"A coisa mais difícil, quase impossível, para a mente, é permanecer no meio, é permanecer equilibrada. E o mais fácil é movimentar-se de um pensamento para o seu oposto. Movimentar-se de uma polaridade para a polaridade oposta é a natureza da mente. Isso tem que ser entendido muito profundamente, porque sem que você entenda isso, nada
poderá levar você à meditação.
A natureza da mente é movimentar-se de um extremo a outro, ela depende do desequilíbrio. Se você estiver equilibrado, a mente desaparece.
A mente é como uma doença: quando você está desequilibrado ela está ali, quando você está equilibrado ela não está ali.
É por isso que é fácil para uma pessoa que come muito fazer jejum. Isso parece sem lógica, porque nós pensamos que uma pessoa que é obcecada por comida não consegue
jejuar.
Mas você está errado. Somente uma pessoa que é obcecada por comida pode jejuar, porque jejuar é a mesma obsessão no sentido oposto.
Na verdade não houve mudança em si.
Você continua obcecado por comida. Antes você comia muito e agora você está faminto - mas o foco da mente continua na comida, a partir de um extremo oposto.
Um homem que se tenha entregue em demasia ao sexo, pode tornar-se um celibatário muito facilmente. Não há nenhum problema. Mas é difícil para a mente fazer uma dieta certa,
é difícil para a mente estar no meio.
Porque é difícil estar no meio? Isso é exactamente igual ao pêndulo de um relógio. O pêndulo vai para a direita, e daí move-se para a esquerda, então de novo para a direita,
e depois de novo para a esquerda. O relógio inteiro depende desse movimento.
Se o pêndulo parar no meio, o relógio pára. E quando o pêndulo se move para a direita, você pensa que ele está somente indo para a direita. Mas, ao mesmo tempo que ele está
indo para a direita, ele está juntando momento* para ir para a esquerda.
Quanto mais ele se move para a direita, mais energia ele reúne para se mover para a esquerda, para o oposto.
Quando ele está se movendo para a esquerda ele está de novo reunindo momento para se mover para a direita.
Sempre que você come demais, você está reunindo momento para fazer jejum. Sempre que você se entrega em demasia ao sexo, mais cedo ou mais tarde, o celibato, o brahmacharya se tornará atraente para si.
E o mesmo está acontecendo a partir do pólo oposto. Vá e pergunte aos chamados sadhus, aos bhikkhus, aos sannyasins. Eles firmaram um propósito de permanecer celibatários;
e agora a mente deles está reunindo momento para se movimentar em direcção ao sexo.
Eles firmaram um propósito de ficarem com fome, de passar fome e a mente deles está constantemente pensando em comida.
Quando você está pensando muito a respeito de comida, isso mostra que você está reunindo momento para comer. Pensar significa momento.
A mente começa fazer arranjos para ir ao oposto.
A primeira coisa: sempre que você se move, você também se está movendo para o oposto. O oposto está escondido, ele não é aparente.
Quando você ama uma pessoa, você está reunindo momento para odiá-la. É por isso que somente amigos podem se tornar inimigos. Você não pode se tornar um inimigo sem que primeiro você tenha se tornado um amigo.
Amantes discutem e brigam. Só os amantes podem discutir e brigar, porque a não ser que você ame, como você poderá odiar?A não ser que você se tenha movido para a extrema esquerda, como você poderá mover-se para a direita?
Pesquisas modernas dizem que isso que se chama amor é um relaccionamento de íntima inimizade.
A sua esposa é a sua inimiga íntima e o seu marido é o seu inimigo íntimo - ambos inimigos e íntimos. Parecem opostos, sem lógica, porque nós ficamos ponderando como alguém
que é íntimo pode ser inimigo? Alguém que é amigo, como pode também ser o adversário?
A lógica é superficial. A vida vai mais fundo. Na vida, todos os opostos juntam-se, eles existem juntos. Lembre-se disso, porque então meditação torna-se equilíbrio.
