Encontrar
uma multidao de sadhus reunidos a espera de um prato de comida nao e uma
coisa muito comum para aqueles que sao do ocidente. No entanto, quando se esta
na India e se tem a oportunidade de presenciar essa reuniao ate mais de uma vez,
isso deixa de ser novidade e se torna um momento para reflexao.
Trajando
roupas em tons de laranja e muitos deles ate caprichando no visual, os sadhus
que vivem pelos lados de Rishikesh vieram alimentar-se da boa comida
oferecida pelo Ashram do Swami Dayananda Saraswati.
Como um
gesto nobre, nao deixando de tambem ser um ato de caridade, todos os
renunciantes que regularmente comparecem ao ashram se colocam em baixo de
uma grande tenda, sentados e enfileirados, enquanto voluntarios passam a
servi-los.
Inevitavelmente
os curiosos que por la estao observam a cena e fotografam. Mas, ate que ponto e
valido alimentar um grupo de pessoas que vive por ai sem beira e nem eira, os
quais a maioria deles pressupoem-se viverem o papel de
renunciante.
Renunciante
e aquele que deixou tudo na vida para viver com o minimo possivel, ou melhor,
recebendo ajuda alheia para sobreviver. Aqueles que dao algo para os que
dispensaram o conforto da vida para se dedicar a busca espiritual profunda, ou
nem tanto assim, na verdade, sem distincao praticam o karma
Yoga.
Doadores
que de modo algum questionam o fim da acao, mas que por vezes podem ser
supreendidos por alguma observancia que nao combina bem com o proposito daquele
que na verdade diz ter renunciado, como por exemplo, notar que certos
sadhus ate celulares possuem. Entao, sera que poderiamos considera–los
totalmente renunciantes.
A grande
maioria talvez nao seja, mas para quem oferta a bandhara, o alimento que
nutre os sadhus, sejam possuidores de celulares ou nao, nao se faz
necessario questionar se os que por la estao realmente vivem uma vida de
renuncia; pois o que mais vale, naquele momento, e a intencao de sinceramente
ajuda-los com o alimento de uma boa refeicao.
Em
complemento a este gesto, apos a bandhara notas de cem rupias sao
distribuidas a todos aqueles que almocaram, mediante um controle que consiste na
devolucao pelo sadhu de um papel antes lhe entregue, que na verdade e uma
especie de recibo que presumivelmente visa a nao repeticao desta
acao.
Alimentar
o proximo seja sadhu ou nao, sem receber qualquer tipo de retribuicao e
uma tradicao que na India perdura nos tempos e assim continuara. No entanto,
viavel consignar que mesmo que um swami possa na sua essencia ser
considerado um sadhu, um sadhu nao e um swami. E olha que
existem swamis e swamis.
Harih
Om!
HUMBERTO MENEGHIN
fotos pelo autor
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