HEZBOLLAH DISPARA CERCA DE 200 FOGUETES CONTRA ISRAEL APÓS SOFRER MAIOR ATAQUE DESDE O COMEÇO DA GUERRA
Hezbollah
dispara cerca de 200 foguetes contra Israel após sofrer maior ataque desde o
começo da guerra
Exército de Israel determina que
moradores da fronteira norte se mantenham perto de abrigos antibomba para
atenderem alertas a tempo; Exército de Israel ataca reduto do grupo em Beirute
e deixa oito mortos
Por O Globo, com agências internacionais — Tel Aviv e Beirute
20/09/2024 08h45 Atualizado há um dia
O movimento libanês Hezbollah disparou cerca de 200 foguetes contra o norte de Israel nesta sexta-feira, um dia após as Forças Armadas israelenses executarem o maior ataque aéreo contra posições do grupo no Líbano desde o começo da guerra em Gaza, há mais de 11 meses. A situação na fronteira entre os dois países se degradou rapidamente após a detonação de milhares de walkie-talkies e pagers atribuído a uma ação secreta israelense — que não comenta o caso. O Exército de Israel, por sua vez, anunciou ter destruído vários alvos no sul do Líbano, além de ter conduzido um ataque aéreo no subúrbio de Dahiyeh, um reduto do Hezbollah na capital do país, Beirute, deixando ao menos 14 mortos, incluindo um alto comandante do grupo. Em meio de pedidos de cautela, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu nesta sexta-feira para tratar do assunto.
Sirenes e sinais de alerta soaram em cidades e vilarejos ao longo das Colinas de Golã e da Galileia, na fronteira norte de Israel, em meio quatro rodadas de foguete disparadas pelo Hezbollah. O porta-voz das Forças Armadas israelenses, Daniel Hagari, que cerca de 200 foguetes foram disparados. Sessenta 60 projéteis foram lançados contra a cidade de Safed, sendo parte deles abatida e o restante caindo em áreas abertas. Menos de 30 minutos após o primeiro ataque, uma segunda rajada de 70 foguetes foi detectada pelas autoridades, seguida pela terceira rajada com 20.
Uma última rajada de foguetes foi disparada após Israel executar um bombardeio contra um reduto do Hezbollah em Beirute. O Exército israelense afirmou que o ataque se tratou de uma ação "direcionada" contra o comando do grupo, que considera terrorista. Porta-vozes militares confirmaram que o chefe das Forças Radwan, a unidade de elite do Hezbollah, Ibrahim Aqil, e uma dezena de comandantes morreram.
Em um comunicado, o Hezbollah afirmou que o último ataque que lançou atingiu uma base de inteligência israelense. O grupo fez referência ao envolvimento do local com a realização de "assassinatos". O ataque teria sido realizado com foguetes Katyusha, de origem soviética.
"[Atacamos o] principal quartel-general da inteligência na região norte [de Israel], responsável por assassinatos (...) em resposta aos ataques do inimigo israelense", informou o Hezbollah em um comunicado.
As forças de segurança israelenses emitiram alertas para várias regiões do norte do país, em meio ao aprofundamento de tensões com o Hezbollah. Moradores de comunidades na Galileia foram advertidos a se manterem perto de abrigos antibomba, diante das ameaças do Hezbollah de intensificar os combates.
O líder do movimento libanês, Hassan Nasrallah, prometeu que Israel sofreria uma "punição justa" após a detonação de equipamentos de comunicação do grupo — uma ação que deixou 37 mortos e mais de 3 mil feridos. Enquanto o líder do grupo xiita fazia promessas de retaliação em um discurso televisionado, Israel lançou um ataque aéreo em larga escala, considerado o maior contra o vizinho do norte desde o início das hostilidades, contra 100 bases de lançamento de foguete, atingindo mil lançadores "prontos para ser usados no futuro imediato para fazer disparos contra o território israelense". O Exército israelense também afirmou ter destruído um depósito de armas da organização e prédios ligados à estrutura do grupo.
Rivais regionais e inimigos em outros confrontos, como durante a Segunda Guerra do Líbano, em 2006, Israel e Hezbollah voltaram a trocar hostilidades após o início da guerra em Gaza. Em solidariedade ao grupo terrorista palestino Hamas, o movimento libanês lançou ataques contra o norte de Israel — principalmente com o disparo de foguetes, mísseis e projéteis de artilharia. Antes dos disparos desta sexta-feira, o Hezbollah já havia assumido responsabilidade por pelo menos 17 ataques contra 14 alvos militares no norte de Israel na quinta-feira.
Desde o início das hostilidades entre o Hezbollah e Israel, centenas foram mortos nos ataques em território libanês e dezenas em solo israelense, enquanto um total de 150 mil civis de ambos os lados da fronteira entre os dois países foram deslocados.
A ONU, os EUA e várias potências internacionais fizeram pedidos de moderação diante do receio de uma escalada de violência na região. De Beirute, o primeiro-ministro libanês, Nayib Mikati, apelou à ONU para que tome “uma posição firme para travar a agressão israelense contra o Líbano e a guerra tecnológica que está travando” pouco antes do início da reunião. O chanceler do país, Abdullah Bu Habib, disse que apresentará uma queixa ao Conselho de Segurança para denunciar a "agressão ciberterrorista de Israel", que ele descreveu como um "crime de guerra".
O Hezbollah culpa Israel pela explosão de dispositivos de comunicação de membros da formação xiita na terça e quarta-feira em várias regiões do Líbano — algo que Israel não admitiu estar por trás. Em discurso, Nasrallah acusou Israel de ter ultrapassado “todas as linhas vermelhas” e denunciou um “massacre” que poderia ser considerado “uma declaração de guerra”.
Israel indicou nesta semana que a guerra contra o Hezbollah seria o novo foco em sua batalha contra inimigos regionais, em conexão com a guerra em Gaza. O ministro da Defesa Yoav Gallant foi taxativo ao declarar na quarta-feira que o “centro de gravidade” da guerra estava se deslocando “para o norte”, em direção ao Líbano. (Com AFP e NYT)
Fonte:https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2024/09/20/hezbollah-dispara-mais-de-100-foguetes-contra-israel-apos-sofrer-maior-ataque-desde-o-comeco-da-guerra.ghtml
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