Buda ensinou oito disciplinas e para cada disciplina ele usava a palavra certa.
Ele dizia: o esforço certo, porque é muito fácil mover-se da acção para a inacção, do despertar para o dormir, mas permanecer no meio é difícil.
Quando Buda usa a palavra certa, ele estava dizendo: não se mova para o oposto, simplesmente permaneça no meio.
A comida certa - ele nunca disse jejum. Não se entregue em demasia à comida e não se entregue ao jejum.
Ele dizia: comida certa. Comida certa significa permanecer no meio.
Quando você permanece no meio você não está reunindo momento algum. E essa é a beleza disso: um homem que não está reunindo momento algum para se mover a qualquer lugar, pode estar à vontade consigo mesmo, pode sentir-se em casa.
Você nunca pode sentir-se em casa, porque qualquer coisa que você faz, imediatamente você terá que fazer o oposto para equilibrar. E o oposto nunca equilibra, ele simplesmente
dá-lhe a impressão de que você está se tornando equilibrado, mas você terá que se mover para o oposto de novo.
Um buda não é amigo nem inimigo de alguém. Ele simplesmente parou no meio - o relógio não está funcionando... Quando a sua mente pára, o tempo pára, quando o pêndulo pára,
o relógio pára...
O tempo é criado pelo movimento da mente, exactamente como o movimento do pêndulo.
A mente move-se, você sente o tempo.
Quando a mente não se está movimentando, como você pode sentir o tempo? Quando não há qualquer movimento, o tempo não pode ser sentido.
Cientistas e místicos concordam nesse ponto: que o movimento cria o fenómeno do tempo.
Se você não está se movendo, se você está parado, o tempo desaparece, a eternidade chega à existência.
O seu relógio está movendo-se rapidamente e o seu mecanismo é movimento de um extremo ao outro.
A segunda coisa a ser entendida a respeito da mente é que a mente sempre quer o que está distante, nunca o que está perto.
O que está perto é enfadonho, você fica farto dele.
O distante lhe dá sonhos, esperanças, possibilidades de prazer. Assim, a mente sempre está pensando no distante.
É sempre a mulher de alguma outra pessoa que é atraente e bonita; é sempre a casa de alguma outra pessoa que o obceca; é sempre o carro de alguma outra pessoa que fascina.
É sempre o que está distante. Você fica cego para o que está perto. A mente não consegue ver aquilo que está muito perto.
Ela somente pode ver aquilo que está muito longe.
E o que está muito longe, o que está mais distante? O que está mais distante é o oposto. Você ama uma pessoa - agora o fenómeno mais distante é o ódio.
Você está comendo demais - agora o fenómeno mais distante é o jejum.
Você está celibatário - agora o fenómeno mais distante é o sexo.
Você é um rei - agora o fenómeno mais distante é ser um monge.
O que está mais distante é aquilo com que sonhamos mais.
Ele atrai, ele obceca, ele segue chamando, convidando-o (a) e então, quando você tiver alcançado o outro pólo, este local de onde você partiu em caminhada tornar-se-á belo novamente.
Divorcie-se da sua esposa e após uns poucos anos ela irá despertar interesse novamente.
Para a mente, o oposto é magnético e a não ser que, através da compreensão, você transcenda isso, a mente continuará movendo-se da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, e o relógio continua.
Ele tem continuado por muitas vidas e é assim que você tem sido enganado - porque você não compreende o mecanismo.
De novo o distante torna-se atraente e de novo você começa uma nova caminhada.
E no momento em que você alcança o seu objectivo, aquilo que antes era seu conhecido e que agora está distante, de novo se torna atraente, agora se torna uma estrela, alguma
coisa valiosa.
Eu estive lendo a respeito de um piloto que estava voando sobre a Califórnia com um amigo.
Ele lhe disse: "Veja lá embaixo aquele belo lago. Eu nasci perto dele, ali está a minha vila".
