O PODER DO SILÊNCIO - ECKHART TOLLE



Trechos do livro “O Poder do Silêncio” de Eckhart Tolle.



“Sempre que houver silêncio à sua volta, ouça-o. Isso significa apenas percebê-lo. Ouvir o silêncio desperta a dimensão de calma que já existe dentro de você, porque é só através da calma que se pode perceber o silêncio. Nesses momentos você se liberta de milhares de anos de condicionamento humano coletivo.”
“Qualquer barulho perturbador pode ser tão útil quanto o silêncio. Basta abolir suas resistências interiores ao barulho, deixando-o ser como é. Essa aceitação também leva você ao reino da paz interior que é a calma. ”
“A calma é o lugar onde a criatividade e as soluções dos problemas são encontradas”
“A calma e o silêncio são a própria inteligência. A consciência básica da qual provêm todas as formas de vida. A forma de vida que você pensa que é, vem dessa consciência e é sustentada por ela”.
“Quando você olha num estado de calma para uma árvore ou uma pessoa, quem está olhando? É algo mais profundo do que você. A consciência está olhando para a sua própria criação. A Bíblia diz que Deus criou o mundo e viu que era bom. É isso que você vê quando olha num estado de calma, sem pensar em nada ”.
“Você precisa saber mais coisas do que já sabe? Você acha que o mundo será salvo se tiver mais informações, se os computadores se tornarem mais rápidos ou se forem feitas mais análises intelectuais e científicas? O que a humanidade precisa hoje é de mais sabedoria pra viver. A sabedoria vem da capacidade de manter a calma e o silêncio interior. Veja e ouça apenas. Não é preciso mais nada, além disso. Manter a calma, olhando e ouvindo, ativa a inteligência real que existe dentro de você. Deixe que a calma interior oriente suas palavras e ações”.
“A maioria das pessoas passa a vida toda aprisionada nos limites os próprios pensamentos. Nunca vai além das idéias estreitas já fabricadas. Nunca vai além do”eu ” condicionado pelo passado.”
“Se você consegue reconhecer, mesmo esporadicamente, que os pensamentos que passam por sua cabeça são meros pensamentos; Se você consegue se dar conta dos padrões que se repetem em suas ações mentais e emocionais, é sinal de que a Consciência está emergindo. Ela é o espaço onde o conteúdo da sua vida se desborda”.
“Cada pensamento quer sugar sua completa atenção. Eis um novo exercício para praticar: Não leve seus pensamentos muito a sério”.
“Pensar fragmenta a realidade, cortando-a em pequenos pedaços que são os conceitos. A mente pensante é útil e poderosa, mas torna-se muito limitador quando invade completamente sua vida, impedindo você de perceber que a mente é apenas um pequeno aspecto da Consciência que você é realmente.”
“Sempre que você mergulha em pensamentos compulsivos, está impedindo o que existe. Você está se negando a estar onde está: Aqui. Agora”.
“Despertar espiritualmente é despertar do sonho do pensamento. Quando você deixa de acreditar em tudo o que pensa, você sai do pensamento e vê claramente que quem está pensando não é quem você é realmente”.
“Quando a mente fica entediada, quer satisfazer sua fome lendo um livro, assistindo à tevê, navegando na Internet. A alternativa é aceitar o tédio e a ansiedade e observar como é sentir-se entediado e ansioso. À medida que você se dá conta dessa sensação, surge um espaço arejado e uma calma em volta da sensação. O tédio, a ansiedade, a raiva, a tristeza e o medo não são seus. Eles são estados da mente. É por isso que vão e voltam. Nada que vai e volta é você”.
“Estou triste. Quem percebe isso? Estou com medo. Quem percebe isso? Você é a pessoa que percebe isso. Você não é os seus sentimentos”.
“No estado de calma e consciência, se você precisar da mente para um fim prático, ela estará presente. Na verdade a mente funciona muito bem quando a inteligência maior e real que é você se expressa através dela, como uma ferramenta.”
“Aprenda a sentir-se à vontade dentro do não-saber. A mente teme o não-saber, mas um conhecimento mais profundo que não é baseado em qualquer conceito vai emergir desse estado”.
“A mente está sempre querendo alimentar-se para continuar pensando. Ela procura alimento para sua própria identidade, para seu sentido de ser. É assim que o ego se cria e recria continuamente”.
“Você se dá conta de que esse ego é fugaz e passageiro? Quem percebe isso? É o Eu-Sou. Esse é o seu eu mais profundo, que não tem nada a ver com o passado e o futuro. Quando você se dá conta de que existe uma voz na sua cabeça que pretende ser você e não pára de falar, percebe que você vem se identificando com a corrente do pensamento. Quando percebe a existência dessa voz, você compreende que não é essa voz, mas a pessoa que a percebe. Ter liberdade é saber que você é a consciência por trás dessa voz.”
“Ao concentrar toda sua atenção ao momento presente, uma inteligência muito superior à inteligência da mente autocentrada entra no comando da sua vida. Sua ação presente se torna não só muito mais eficaz, como infinitamente mais satisfatória e gratificante”.
