Novo A Cor Púrpura é releitura comovente de
sua história clássica
Filme de
Blitz Bazawule atualiza trama com adaptação do musical
3 min de leitura
10.03.2024, ÀS 11H56.
Em suas encarnações mais célebres – o livro original de Alice Walker e a adaptação conduzida por Steven Spielberg em 1985 –, A Cor Púrpura é uma poderosa história de superação, permeada pelo racismo e pela misoginia do começo do século 20, no sul dos Estados Unidos. A versão musical que recentemente chegou às telas segue a mesma tradição, mas vem repaginada por canções que potencializam a emoção de sua trama e o desenvolvimento de seus personagens.
Adaptação do musical que estreou na Broadway em 2005, a história segue Celie (Fantasia Barrino, que interpretou o papel nos palcos). A conhecemos ainda adolescente (vivida por Phylicia Pearl Mpasi), quando ela está grávida de seu segundo filho, fruto do abuso cometido por seu pai. Celie tem seus bebês levados e é dada em casamento a Mister (Colman Domingo), um fazendeiro bruto que a agride e a coloca para cuidar da casa e de três enteados.
A única relação de afeto genuíno que Celie tem é com sua irmã, Nettie (Halle Bailey). Mas até isto é tirado dela: Nettie procura abrigo na casa de Celie após sofrer tentativas de abuso do pai, mas é expulsa por Mister depois de resistir aos avanços dele. Dessa forma, Celie é cruelmente cortada de qualquer laço de amor – e sofre quando as cartas prometidas pela irmã não chegam.
Conforme os anos passam, Celie, já adulta, começa a ter um vislumbre de outra vida com as chegadas de Sofia (Danielle Brooks, também reprisando seu papel da Broadway), esposa de seu enteado Harpo (Corey Hawkins), e de Shug Avery (Taraji P. Henson), cantora e antiga paixão de seu marido. Ambas são mulheres confiantes, que não levam desaforo para casa – algo muito bem expresso pela música “Hell, No”, belamente interpretada por Brooks.
A partir daí, o diretor Blitz Bazawule – conhecido por ter colaborado com Beyoncé no álbum visual Black Is King – usa os números musicais para, literal e figurativamente, dar voz a Celie, em um processo ao qual se prestam muito bem os talentos vocais e dramáticos de Barrino. Pouco a pouco, a protagonista desabrocha e encontra seu próprio valor, proporcionando mais de uma catarse emocional ao longo das 2h30 de filme.
Parte importante da jornada é o relacionamento romântico entre Celie e Shug, que no filme de 1985 foi sugerido com apenas um breve beijo. Agora, quase 40 anos depois, Bazawule e o roteirista Marcus Gardley têm mais liberdade para retratá-lo na telona, e o fazem inclusive lançando mão de recursos mais fantasiosos, como um número musical que acontece dentro de uma tela de cinema. É uma licença que combina bem com o gênero do filme e que ajuda a injetar mais leveza no drama de Celie, mimetizando o efeito que a chegada de Shug tem na protagonista.
O filme de Bazawule, vale notar, não se distancia muito da versão de Spielberg (que é também produtor do novo longa) no que se refere aos seus acontecimentos centrais de sua trama – e inclusive o homenageia em muitos momentos, como na breve aparição de Whoopi Goldberg, a Celie original. As mudanças que ele faz, no entanto, enriquecem a história, adicionando mais camadas não só à protagonista, mas também a seus coadjuvantes, especialmente Sofia. Brooks, não por acaso, conquistou a única indicação do filme no Oscar 2024, na categoria de melhor atriz coadjuvante.
O novo A Cor Púrpura poderia sucumbir ao peso da adaptação anterior, que encantou gerações, mas consegue encontrar um brilho próprio como musical. Usando suas canções para costurar um espetáculo que é vibrante e emocionante em partes iguais, o longa confere frescor à história clássica, e prova que é possível honrar o que veio antes e ao mesmo tempo construir algo novo.
Fonte:https://www.omelete.com.br/filmes/criticas/a-cor-purpura-musical
“A Cor Púrpura” vira maior estreia de um filme no Natal desde 2009
O musical “A Cor Púrpura” se tornou a maior estreia do feriado de Natal nos EUA em 14 anos. O filme fica atrás apenas da estreia natalina de “Sherlock Holmes”, de 2009.
A produção estrelada por Fantasia Barrino, Taraji P. Henson e Danielle Brooks (que tem Halle Bailey no elenco) já acumula mais de US$ 18 milhões de dólares (R$ 87 milhões) em bilheteria, segundo o Box Office Mojo.
A estreia surpreendente — e com críticas positivas em The Guardian, Vulture e BBC –, acontece em meio às exibições dos aguardados “Wonka”, prequel de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, e da sequência “Aquaman 2”, do super-herói da DC.
Já a Variety destaca que o musical é um sucesso de bilheteria raramente visto em filmes do gênero — que já teve “Amor, Sublime Amor”, em 2021, e “Cats”, em 2019.
Afinal, qual a temática do filme?
“A Cor Púpura” mostra a história de Celie, uma mulher negra que vive no estado americano da Geórgia do início do século 20 e escreve cartas a sua irmã e a Deus.
O longa se baseia no livro de Alice Walker, que virou filme em 1985 (com Whoopi Goldberg) e musical em 2005.
“A Cor Púrpura” tem produção de Oprah Winfrey, Steven Spielberg, Scott Sanders e Quincy Jones. A direção fica a cargo de Blitz the Ambassador.
Até o momento, o remake de 2023 só está em cartaz nos Estados Unidos, e teve exibição em 3.152 cinemas. O filme vai estrear nos cinemas brasileiros em 4 de janeiro de 2024.
Fonte:https://www.omelete.com.br/filmes/criticas/a-cor-purpura-musical
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