Ele apontou para uma pequena vila numa colina próxima ao lago.
E ele disse: "Eu nasci ali e quando eu era criança eu costumava sentar próximo ao lago para pescar. Pescar era o meu hobby.
Mas naquela época, quando eu era criança e pescava no lago, os aviões sempre costumavam cortar o céu, passando sobre a minha cabeça, e eu sonhava com o dia em que eu próprio me tornaria um piloto e estaria pilotando um avião.
Aquele era o meu único sonho. Agora ele está realizado e que miséria! Agora eu continuamente olho para aquele lago lá em baixo e fico pensando no dia em que eu estiver aposentado para poder ir pescar nele de novo. Aquele lago é tão lindo..."
É assim que as coisas acontecem. É assim que as coisas têm acontecido consigo.
Na infância você queria crescer depressa porque as pessoas mais velhas eram mais poderosas. Uma criança quer crescer imediatamente. As pessoas mais velhas são sábias e a criança sente que qualquer coisa que ela faça está sempre errado.
Pergunte então a uma pessoa mais velha. Ela sempre acha que quando a infância se foi, tudo foi perdido, o paraíso estava ali, na infância. E todos os velhos morrem pensando na infância, na inocência, na beleza, no mundo de sonhos.
Qualquer coisa que você tenha, parece sem utilidade; qualquer coisa que você não tenha parece de grande utilidade. Lembre-se disso porque senão a meditação não poderá acontecer, porque meditação significa essa compreensão da mente, do trabalho da mente, do verdadeiro processo da mente.
A mente é dialética, ela faz com que você se mova repetidas vezes em direcção aos opostos. E isso é um processo infinito, ele nunca se acaba, a não ser que você, de repente,
o abandone, a não ser que, de repente, você se torne consciente do jogo, a não ser que, de repente, você se torne alerta a respeito da trapaça da mente, e você pare no meio.
Parar no meio é meditação.
A terceira coisa:
Porque é que a mente consiste em polaridades, você nunca é um todo. A mente não pode ser um todo, ela é sempre metade.
Quando você ama alguém, você já observou que você está suprimindo o seu ódio? O amor não é total, ele não é um todo, exactamente atrás dele todas as forças escuras estão escondidas e elas podem entrar em erupção a qualquer momento.
Você está sentado em cima de um vulcão.
Quando você ama alguém, você simplesmente se esquece de que você tem raiva, de que você tem ódio, de que você é ciumento.
Você simplesmente deixa tudo isso de lado, como se isso nunca tivesse existido. Mas como você pode deixar tudo isso de lado? Você pode simplesmente esconder no inconsciente. Assim, na superfície você pode tornar-se amoroso, mas lá no fundo o tumulto está escondido. Mais cedo ou mais tarde você vai ficar farto, o amado terá se tornado familiar.
Dizem que a familiaridade cria desprezo, mas não é que a familiaridade cria desprezo - a familiaridade faz você ficar farto.
O desprezo esteve sempre ali, escondido. Ele vem à tona, ele só estava esperando o momento certo, a semente estava ali.
A mente tem sempre o oposto dentro dela e esse oposto vai para o inconsciente e fica ali esperando pelo seu momento para vir à tona.
Se você observar minuciosamente, você sentirá isso a todo momento. Quando você diz para alguém "eu amo-te" feche os seus olhos, seja meditativo, e sinta - existe algum ódio escondido?
Você irá senti-lo. Mas você não quer encarar isso porque a verdade é muito feia - a verdade que você sente ódio pela pessoa que você ama - por isso você engana a si mesmo.
Você quer escapar da realidade, assim você esconde. Mas, esconder não vai ajudar, porque assim você não está enganando à outra pessoa, você está enganando a si mesmo.
Assim, sempre que você sentir alguma coisa, feche os olhos e vá para dentro de si mesmo para encontrar o oposto em algum lugar. Ele está ali. E se você puder ver o oposto, isso
dará um equilíbrio. Então você não irá dizer "eu amo-te". Se você for uma pessoa verdadeira você irá dizer: "o meu relacionamento contigo é de amor e ódio".
