IOGA OU YÔGA ?

 

Ioga ou yôga? Respire fundo

“Outro dia fui repreendida por uma amiga ao falar a palavra ioga, que pratico há mais de vinte anos. ‘Nossa, você ainda não sabe que o certo é yôga, com ípsilon?’, ela disse. É verdade mesmo, Sérgio, mudou o jeito de escrever e pronunciar ioga e só eu não sabia?” (Ana Lucia Pinho)
Ah, as guerrinhas linguísticas nossas de cada dia! Como é difícil manter a vista clara em meio à fumaça produzida por certos tiroteios vocabulares, cada lado julgando-se o detentor de uma “verdade” que nunca é absoluta, mas sempre histórica e contingente.
Difícil, mas não impossível. A forma histórica da palavra em nossa língua, adotada desde fins do século 19, é ioga – de gênero feminino, grafada com i e pronunciada com o o aberto, exatamente como apareceu na fala de Ana Lucia antes que sua amiga sabichona a corrigisse.
Tem poucas décadas o lobby que vem tentando – e em grande parte conseguindo – lançar um anátema sobre o bom e velho vocábulo ioga. A motivação básica dessa campanha, obviamente inconfessada, é marqueteira: o mais bem-sucedido empresário brasileiro do ramo, Luis Sérgio DeRose, ou Mestre DeRose, começou a espalhar que “o certo” é yoga, palavra de gênero masculino, grafada com y e pronunciada com o o fechado. Mas por quê? Ora, porque assim seria no sânscrito, idioma em que o termo nasceu com o sentido de “conexão, união com a divindade”.
Hmm, pode ser. No entanto, à parte o fato de que yôga soa à beça como inglês, isso sim, o argumento comete a ingenuidade de supor que, ao se aclimatar numa língua estrangeira, palavras devam algum tipo de satisfação a seu idioma de berço. De todo modo, a campanha pelo yôga nunca teve nada a ver com linguística: tratava-se daquilo que chamam de “diferencial”, peça-chave numa nem tão sutil estratégia comercial.
Dito isso, não convém condenar os adeptos do yôga. Campanhas de marketing não são probidas e uma das maiores belezas da língua é que, no fim das contas, cabe a cada um decidir o que vai falar. Talvez yôga esteja além da consagração em poucas décadas. Só me aborrece que falantes como Ana Lucia, ao fazerem sua opção – consciente ou não, pouco importa – por um vocábulo clássico, inatacável e respeitoso com a tradição do português, sejam levados por quem sabe menos do que julga saber a acreditar que incorrem em algum tipo de erro.

Sergio Rodrigues

Fonte:http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/consultorio/ioga-ou-yoga-respire-fundo/

Como se diz ioga, yôga ou yoga?

O acento está claramente indicado, uma vez que a letra ô no sânscrito é sempre longa e fechada. As transliterações ocidentais convencionaram que as letras longas devem ser assinaladas com o acento. Este pode variar de uma convenção para outra, mas o que se observa é que o circunflexo foi adotado por um renomado autor indiano que escreveu Os aforismos do Yôga de Pátañjali, em inglês (Sri Purohit Swami), e também pelo célebre autor (Kastberger), que escreveu o Léxico de filosofia hindu, em castelhano. Ora, nenhuma das duas línguas possui o circunflexo e, apesar disso, ambos reconheceram a necessidade da sua presença na palavra Yôga.

Fonte:http://www.uni-yoga.org.br/main.php?page=13&ucod=3


Comentários

  1. Muito boa a puxada de orelha!

    Na verdade, o certo mesmo é praticar a ginástica do Hatha ou a meditação do Raja, dentre outros segmentos da filosofia prática indu,(sem h), com seriedade, em busca da paz e conhecimento. E quem sabe um dia, tocando as abas da sabedoria.

    Bolas para qualquer tipo de "sincretismo gramatical", "semântico", ou qualquer outra forma de encher linguiça (de soja, naturalmente)com pseudo erudição. Se preferência vale nesta irrelevante disputa, voto por "Ioga" (paroxítono). É bem mais sonóro, e de nenhum modo pedante.
    Abs

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    1. Rayom Ra,muito boa sua opinião,queremos substituir o significado pelo "continente",
      e esvaziamos o sentimento espiritual da palavra.Agradecido.

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