A PANDEMIA DE CORONAVÍRUS É UM ‘EVENTO DE CISNE NEGRO’ PROJETADO PARA DERRUBAR O SISTEMA GLOBAL EXISTENTE E CRIAR UMA NOVA ORDEM MUNDIAL


Coronavírus, o cisne negro de 2020

13 março, 2020

Esse texto é uma indicação da The Shift – newsletter que possui o compromisso de apresentar o cenário disruptivo do Século 21 indo além de notícias e oferecendo contextos de temas como inovação e a transformação de negócios e sociedade.


No início de março, a Sequoia Capital, uma das maiores empresas de capital de risco do mundo, enviou um e-mail aos empreendedores para fazer um alerta: o coronavírus pode provocar desaceleração econômica global prolongada e alterar fundamentalmente o ambiente de negócios.

A mensagem enviada pela empresa traz um título de impacto: “Coronavírus: o Cisne Negro de 2020”. Para quem não conhece, o termo “Cisne Negro” foi criado pelo escritor Nassim Nicholas Taleb para denominar um acontecimento improvável, imprevisível, repentino e que causa um impacto global de grandes proporções, levando ao caos e forçando grandes mudanças.

Segue o conteúdo da carta enviada aos fundadores e CEOs da Sequoia para fornecer orientação sobre como garantir a saúde de seus negócios enquanto lidamos com as possíveis consequências comerciais dos efeitos de propagação do coronavírus:

“Caros fundadores e CEOs,

O coronavírus é o cisne negro de 2020. Alguns de vocês (e alguns de nós) já foram pessoalmente afetados pelo vírus. Sabemos o estresse que você está enfrentando e estamos aqui para ajudar. Com vidas em risco, esperamos que as condições melhorem o mais rápido possível. Nesse meio tempo, devemos nos preparar para a turbulência e ter uma mentalidade preparada para os cenários que podem ocorrer.

Todos vocês foram inundados por sugestões de precauções a serem adotadas com a chegada do COVID-19 para proteger a sua saúde e bem-estar, bem como a saúde e bem-estar de funcionários e familiares. Como muitos, estudamos as informações disponíveis e ficaríamos felizes em compartilhar nosso ponto de vista – informe-nos se isso for interessante. Mas esta observação é sobre outra coisa: garantir a saúde de seus negócios e lidar com as possíveis consequências comerciais dos efeitos de propagação do vírus.

Infelizmente, devido à presença da Sequoia em muitas regiões do mundo, estamos adquirindo conhecimento em primeira mão dos efeitos do coronavírus nos negócios globais. Como em todas as crises, existem algumas empresas que se beneficiam. No entanto, muitas empresas nos países da linha de frente estão enfrentando desafios como resultado do surto de vírus, incluindo:

– Queda na atividade comercial. Algumas empresas viram suas taxas de crescimento cair acentuadamente entre dezembro e fevereiro. Várias empresas que estavam no caminho certo agora correm o risco de perder seus planos para o primeiro trimestre de 2020, à medida que os efeitos do vírus se propagam ainda mais.

– Interrupções na cadeia de suprimentos. O bloqueio sem precedentes na China está impactando diretamente as cadeias de suprimento globais. As empresas de hardware, direct-to-consumer (D2C) e de varejo podem precisar encontrar fornecedores alternativos. As empresas de software puro estão menos expostas a interrupções na cadeia de suprimentos, mas permanecem em risco devido a efeitos econômicos em cascata.

– Redução de viagens e reuniões canceladas. Muitas empresas baniram todas as viagens “não essenciais” e algumas baniram todas as viagens internacionais. Enquanto as empresas de viagens são impactadas diretamente, todas as empresas que dependem de reuniões pessoais para conduzir vendas, desenvolvimento de negócios ou discussões de parceria estão sendo afetadas.

 Levará um tempo considerável – talvez vários trimestres – antes de termos certeza de que o vírus foi contido. Levará ainda mais tempo para a economia global se recuperar. Alguns de vocês podem ter uma demanda menor; alguns de vocês podem enfrentar desafios de suprimentos. Embora o Fed e outros bancos centrais possam reduzir as taxas de juros, a política monetária pode ser uma ferramenta contundente para aliviar as ramificações econômicas de uma crise global de saúde.

Sugerimos que você questione todas as suposições sobre sua empresa, incluindo:

Sobra de dinheiro: você realmente tem a sobra de dinheiro que precisa? Você poderia suportar alguns trimestres mais apertados se a economia falhar? Você já fez planos de contingência? Onde você poderia cortar as despesas sem prejudicar fundamentalmente os negócios? Faça essas perguntas agora para evitar consequências futuras potencialmente dolorosas.