Todos os relacionamentos são relacionamentos de amor/ódio. Nenhum relacionamento é puro amor e nenhum relacionamento é puro ódio.
São ambos: amor e ódio.
Se você for verdadeiro você estará em dificuldades. Se você disser para uma mulher : "o meu relacionamento contigo é ambos: amor e ódio.
Eu amo-te como nunca amei alguém e eu odeio-te como nunca eu odiei alguém", será difícil para você casar-se, a não ser que você encontre uma mulher meditativa, que possa compreender a realidade, a não ser que você possa encontrar uma amiga que possa compreender a complexidade da mente.
A mente não é um mecanismo simples. Ela é muito complexa e através da mente você nunca pode tornar-se simples, porque a mente segue criando enganos.
Ser meditativo significa estar alerta para o facto de que a mente está escondendo alguma coisa de si, de que você está fechando os olhos para alguns factos que estão perturbando.
Mais cedo ou mais tarde aqueles factos perturbadores virão à tona, vão apoderar-se de si, e você irá em direcção ao oposto.
E o oposto não está longe, num lugar distante, em alguma estrela. O oposto está escondido atrás de si, dentro de si, na sua mente, no próprio funcionamento da mente.
Se você puder compreender isso, você irá parar no meio.
Se você puder ver o " eu amo " e o " eu odeio", de repente, ambos irão desaparecer, porque ambos não podem existir juntos na consciência.
Você tem que criar uma barreira: um terá que existir no inconsciente e o outro no consciente. Ambos não podem existir na consciência, eles irão negar um ao outro.
O amor destruirá o ódio, o ódio destruirá o amor, eles terão que equilibrar um ao outro e eles simplesmente irão desaparecer. A mesma quantidade de ódio e a mesma quantidade de amor irão negar um ao outro.
De repente eles irão evaporar - você estará ali, mas nenhum amor e nenhum ódio. Então você estará equilibrado.
Quando você está equilibrado, a mente não está lá - então você é um todo. Quando você é um todo, você é sagrado, mas a mente não está lá. Assim, meditação é um estado de não-mente.
Através da mente esse estado não é alcançado. Através da mente, qualquer coisa que você fizer, ele nunca será alcançado. Então, o que você está fazendo quando você está meditando?
Pelo facto de você ter criado tanta tensão na sua vida, você agora está meditando.
Mas isso é o oposto da tensão, não a verdadeira meditação. Você está tão tenso que a meditação se tornou atraente.
É por isso que no Ocidente a meditação atrai mais do que no Oriente. É porque no Ocidente existe mais tensão do que no Oriente.
O Oriente ainda está relaxado, as pessoas não estão tão tensas, elas não estão se enlouquecendo tão facilmente, elas não cometem suicídio tão facilmente.
Elas não são tão violentas, tão agressivas, tão apavoradas, tão amedrontadas - não, elas não estão tão tensas. Elas não estão vivendo essa correria louca onde nada além de tensão
é acumulado.
Assim, se o Mahesh Yogi vier à Índia, ninguém o escutará. Mas na América, as pessoas ficam loucas com ele. Quando existe muita tensão, a meditação atrai.
Mas essa atracção é de novo a mesma armadilha. Isso não é verdadeira meditação, isso é de novo um engano. Você medita por uns poucos dias, você se torna relaxado e,
quando você se torna relaxado, de novo surge a necessidade de atividades. Você fica farto e a mente começa a pensar em fazer alguma coisa, em movimentar-se
.
As pessoas chegam até mim e dizem: "nós meditamos por alguns anos mas agora perdeu a graça". Há poucos dias uma mulher veio até mim e disse: "agora a meditação não tem mais graça alguma, o que eu devo fazer?"