“Ao viver através do ego, você faz do momento presente apenas um meio para atingir um fim. Você vive em função do futuro, mas quando atingem seus objetivos eles não te satisfazem. Ou pelo menos não por muito tempo.”
“Quase todo ego tem o que podemos chamar de “identidade da vítima”. Muitas pessoas se vêem de tal forma como vítimas, que essa imagem se torna o ponto central de seu ego. Mesmo que as mágoas sejam muito “justas”, ao assumir a identidade de vítima, você cria uma prisão cujas grades são feitas de formas obsessivas de pensar. Veja o que você está fazendo com você mesmo, ou melhor: Veja o que sua mente está fazendo com você. Sinta a ligação emocional que você tem com sua história de vítima e perceba sua compulsão de pensar e falar a respeito dela. Ao perceber isso, a transformação e a liberdade virão.”
“Reclamar e reagir são as formas preferidas da mente para fortalecer o ego. O eu autocentrado precisa do conflito para fortalecer sua identidade. Ao lutar contra algo ou alguém, ele demonstra pra si mesmo que “isto sou eu” e “aquilo não sou eu”. É comum que países procurem fortalecer sua sensação de identidade coletiva colocando-se em oposição aos seus inimigos.”
“A inveja é um subproduto do ego que se sente diminuído quando algo de bom acontece com outra pessoa, ou ela possui mais, sabe mais, ou tem mais poder do que ele. A identidade do ego depende da comparação. Ela se agarra a qualquer coisa buscando o “mais”, e quando nada disso funciona, a mente fortalece seu ego considerando-se “mais” injustamente tratada pela vida, “mais” doente ou “mais” infeliz do que os outros.”
“O ego precisa estar em conflito com alguém ou com alguma coisa. Isso explica por que, apesar de você querer paz, alegria e amor, não consegue suportá-los por muito tempo. Você diz que quer ser feliz, mas está viciado em ser infeliz. Essa infelicidade não vem dos fatos da sua vida, mas do condicionamento da sua mente.”
“A culpa é outra maneira que o ego tem para criar uma identidade, mesmo que essa identidade seja negativa. O que você fez ou deixou de fazer foi uma manifestação da sua inconsciência na época, o que é natural da condição humana. Mas o ego personifica a situação e diz “Eu fiz tal coisa”, e assim cria uma imagem de si mesmo como ruim, falho e insuficiente. As palavras de Cristo: “Perdoai-os, Senhor, pois eles não sabem o que fazem” podem ser usadas em relação a você.”"
“Este exato momento, Agora, é a única coisa no mundo que não dá pra escapar. É o único fator constante na nossa vida. Se não é possível fugir do Agora, por que não acolhê-lo e tratá-lo bem?”
“Concentrar sua atenção no Agora não é negar o que é necessário. É reconhecer o que é prioritário. Mais tarde você poderá lidar mais facilmente com o que é secundário. Concentrar-se no Agora não é dizer: “Não vou me preocupar mais com as coisas, pois só existe o Agora”. Não é isso. Veja o que é prioritário e faça do Agora seu amigo, e não seu inimigo. Reconheça-o e respeite-o.”
“Você trata o momento atual como um obstáculo que precisa ser ultrapassado? Você considera mais importante o momento futuro que quer atingir? A maioria das pessoas vive assim. Como o futuro nunca chega, a não ser como presente, essa forma de viver é inútil. Causa uma constante sensação de desconforto, tensão e insatisfação. Não respeita a vida, que é Agora.”
“Sinta a vida em seu corpo. Isso enraíza você no Agora.”
“Quando você diz sim às coisas tal qual como são, você entra em harmonia com o poder e a inteligência da própria vida. Só então pode se tornar agente de uma mudança positiva no mundo.”
“Quando você passa a dar atenção ao Agora, cria-se um estado de alerta. É como se você acordasse de um sonho, o sonho do pensamento, o sonho do passado e do futuro. É tão claro e tão simples que não sobra lugar para inventar problemas. Só este momento, tal qual como é.”
“A maioria das pessoas confunde o Agora com o que acontece no Agora. Mas o Agora é mais profundo do que o que ocorre nele. É o espaço onde tudo acontece. Não confunda o conteúdo do momento presente com o Agora. O Agora é mais profundo do que qualquer conteúdo que exista nele. O seu ser é muito maior que seus pensamentos.”
“Eu não sou os meus pensamentos. Não sou minhas emoções, minhas percepções sensoriais, nem minhas experiências. Não sou o conteúdo da minha vida. Eu sou o espaço no qual todas as coisas acontecem. Eu sou a Consciência. Sou o Agora. Sou.”
“É importante vencer ou fracassar aos olhos dos outros. É importante ter ou não ter saúde, estudar ou não estudar. É importante ser rico ou pobre – certamente isso faz muita diferença na sua vida. Isso tudo tem uma importância relativa na sua vida, mas não absoluta. Existe algo mais importante que todas essas coisas: Encontrar a essência do que você é para além dessa identidade de curta duração, que é uma noção personalizada do “eu”.”

