SOBRE O LVRO "VIDA DUPLA" DE RAJAA ALSANEA

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Por que é tão difícil amar?

 

Resumo do livro “Vida Dupla”, de Rajaa Alsanea


Em “Vida Dupla”, Rajaa Alsanea conta a história de quatros jovens ricas do Oriente Médio, precisamente as “garotas de Riyadh”. Este romance revela um pouco sobre a cultura do mundo árabe e as diferenças com o mundo ocidental.
Gamrah, Michelle, Lamees e Sadeem são jovens, belas, nascidas em famílias ricas e têm as mentes e os desejos de todo jovem, seja do mundo ocidental ou oriental. Mas os focos, nas histórias destas jovens, são as dificuldade que passam para encontrar o “amor”, “o príncipe encantado”.

Cada uma possui características fortes em suas personalidades, mas todos têm o mesmo desejo de encontrar o homem que as farão felizes, que irá casar e construir família. A história começa com o casamento de Gamrah, que a é mais submissa dentre as amigas. Diferente daqui, lá os casamentos são arranjados pela família, é como se fosse um contrato entre as famílias, e o jovens que se  casarão mal tem permissão para se conhecerem. Em algumas famílias, os pais dão permissão para os jovens trocarem telefones e se falarem até a data do casamento, mas no caso de Gamrah o noivo não pediu por isto.
“Uma mensagem repisava o chavão de que o amor após o casamento é o único que dura, enquanto o amor pré-marital não passa de uma brincadeirinha frívola” (pág. 197)
Michele é a que tem as ideias mais avançadas, não aceita todas as regras impostas pela sociedade onde vive. Muito disso, se deve ao fato de ter morado nos Estados Unidos e ser filha de uma americana. Mas o fato de sua mãe ser ocidental a faz sofrer preconceitos, até mesmo ser deixada pelo amor da sua vida, pois a mãe dele não poderia imaginar o seu “filhinho” casado com a filha de uma americana.
Todas as quatro passaram por experiências ruins na vida amorosa, devido aos conceitos ortodoxos da sociedade em que vivem, todas se decepcionaram, ficaram tristes, mas seguiram as suas vidas. Acredito que Gamrah e Michele são os pontos mais opostos entre as amigas. E apesar de todas terem passado por histórias difíceis, a de Gamrah é a mais triste, pois se casou com um homem que não a amava, tinha uma vida dupla, ou seja, tinha outra mulher, a tratava mal, mal conseguia tocá-la, era como se sentisse nojo dela, ou seja, uma vida muito triste e amarga.
Mas o que o que reparei neste romance, é que os homens do Oriente Médio têm muito em comum com os homens do Ocidente. O preconceito com as mulheres e os conceitos machistas também estão presentes no mundo ocidental. Consegui ver semelhanças nas histórias destas jovens com as minhas próprias vivências e também de algumas amigas. O homem seja lá qual for a sua cultura ainda pensa ter o direito de fazer coisas que a mulher não tem, ainda acham que são superiores e tem sim preconceitos enraizados. E aqui no ocidente existem as mulheres que são submissas, que fazem de tudo para agradar o homem que ama, apesar dele não se preocupar em fazê-la feliz. Mulheres que se submetem a coisas das quais não gostam apenas pra ter um homem ao seu lado. Portanto, as culturas podem ser muito diferentes, mas a mente masculina é bem parecida em qualquer lugar do mundo.
““ Lembrou-se do conselho de Gamrah, repetido sempre que as duas se encontravam: “Fique com quem ama você, não com quem você ama. Quem ama você sempre se esforçará a fazer de tudo para contentá-la, mas quem você ama vai fazer de você um joguete, atormentá-la e obrigá-la a correr atrás dele o tempo todo.”” Não deixa de ser verdade. Mas será que você seria feliz ao lado da pessoa que não ama, mesmo ele fazendo de tudo para agradá-la? As tentativas dele seriam irritantes e sufocantes ao invés de apreciadas por você.

Sadeem e Waleed

Quero encerrar esta resenha resumindo a história de Sadeem e Waleed. Os dois estavam apaixonados e tiveram a permissão das suas famílias para casar. Depois de se casarem oficialmente no cartório, só faltava a cerimônia. Após assinarem os papéis, os dois tiveram mais liberdade para se encontrarem e Whaled sempre visitava a amada e passava horas com ela.
Sadeem preferiu marcar a festa de casamento para um semana ou duas após as suas provas finais. “Sadeem sempre fora uma aluna brilhante, dedicada a tirar boas notas. Sua decisão, porém, aborreceu e perturbou Waleed, que estava ansioso para se casar o mais rápido possível. Sadeem resolveu, então, compensá-lo.” (pág. 40)
Então, ela arrumou uma noite romântica, com pétalas vermelhas e velas. Usou uma camisola preta e deixou o seu amado avançar além do de costume, tentando, desta forma, agradá-lo e compensar o fato de ter adiado o casamento, mas o resultado não foi o esperado.
“Três dias se passaram sem uma única palavra de Waleed. Sadeem resolveu voltar atrás em sua decisão e ligou, mas o celular dele estava desligado (…) Sadeem se perguntou se agira mal doando-se a Waleed antes da festa de casamento. Fazia algum sentido acreditar que esse era o motivo dele para evitá-la? Mas por quê? Afinal, os dois não estavam legalmente casados desde a assinatura do contrato? Ou será que casamento era o salão, os convidados, a música ao vivo e o jantar? (…) Por que forçá-la a agir errado e depois abandoná-la?”
A conclusão desta história foi o pedido de divórcio por Waleed. Será que isso não lembra algumas histórias que conhecemos ou que já aconteceram conosco? Os homens orientais são tão diferentes dos ocidentais? Eles já estavam casados e ela o amava. Então, por que seria errado fazer sexo com quem se ama? E se ele achava uma atitude errada, então por que fez? Ele a usou e depois jogou fora, como muitos homens fazem em qualquer lugar do mundo.


Fonte:http://nnoticia.wordpress.com/

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