Arrecadação: o financiamento privado pode abrandar significativamente, como aconteceu em 2001 e 2009. O que você faria se a captação de recursos em termos atraentes se mostrasse difícil em 2020 e 2021? Você poderia transformar uma situação desafiadora em uma oportunidade de se preparar para um sucesso duradouro? Muitas das empresas mais emblemáticas foram forjadas e modeladas em tempos difíceis. Fizemos uma parceria com a Cisco logo após a Segunda-Feira Negra, em 1987. O Google e o PayPal enfrentaram as consequências da crise das “pontocom”. Mais recentemente, o Airbnb, Square e Stripe foram fundados no meio da crise financeira global. As restrições concentram a mente e fornecem um terreno fértil para a criatividade.

Previsão de vendas: mesmo que você não veja nenhuma exposição direta ou imediata para sua empresa, preveja que seus clientes possam revisar seus hábitos de consumo. Os negócios que pareciam certos podem não fechar. A chave é não ser pego com os pés no chão.

Marketing: com a diminuição das vendas, você pode descobrir que os valores da vida útil do cliente diminuíram, sugerindo a necessidade de controlar os gastos com aquisição de clientes para manter retornos consistentes nos gastos com marketing. Com uma maior incerteza econômica e de captação de recursos, você pode até considerar elevar a fatia no ROI para gastos com marketing.

Contar cabeças: dado todos os pontos de estresse acima em suas finanças, talvez seja um momento para avaliar criticamente se você pode fazer mais com menos e aumentar a produtividade.

Gastos de capital: até você ter traçado um caminho para a independência financeira, examine se seus planos de gastos de capital são sensatos em um ambiente mais incerto. Talvez não haja motivo para mudar de planos e, pelo que você sabe, mudanças nas circunstâncias podem até apresentar oportunidades para acelerar. Mas estas são decisões que devem ser deliberadas.

Tendo resistido a todas as crises nos negócios por quase cinquenta anos, aprendemos uma lição importante – ninguém se arrepende de fazer ajustes rápidos e decisivos para mudar as circunstâncias. Nas crises, os níveis de receita e caixa sempre caem mais rápido que as despesas. De certa forma, os negócios refletem a biologia. Como Darwin supôs, aqueles que sobrevivem “não são os mais fortes nem os mais inteligentes, mas os mais adaptáveis ​​à mudança”.

Uma característica distintiva das empresas duradouras é a maneira como seus líderes reagem a momentos como esses. Seus funcionários estão cientes do COVID-19 e se perguntam como você reagirá e o que isso significa para eles. O falso otimismo pode facilmente desviá-lo e impedi-lo de fazer planos de contingência ou tomar ações ousadas. Evite essa armadilha sendo clinicamente realista e agindo de forma decisiva conforme as circunstâncias mudam. Demonstre a liderança que sua equipe precisa durante esse período estressante.

Mantenha-se saudável, mantenha sua empresa saudável e faça uma diferença no mundo.

Time Sequoia”.

Fonte:https://www.siq.com.br/coronavirus-o-cisne-negro-de-2020/

A lógica do cisne negro e o coronavírus

As crises econômicas e os eventos inesperados decorrentes dessas crises acontecem de tempos em tempos. Mas qual seria o papel dos governos e dos bancos centrais, à luz da Teoria Austríaca de Ciclos Econômicos? O que isso tem a ver com o coronavírus, o assunto do momento?

Por IFL - Instituto de Formação de Líderes16 mar 2020 18h30-Atualizado 4 anos atrás


Por * Felipe Martins Passero

“Não podemos prever a maior crise com base na última maior crise”, diz Nicholas Taleb, autor de A lógica do cisne negro.

A crise do sistema financeiro internacional em 2020 é diferente da crise de 2008 por conta da velocidade brutal da queda/da desvalorização dos preços dos ativos, como bem pontuou Henrique Bredda, um dos principais gestores de ações do país. Enquanto em 2008 esse processo levou meses, hoje registramos uma queda da mesma proporção, porém em poucas semanas. O índice das 500 maiores empresas americanas, o S&P 500, alcançara seu topo histórico de fechamento diário no dia 19 de fevereiro. De lá para cá, já perdeu 27% de seu valor.

Já a bolsa brasileira atingiu seu pico histórico no dia 23 de janeiro deste ano. Hoje, 12 de março, já contabiliza uma perda/desvalorização de 39%. Em dólar, a queda foi de 48%. A correção foi brutal. Florian Bartunek, autor da série de livros em dois volumes, Fora da curva: Os segredos dos grandes investidores do Brasil – e o que você pode aprender com eles, declarou hoje que os grandes gestores de investimento biografados em sua obra estão tão inseguros quanto os investidores individuais.

