Extremistas usam plataformas de videogame para
recrutar jovens online
Estudo britânico revela que
plataformas adjacentes aos jogos estão sendo usadas como "playgrounds
digitais" para atividades extremistas
Por
Renata Turbiani
04/08/2025 14h03 Atualizado há uma
semana
Em artigo publicado no periódico Frontiers in Psychology, a dupla aponta que as plataformas adjacentes aos jogos, que permitem aos jogadores bater papo e fazer transmissões ao vivo, estão sendo usadas para atividades extremistas e que os jogadores estão sendo deliberadamente "canalizados" por extremistas das principais plataformas de mídia social para esses sites, em parte devido aos desafios enfrentados para moderá-los.
“Essas plataformas adjacentes aos jogos oferecem aos extremistas acesso direto a públicos grandes, geralmente jovens e impressionáveis, e se tornaram uma ferramenta fundamental para o recrutamento de extremistas”, disse Allchorn, em comunicado. “As plataformas de mídia social atraíram a maior parte da atenção de legisladores e reguladores na última década, mas essas plataformas passaram despercebidas, ao mesmo tempo em que se tornaram playgrounds digitais para extremistas explorarem.
O estudo destaca que o extremismo de extrema direita é a ideologia mais comum compartilhada. Isso inclui conteúdo que promove a supremacia branca, o neonazismo e o antissemitismo, frequentemente acompanhado de misoginia, racismo, homofobia e teorias da conspiração, incluindo referências ao movimento conspiratório QAnon.
O extremismo islâmico também foi relatado, embora com menos frequência, juntamente com material "extremista adjacente", como a glorificação de tiroteios em escolas. E títulos de jogos hipermasculinos, como jogos de tiro em primeira pessoa, têm um apelo particular entre os extremistas.
A forma como eles atuam é a seguinte: primeiro, fazem contato nos jogos e, depois, ocorre o que os pesquisadores chamam de funilamento, quando as interações são transferidas para plataformas adjacentes aos jogos, menos regulamentadas. Lá, eles socializam, compartilham propaganda e recrutam.
Uma preocupação recorrente entre os participantes do estudo - moderadores de conteúdo de plataformas, especialistas da indústria de tecnologia e pessoas envolvidas na prevenção e combate ao extremismo violento - é o perigo de usuários mais jovens ficarem sob a influência de influenciadores extremistas.
Eles salientaram que as autoridades policiais precisam entender melhor como essas plataformas e suas subculturas operam e enfatizaram a importância de educar pais, professores e crianças sobre os riscos da radicalização online.
No caso específico dos moderadores, eles expressaram frustração com as políticas de aplicação inconsistentes em suas plataformas e o fardo de decidirem se o conteúdo ou os usuários devem ser denunciados às agências policiais locais.
E, embora o bate-papo no jogo não seja moderado, esse grupo relatou estar sobrecarregado pelo volume e pela complexidade do conteúdo prejudicial, incluindo o uso de símbolos ocultos, frequentemente usados para contornar palavras proibidas.
Ferramentas de IA estão sendo usadas para auxiliar na moderação, mas têm dificuldade para interpretar memes ou quando a linguagem é ambígua ou sarcástica. Frases como "Vou te matar" podem ser comuns em jogos, mas são difíceis para sistemas automatizados interpretarem em contexto.
“A natureza da radicalização e da disseminação de conteúdo extremista não se limita a uma única plataforma e nossa pesquisa identificou uma ampla falta de ferramentas eficazes de detecção e denúncia”, alertou Allchorn.
E ele completou: “Muitos usuários não sabem como denunciar conteúdo extremista e, mesmo quando o fazem, muitas vezes sentem que suas preocupações não são levadas a sério. Fortalecer os sistemas de moderação, tanto de IA quanto humanos, é essencial, assim como atualizar as políticas da plataforma para lidar com conteúdo prejudicial, mas tecnicamente legal. Ações decisivas funcionam, e as plataformas podem fazer mais para ajudar a conter a disseminação do extremismo”.
Alerta para os pais
A situação é tão preocupante que, em julho, o Policiamento Antiterrorismo (CTP), o MI5 e a Agência Nacional do Crime (NCA) emitiram pela primeira vez um alerta público aos pais de que criminosos online explorarão as férias escolares para se envolver em atos criminosos com jovens.
Sabemos que os pais se importam profundamente em manter seus filhos seguros online e, dado o mundo digital em constante desenvolvimento, isso pode parecer uma batalha difícil”, apontou Vicki Evans, coordenadora Nacional Sênior de Prevenção e Perseguição do CTP. “Queremos que os pais capacitem seus filhos para que saibam o que fazer caso se deparem com conteúdo inapropriado online.”
Fonte:https://epocanegocios.globo.com/mundo/noticia/2025/08/extremistas-usam-plataformas-de-videogame-para-recrutar-jovens-online.ghtml
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