QUANTOS POR CENTO DO CÉREBRO OS HUMANOS USAM?

 

Imagem ilustrativa sobre a capacidade do cérebro humano
(Imagem: earth phakphum / shutterstock.com)
Quantos por cento do cérebro os humanos usam?
Medir a capacidade do cérebro humano é um desafio, já que diferentes áreas se ativam para desempenhar funções específicas desta rede complexa
Por Renata Mendes Gonçalves, editado por Bruno Ignacio de Lima  02/09/2024 07h20, atualizada em 05/09/2024 11h18
Uma coisa é certa, nós, seres humanos, nos encantamos por uma boa história, seja lenda, fantasiosa ou uma teoria da conspiração digna de um filme de ficção científica e, repetida várias vezes, acaba se tornando uma ‘verdade’ difícil de desmentir. E uma delas diz respeito à capacidade percentual de uso do cérebro humano.

A ideia de que os humanos usam apenas 10% do cérebro é um mito amplamente difundido, mas incorreto. Na realidade, os humanos utilizam praticamente todas as partes do cérebro, embora nem todas as regiões estejam ativas ao mesmo tempo. Sites como Scientific AmericanBrainFacts.org (da Society for Neuroscience), e Snopes frequentemente abordam e corrigem equívocos sobre o cérebro humano, incluindo o mito dos 10%.

Durante o dia, usamos diferentes partes do cérebro para diversas funções, como movimento, fala, processamento sensorial, pensamento e emoções. Estudos de neuroimagem (como ressonância magnética funcional e tomografia por emissão de pósitrons) mostram que praticamente todas as áreas do cérebro têm alguma atividade ao longo do tempo, mesmo quando estamos descansando ou dormindo.

O cérebro é composto de diferentes áreas, cada uma especializada em funções distintas. Por exemplo, o córtex motor é responsável pelo movimento, o lobo occipital processa a visão, e o sistema límbico está envolvido com emoções e memória. Em tarefas específicas, algumas áreas podem estar mais ativas do que outras, mas isso não significa que as outras áreas estejam “desligadas” ou não sendo utilizadas.

Origem do Mito dos 10%

(Imagem: Pixabay)

Até a origem do mito que afirma que usamos apenas 10% da capacidade cerebral é controversa. Esse mito pode ter se originado de mal-entendidos sobre pesquisas neurológicas do início do século XX, que, na época, sugeriram que apenas uma pequena parte do cérebro parecia estar envolvida em funções conhecidas. No entanto, isso não significava que o restante do cérebro era inútil ou não utilizado.

A influência da cultura popular também exerceu uma forte influência em disseminar essa história. Filmes, livros e outras mídias populares ajudaram a perpetuar a ideia errônea de que apenas uma pequena parte do cérebro é usada, sugerindo que haveria um “potencial inexplorado” esperando para ser desbloqueado.

E não, a ideia de que usamos apenas 10% do nosso cérebro não surgiu no livro “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas” de Dale Carnegie. O livro, publicado em 1936, é um manual de habilidades interpessoais, focado em técnicas de comunicação eficaz, empatia, e estratégias de persuasão. Ele não aborda a questão do uso do cérebro ou faz menção à porcentagem de uso cerebral. Carnegie estava interessado em como as pessoas poderiam melhorar suas relações pessoais e profissionais, e não em discutir capacidades cerebrais ou mitos relacionados ao funcionamento do cérebro.

Alguns atribuem a origem do mito ao psicólogo William James, que, no início dos anos 1900, falou sobre o potencial humano inexplorado, embora nunca tenha mencionado uma estatística de 10%. Ele sugeria que muitas pessoas não utilizavam todo o seu potencial mental, mas isso não era uma afirmação sobre o uso fisiológico do cérebro.

Sendo assim, a realidade científica é outra e bem mais complexa. O cérebro é altamente plástico, o que significa que ele pode adaptar suas funções e redistribuir atividades em resposta a lesões ou mudanças no ambiente. Isso é uma evidência de que o cérebro está em constante uso e adaptação.

E, apesar de representar cerca de 2% do peso corporal, o cérebro consome aproximadamente 20% da energia do corpo. Essa alta demanda energética indica que o cérebro está constantemente ativo e trabalhando em várias funções simultâneas.

Fonte:https://olhardigital.com.br/2024/09/02/medicina-e-saude/quantos-por-cento-do-cerebro-os-humanos-usam/


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