Agora a mente está procurando por alguma outra coisa, agora ela já teve bastante meditação. Agora que ela já está relaxada, a mente está pedindo por mais tensões - alguma coisa que possa perturbá-la. Quando ela diz que agora a meditação não tem mais graça, ela quer dizer que agora não há mais tensão, assim como pode a meditação ter graça?
Ela terá que ir atrás de tensões novamente, aí a meditação de novo se tornará algo valioso.
Veja o absurdo da mente: você tem que ir embora para chegar perto, você tem que se tornar tenso para ser meditativo. Mas isso não é meditação, de novo isso é uma armadilha da mesma mente. Numa nova dimensão, o mesmo jogo continua.
Quando eu digo meditação, eu quero dizer: ir além das polaridades opostas, deixar de lado todo o jogo, olhar para o absurdo disso e transcendê-lo.
A própria compreensão se torna transcendência.
A mente forçá-lo-à a mover-se para o oposto - não se mova para o oposto. Pare no meio e veja que isso tem sido sempre uma armadilha da mente.
É assim que a mente o tem dominado - através do oposto. Você já percebeu isso?
Depois de fazer amor com uma mulher, você de repente começa a pensar em abstinência sexual, brahmacharya e isso exerce uma fascinação tão persuasiva que naquele momento você sente como se nada mais existisse para ser alcançado.
Você sente-se frustrado, enganado, você sente que não havia nada naquele sexo e que somente bramacharya contém a felicidade. Mas depois de vinte e quatro horas, o sexo de novo se torna importante, e de novo você se move para ele.
O que a mente está fazendo? Depois do acto sexual ela começa a pensar no oposto, o qual, de novo, cria a vontade do sexo.
Um homem violento começa a pensar na não-violência, então ele poderá facilmente tornar-se violento de novo.
Um homem que fica raivoso repetidamente, sempre pensa em não ter raiva, sempre decide não ficar raivoso novamente. Essa decisão ajuda-o a ficar com raiva de novo.
Se você realmente não quiser ficar raivoso de novo, não tome decisão contra a raiva. Simplesmente olhe para a raiva e olhe para essa sombra da raiva que você pensa que é não ter raiva.
Olhe para o sexo e para essa sombra do sexo que você pensa que é brahmacharya, abstinência sexual. Isso é só negatividade, ausência.
Olhe para o excesso do comer e para a sua sombra que é o jejum. Jejuns sempre seguem o comer demais, a indulgência demasiada é sempre seguida por votos de celibato;
a tensão é sempre seguida por algumas técnicas de meditação. Olhe para essas coisas juntas, sinta como elas estão relaccionadas, como elas são parte de um só processo.
Se você puder compreender isso, a meditação acontecerá em si.
Na verdade, ela não é algo a ser feito, ela é uma questão de compreensão. Ela não é um esforço, ela não é algo a ser cultivado. Ela é algo a ser profundamente compreendido.
Compreensão dá liberdade. Conhecer todo o mecanismo da mente é transformação. Então, de repente, o relógio pára, o tempo desaparece. E parando o relógio, não existe mente. Parando o tempo, onde você está? O barco está vazio.
O homem do Tao age sem impedimentos.... Você age sempre com impedimentos, o oposto está sempre ali criando o impedimento, você não é um fluxo.
Se você ama, o ódio está sempre ali como um impedimento. Se você se movimenta, alguma coisa está puxando você para trás, você nunca se move totalmente, alguma coisa sempre fica para trás, o movimento não é total. Você move-se com uma perna, mas a outra perna não se move. Como você pode mover-se ? O impedimento está ali.
A sua angústia, a sua ansiedade é esse impedimento, é essa contínua movimentação de uma metade e não movimentação da outra metade. Por que você está tão angustiado?
O que cria tanta angústia em si? Qualquer coisa que você faz, porque você não fica feliz fazendo aquilo? A felicidade somente pode acontecer para o todo, nunca para a parte.