A teoria austríaca dos ciclos econômicos mostra que as políticas anticíclicas dos bancos centrais e comerciais, devido ao sistema de reservas fracionárias, são responsáveis pelos grandes choques em diferentes mercados.  Ludwig von Mises explica que “ao emitir meios fiduciários, pelo que quero denotar notas bancárias sem reservas em ouro ou contas correntes que não estejam sustentadas completamente por reservas em ouro, os bancos estão em uma posição de expandir o crédito consideravelmente. A criação desses meios fiduciários adicionais permite a eles estender o crédito muito além do limite estabelecido por seus ativos e pelos fundos confiados a eles por seus clientes.[1]

O sistema de reservas fracionárias é aquele em que os bancos guardam nos bancos centrais apenas uma parte dos depósitos à vista, usando a outra como crédito. Desta forma, se a reserva compulsória for de 30%, a cada R$ 100, R$ 70 se transforma em crédito. Quem recebe o crédito coloca estes R$ 70 no sistema financeiro, R$ 49 vira crédito. E assim sucessivamente. Se todos tirarem seus depósitos à vista dos bancos, ocorrerá uma falência geral no sistema financeiro.

Lucro acumulado de alguns unicórnios

Na visão de Mises, os bancos centrais aumentam a oferta monetária ao não ter lastro real para a moeda emitida e ao permitir que bancos privados emprestem depósitos à vista em operações de crédito com perfil de longo prazo. Esse excesso de crédito faz com que alguns projetos e empresas que não são lucrativos passam a ser/transformem-se em opções viáveis de investimento. É nesse momento que surgem teses de produtos em soluções falsamente percebidas como disruptivas. É nesse cenário que empresas que não dão lucro abrem seu capital, prometendo lucratividade futura. Esse é o contexto onde uma empresa privada se financia com juros negativos.

Essa atividade econômica superaquecida leva a um aumento generalizado de bens e serviços. Uma mudança na política monetária leva a uma queda generalizada de preços e um período de recessão. Como explica Mises,

“muitos empreendimentos ou práticas de negócio que foram iniciadas graças à baixa artificial dos juros, e as quais foram sustentadas graças ao aumento igualmente artificial dos preços, não mais parecem lucrativas. Algumas empresas diminuem suas escalas de operação, outras fecham ou vão à falência. Os preços entram em colapso; crise e depressão se seguem ao boom. A crise e o período seguinte de depressão são a culminação do período de investimentos injustificados criado pela extensão creditícia. Os projetos que devem suas existências ao fato de que eles pareciam’lucrativos’ nas condições artificiais criadas no mercado pela extensão do crédito, e o aumento dos preços que resultou dele, deixaram de ser ‘lucrativos’. O capital investido nesses empreendimentos é perdido na medida em que estão presos a eles”.[2]

Após a crise de 2008, os principais bancos centrais promoveram uma política de taxas básicas de juros reais negativas. Em alguns momentos, taxas nominais negativas. Isso levou a uma queda do custo de captação das empresas privadas, ficado muito barato contrair dívidas. Na minha opinião, o maior desafio não é o coronavírus, o petróleo ou o mercado de ações. É o enorme estoque de crédito privado a taxas muito baixas.

A relação entre o preço dos títulos de renda fixa e as taxas que o remuneram parece linear, mas não é. Ou seja, quanto maior a taxa de um título pré-fixado, que vale um determinado valor em seu vencimento, menor o preço do título hoje. O preço é inversamente proporcional à taxa, mas de forma convexa. A variação no preço do título dado uma determinada variação na taxa é muito maior quando os juros são baixos.

Empresas endividadas, fundos de pensão detentores de dívida corporativa de longo prazo no mercado internacional podem passar por dificuldades semelhantes aos detentores dos títulos hipotecários da crise passada.

Mas também temos fatos positivos. “O que não me mata não me fortalece, mas mata os menos aptos e torna a população sobrevivente mais forte como um todo” teoriza Taleb em Antifrágil. A crise econômica do governo de Dilma Rousseff tornou o ambiente de negócios no Brasil mais resistente graças à eliminação dos agentes políticos e empresariais mais corruptos. Também houve maior conscientização sobre o papel das reformas estruturais brasileiras. Hoje existe o teto dos gastos públicos, uma legislação trabalhista mais arejada e uma previdência mais sustentável. A equipe econômica do atual governo reúne os melhores nomes para conduzir as políticas públicas necessárias.

É preferível o Brasil passar pela crise com Paulo Guedes, Tarcísio de Freitas, Sérgio Moro, Salim Mattar, Roberto Campos Neto, Pedro Guimarães e Roberto Castello Branco que contar com o dream team do partido derrotado, que reúne Graça Foster e sua trupe comandando a Petrobrás, a viúva de Celso Daniel conduzindo a Caixa Econômica e outros tantos militantes cuja única qualidade era a dócil submissão à ex-mandatária. Mesmo que o staff governamental petista não tivesse uma ficha corrida criminal, não teria currículo e conhecimento técnico para as posições que ocupava.

