O LIVRO TIBETANO DOS MORTOS (VÍDEO)




O Livro Tibetano dos Mortos parece destinar-se aos mitos, às tradições e aos rituais a respeito de uma pessoa morta, a exemplo de uma obra antiga semelhante, O Livro Egípcio dos Mortos. Mas é muito mais que isso. O Livro Tibetano dos Mortos diz como se deve tratar do nascimento da morte e justamente por esta razão trata de um nascimento e não se baseia na morte em si. Bardo quer dizer intervalo, mas não é apenas o intervalo da suspensão após a morte, mas das suspensões em que vivemos em todas as situações da vida, em experiências cotidianas de paranóias e incertezas. Embora se apresente como uma mensagem que deve ser dita aos que estão morrendo e aos que já morreram, os seus ensinamentos destinam-se especialmente aos que já nasceram. Ele trata então deste espaço que contém o nascimento e a morte, ou seja, o meio ambiente no qual vivemos todas essas experiências. É esse ambiente que inspira o livro, criado pela civilização pré-budista bön do Tibete, para indicar como tratar a força psíquica deixada para trás por uma pessoa morta.
Esta tradição estabelece a existência de seis divindades pacíficas e coléricas, que habitam seis reinos, nos quais as pessoas circulam em vida e, nos momentos do bardo, do nascimento ou da morte, conseguem alcançar uma neutralidade energética para se distanciar ou apaziguar as emoções vividas em cada um deles. São os reinos do inferno, este o mais intenso, que reúne vontade de lutar e terror, com situações de tortura e dor que não passam de retratos psicológicos; o reino dos fantasmas famélicos, marcado pelos sentimentos de riqueza e acúmulo de posses e, ao mesmo tempo, de total despojamento de não ter nada e daí a busca por mais e mais posses. A satisfação é a da busca e sempre a cada possessão vem a vivência de nada possuir. Há o reino animal, que se caracteriza pela ausência de humor, apesar das vivências de satisfação e dor dos animais. Há o reino dos humanos, baseado na paixão e na tendência para explorar e gozar. É o reino da pesquisa e do desenvolvimento, sempre dirigidos ao enriquecimento. Há o reino do deus ciumento, o de comunicação e inteligência mais elevados, mas só funciona em terrenos de intriga e todas as experiências são vividas como algo ameaçador. É como se uma pessoa nascesse diplomada, crescesse e morresse diplomada, fazendo das intrigas o seu estilo de vida. Há por fim o reino dos deuses, que é o reino da paz e do orgulho de se constituir como um corpo centralizado, preservando a saúde e a vida. Esses reinos são a fonte da vida no mundo, mas as visões do bardo são do vir a ser, de um outro mundo, transcendente. Elas podem ser alcançadas com exercícios de meditação e ajudam a transcender cada um desses seis reinos. As visões do bardo, transmitidas por mestre iogues, devem ser lidas para quem está morrendo, na mais fina demonstração de amizade e comunicação. Esta é a grande libertação através do ouvir, usadas pelos antigos tibetanos para os mortos, mas que atuam como instrumento de transcendência para os que estão vivos. Há no livro preces antigas e poderosas para vivos e mortos contra o medo, para pedir socorro aos budas, para se libertar, que fazem parte das instruções que devem ser dadas à pessoa que está morrendo ou a que já morreu, mas que trata, na essência, da vida.
Fonte:Sinopse-http://www.rocco.com.br/

O LIVRO TIBETANO DOS MORTOS (VÍDEO)




Comentários