“Você não encontra a paz reorganizando os fatos da sua vida, mas sim descobrindo quem você é no nível mais profundo. A reencarnação não ajuda se na próxima encarnação você continuar sem saber quem é. Você não possui uma vida, você é a vida. Você é a consciência única que permeia todo o universo e assume temporariamente a forma de pedra, folha, animal, pessoa, estrela ou galáxia. No fundo você já sabe disso. Você já é isso”.
“Você precisa de tempo para fazer a maioria das coisas na vida: aprender, construir… Mas o tempo é inútil para a coisa mais valiosa, que é a realização pessoal, o autoconhecimento. Você não pode encontrar a si mesmo no passado nem no futuro. O único lugar onde você pode se encontrar é Agora.”
“Os que buscam uma dimensão espiritual querem a auto-realização ou a iluminação no futuro. Ser uma pessoa que está em busca de algo significa que você precisa do futuro. Se for nisso que você acredita, isso se torna verdade pra você. Precisará de tempo até perceber que não precisa de tempo para ser quem você é.”
“O pensamento e a linguagem criam uma aparente dualidade, como se houvesse uma pessoa e uma consciência separadas. Como se a pessoa tomasse consciência das coisas que sente ou pensa. Isso não existe. Você é a consciência na qual e através da qual todas as coisas existem. Perceba-se como a consciência na qual todo o conteúdo da sua vida se desdobra.”
“Você é a consciência através da qual tudo é conhecido. Você não pode conhecer a si mesmo, porque você é a própria consciência. O “eu” não pode se transformar num objeto de conhecimento, de consciência. E “eu” é a própria consciência.”
“Quando você se torna um objeto de estudo para si mesmo, surge a ilusão do “eu” autocentrado, porque você fez de si mesmo um objeto. “Este sou eu”, você diz. A partir dessa afirmação você passa a ter uma relação com você mesmo e a contar para os outros, e pra si mesmo, a sua história.”
“Quando você percebe que é a consciência na qual a vida externa acontece, você se torna independente do que existe externamente e perde a necessidade de buscar sua identidade nos fatos, lugares e situações. As coisas que acontecem e deixam de acontecer perdem a importância, perdem peso e gravidade. Sua vida passa a ter outra graça e leveza. O mundo passa a ser visto como uma dança de formas, só isso.”
“Quando você sabe quem realmente é, tem uma enorme e intensa sensação de paz. Essa sensação pode ser chamada alegria, porque a alegria é isso: Uma vibrante e intensa paz. É a alegria de saber que o seu ser é a própria essência da vida antes de ela assumir uma forma. Você se reconhece em todas as coisas. É um estado de total clareza de percepção. Você deixa de ser alguém com um passado pesado de experiências e condicionamentos através do qual todas as coisas são interpretadas.”
“Como a água, a consciência pode ser considerada sólida como matéria, líquida como mente ou sem qualquer forma como consciência pura. Através de “você” a consciência sem forma torna-se consciente de si mesma.”