Como nos ensina Taleb, existem coisas frágeis que não sobrevivem ao estresse e ao caos. Existem empresas, pessoas e investimentos indiferentes a certas crises, e até outros que se beneficiam com o caos. Não podemos prever quando e como acontecem as crises. Mas podemos nos proteger com duas regras simples: ter um estilo de vida que custa menos do que podemos gerar de renda com nosso trabalho –sermos poupadores, alocando o capital de risco sempre uma parte do nosso patrimônio que possamos perder ou esperar por 5 anos para reaver o dinheiro, ou seja, sempre ter uma reserva de liquidez, ainda que tenha uma rentabilidade muito baixa.

Desta forma, poderemos comprar bons ativos baratos a cada vez que o mundo entrar em crise e nos beneficiarmos com os momentos de caos.

* Felipe Martins Passero, CFA é associado do Instituto de Formação de Líderes de São Paulo. Formado em administração de empresas na USP, é CFA® Charterholder e sócio da InvesSmartXP, empresa de assessoria de investimentos.

[1] Ludwig von Mises, “A teoria austríaca dos ciclos econômicos”. Disponível em https://www.mises.org.br/ArticlePrint.aspx?id=149. Acessado em 12/03/2020.

[2]  Ludwig von Mises, “A teoria austríaca dos ciclos econômicos”. Disponível em https://www.mises.org.br/ArticlePrint.aspx?id=149. Acessado em 12/03/2020.

Pandemia: Um CISNE NEGRO?

Cristina Vaz de Almeida

A pandemia provocada pelo vírus SARS – 2 mais conhecido por COVID – 19 parece ser um CISNE NEGRO, um conceito que se baseia na estrutura de aleatoriedade na realidade empírica (Taleb, 2007, p. 27).

Fonte:https://www.infomoney.com.br/colunistas/ifl-instituto-de-formacao-de-lideres/a-logica-do-cisne-negro-e-o-coronavirus/

Em 2007, Nassim Taleb descrevia um “CISNE NEGRO” como um acontecimento que reúne três atributos: 1) é atípico, encontra-se fora das nossas expetativas normais, porque nada que tenha ocorrido no passado pode apontar, de forma credível, para esta possibilidade; 2) reveste-se de um enorme impato; 3) e apesar do seu carácter desgarrado, a natureza humana faz com que construa explicações para a sua ocorrência depois de o fato ter lugar, tornando-o compreensível e previsível.

A pandemia provocada pelo COVID – 19 reúne aparentemente estas características de estar para além das expetativas (não acreditámos inicialmente que fosse tão letal, pelo menos o ser humano comum sem serem os matemáticos estatísticos), tem um enorme impato nas nossas vidas, e depois de acontecer está a ser profundamente explicado como previsível.

Taleb (2007) refere que este acontecimento prima pela raridade, impato extremo, previsibilidade retrospetiva, havendo assim uma combinação entre a “baixa previsibilidade e o forte impato” (p. 16).

AS OUTRAS PANDEMIAS, A GLOBALIZAÇÃO E OS MEDIA

Pese embora tivessem ocorrido outras epidemias em tempos passados (SARS, H1N1; MERS -COV; Zika, entre outros) e estas tivessem a característica de “pandemia” por o novo vírus ser isolado em humanos; haver transmissão pessoa a pessoa; haver manifestações clínicas de doença e; a epidemia afetar mais do que um país (OMS, 2020), estes não evidenciaram a nível global os efeitos desta pandemia COVID – 19. Provavelmente o sistema de comunicação mais eficaz que nos liga a todos no mundo, e por outro, os efeitos da globalização que nos permite movimentar para todo o lado a todo o tempo, propagou de forma explosiva o vírus e a informação sobre ele, assim como as suas consequências biopsicossociais, alastrando uma multidão com stress, ansiedade e depressões. Taquet, Luciano, Geddes e Harrison (2020) registam que, em pacientes sem história psiquiátrica anterior, um diagnóstico de COVID-19 foi associado ao aumento da incidência de um primeiro diagnóstico psiquiátrico nos 14 a 90 dias seguintes em comparação com outros eventos de saúde relacionados com gripe,  outras infeções do trato respiratório, infeção da pele, distúrbios hepáticos e do trato urinário, e fratura de um grande osso.

