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China lança
ofensiva em terras raras em parceria com 19 países
Diante de pressão dos Estados Unidos,
Pequim propõe uma cadeia alternativa de suprimentos desses minerais
Por Bloomberg — Johannesburgo
23/11/2025 22h13 Atualizado há 4 dias
No fim da Cúpula do G20, na África do Sul, a China anunciou uma iniciativa de mineração verde com 19 países — incluindo Camboja, Nigéria, Mianmar e Zimbábue, todos ricos em recursos — e em parceria com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial. E dá o pontapé para criar uma cadeia de suprimentos desses minerais.
O anúncio demonstra que o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, participou do evento não apenas preparado para defender as restrições de seu país às terras raras, mas também munido de propostas para responder às preocupações das nações em desenvolvimento.
Os minerais críticos se tornaram um tema central do evento do G20 neste fim de semana. Houve sessões dedicadas ao assunto em um momento em que líderes europeus enfrentam problemas nas cadeias de suprimentos e países do Sul Global pedem ajuda para se beneficiarem de uma indústria em expansão na qual Pequim domina a etapa de processamento.
Li apresentou respostas para ambos os problemas. Em um discurso neste domingo, ele justificou a necessidade de “gerenciar com cautela” as exportações de minerais críticos para uso militar, explicando a lógica chinesa para suas amplas restrições.
Horas depois, a China revelou detalhes da iniciativa global de mineração com países aliados, numa aparente resposta aos esforços dos Estados Unidos para mobilizar parceiros em prol de uma cadeia alternativa de suprimentos de terras raras.
Pequim irá “promover a cooperação mutuamente benéfica e o uso pacífico de minerais essenciais”, disse Li, prometendo que seu país “protegerá os interesses dos países em desenvolvimento, ao mesmo tempo que trata com prudência dos usos militares e outros usos”.
Trunfo chinês
O presidente Xi Jinping vem usando como arma o domínio de seu país sobre terras raras — essenciais para fabricar desde mísseis até telefones celulares — na tentativa de proteger a economia chinesa das tarifas altíssimas de Donald Trump. Nenhum dos dois líderes esteve na cúpula deste fim de semana, deixando para o número dois da China a tarefa de responder a perguntas sobre as retaliações de Pequim na guerra comercial.
Mesmo antes do início das discussões, o G20 fez uma crítica velada à China em sua declaração conjunta, mencionando “ações comerciais unilaterais” que restringem o acesso a minerais críticos — um ponto de tensão recorrente para países industrializados como Alemanha e Japão.
O documento também apresentou o compromisso de criar um plano voluntário para garantir que os recursos minerais críticos “se tornem um motor de prosperidade e desenvolvimento sustentável”, refletindo as preocupações de nações em desenvolvimento.
— Os países não querem apenas que China ou Estados Unidos cheguem lá e comecem a perfurar — disse Kevin Gallagher, professor de política de desenvolvimento global na Universidade de Boston. — Eles querem que China e Estados Unidos, em troca do acesso a esses minerais, ofereçam algum tipo de investimento em refino.
Lula: ‘Não seremos só exportadores’
Reforçando esse ponto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro que o Brasil se recusa a ser apenas um fornecedor de matéria-prima.
— Não seremos apenas exportadores, mas parceiros na cadeia global de valor dos minerais críticos — afirmou em um discurso.
Em uma coletiva de imprensa ao fim da cúpula, a China revelou detalhes de sua resposta a esse problema, lançando a iniciativa de mineração verde. Pequim, no entanto, não se comprometeu com nenhum valor financeiro para o programa, descrito em um documento com poucos detalhes.
A iniciativa busca construir uma rede inclusiva para garantir uma mineração “justa e razoável, estável e tranquila” de minerais críticos, segundo a mídia estatal chinesa.
O primeiro-ministro da Irlanda, Micheal Martin, disse que as discussões no G20 sobre o tema dos minerais foram encorajadoras.
— Espero que, graças a essas reuniões e encontros, possamos evitar que situações semelhantes ocorram no futuro e garantir acesso real às terras raras — afirmou aos jornalistas.
Apelos de lideranças europeias
As nações europeias vêm sendo fortemente impactadas pela decisão da China de exigir licenças de exportação para metais com finalidade militar. Diversos líderes, como os de França, Alemanha, Reino Unido e Irlanda, devem viajar à China nos próximos meses, com o acesso às terras raras provavelmente no topo das agendas.
China e Estados Unidos ainda estão finalizando negociações para conceder “licenças gerais” que liberariam o fluxo de terras raras, após Xi ter firmado no mês passado uma trégua comercial com Trump, que classificou o acordo como algo benéfico “para o mundo inteiro”.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, destacou ao premiê chinês a importância de garantir cadeias de suprimento para “componentes essenciais à produção industrial”, segundo o comunicado italiano. Não ficou claro como Li respondeu, já que a nota chinesa não mencionou essa conversa.
Ao final da cúpula, Thandi Moraka, vice-ministra de Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, disse em uma coletiva ao lado de um representante chinês que, para muitos países africanos, a prioridade é fortalecer capacidade técnica.
— Muitos países em desenvolvimento ricos em minerais, especialmente em nosso continente africano, não se beneficiaram plenamente devido à falta de investimentos — acrescentou.
Fonte:https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2025/11/23/china-lanca-ofensiva-em-terras-raras-em-parceria-com-19-paises.ghtml
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