“O desejo é a necessidade de acrescentar algo a você para ser mais plenamente você mesmo. O medo é a necessidade de evitar perder alguma coisa e tornar-se menor. O desejo e o medo nos impedem de perceber que ser não é algo que possa ser dado ou tirado. O Ser em sua plenitude já está em você. Agora.”
“Quantas vezes durante o dia, se você pudesse verbalizar sua realidade interior diria: “Não quero estar onde estou.”? É verdade que é ótimo sair de certos lugares, e muitas vezes é a melhor coisa que você pode fazer. Mas em muitos casos você não tem possibilidade de sair. Em todos esses casos, o “não quero estar onde estou” não só é inútil como prejudicial. Deixa você e os outros infelizes. Já foi dito: “Aonde quer que vá, você se leva”. Em outras palavras: Você está aqui. Sempre.”
“As pessoas precisam criar rótulos para tudo o que sentem, percebem, e para toda experiência. Precisam de uma relação de gosto/não gosto com a vida, mantendo um conflito quase ininterrupto com situações e com pessoas. Será que isso é apenas um hábito que pode ser rompido? Não é preciso fazer nada. Basta deixar que cada momento seja como é. O ego não é capaz de sobreviver à entrega.”
“Tenho tanta coisa pra fazer.” Muito bem, mas existe qualidade no que você faz? Falar com clientes, trabalhar no computador, realizar as inúmeras tarefas do seu cotidiano – você faz tudo isso com a plenitude do seu ser? Quanta entrega ou recusa existe no que você faz? É essa entrega que determina o seu sucesso na vida, e não a quantidade de esforço empreendido. O esforço implica estresse, cansaço e necessidade de alcançar um determinado resultado no futuro.”
“Se você percebe qualquer indício interno que revele que você não quer fazer o que está fazendo, você está negando a vida, e é impossível chegar a um bom resultado assim. Se você percebe esse indício, também é capaz de abandonar essa má vontade e se entregar ao que faz.”
“Quando você aceita o que é, atinge um nível mais profundo. Nesse nível, seu estado interior não depende mais dos julgamentos feitos pela mente do que é bom ou ruim. Quando você diz sim para todas as situações da vida e aceita o momento presente como ele é, sente uma profunda paz interior.”
“A aceitação e a entrega se tornam muito mais fáceis quando você percebe que todas as experiências são fugazes e se dá conta de que o mundo não pode te oferecer nada que tenha um valor permanente. Ao aceitar e entregar-se, você continua a conhecer pessoas e a se envolver em experiências e atividades, mas sem os desejos e medos do “eu” autocentrado. Você deixa de exigir que uma situação, uma pessoa, um lugar ou um fato te satisfaça ou te façam feliz. A natureza imperfeita de tudo pode ser como é.
A ironia é que, quando você deixa de fazer exigências impossíveis, todas as situações, pessoas, lugares e fatos ficam satisfatórios, harmoniosos, serenos e pacíficos.
Quando você deixa de resistir internamente, abre-se para a consciência livre de condicionamentos, que é infinitamente maior do que a mente humana. Essa vasta inteligência pode então se expressar através de você e ajudá-lo tanto por dentro quanto por fora. É por isso que, ao parar de resistir internamente, você costuma achar que as coisas melhoraram.
Você acha que estou lhe dizendo: “Aproveite o momento, seja feliz”? Não. Estou dizendo pra você aceitar este momento tal como ele é. Isso já basta.
A aceitação e a entrega existem quando você não se pergunta mais: “Por que isso foi acontecer comigo?”.
A História mostra homens e mulheres que, ao enfrentarem uma grande perda, doença, prisão ou a ameaça de morte iminente, aceitaram o que era aparentemente inaceitável e assim encontraram “a paz que vai além de toda compreensão”.”