É certo que a “gripe espanhola” (1918) matou em dois anos (janeiro de 1918 a dezembro de 1920), 30 milhões de pessoas e infetou cerca de 500 milhões de pessoas (um quarto da população mundial). O vírus era o H1N1.Trinta e nove anos depois, em 1957 surgiu a “gripe asiática” que, com “gripe de Hong Kong” (1968) mataram um total de 4,5 milhões de pessoas. Se compararmos com os dados da pandemia provocada pelo COVID – 19, em janeiro 2021 e a nível mundial, os dados de mortes provocadas pelo vírus e os casos registados eram os seguintes: 2.027.49 mortes e 94 826 490 casos registados mundialmente (Johns Hopkins, 17 jan 2021).

Em Portugal a 16 de janeiro 2021 existiam quase 540.000 casos, quase 8.000 mortes e quase 130.000 casos ativos com 638 pessoas internadas em cuidados intensivos. O início da vacinação em dezembro de 2020 permitiu 106 mil pessoas vacinadas no início de janeiro, sobretudo profissionais de saúde e idosos (RTP Notícias, 2021).

Taleb (2007) sublinha que a lógica do CISNE NEGRO torna aquilo que não sabemos mais relevante do que aquilo que sabemos , e estes acontecimentos podem suceder pelo fato de não serem esperados (p. 17). O autor (Taleb, 2007, p. 17) dá o exemplo do atentado às torres gémeas em setembro de 2001 nos EUA, sublinhando que se o risco fosse previsível não teria ocorrido ou poderia ser melhor controlado.

De uma forma um tanto irónica, Taleb revela que o problema “está na nossa mente” (p. 20) porque não aprendemos regras, apenas fatos única e exclusivamente, “desprezando o abstrato”(p. 20). Reforça ainda que os fatos demonstram que “pensamos muito menos do que na realidade julgamos, exceto, claro, quando pensamos sobre isso !” (p. 21). Este filósofo (Taleb, 2007) sugere que o ser humano precisa de estudar os acontecimentos raros e extremos, para poder perceber os acontecimentos mais vulgares (p. 23).

ENVIESAMENTOS E COMPORTAMENTOS

O ser humano tem tendência para os enviesamentos, com uma “tendência para generalizar a partir daquilo que  vemos” (Taleb, 2007, p. 30). Tendemos assim: 1) a confirmar o erro de suposição, isto é, a olharmos para aquilo que confirma o nosso conhecimento e não a nossa ignorância; 2) para a falácia narrativa, ou como nos enganamos com os fatos da história; 3) a ser deixados levar pelas emoções, que muitas vezes atrapalham a nossa inferência; 4) a não dar atenção aos problemas das provas silenciosas, ou como a história vai ocultando os diversos os cisnes negros (Taleb, 2007, p. 30).

As perspetivas de crescimento dos números da pandemia foram de alguma forma relativizados, devido à tentativa inicial de “achatamento” da curva (DGS, 2020). O que acontece num enviesamento de ajustamento é que geralmente os ajustamentos que se fazem à estimativa inicial (“a âncora”) são sempre insuficientes,  e a estimativa final está sempre influenciada por essa informação inicial que a pessoa reteve. O enviesamento de ajustamento são essas adaptações insuficientes que são feitas a partir da informação inicial (a “âncora”).

O excesso de confiança (overconfidence bias) refere-se à convicção (que podem ser também de um grupo de pessoas dentro das organizações) de que as suas capacidades próprias de raciocínio, de tomada de decisão e demais aptidões cognitivas são superiores ao que se verifica na realidade. Talvez o “achatamento inicial da curva de casos” anunciada pela DGS em março de 2020 fosse importante, mas não foi de todo suficiente. O Expresso (Jornal Expresso, 17 março 2020) sublinhada que “é urgente “achatar” essa curva para que o sistema de saúde consiga gerir recursos. Quem baixa a curva? A população. Como? Reduzindo contacto e ficando em casa citando a DGS: O que as pessoas fizerem neste momento é um fator decisivo para termos sucesso ou não.

A propósito desta mensagem de “reduzir o contato” (apenas, além das medidas de higienização das mãos, e mais tarde, de uso de mascara), e referindo Simões (1983) destaca-se o enviesamento da previsão a posteriori que descreve a tendência para assumir, depois do conhecimento de um acontecimento ou dos seus resultados, que estes são inevitáveis e poderiam ter sido facilmente prognosticados (p. 259). A assunção por parte da população da existência da pandemia, por um lado e do confinamento, acabou por ser uma informação limitativa relativamente aos efeitos futuros desta doença. Nesta altura todos os investigadores virologistas sabiam os efeitos das pandemias anteriores. A sua inserção na difusão dos media, como comentadores, poderia ter sido ainda mais aproveitada, para poderem intervir no sistema de saúde e na sua regulamentação que, entretanto, foi sendo anunciada pelas autoridades sanitárias. Várias entidades, como o Conselho das Escolas Médicas foram críticos de algumas medidas, como o atraso na utilização de máscaras em locais fechados, além de considerarem as medicas insuficiente quanto à evolução previsível da pandemia (Público, 2020).

