O QUE SÃO TERRAS-RARAS? ENTENDA COMO É A EXTRAÇÃO DESSES MINERAIS E POR QUE SE TORNARAM TÃO COBIÇADOS NO MUNDO
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O que são
terras-raras? Entenda como é a extração desses minerais e por que se tornaram
tão cobiçados no mundo
Insumos essenciais para indústrias de
alta tecnologia e baixo carbono viraram um dos pontos que podem facilitar as
negociações entre Brasil e EUA por tarifaço
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— Rio de Janeiro
07/12/2025 04h00 Atualizado há 21
horas
O rápido desenvolvimento de novas tecnologias avançadas, das baterias de carros elétricos e painéis fotovoltaicos aos semicondutores e armamentos, provocou um aumento global da demanda por minerais críticos que são insumos dessas novas indústrias.
As chamadas terras-raras estão entre as mais cobiçadas matérias-primas do mundo atualmente e ganharam uma importância geopolítica sem precedentes com a guerra comercial promovida pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
O Brasil desponta com vantagens naturais nessa corrida. Reportagem do GLOBO mostra que oito projetos de mineração de elementos de terras-raras (ETRs) em curso no Brasil poderão desenvolver mais de um terço da reserva potencial do país — considerada a segunda maior do mundo, só atrás da da China, que domina esse mercado, incomodando Trump.
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São 21 milhões de toneladas totais de óxidos de terras-raras (TREO, em inglês), atrás só da China, conforme o Serviço Geológico dos EUA (USGS). Os projetos mais avançados, em Minas, Goiás, Bahia e Amazonas, somam 38% disso, com capacidade de produzir 7,98 milhões de toneladas de TREOs, segundo o relatório do Cebri e informações das empresas.
Para acadêmicos, consultores e executivos, o Brasil se destaca nesta nova dinâmica pelo tamanho e pela qualidade das reservas. Segundo estimativa recente do Ibram, que reúne empresas brasileiras de mineração, os investimentos somam US$ 2,2 bilhões (R$ 11,5 bilhões) de 2025 a 2029.
Do que estamos falando?
São muitos os bilhões envolvidos sempre que se fala neste assunto, mas, afinal, de que tipo de matéria-prima todo o mundo está cobiçando como nunca? O que de fato está em jogo? Confira a seguir infográficos que vão te ajudar a entender mais desse assunto.
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Onde estão as reservas brasileiras?
O Brasil tem interesse em atrair investimentos para explorar ETRs, cuja produção demanda uma cadeia industrial de beneficiamento. Os oito projetos mais adiantados no país foram mapeados em um relatório do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), feito com o Ibram e instituições de pesquisa.
Estão à frente deles empresas estrangeiras, principalmente pequenas mineradoras de capital aberto, conhecidas como “junior mineral companies”, de EUA, Austrália e Canadá. No entanto, a maior parte está em estágios inicias e apenas um está em operação. Faltam planos para explorar cerca de dois terços do potencial brasileiro.
O Brasil tem ainda outros 12 projetos nessa área, a maioria ainda sem reservas estimadas. A Terra Brasil Minerals espera concluir nos próximos meses a venda de uma fatia minoritária de suas ações para investidores internacionais como forma de levantar US$ 1 bilhão (R$ 5,3 bilhões) para iniciar um outro projeto em Patos de Minas (MG) que combina ETRs com fosfato e potássio, usados na fabricação de fertilizantes, informou a Reuters.
Por que nossas reservas são competitivas?
Além de o Brasil ter grandes reservas de terras-raras, está em uma posição única fora da Ásia no quesito qualidade. O país tem ETRs em depósitos de argila iônica. Reservas desse tipo, na província de Jiangxi, no centro-sul da China, foram o diferencial do país asiático para dominar o setor.