“Há situações em que nenhuma resposta ou explicação satisfaz. Nesses momentos a vida parece perder o sentido. Ou alguém em desespero pede sua ajuda e você não sabe o que fazer ou dizer. Mas quando você aceita plenamente que não sabe, desiste de lutar contra a resposta usando o pensamento de sua mente limitada. Ao desistir, você permite que uma inteligência maior atue através de você. Até mesmo o pensamento pode se beneficiar disso, pois a inteligência maior flui pra dentro dele e o inspira.”
“Às vezes entregar-se significa desistir de querer entender, e sentir-se bem com o que você não sabe.
Quando você se entrega, a noção que tem de si mesmo muda. O “eu” deixa de se identificar com uma reação ou um julgamento mental e passa a ser um espaço em torno dessa reação ou desse julgamento. O “eu” não se identifica mais com a forma – o pensamento ou a emoção – e você se reconhece como algo sem forma: o espaço da consciência.”

“Deixe que a Vida seja!”
“Sempre que você presta atenção em alguma coisa natural, em qualquer coisa que existe sem a intervenção humana, você sai da prisão do pensamento e de certa forma entra em conexão com o Ser no qual tudo o que é natural ainda existe”.
“Prestar atenção numa pedra, numa planta, num animal, não é pensar nele, mas simplesmente percebê-lo, tomar conhecimento dele. Então algo da essência desse elemento da natureza se transmite a você. Sentir a calma desse elemento faz com que o mesmo calmo desponte no seu interior. Você sente como ele repousa profundamente no Ser – unido ao que é e onde é. Ao se dar conta disso, você também é transportado de volta para um lugar de repouso no fundo do seu ser.
Veja como cada planta e cada animal é completo em si mesmos. Ao contrário dos seres humanos, eles não se dividem. Não precisam afirmar-se criando imagens de si mesmos, e por isso não precisam se preocupar em proteger e realçar essas imagens. O esquilo é ele mesmo. A rosa é ela mesma. Contemplar a natureza pode libertar você desse “eu” que é o grande causador de problemas.”