A 17 janeiro de 2021, e 10 meses depois, a evidência salta à vista. O coordenador de Cuidados Intensivos Cirúrgicos do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental assume a gravidade inédita da situação nos hospitais de Lisboa (Expresso, 17 janeiro 2021) . António Pais Martins, médico de Cuidados Intensivos altera: Não podemos falar em colapso, mas o flagelo é enorme (Expresso, 17 janeiro 2021).

Mas depois do acontecimento e pela necessidade de se encontrarem caminhos, várias vozes se têm erguido para uma resposta mais global e efetiva ao combate a esta e às próximas pandemias.

22 ORIENTAÇÕES CLARAS PARA UMA MUDANÇA POSITIVA NA ESTRATÉGIA DE COMBATE A PANDEMIAS

Destaca-se pela sua acutilância, o médico Luís Campos, diretor do Hospital S. Francisco Xavier, que em junho de 2020, refletia de uma forma profunda sobre a resolução de um conjunto de problemas relacionados com a pandemia (Público, 3 junho 2020). A 3 de junho 2020 Campos refere que “a possibilidade de uma pandemia era previsível, e temos de nos preparar para novas ondas”, pois em 2003 Portugal passou pelo SARS, no ano seguinte pela gripe aviária (H5N1), em 2009 a gripe A (H1N1), em 2012  o MERS -COV, em 2005  pelo Zika vírus. Embora esta sistematização das ideias não estivesse numerada na sua crónica, Campos (2020), anunciava que seriam necessários os seguintes passos, sugerindo um total de 22 orientações para uma pandemia:

1) Ter planos de contingência e catástrofe;

2) Possuir uma reserva estratégica nacional de equipamentos para emergências;

3) Reforçar a capacidade de produção de medicamentos em laboratórios nacionais;

4) Contratar pessoal deficitário;

5) Corrigir de défices estruturais, como o número de camas de cuidados intensivos (média de 5,2 camas por 100.000 habitantes em contraste com a média europeia de 11,5);

5) Manter em paralelo os cuidados de saúde de outras patologias;

6) Fortalecer o Serviço Nacional de Saúde (com contratação, remuneração justa);

7) Proceder a uma atualização tecnológica e organizacional;

8) Contar tanto com os recursos públicos como  com os privados;

8) Revitalização urgente da saúde pública; 9)

9) Implementação de uma rede de saúde mental para resposta ao incremento de casos de ansiedade e depressão;

10) Flexibilidade nas estruturas de saúde e na sua organização (readaptação de áreas, escalabilidade; diferenciação de circuitos; isolamento;

11) Planeamento de recursos humanos, com o necessário aumento dos internistas (especialidade que permite a versatilidade de resposta face à incerteza de epidemias e pandemias);

12) Flexibilizar as estruturas (rígida, vertical e inadequada) dos hospitais para fazer face, por exemplo, às multimorbilidades e aos doentes idosos que devem ser tratados de forma holística, sem ser fragmentada, de forma contínua, em oposição ao tratamento episódico e de forma proativa , e por isso sem ser reativa;

13) Criar áreas comuns departamentais nos hospitais  onde serão admitidos todos os doentes urgentes, geridos pela medicina interna

14) Criação de equipas de hospitalização domiciliária, liderada pela medicina interna (libertando camas de hospitais)

15) Articulação entre os vários níveis de cuidados: proteção civil, emergência pré-hospitalar; cuidados primários; cuidados continuados; lares, assistência social regional e nacional;

16) Comunicação entre as várias estruturas de níveis de cuidados com cadeias de responsabilidade comuns e com participação do social com a saúde;

17) Uma reavaliação e resolução do problema dos idosos internados em hospitais, já com altas hospitalares (1551 idosos internados já com alta, nos hospitais do SNS em fevereiro de 2020);

18) Debater e encontrar caminhos para o problema do desemprego, que desencadeia mais problemas na saúde mental, doença crónica, no âmbito da pandemia, pois é um verdadeiro determinante da saúde

19) Criação de sistemas locais de saúde e de assistência social com união dos vários níveis de cuidados, para um olhar e gestão comum (mesmo orçamento e centralização nas populações)

20) Uma visão reformulada na gestão, evitando redundâncias (de exames, combate ao sobrerastreio, sobrediagnóstico, sobretratamento);

21) Valorizar e investir adequadamente na telemedicina e na telesaúde (economia de custos, de tempo) mas atendendo à importância da comunicação netes novos meios digitais;

22) Maior clareza e técnicas nas campanhas de comunicação em saúde.

