A DITADURA DA BELEZA : O MASSACRE DA AUTO ESTIMA

 

COMO A MODA É CRUEL E ANTI-NATURAL
“O massacre da auto-estima”


Do alto desses tempos supostamente "civilizados", olhamos com desdém para as torturas a que eram, ou ainda são, submetidas as mulheres em sociedades antigas e/ou "primitivas": os espartilhos vitorianos e os pés deformados da China foram apropriadamente lembrados há dias, aqui mesmo no GLOBO, na página sete, por Leonardo Drummond -- que não se esqueceu de contrapô-los às atuais costelas cirurgicamente removidas, que tanta gente considera uma forma "normal" de afinar a silhueta.
A isso se poderia acrescentar um vasto catálogo de horrores contemporâneos, das argolas que continuam a esticar os pescoços das mulheres de Burma às pernas serradas e espichadas das chinesas que, com isso, ficam mais altas e "atraentes", tanto para os homens quanto para o mercado de trabalho.

É fácil percebermos que há algo errado em pessoas de resto normais, e eventualmente bonitas, que se submetem a cirurgias em que seus ossos são removidos ou serrados por razões puramente estéticas; chega a ser difícil acreditar que isso aconteça aqui, agora, num mundo cientificamente esclarecido. Mas a maioria das dietas a que se submetem tantas mulheres insatisfeitas com seus corpos e os remédios que tomam para se manterem magras não são menos prejudiciais do que os procedimentos cirúrgicos que nos horrorizam; nem é menos profundo o grau de infelicidade que as move a comportamentos tão destrutivos.

Muito pior do que o que se vê no corpo é o que vai pela alma, e que não se vê.


Esta trágica infelicidade não se restringe mais a umas poucas pessoas, mas se espalha, como praga, por toda a sociedade. Num mundo cada vez mais obeso, a imagem da beleza é, paradoxalmente, cada vez mais esquálida. A própria idéia do que é beleza, aliás, anda tão inequivocamente atrelada a pele e ossos que já não se concebe beleza acima do peso "ideal". Isso seria compreensível, até certo ponto, em termos de saúde -- se este magro "bonito" não estivesse muito, mas muito além do que a imensa maioria das mulheres pode alcançar naturalmente. E não fosse doentio.
(…)
EXCERTO DE ARTIGO CORA RONAI
(O Globo, Segundo Caderno, 23.11.2006)

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NOTA À MARGEM...
Será que o mundo mudou
assim tanto para as milhares (MILHÕES?) de mulheres que no mundo de hoje, dito civilizado ainda se mutilaM e se sacrificaM por conceitos actuais que as escravizam desde sempre?

Enquanto umas
são mutiladas pelas tribos, as mulheres civilizadas do Ocidente submetem-se às mãos dos médicos e cometem todo o tipo crimes contra natura e contra si próprias em nome da moda e da imagem...ou para conquistar o "amor" de um homem ou para manter a "juventude" sem a qual elas deixam de ter valor...Elas são ao longo da vida mentalizadas, manipuladas pelos midia em geral, obsecadas pela imagem das modelas e artistas de cinema, e quando chega o momento estão prontas para serem as cobaias dos médicos que as operam. Elas OBEDECEM AOS PADRÕES MASCULINOS DE BELEZA E ainda por cima pagaM milhares de euros ou dólares para ter uma "imagem"...?
A única diferença entre o ocidente e o sub-mundo da escravidão está no dinheiro e nas aparências e claro nas anestesias que usam os especialistas que as torturam e mutilam a cirurgicamente...com consentimento da vítima...

QUE diferença há entre isso e os "pés de lótus" das chinesas?

Fonte:http://rosaleonor.blogspot.com/

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