Antonio de Castro, gerente de exploração da Brazilian Critical Minerals (BCM), mineradora de capital aberto na Bolsa australiana, diz que a transposição de tecnologia chinesa para o Brasil reduz o investimentos necessários para a produção, confirmando a competitividade brasileira
— Não é o momento de inventar e, sim, de copiar. Toda a Ásia faz (a lixiviação, uma espécie de lavagem) in situ (no local). Resolvemos fazer também — diz Castro, prevendo o início das operações para 2027. — Hoje, a BCM é a única empresa no Ocidente que está caminhando para produzir como os chineses e os asiáticos produzem (fora da China).
Aldeias quenianas e floresta estão no centro da disputa global sobre terras-raras
Por que esse tipo de mineração importa?
O investimento da China no setor, mantido estrategicamente por Pequim desde os anos 1980, deu-se com saltos tecnológicos que derrubaram custos de produção e deram à China uma grande competitividade no momento em que a indústria de tecnologia e transição energética precisa cada vez mais de terras-raras.
Enfrentar a competitividade da China não é simples, mas as rusgas diplomáticas com os EUA estão estimulando o Ocidente a buscar fontes alternativas. Esse desafio é uma oportunidade de atração de investimentos e negócios para o Brasil.
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Como é a complexa cadeia de produção de terras-raras?
Segundo Fernando Landgraf, professor da Escola Politécnica da USP, a corrida por alternativas à China nos ETRs precisa ir além da pesquisa de reservas e concessões. Passa por investimentos nas demais fases industrias de beneficiamento dos minerais.
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No caso das terras-raras, trata-se de um sofisticado processo de separação de elementos e tratamentos para chegar aos insumos que as indústrias de tecnologia buscam. A China desenvolveu muito bem essa cadeia. Nem EUA nem a Europa têm capacidade de refino para atender a demanda ocidental. A produção de baixo custo chinesa inviabilizou vários projetos similares fora da Ásia nos últimos anos.
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O Brasil tem uma estratégia?
A resposta para o título acima é: não. Ou ao menos não ainda. Um projeto de lei (PL) tramita no Congresso para dar ao Brasil uma Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos. O relator, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), já indicou informalmente nas linhas gerais de seu parecer um pacote de incentivos para atrair investimentos em beneficiamento e refino.
Parte dos especialistas defende políticas industriais para o setor, embora incentivos malsucedidos do passado sejam frequentemente citados como sinal de alerta. Executivos apontam a importância de priorizar e agilizar os processos de licenciamento ambiental, ainda que seja mantido o rigor. Por outro lado, a mineração é um dos setores que mais preocupam ambientalistas.
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— Temos um problema estrutural: é difícil desenvolver indústria no
Brasil — diz Aline Nunes, gerente de Assuntos Minerários do Ibram. — Sem
incentivos fiscais e atração de investimentos é impossível.
O relatório de Jardim deve prever um pacote com benefícios tributários,
autorização para emissão de títulos de dívida incentivados — similares às
chamadas “debêntures de infraestrutura”, com isenção tributária — e o Fundo
Garantidor da Atividade Mineral, destinado à concessão de garantias a
financiamentos para pequenas mineradoras, que têm caixa apertado e poucos
ativos.
A falta de garantias é um obstáculo até mesmo para créditos do BNDES, que
estimula investimentos produtivos. Os benefícios não seriam restritos ao setor
de terras-raras.
O BNDES promete para o início de 2026 a aprovação dos primeiros projetos
da Chamada Pública de Planos de Negócios para Investimentos em Transformação de
Minerais Estratégicos, que distribuirá R$ 5 bilhões, em parceria com a Finep,
agência de fomento à inovação do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação
(MCTI).
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Em junho, a primeira etapa de seleção da chamada escolheu 56 projetos, que preveem R$ 45,8 bilhões. Embora os R$ 5 bilhões disponíveis — para crédito, títulos de dívida e até investimentos em participação acionária — pareçam pouco perante os planos de investimento, BNDES e Finep veem espaço para conseguir mais recursos ao longo do tempo.
Fonte:https://oglobo.globo.com/economia/negocios/noticia/2025/12/07/o-que-sao-terras-raras-entenda-como-e-a-extracao-desses-minerais-e-por-que-se-tornaram-tao-cobicados-no-mundo.ghtml
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