Tal como Taleb (2007) referia que um  evento desta natureza, um verdadeiro CISNE NEGRO, depois de ocorrer torna-se compreensível e previsível, e por isso, seria bom continuar a ouvir e reunir com peritos de várias áreas para se poderem organizar estratégias, como as enunciadas por Campos (2020) e outros, que permitam acionar ainda mais a máquina da mudança, antes que surge outro CISNE NEGRO , ainda mais impactante do que este que agora sentimos.

O viés de disponibilidade diz que as pessoas atribuem uma maior importância relativa às informações que estão mais acessíveis por estas serem mais fáceis de recordar. E a próxima reflexão será sobre os efeitos da comunicação massiva sobre “depressão” no estado emocional das pessoas durante a pandemia.

Referências

Campos, L. (2020). Que lições da pandemia para o futuro do sistema de saúde. Jornal Público [online]

Johns Hopkins (2021) Coronavirsus resource center . Disponível em https://coronavirus.jhu.edu/map.html

Jornal Expresso (17 março 2020). Covid-19. Os portugueses têm agora uma missão: “achatar a curva”. [online] Disponível em: https://expresso.pt/coronavirus/2020-03-17-Covid-19.-Os-portugueses-tem-agora-uma-missao-achatar-a-curva-2

Jornal Expresso (17 janeiro 2021). Covid-19 António Pais Martins, médico de Cuidados Intensivos: “Não podemos falar em colapso, mas o flagelo é enorme”. [online] Disponível em: https://expresso.pt/coronavirus/2021-01-17-Covid-19-Antonio-Pais-Martins-medico-de-Cuidados-Intensivos-Nao-podemos-falar-em-colapso-mas-o-flagelo-e-enorme

Público (2020). Covid-19: Conselho de Escolas Médicas critica DGS pela posição sobre máscaras.(consultado a 17 janeiro 2021)  Disponível em: https://www.publico.pt/2020/04/03/sociedade/noticia/covid19-conselho-escolas-medicas-critica-dgs-posicao-mascaras-1910805

Taquet,M.,  Luciano, S., Geddes, J.R., & Harrison, P.J. (2020). Bidirectional associations between COVID-19 and psychiatric disorder: retrospective cohort studies of 62354 COVID-19 cases in the USA. Lancet,

Taleb, N.N (2007). The Black Swan. Portugal. Publicações D. Quixote

RTP Notícias (2021). A evolução da COVID -19 em Portugal [online] Disponível em: https://www.rtp.pt/noticias/pais/a-evolucao-da-covid-19-em-portugal_i1213879

Simões, M.R. (1993). Heurísticas, Enviesamentos e. Erros Inferenciais na Mecânica da Avaliação Psicológica. Análise Psicológica, 2(Xi): 253-266.

WHO (2020). Mental health and psychosocial considerations during the COVID-19 outbreak. (Acedido em 17 janeiro 2021) Disponível em:

https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/mental-health-considerations.pdf?sfvrsn=6d3578af_22020

Público (2020). Covid-19: Conselho de Escolas Médicas critica DGS pela posição sobre máscaras.(consultado a 17 janeiro 2021)  Disponível em: https://www.publico.pt/2020/04/03/sociedade/noticia/covid19-conselho-escolas-medicas-critica-dgs-posicao-mascaras-1910805

Imagem D.R. https://www.itnews.com.au/

 Fonte:https://apatria.org/saude/pandemia-um-cisne-negro/

A PANDEMIA DE CORONAVÍRUS É UM ‘EVENTO DE CISNE NEGRO’ PROJETADO PARA DERRUBAR O SISTEMA GLOBAL EXISTENTE E CRIAR UMA NOVA ORDEM MUNDIAL

por 

Estamos assistindo a pandemia de coronavírus sendo usada para colapsar o sistema global existente para abrir caminho para a próxima Nova Ordem Mundial, e nada mais será o mesmo.

Ninguém está nem um pouco desconfiado sobre a rapidez com que esse resgate de US $ 2 trilhões surgiu? É quase como se eles já tivessem a papelada redigida! Quando terminar, será o maior e único resgate do governo na história da humanidade, tudo isso para um vírus que segue seu curso em alguns meses? A gripe espanhola de 1918 matou mais de 50.000.000 de pessoas em um único ano, o coronavírus, mesmo com piores previsões, não será uma fração disso. E, no entanto, o mundo inteiro está preso, por que agora?

Estamos assistindo a pandemia de coronavírus sendo usada para colapsar o sistema global existente para abrir caminho para a próxima Nova Ordem Mundial, e nada mais será o mesmo.