“Você não criou seu corpo nem é capaz de controlar as funções dele. Uma inteligência maior do que a mente humana encontra-se em ação. É essa inteligência que mantém tudo na natureza. Você pode se aproximar dessa inteligência percebendo sua própria energia interna. Sentindo a presença da vida dentro do seu corpo.
O ar que você respira é natureza, como também é natureza o próprio ato de respirar. Preste atenção na sua respiração e perceba que não é você quem a controla. É a respiração da natureza. Se você precisasse lembrar de respirar, morreria logo. E se tenta parar de respirar, a natureza se encarrega de manter essa respiração. Ao sentir a respiração, e ao aprender a prestar atenção nela, você se conecta à natureza da forma mais íntima e poderosa. É um ato extremamente curativo e reabastecido. Ele promove uma mudança, passando do mundo conceitual do pensamento para o mundo interior da consciência livre de condicionamentos.
Há um grande silêncio envolvendo toda a natureza. Esse silêncio também envolve você.
Só quando mantém a calma e o silêncio em seu interior, é que você pode alcançar a região de calma e silêncio onde vivem as pedras, as plantas e os animais. Só quando o barulho de sua mente silencia, você se torna capaz de ligar-se à natureza num nível profundo, e ultrapassar a sensação de separação causada pelo excesso de pensamento.
A natureza pode levar você à calma interior. Quando você sente a calma que a natureza te dá, e participa dela, essa calma fica permeada e enriquecida pela sua atenção. Esse é o seu retorno à natureza.”

“Todo ser humano foi condicionado a pensar e agir de determinada forma – condicionado por sua herança genética, pelas experiências da infância e pelo ambiente cultural em que vive. Tudo isso não mostra o que a pessoa é, mas como parece ser. Quando você julga alguém, confunde os modelos condicionados produzidos pela mente com o que a pessoa é. Nossos julgamentos também têm origem em padrões inconscientes e condicionados. Você dá aos outros uma identidade criada por esses padrões, e essa falsa identidade se transforma numa prisão, tanto para aqueles que você julga como pra você mesmo.
Deixar de julgar não significa deixar de ver o que as pessoas fazem. Significa que você reconhece seus comportamentos como uma forma de condicionamento, que você vê e aceita tal como é. Não é a partir desses comportamentos que você constrói uma identidade para as pessoas.”

“Enquanto o ego dominar a sua vida, a maioria de seus pensamentos, emoções e ações virão do desejo e do medo. Isso fará você querer ou temer alguma coisa que possa vir da outra pessoa. O que você quer dos outros pode ser prazer, vantagem material, reconhecimento, elogio, atenção, ou fortalecimento da identidade, quando se compara achando que sabe, ou que tem, mais do que os outros. Você teme que ocorra o contrário – que o outro seja, tenha ou saiba mais do que você – e que isso possa de alguma forma diminuir a idéia que você faz de si mesmo.”
“Quando você concentra sua atenção no presente – em vez de usar o presente como um meio para atingir um fim – você ultrapassa o ego e a compulsão inconsciente de usar as pessoas como meios para valorizar-se ao se comparar com elas. Quando dá total atenção à pessoa com quem está interagindo, você elimina o passado e o futuro do relacionamento – exceto nas situações que exigem medidas práticas. Ao ficar totalmente presente com qualquer pessoa, você se desapega da identidade que criou pra ela. Essa identidade é fruto da sua interpretação de quem é a pessoa e do que ela fez no passado. O segredo dos relacionamentos é a atenção, que nada mais é do que calma alerta.”
“Se o passado de uma pessoa fosse o seu passado, se a dor dessa pessoa fosse a sua dor, se o nível de consciência dela fosse o seu, você pensaria e agiria exatamente como ela. Ao compreender isso, fica mais fácil perdoar, desenvolver a compaixão e alcançar a paz. O ego não gosta de ouvir isso, porque sem poder reagir e julgar, ele se enfraquece.”
“Quando você acolhe qualquer pessoa que entra no espaço do Agora, quando permite que ela seja como é, a pessoa começa a mudar.”
“Saber a respeito de alguém ajuda por motivos práticos. Nesse sentido não podemos prescindir de saber a respeito da pessoa com quem nos relacionamos. Mas quando essa é a única característica de uma relação, fica muito limitador e até destrutivo. Os pensamentos e conceitos criam uma barreira artificial, uma separação entre as pessoas. Suas interações não ficam presas ao ser, mas à mente. Sem as barreiras dos conceitos criados pela mente, o amor se torna naturalmente presente em todas as relações humanas.
A maioria dos relacionamentos humanos se restringe à troca de palavras – o reino do pensamento. É fundamental trazer um pouco de silêncio e calma, sobretudo aos seus relacionamentos íntimos. Se faltar silêncio e calma, o relacionamento será dominado pela mente e correrá o risco de ser invadido por problemas e conflitos. Se há silêncio e calma, eles se tornam capazes de dominar qualquer coisa.”

