TÉCNICA DE ESTIMULAÇÃO CEREBRAL NÃO INVASIVA TRATA A DEPRESSÃO


Foto / Divulgação-Flaviane Figueiredo diz que a EMTr é mais uma alternativa de tratamento dos distúrbios mentais e neurológicos

Técnica de estimulação cerebral não invasiva trata a depressão

Conforme médica, técnica é capaz de provocar mudanças favoráveis e controladas no funcionamento das células do Sistema Nervoso Central


08/03/2020 - 00:00:00. - Por Michelle Rosa

O Brasil tem números alarmantes de indivíduos com depressão e transtornos de ansiedade, acendendo cada vez mais um alerta. De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 12 milhões de pessoas no Brasil (5,8%) sofrem de depressão e 19,4 milhões (9,3%) são ansiosas.

Para combater doenças como essas, técnicas de estimulação cerebral não invasiva, como a Estimulação Magnética Transcraniana Repetitiva (EMTr), estão sendo cada vez mais usadas para tratar os distúrbios neuropsiquiátricos.

De acordo com a médica, Flaviane Palla Lauriana Figueiredo, o equipamento de EMTr é composto pela fonte geradora dos estímulos que são transmitidos através de uma bobina colocada sobre o crânio do paciente, gerando um campo magnético em regiões específicas do cérebro que se quer atingir, conforme a patologia a ser tratada. Dessa forma, a EMTr é capaz de provocar mudanças favoráveis e controladas no funcionamento das células do Sistema Nervoso Central.

“A principal indicação dessa técnica é a depressão, nas suas diversas formas de apresentação, incluindo a que ocorre na gestação e no pós-parto, por ser uma técnica não invasiva, indolor e sem necessidade de sedação ou anestesia”, explica.

Ela conta que a EMTr foi introduzida para uso clínico em 1985 e já é regulamentada em muitos países, como Estados Unidos, Israel, Austrália e em toda a União Europeia. No Brasil, foi aprovada pela Anvisa em 2006 e regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina em 2012. A médica também conta que, além da depressão, a técnica pode ser aplicada em pacientes que demonstram transtornos como: alucinação auditiva da esquizofrenia, zumbido e transtorno bipolar. Já existem estudos sobre o uso da EMTr para tratar dependência química, transtorno do estresse pós-traumático, transtorno de ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), demências, dor crônica e fibromialgia.

Questionada sobre as indicações para o tratamento, a doutora afirma que os casos são mínimos, assim como os efeitos colaterais. “Poucas situações contraindicam o uso da EMTr, como, por exemplo, em pessoas portadoras de implantes cocleares e clip metálico próximo ao local da região a ser estimulada. Já os efeitos colaterais são praticamente nulos. Alguns pacientes podem referir-se a dor de cabeça leve e passageira ou discreta vermelhidão do couro cabeludo da região que recebeu os estímulos, ou ainda desconforto nos ouvidos provocado pelo barulho produzido pelo aparelho durante a estimulação, o que se resolve com o uso de protetores auriculares”, esclarece.

O tratamento é individual e é feito através de sessões diárias, que duram cerca de 30 minutos. O número total de sessões varia em torno de 15 a 20, sendo necessário, em alguns casos, segundo a médica, tratamento de manutenção. “A resposta ao tratamento, geralmente, aparece a partir da primeira semana, mas isso pode variar de paciente para paciente”, conta.

O tratamento com EMTr pode ser feito concomitantemente com o uso das medicações antidepressivas ou quaisquer outras que o paciente faça uso. O importante, nesse caso, é que o mesmo seja avaliado por médico capacitado e devidamente treinado na aplicação dessa técnica.

“A EMTr é mais uma alternativa de tratamento dos distúrbios mentais e neurológicos, com pouco ou nenhum efeito colateral, e sem afetar a rotina do paciente”, conclui. 




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