Quando o todo se movimenta sem qualquer impedimento, o próprio movimento é felicidade. Felicidade não é alguma coisa que vem de fora - ela é uma sensação que vem quando o
seu Ser como um todo se movimenta, o próprio movimento do todo é felicidade.
Não é alguma coisa acontecendo para si, ela surge a partir de si, ela é uma harmonia no seu Ser.
Se você está dividido - e você está sempre dividido: metade se movendo, metade segurando; metade dizendo sim, metade dizendo não; metade amando, metade odiando.
Você é um reino dividido, existe um conflito constante dentro de si. Você diz alguma coisa mas aquilo nunca é o que você quer dizer, porque o oposto está ali impedindo, criando uma barreira.
A mente entra quando você está dividido. A mente alimenta-se com a divisão. É por isso que Krishnamurti segue dizendo que quando o observador se torna o observado, você está em meditação.
Sempre que a mente entra, ela entra como uma força controladora, um administrador. Ela não é o mestre, ela é o administrador.
E você não chega até o mestre se o administrador não for colocado de lado. O administrador não permite que você alcance o mestre, o administrador sempre se mantém de pé diante da porta, controlando. E todos os administradores administram mal - a mente tem feito um grande trabalho de má administração.
Lao Tzu disse: quando não havia nem um simples filósofo, tudo se resolvia, não haviam perguntas e todas as respostas estavam disponíveis. Quando os filósofos surgiram, as perguntas vieram e as respostas desapareceram. Sempre que há uma pergunta, a resposta está muito longe. Sempre que você pergunta, você nunca obtém a resposta, mas quando você pára de perguntar, você descobrirá que a resposta sempre esteve ali.
O que é felicidade? Felicidade é a sensação que surge em si quando o observador se torna o observado. Felicidade é a sensação que surge em si quando você está em harmonia,
não fragmentado, uma unidade, não desintegrado, não dividido. Essa sensação não é algo que vem de fora. Ela é a melodia que cresce em si a partir da sua harmonia interior.
O sol está nascendo... de repente você olha e o observador não está ali. O sol não está ali e você não está ali. Não há nenhum observador e nenhum observado.
Simplesmente o sol está nascendo e a sua mente não está ali para controlar. Você não vê e diz: "o sol está lindo". No momento que você disser, a felicidade foi perdida.
Então já não existe nenhuma felicidade, ela já se tornou passado, ela já se foi.
De repente você vê o sol nascendo e aquele que vê não está ali, aquele que vê ainda não entrou, ainda não se tornou um pensamento. Você ainda não olhou, não analisou, ainda não observou. O sol está nascendo e ali não existe ninguém, o barco está vazio, existe felicidade, um vislumbre. Mas a mente imediatamente entra e diz "o sol está lindo, esse nascer do sol está lindo". A comparação entrou e a beleza foi perdida.
Aqueles que sabem, dizem que sempre que você diz: "eu amo-te" para uma pessoa, o amor foi perdido. O amor foi-se porque o amante entrou.
Como pode existir amor quando a divisão, o controlador entra? É a mente que diz: "eu amo-te", porque, na verdade, no amor não existe nenhum eu e nenhum tu.
No amor não existem indivíduos. O amor é uma fusão, uma dissolução, eles não são dois.
O amor existe, não os amantes. No amor, o amor existe, não os amantes, mas a mente entra e diz: "eu estou amando, eu amo-te". Quando o "eu" entra, a dúvida entra, a divisão entra e o amor não está mais ali.
Muitas vezes em meditação você tem alguns vislumbres. Lembre-se: sempre que você sentir tais vislumbres, não diga: "quão belo é", não diga "quão amoroso é", porque é assim que você perde o vislumbre. Sempre que o vislumbre vier, deixe que ele esteja ali...Quando em meditação você tiver um vislumbre de algum êxtase, deixe que ele aconteça, deixe-o ir fundo. Não divida a si mesmo.
Não faça qualquer declaração, senão o contacto será perdido. "
OSHO - The Empty Boat - discurso n. 2
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