O PODER DOS FARAÓS NO EGITO ANTIGO


No Antigo Egito o sistema de governo que vigorava era a teocracia. Todo poder centralizava-se no faraó, um soberano investido de uma natureza divina para tornar aceito o seu ato de governar. Tinha assim autonomia para tratar de questões políticas, econômicas, sociais e religiosas.
Segundo a mitologia egípcia, a região ao longo do Nilo onde se desenvolveu toda a Civilização teria sido habitada, em um passado mítico, por diversos deuses. E os faraós seriam, assim, descendentes das próprias divindades egípcias que governaram aquela localidade. Estava em Hórus, deus que herdou o trono do Egito, a legitimação religiosa para essa liderança política do soberano. O desenrolar da trama mitológica explicava para os egípcios toda a realidade existente para os antigos habitantes do Egito, inclusive a origem do poder que cabia aos faraós.
O período do poder faraônico no Egito teve seu início por volta de 3100 a.C., quando as várias sociedades fragmentadas que viviam ao longo do rio Nilo, se agruparam em dois principais núcleos: um ao norte (Baixo Egito) e outro ao sul (Alto Egito). O governante do sul, conhecido como Narmer, fez uma investida militar em direção ao norte, objetivando ampliar seu território e dominar a população da região. Este episódio da história da Civilização Egípcia ficou conhecido como Batalha da Unificação, pois foi através desta que Narmer passou a atuar como um líder político de todo o território egípcio, unindo as duas terras antes separadas. Com isso, foi dado início ao período das dinastias, e o “cargo” de faraó passou a ser hereditário, pois o poder deveria ser mantido dentro de uma mesma família, mantendo o sangue real.
Havia para os egípcios uma notável divisão do Egito em dois mundos: o mundo dos deuses e o mundo dos homens. O faraó era o governante do mundo dos homens, porém fazia a ligação com o mundo dos deuses. Por isso, era uma pessoa bastante reservada, aparecendo pouco em público, pois havia a crença de que o rei era um próprio deus encarnado. Aparecia em público apenas em certas festividades ou em cerimônias especiais, usava vestimentas que evidenciasse o seu poder. Portava coroas, barbas postiças, jóias, além de insígnias de poder e adornos que garantiam o seu destaque social e sua proteção divina. Havia no Antigo Egito as cerimônias Sed, festas organizadas para os faraós que completassem 30 anos de reinado. Depois desse período, comemorava-se o Sed de dois em dois anos. Consistia em preparar a morte simbólica do faraó na noite anterior para que, no dia seguinte, ele renascesse com todo vigor físico. Nesse sentido, a maioria das representações artísticas de faraós eram idealizadas, mostrando-os sempre jovens e saudáveis, mesmo se estes fossem corcundas, portadores de artroses, enfermos ou idosos.
O sistema de governo estava centralizado no faraó, contudo as questões administrativas eram descentralizadas por existirem núcleos regionais de administração do Estado Egípcio. Como o soberano não poderia estar em vários lugares ao mesmo tempo, delegava funções, nomeando vizires (chefes da administração – geralmente eram nomeados 2, um para o Alto e outro para o Baixo Egito), sacerdotes, escribas, oficiais do exército, entre outros. Formava assim, durante seu reinado, um corpo de funcionários responsáveis pela administração, economia, assuntos religiosos e exército.
Entre as preocupações deste monarca estava a de construir templos destinados aos diversos deuses do politeísmo egípcio, para prestar cultos e homenagens. Era o único sacerdote por direito próprio que tinha autonomia dos assuntos religiosos.
Os faraós buscavam ampliar os territórios geográficos do Egito, visando também explorar recursos naturais de outras regiões. As guerras e as batalhas também geravam prisioneiros para o trabalho no Egito, além de colocar em posição de dominação os povos estrangeiros. Por isso, o faraó também era um líder militar que assegurava a hegemonia do seu país, recebendo um significativo treinamento físico e intelectual.
Os faraós geralmente faziam trabalhos simbólicos, para mostrar que tinham autonomia em todas as áreas da sociedade. Era ele quem colocava a primeira caixa de ferramentas na construção de um templo, tirava os primeiros torrões de terra para que fosse realizada uma benfeitoria no rio Nilo, saia à frente do exército por ocasião de alguma invasão inimiga, enfim, tornava público o poder que possuía. Assim, o faraó era considerado o “dono do Egito”, e todas as pessoas que lá habitassem deveriam favores e impostos. Os escribas reais, que trabalhavam para o Estado Egípcio contavam o rendimento do trabalho dos diversos profissionais para depois coletar os impostos.
O fim da era faraônica ocorreu quando o Egito passava por instabilidade política, permitindo a entrada dos persas e, posteriormente, dos gregos e romanos. A instituição faraônica perdurou mesmo com a presença de governantes estrangeiros no poder, pois estes aceitavam a religião politeísta e adaptavam-se facilmente a este modo de governo. A queda da Civilização, e conseqüentemente o poder dos soberanos, deu-se com a invasão dos macedônicos e dos romanos. Quando morreu Cleópatra VII, a última governante do Egito, toda terra do Nilo foi anexada ao domínio do Império Romano.


 

Fonte: Rodrigo Bontorin
Licenciado em História e Responsável pelo Museu Egípcio e Rosacruz

http://www.amorc.org.br/



















































































































































































































Paleta de Narmer – relevo que demonstra a unificação do Egito, possivelmente realizada pelo rei Narmer.

Rainha-Faraó Hatshepsut – uma das poucas mulheres a governar o Egito.

Faraó Tuthmés III – em posição de oferendas dedicadas aos deuses.

Faraó Akhenaton.

Relevo que representa o faraó Ramsés II subjugando um inimigo na Batalha de Kadesh.

Estátua de Hórus no templo de Edfu – divindade que legitimava o poder de governar dos faraós.

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