquétipos astrológicos e, dessa maneira, libertar-se da servidão da inconsciência é, em determinado nível, uma extraordinária façanha de rebelião humana contra a manipulação arquetipica; é, em essência, roubar o fogo dos deuses. Em nível mais elevado, esse roubo em si é arquetipicamente preordenado e esse arquétipo é Prometeu. A astrologia é o fogo de Prometeu.'

O mito de Prometeu tem sido associado por alguns astrólogos' ao signo de Aquário e, considerando-se o fato de que, no momento atual, encontramo-nos no limiar da Era de Aquário, não é decerto por acaso que o planeta Quíron tenha sido descoberto e que a resolução do destino de Quíron no mito esteja intimamente ligada a Prometeu. O padrão arquetípico do Curador Ferido foi constelado,' e, com efeito, Prometeu pode ser visto como um espirito-guia para nossa geração: representa o claro reconhecimento da necessidade de defender nossos valores humanos a qualquer custo, e uma advertência paralela para que concedamos aos deuses o que lhes é devido. Simboliza a luta da individualidade emergindo e libertandose do jugo representado pelas forças da opressão que não valorizam a vida humana, sejam elas políticas ou transpessoais. Joseph Campbell estabelece uma analogia entre o espírito xamânico do individualismo e o Titã Prometeu:

(Este espirito)... está, neste momento, surgindo livre dentro de nós - para a próxima Era. E os ministros de Zeus já podem tremer, pois os grilhões estão se desintegrando.

Para inserirmos essa empolgante previsão dentro do contexto do mito de Quíron e de Prometeu, devemos, a modo de conclusão, procurar saber o desenlace de cada um deles após ter ocorrido a troca. Prometeu foi libertado com a condição de que sempre usasse no dedo um anel e na cabeça uma coroa de folhas de salgueiro.

O anel pode ser interpretado como lembrete simbólico de seu atormentado período de cativeiro; como condição para sua libertação, parece significar a necessidade de humildade. Nenhum de nós pode estar livre caso venhamos a desafiar os deuses por muito tempo, a não ser que possamos assumir nossos próprios limites, dentre os quais se insere o respeito por eles. Enquanto não formos capazes ou não estivermos dispostos a dignificar os deuses e a considerar os justos limites para nossa própria individualidade, para a sociedade em que vivemos, para as relações que estabelecemos e a vida que assumimos, nunca estaremos livres e sempre estaremos respondendo a uma autoridade externa, quase sempre de modo negativo. A posição astronômica de Quíron entre Saturno e Urano fala dessas fronteiras, em que Saturno simboliza a forma e a tradição, as estruturas da sociedade e o impulso para conservá-las e mantêIas, enquanto Urano representa o desejo de destruir as estruturas e o status quo ou rebelar-se contra eles em nome da liberdade, do progresso e da individualidade. Neste contexto, Quíron simboliza uma autoridade interiorizada, que é socialmente responsável e ciente dos limites da mortalidade humana, apesar de também estar empenhada no crescimento individual.

A coroa de folhas de salgueiro é também significativa, por. quanto esta árvore geralmente está associada à velha morte e, em particular, a Hécate, que vivia numa ilha circundada por salgueiros. Prometeu, ao usar a coroa, representa portanto a aceitação da mortalidade. De modo semelhante, Quíron teve de renunciar á imortalidade; morre e é conduzido ao Mundo Subterrâneo, reino da morte, antes de ser imortalizado. Embora Hades seja, na mitologia grega, um deus masculino, a região dos mortos era, a princípio, território da grande MãeTerra em seu aspecto de morte. Por conseguinte, a renúncia e libertação de Prometeu e a morte e ressurreição de Quíron encerram o mesmo significado essencial. Tanto Zeus quanto Hades são meios-irmãos de Quíron: na interseção simbólica do império de Zeus no Olimpo e do reino de Hades no Inferno, os mitos de Quíron e Prometeu fecham o círculo. Prometeu readquire sua liberdade e Quíron encontra a tão procurada cura: nesta troca, ambos são libertados de seu eterno sofrimento.


Fonte:http://tallerdechiron.blogspot.com.br

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