Israel x
Hezbollah: Medo toma conta de população libanesa após sequência de ataques
israelenses
Ataque desta sexta-feira deixou ao
menos 14 mortos e 66 feridos, incluindo crianças, segundo o Ministério da Saúde
do país
Por O Globo e agências internacionais — Beirute
20/09/2024 17h06 Atualizado há 2 dias
O ataque israelense desta sexta-feira, que eliminou um líder militar do Hezbollah, deixou ao menos 14 mortos (entre eles ao menos 10 comandantes do grupo) e 66 de feridos, incluindo crianças, no subúrbio ao sul de Beirute, um reduto do movimento xiita libanês pró-Irã. Equipes de resgate ainda buscam pessoas sob os escombros de dois prédios, informou a Defesa Civil do país. O bombardeio ocorreu um dia após o líder do grupo, Hassan Nasrallah, prometer uma resposta pelos ataques atribuídos a Israel no Líbano nesta semana, e acontece em um momento em que as preocupações sobre uma guerra em grande escala entre Israel e o Hezbollah aumentam.
Segundo a mídia libanesa, um F-35 israelense realizou o ataque com dois mísseis, que atingiram dois prédios no subúrbio de Dahiyeh. Imagens transmitidas pela televisão local mostraram feridos sendo resgatados dos escombros de um prédio desabado, além de ambulâncias seguindo para o local atingido. A ofensiva ocorreu durante o horário de pico, enquanto civis saíam do trabalho e estudantes voltavam para casa, publicou a Associated Press.
Repórteres da AFP disseram que o ataque abriu uma enorme cratera e destruiu os andares inferiores do prédio. Moradores descreveram uma cena caótica enquanto ambulâncias corriam pelas ruas.
Diana, uma libanesa que tem família nos subúrbios do sul de Beirute, relatou ao al-Jazeera o medo ao ouvir sobre o ataque israelense. Embora ela e o marido não morem em Dahiyeh, ele frequenta a área a trabalho, o que a deixou extremamente preocupada até receber resposta dele após o ataque.
— Quando o que aconteceu aconteceu, meu coração parou no lugar. Só quando ele me respondeu, comecei a me acalmar um pouco, e comecei a chorar — contou ao jornal catari. — Todo mundo está com medo. A esposa do meu tio [que mora nos subúrbios do sul] me ligou chorando. Ela disse: "Eu não aguento mais isso. Estou arrumando minhas roupas para sair".
A Defesa Civil Libanesa solicitou que os cidadãos ficassem em suas casas para manter as estradas livres para os trabalhadores de emergência que estavam transportando feridos para os hospitais. Ao mesmo tempo, muitos libaneses compartilharam fotos de familiares desaparecidos após o ataque, incluindo seus números de telefone, na esperança de informações sobre eles.
— Não temos medo, mas queremos uma solução. Não podemos continuar com o país assim — disse Alain Feghali, morador de Beirute que falou à Reuters. — Guerra? Não sei se começou ou não, mas nada é reconfortante. Está claro que os dois lados não vão parar.
'Terrorismo internacional'
Hospitais libaneses já estavam lotados desde que dispositivos de comunicação portáteis importados pelo Hezbollah explodiram simultaneamente por todo o país em dois dias consecutivos. Dezenas de pessoas foram mortas e milhares de outras ficaram feridas em ataques que espalharam o terror de que objetos simples carregados nas bolsas e bolsos das pessoas poderiam facilmente se tornar bombas.
Instituições públicas baniram pagers, o Exército libanês coletou e detonou dispositivos suspeitos, e a autoridade de aviação civil proibiu passageiros de companhias aéreas de viajar com pagers e walkie-talkies.
Mohammed Ghobris, um cirurgião do sul do Líbano, disse que recebeu dezenas de pacientes feridos pelos pagers explodindo após as primeiras explosões na terça-feira. Agora ele estava em Beirute, onde seu cunhado, Sajid Ghobris, acordou e descobriu que estava sem um olho e que uma de suas mãos havia sido amputada no pulso. Três outros parentes dele também ficaram feridos.
— Isso é terrorismo internacional — disse.
Uma mulher chamada Hanan disse que era o segundo funeral que ela comparecia em dois dias e que quatro de seus parentes estavam no hospital como resultado dos ataques. Entre eles estava sua cunhada, que ela disse ter se ferido quando o pager do marido explodiu.
— Isso desencadeou medo, pânico e horror generalizados entre as pessoas no Líbano, que já sofrem em uma situação cada vez mais volátil desde outubro de 2023 e desmoronam sob uma crise econômica severa e de longa data — disse Volker Turk, chefe de Direitos Humanos da ONU.
Com AFP e NYT.
Fonte:https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2024/09/20/israel-x-hezbollah-medo-toma-conta-de-populacao-libanesa-apos-sequencia-de-ataques-israelenses.ghtml
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