Enquanto você lê isso , mais de um terço do mundo está bloqueado, com mais países emitindo o pedido a cada dia. Os necrotérios da cidade de Nova York estão lotados , sem lugar para guardar os cadáveres. As autoridades foram informadas de que os necrotérios da cidade devem atingir capacidade na próxima semana, de acordo com o briefing. Uma terceira pessoa familiarizada com a situação em Nova York disse que alguns dos necrotérios dos hospitais da cidade atingiram a capacidade nos últimos sete dias. O Havaí e a Carolina do Norte também pediram ajuda mortuária, e a agência de resposta a desastres está atualmente analisando os pedidos.

“Porque nação se levantará contra nação, e reino contra reino; e haverá fomes, pestilências e terremotos em diversos lugares. Todos estes  são o começo das dores. Mateus 24: 7,8 (KJB)

O mundo está mudando agora, está mudando econômica, financeiramente e socialmente, a tal ponto que só podemos supor vendo isso que uma Nova Ordem Mundial está se preparando para ressurgir das cinzas da crise do coronavírus. Nunca na história moderna houve uma reação tão volátil a um surto infeccioso. AIDS, SARS, Ebola, vírus do Nilo Ocidental e gripe suína não chegaram nem perto do nível de pânico que estamos vendo agora. O que estamos assistindo é um evento que é absolutamente único em nossa era moderna e pode ser único na história da humanidade. Não é o vírus, a reação ao vírus.

Dê uma olhada na amostragem aleatória de hoje e veja por si mesmo:

De acordo com relatórios Rasmussen , “entre 750.000 e 1,1 milhão de americanos podem morrer desta doença antes de seguir seu curso. O último número é igual a todos os mortos nos EUA na Segunda Guerra Mundial e em ambos os lados na Guerra Civil. A chanceler Angela Merkel alerta que 70% da população da Alemanha – 58 milhões de pessoas – podem contrair o coronavírus. Se ela estiver certa, e a taxa de mortalidade de Fauci valer para seu país, isso pode significar mais de meio milhão de alemães mortos. Se a taxa de mortalidade de 1% de Fauci e a estimativa de Lipsitch atingirem o objetivo, entre 3 bilhões e 5 bilhões de pessoas na Terra serão infectadas e 30 a 50 milhões morrerão, um número de mortes maior que o da gripe espanhola de 1918. ”

ESTUDO BÍBLICO DE RÁDIO NTEB: Existe um espírito por trás do pânico global do coronavírus COVID-19 que está prestes a trazer a nova ordem mundial?

Mas a história real não está na taxa de mortalidade, pois todas as pandemias são severas quando se trata disso. Em 20019. O surto da gripe suína de Obama acabou gerando mais de 60 milhões de infecções em todo o mundo, resultando em 12.469 mortes nos Estados Unidos e adivinhem? Sem máscaras, sem quarentenas, sem travamentos, sem pânico. A verdadeira história é o pânico e as ações que estão sendo tomadas pelos governos mundiais que estão provocando mudanças hiper-radicais.

A cronologia de 2020 dos eventos do fim dos tempos e o Matthew 24 'Beginning of Sorrows'

Ninguém está nem um pouco desconfiado sobre a rapidez com que esse resgate de US $ 2 trilhões surgiu? É quase como se eles já tivessem a papelada redigida! Quando terminar, será o maior e único resgate do governo na história da humanidade, tudo isso para um vírus que segue seu curso em alguns meses? A gripe espanhola de 1918 matou mais de 50.000.000 de pessoas em um único ano, o coronavírus, mesmo com piores previsões, não será uma fração disso. E, no entanto, o mundo inteiro está preso, por que agora?

Glenn Beck

@glennbeck

The National Guard has already been called up in 22 states. Remember how it handled Hurricane Katrina? Here’s a quick reminder. 

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Estamos observando a pandemia de coronavírus ser usada para colapsar o sistema global existente para abrir caminho para a nova Nova Ordem Mundial, nada mais será o mesmo. O coronavírus é real, as pessoas estão realmente morrendo e você precisa proteger a si e a seus entes queridos o melhor que puder. Mas esse pânico, essa corrida para lançar trilhões no problema é absolutamente manufaturada, não acredito nisso nem um pouco. Sob o disfarce da pandemia de coronavírus, o poder está sendo tomado nos Estados Unidos e não será devolvido ao povo. Se os Estados Unidos caírem, o mundo inteiro cairá e uma nova ordem mundial emergirá das cinzas.

O Grande Despertar – Parte 3

Como no último vídeo que compartilhei com você, parte disso eu concordo e parte não concordo. Mas assistir isso fará você pensar, e isso é uma coisa boa. Olhe em volta para o que realmente está acontecendo, use o intelecto que Deus lhe deu, você descobrirá. Eu fiz. 

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