“Ouvir com verdadeira atenção é outra forma de trazer calma ao relacionamento. Quando você realmente ouve o que o outro tem a dizer, a calma surge e se torna parte essencial do relacionamento. Mas ouvir com atenção é uma habilidade rara. Em geral as pessoas concentra a maior parte da sua atenção no que estão pensando. Na melhor das hipóteses ficam avaliando as palavras do outro, ou apenas usam o que o outro diz para falar de suas próprias experiências. Ou então não ouvem nada mesmo, pois estão perdidas em seus próprios pensamentos.”
“Ouvir com atenção é muito mais do que saber escutar. É estar alerta, abrir um espaço em que as palavras são acolhidas. As palavras se tornam então secundárias, podendo ou não fazer sentido. Bem mais importante do que aquilo que você está ouvindo é o ato de ouvir em si, o espaço de presença consciente que surge à medida que você ouve. Esse espaço é um campo unificador feito de atenção em que você encontra a outra pessoa sem as barreiras separadoras criadas pelos conceitos do pensamento. A outra pessoa deixa de ser “o outro”. Nesse espaço, você e ela se tornam uma só consciência.”
“Como é que você pode se libertar da profunda e inconsciente identificação emocional com o sofrimento, capaz de criar tanta dor em sua vida? Tome consciência da dor. Tome consciência de que você não é esse sofrimento e essa dor. Reconheça o que eles são: uma dor do passado. Tome consciência da dor em você ou no seu parceiro. Quando conseguir romper sua identificação inconsciente com essa dor do passado – quando souber que você não é a dor – quando conseguir observá-la dentro de si mesmo, deixará de alimentá-la e aos poucos ela irá se enfraquecendo.”
“O relacionamento humano pode ser um inferno, ou pode ser um grande exercício espiritual.”
“Quando você observa uma pessoa e sente muito amor por ela, ou quando contempla a beleza da natureza e algo dentro de você reage profundamente, feche os olhos um instante e sinta a essência desse amor ou dessa beleza no seu interior, inseparável do que você é, da sua verdadeira natureza. A forma externa é um reflexo temporário do que você é por dentro, na sua essência. Por isso o amor e a beleza nunca nos abandonam, embora todas as formas externas um dia acabem.”
“Quando você se apega aos objetos, quando você os usa para valorizar-se ante os outros e aos seus próprios olhos, a preocupação com os objetos pode dominar toda a sua vida. Quando se identifica com as coisas, você não as aprecia pelo que são, pois está se vendo nelas.
Se você desenvolve uma apreciação pelo reino das coisas desprendidas do ego, o mundo à sua volta adquire vida de uma forma que você não é capaz sequer de imaginar com a mente”

Citações:

“O Poder do Agora é uma reafirmação, para o nosso tempo, daqueles ensinamentos espirituais atemporais, da essência de todas as religiões”.
“A coisa mais significativa que pode acontecer a um ser humano é o processo de separação do pensamento e da consciência. A consciência é o espaço onde tudo existe”.
“A causa primária do sofrimento nunca é a situação, mas seus pensamentos sobre ela”.
“Um verdadeiro professor espiritual não tem nada para ensinar no sentido convencional da palavra. Não tem nada para te dar ou acrescentar como nova informação, crenças ou regras de conduta. A única função de tal professor é te ajudar a remover aquilo que te separa da verdade. As palavras não são nada mais que placas sinalizadoras”.


Fonte:http://toquenaunidade.com.br/

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