O AMBIENTE QUE FAZ MAL: EM PARALELO AO AUMENTO DE NOSSA EXPOSIÇÃO A PRODUTOS QUÍMICOS, CERTAS DOENÇAS TÊM TIDO AUMENTOS DIRETAMENTE PROPORCIONAIS
Em paralelo ao aumento de nossa exposição a produtos químicos, certas doenças têm tido aumentos diretamente proporcionais: o câncer em pessoas com menos de 50 anos cresceu 79% entre 1990 e 2019. A fertilidade masculina decresceu 51% em 50 anos. Não é coincidência.
As crianças são mais sensíveis e vulneráveis aos efeitos dessas substâncias, por estarem em desenvolvimento acelerado (e isso inclui o crescimento intrauterino). O impacto é notável, inclusive no aumento significativo de condições como autismo, puberdade precoce, obesidade e câncer infantil.
Alguns exemplos: plásticos usados em embalagens industriais e potes caseiros liberam substâncias como o bisfenol A (BPA), ftalatos e outros, que são desreguladores hormonais. Podem causar problemas no crescimento, no metabolismo, no desenvolvimento sexual e no comportamento. Ftalatos, parabenos e outras substâncias potencialmente nocivas estão presentes também em produtos de limpeza e cosméticos como hidratantes e protetores solares, muito usados na infância. Sem falar no modismo patético de skin care e maquiagem infantil.
A alimentação é um ponto crítico. Vivemos um verdadeiro massacre de agrotóxicos no Brasil. Empresas multinacionais e o agro nada pop envenenam nossas terras, rios e água das cidades com substâncias altamente nocivas, muitas proibidas no mundo todo, usadas em quantidades avassaladoras, bem acima dos níveis permitidos no hemisfério norte. Quem mais sofre são as populações do campo, inclusive os agricultores familiares, atingidos pela pulverização alheia, e muitas vezes de forma proposital e criminosa. Essas populações sofrem com mortalidade precoce por várias causas, além de malformações e autismo em seus filhos.
Os agrotóxicos estão presentes nas frutas, legumes, grãos e verduras, e especialmente nos alimentos ultraprocessados. Estes trazem também diversos outros venenos, como conservantes, corantes, espessantes, adoçantes e outras “cosméticas” usadas para torná-los saborosos e duráveis, que contribuem para problemas como alterações no microbioma, inflamação, obesidade, câncer, diabetes, infarto, depressão e risco de TDAH.
A poluição do ar, com partículas tóxicas emitidas por carros, indústrias e queimadas prejudicam o sistema respiratório, aumentando casos de asma, alergias, riscos de déficits cognitivos, transtornos do desenvolvimento e baixa imunidade.
Os micro e nanoplásticos são um problema descoberto há pouco tempo. Eles chegam ao nosso organismo vindos de embalagens descartáveis, roupas sintéticas e produtos de beleza. Se acumulam em todos os órgãos, e inclusive no leite materno e na placenta. Não se sabe ainda ao certo, mas é provável que contribuam para um grande número de doenças.
Não me odeie, querido leitor, por trazer um tema difícil e mais uma preocupação para pais e mães às vésperas do Natal. Prometo que depois da festa, antes do ano novo, trago aqui possíveis saídas e soluções. E acredite: há muito que podemos fazer. Bom Natal para todos, com muita conexão, risos e abraços.
Fonte:https://oglobo.globo.com/blogs/daniel-becker/post/2024/12/o-ambiente-que-faz-mal.ghtml
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